Fanfic: Era só pra ficar | Tema: Era só pra ficar

Assim que chegamos, saí do carro batendo a porta e corri para minha casa. Ouvi o Otávio me chamar, mas não dei atenção. Tranquei a porta e caí ali mesmo, me desabando em lágrimas novamente. Ouvi a campainha tocar várias vezes, mas não atendi. Logo o Matheus apareceu na sala, e ao me ver, ele correu até mim e me abraçou.

Matheus: O que aconteceu? - Perguntou preocupado.
Luiza: Eu sou... Sou muito burra, Math! Mu...mu...muito - Gaguejei entre soluços. Ele me abraçou novamente e me apertou. 
Matheus: Isso não é novidade, Lú - Disse aos risos com a intenção de me animar. Porém, não adiantou muito. Continuei ali nos seus braços, chorando por um bom tempo.

Luiza: Traz ele pra mim, Math! Traz - Pedi depois de alguns minutos. 
Matheus: E eu lá sou homem de correr atrás de macho? - Indagou, me desabraçando e me olhando. Fiz bico e continuei a chorar. Ele se levantou e me pegou no colo - Você está precisando de uma cama - Disse enquanto me levava para o quarto.
Luiza: Não, Math! Eu estou precisando dele, só dele - Disse entre lágrimas, encostando a cabeça no seu ombro. 
Matheus: Amanhã vocês conversam, ok? E seja lá o que tenha acontecido, vocês vão acabar se entendendo e tudo ficará bem - Completou, entrando no quarto e me deitando na cama.

Afundei meu rosto no travesseiro e chorei mais ainda.

Matheus: Para de chorar, Lú! Não é o fim do mundo - Me cobriu e logo sentou ao meu lado. Deitei a cabeça no seu colo e logo o senti fazer carinho na mesma. 
Luiza: Pra mim é o fim sim, é o fim do mundo, da minha vida, de tudo. 
Matheus: Que dramática - Ele riu e eu ignorei. 
Luiza: Ele deve estar me odiando - Falei, chorando mais ainda. Ele apenas fez um "shiu" e então eu fiquei calada, apenas chorando. Ele continuou acariciando meu cabelo e logo senti o sono chegar. Poucos minutos depois, acabei me entregando totalmente ao sono.

Acordei no dia seguinte com uma enorme dor de cabeça. Me levantei e segui para o banheiro. Tomei um grande susto ao me olhar no espelho. Meus olhos estavam fundos e vermelhos, assim como o meu rosto. Tomei um banho demorado, me troquei e voltei para o meu quarto. Deitei na cama e comecei a pensar no Bruno. Não demorou muito para que as lágrimas invadissem meu rosto. Logo peguei meu celular e vi várias chamadas perdidas, todas do Otávio. Ignorei e disquei o número do Bruno. Chamou, chamou e ninguém atendeu. Liguei várias vezes, mas nada. Desisti depois de ouvir a porta do meu quarto abrir, olhei pra mesma e vi o Math. 

Matheus: Ei, vem tomar café!

Luiza: Não quero - Falei e o vi revirar os olhos.
Matheus: Você quer que eu te carregue até lá? É isso? - Balancei a cabeça negativamente, ele sorriu e se aproximou de mim, sentando ao meu lado - Me conta, o que aconteceu? 
Luiza: Eu e o Tavinho nos beijamos e o Bruno viu - Falei, desviando o olhar pra cama.
Matheus: Sério? - Perguntou assustado. Apenas assenti - Caramba Lú, você não podia ter feito isso com o Bruno. Ele gosta muito de você. 
Luiza: Eu sei - Falei, desviando o olhar pra ele - Mas foi o Tavinho que me beijou... E eu acabei me deixando levar - Ele ia falar, mas eu continuei - E sem falar que eu estava morrendo de raiva do Bruno porque o vi saindo da festa com a prima do Otávio, e aí já comecei a pensar besteiras - Falei enquanto limpava algumas lágrimas que já caiam.

Matheus: E ele saiu da festa com essa menina pra quê? - Perguntou desconfiado. 
Luiza: Ele disse que foi ajudá-la com um menino que ela queria ficar. E realmente, acho que foi isso que aconteceu, pois ela estava na maior pegação com o menino - Abaixei a cabeça - Eu sou muito burra mesmo.
Matheus: Tenho que concordar - Ele respondeu rindo e se aproximando, me dando um apertado abraço em seguida - Tenta conversar com ele. Ele vai acabar entendendo e... - Lhe interrompi.
Luiza: Não vai! E eu já tentei falar com ele, já liguei e tudo, mas ele não me atende - Falei, voltando a lhe olhar - Acho que ele não quer nem mais me ver.
Matheus: Dá um tempo pra ele então Lú, pra que ele possa absorver tudo isso - Assenti - E agora vamos comer, vem - Fiz careta, mas acabei indo.

Tomei meu café da manhã e fiquei conversando com o Math durante toda a manhã. Quando deu a hora do almoço, ele disse que precisa sair, pois ia almoçar junto com a Juliana. Ele até me chamou, mas preferi ficar em casa mesmo. Segui para sala e fiquei lá tentando prestar atenção no programa, porém, foi bem difícil. No meu pensamento parecia que só existia o Bruno. Já podia sentir até mais lágrimas caindo em meu rosto. Limpei rapidamente e tentei, mais uma vez, prestar atenção no programa. Minutos depois, ouvi a campainha tocar. Meu coração acelerou. Me levantei e segui até a porta, assim que abri, o vi. Seu olhos estavam vermelhos e fundos, assim como os meus. E a sua expressão era fria, seca. 

Bruno: Eu vim pegar minhas coisas - Disse seco. Assenti e abri mais a porta, deixando que ele entrasse. Assim que entrou, ele seguiu para o quarto do Math. Logo lhe segui.

Luiza: Você não precisa ir embora - Falei, encostada na porta e o observando guardar suas roupas na mala.
Bruno: Preciso - Respondeu sem me olhar. Fiquei calada por alguns minutos, lutando contra as lágrimas. Assim que ele acabou de arrumar tudo, eu me aproximei dele e lhe encarei. 
Luiza: Pra onde você vai?
Bruno: Não interessa - Disse, desviando o olhar pra mim. Senti um aperto no peito ao ver seus olhos tão frios.
Luiza: Não faz isso comigo Bruno, por favor.

Bruno: E você quer que eu faça o quê? Que eu finja que nada aconteceu e volte a ficar com você como antes? - Perguntou, já aumentando a voz. Pisquei várias vezes pra impedir que as lágrimas caíssem e respirei fundo.
Luiza: Só queria que você me escutasse - Ele revirou os olhos enquanto soltava uma risada irônica. 
Bruno: Já até imagino o que você vai dizer - Ele falou, voltando a me olhar.
Luiza: Posso falar? - Ele apenas assentiu, sério - Eu fiquei com raiva quando te vi conversando com a Priscila todo empolgado, e depois quando te vi saindo com ela, comecei a pensar besteiras - Ele ia falar algo, mas eu logo continuei - E aí o Otávio percebeu que eu tinha ficado mal e me tirou de lá. Depois acabei me derramando em lágrimas e ele me consolou - Ele me observava, agora sem expressão - E aí, no meio de um abraço, ficamos muito próximos, e aconteceu... Mas eu não queria. Eu pensei em você na mesma hora e tentei me afastar, mas ele não deixou.

Bruno: E aí você continuou - Sorriu irônico. Fiquei sem saber o que falar, e então abaixei a cabeça e esperei ele falar algo. Porém, ele nada disse. Lhe olhei e vi que ele me encarava com o mesmo olhar frio - Posso falar agora? - Assenti com certo medo das suas palavras - Eu fiz de tudo pra te conquistar, pra ter você comigo. Fiz de tudo pra te ver sempre bem e feliz ao meu lado. Fiz de tudo pra não te magoar. Fiz de tudo por você, Luiza! - Ele falava enquanto passava a mão nos seus olhos úmidos - Ninguém pode imaginar o quanto eu te amava, ninguém. O quanto eu fiz para que esse nosso amor desse certo. Mesmo com você me dando várias patadas, me desprezando, ficando com raiva de mim por besteira, mesmo com isso e com tudo, eu nunca deixei de lutar por esse amor, nunca desisti de lutar por aquela garota chata e marrenta - Ele sorriu em meio as lágrimas, mas logo voltou a sua face séria - Eu pensei que ia ser diferente. Pensei seriamente que eu ia ter um futuro com você. Mas... Acontece que sempre tem algo pra acabar com tudo. É sempre assim - Abaixei a cabeça enquanto limpava as lágrimas que caiam sem parar.
Luiza: Me desculpa Bruno, por favor - Pedi em meio as lágrimas.

Bruno: Me deixa continuar - Pediu frio e eu logo lhe olhei - Você não imagina a dor que eu senti quando eu te vi nos braços daquele idiota - Falou, aumentando o tom de voz - E o pior de tudo isso é que eu te pedi pra você não dar trela pra ele. Mas não, você tinha que dar, né? - Eu ia responder, mas ele logo continuou - Caramba, será que você não percebeu que aquele garoto queria alguma coisa com você? Ah claro, claro que deve ter percebido. Deve ter percebido e gostado. Tanto é que deu até trela pra ele. 
Luiza: Eu... - Ele me interrompeu. 
Bruno: Você deu trela sim, Luiza! Vai ver você até queria ficar com ele. 
Luiza: Lógico que não - Ele ignorou. 
Bruno: Se não quisesse ter mais nada comigo, era só chegar em mim e falar, ok? Ia doer bem menos do que está doendo agora.

Luiza: Caramba Bruno, você acha mesmo que eu ia querer terminar com você? - Ele assentiu - É lógico que não! Eu te amo muito e... - Ele me interrompeu, dando mais uma de suas risadas irônicas.
Bruno: Você me ama? Haha - Ele riu e foi em direção a porta - Sinceramente, não sei o que ainda estou fazendo aqui te escutando - Disse, abrindo a porta e saindo. Apressei meu passo e segui até ele.
Luiza: Quer dizer que agora você não acredita mais no meu amor? - Ele parou de andar e se virou pra mim. 
Bruno: Você quer mesmo que eu acredite que você me ama? Que você sente alguma coisa por mim? - Suspirou - Você me fez desacreditar no amor e em tudo que envolve ele, Luiza - Respondeu e logo seguiu em direção a porta. Paralisei e fiquei apenas lhe observando sair.