Fanfic: Era só pra ficar | Tema: Era só pra ficar

Bruno: Luiza? - Me perdi em pensamentos ao ouvir sua voz. Olhei para frente e lá estava ele. Ou seria sonho? - Hã, disseram que você queria falar comigo - Comentou meio sem jeito. Arqueei a sobrancelha, confusa.

Luiza: Não. Er, não queria falar nada não - Falei, me levantando. Ele me devolveu o olhar confuso e então ouvimos a porta se fechar e um barulho de trinca. Nos entreolhamos e logo seguimos até a mesma, notando logo em seguida que a mesma estava trancada. Voltamos a nos encarar confusos e logo depois caímos na risada.
Bruno: Será que vão demorar muito pra abrir? - Perguntou, afastando-se um pouco da porta. Lhe segui e parei um pouco perto dele.
Luiza: Não sei. Só sei que vou matar quem nos trancou aqui - Revirei os olhos, segurando o riso.
Bruno: É tão ruim ficar presa aqui comigo? - Eu ia responder, mas ele logo continuou - Eu que deveria estar reclamando, não estou, por que logo você teria que reclamar? - Ele riu e eu apenas forcei um sorriso.

Voltei a me sentar na cama e fiquei olhando aquelas velas queimarem. Poucos segundos depois senti ele sentar ao meu lado, mas não lhe olhei. Ficamos em silêncio por um bom tempo. Eu pensando no que fazer, no que falar e principalmente, em me controlar. Lhe olhei de canto e vi que ele também me olhava de canto, abri um pequeno sorriso e virei meu rosto pra ele, que fez o mesmo. 

Luiza: Como está com a Bianca? - Perguntei, e logo depois me arrependi de fazer essa pergunta. Ele fez uma cara de reprovação e sorriu. 
Bruno: Pensei que você fosse falar outra coisa.
Luiza: O quê? Que eu te amo? Que sou louca por você? - Fiz uma pausa, pensando no que eu havia acabado de falar. Seu sorriso se desfez e ele pareceu ficar sem jeito.

Desviei o olhar e me levantei rapidamente. Segui até a janela e tentei abrir, porém, não consegui. Desisti e voltei a me sentar. Não sei ao certo quanto tempo passou, só sei que foi bastante. E durante todo esse tempo, nem eu, nem o Bruno trocamos uma palavra. Já estava inquieta com aquele silêncio, com aquela calmaria. Me levantei rapidamente e fui até a porta. Comecei a bater e chamar por eles.

Bruno: Não adianta, eles não vão abrir.

Parei de bater e quando ia voltar pra cama, vi meu celular ali perto. Abri um sorriso e vi o Bruno franzir a testa confuso.

Luiza: Somos muito burros - Falei enquanto me aproximava e pegava meu celular.

Ele apenas assentiu e depois sorriu. Disquei o número do Carlos e ele logo me atendeu. Assim que eu ia reclamar, ele perguntou na maior zoação.

Carlos: E aí, estão aproveitando? - Revirei os olhos.
Luiza: Abre essa porta. Agora! - Ele riu. 
Carlos: Não dá, perdi a chave e só vou encontrar amanhã.
Luiza: Haha, muito engraçado - Disse irritada - Abre logo!
Carlos: Até amanhã, Lú - Falou e logo depois desligou.

Bruno: E aí, o que ele disse?
Luiza: Que havia perdido a chave e só ia encontrar amanhã - Falei nervosa e logo disquei o seu número novamente, porém, ninguém atendeu. Liguei mais umas cinco vezes, e nada. Desisti e voltei a me sentar.
Bruno: Pelo visto, vamos ter que passar a noite aqui mesmo, trancados.
Luiza: Pois é - Falei e passei o olhar por uma mesa, onde havia algumas comidas. Me levantei e fui até a mesma - Pelo menos aqui tem comida - Falei, pegando uma maçã e voltando a me sentar. Ele sorriu e ficou me observando comer. Fiquei meio sem graça e virei um pouco o rosto. O silêncio reinou novamente. Porém, logo ele resolveu quebrar.
Bruno: Sabe... Eu sinto sua falta - Me virei rapidamente ao lhe escutar. Ele não me olhava, olhava para um certo ponto a sua frente.

Luiza: Eu... Eu também sinto - Falei, lhe olhando. Ele logo desviou o olhar pra mim e deu um meio sorriso. Fiquei paralisada, procurando palavras, procurando gestos para implorar para que ele ficasse comigo, mas nada saía. Ele respirou fundo e desviou o olhar.
Bruno: Por que você fez aquilo comigo, Luiza? Eu te amava tanto, mas tanto. 
Luiza: Eu já te disse... Eu não fiz porque quis - Ele negou com a cabeça.
Bruno: Se você não quisesse mesmo, não deixaria nem ele chegar perto de você - Soltei um suspiro pesado e abaixei a cabeça, deixando a maçã de lado.
Luiza: Tudo bem, talvez eu tenha mesmo deixado ele me beijar. Mas isso não significa nada - Senti seu olhar em mim, mas continuei olhando pra baixo.

Bruno: Significa muita coisa. Significa que você não estava bem comigo, não estava segura dos seus sentimentos. E mais do que isso, significa que você queria aquele beijo. Queria o beijo do amiguinho - Comentou irritado.
Luiza: Lógico que não - Falei, desviando o olhar pra ele - Eu estava chateada com você, por isso que me deixei levar. Só por isso. 
Bruno: Ah, claro - Riu irônico. Virei o rosto e respirei fundo, lutando contra as lágrimas. 
Luiza: Ok, Bruno. Se você não acredita em mim, nem no meu amor, tudo bem. Não falo mais nada - Ele ficou calado por um momento, mas logo depois quebrou o silêncio.
Bruno: Por que você não prova que me ama então? Por que não prova que... - Lhe interrompi.

Luiza: Eu provei. Eu fui na sua casa, ou melhor, na casa do Lucas, te pedi desculpas, implorei pelo seu amor e tudo mais, e o que você fez? Beijou outra na minha frente! - Falei, me levantando - O que você queria com aquilo? Me atingir? Me deixar pra baixo e totalmente machucada? Pois bem, parabéns - Falei, batendo palmas - Você conseguiu! 
Bruno: E você acha que também não me deixou totalmente machucado ao te ver beijando aquele idiota? - Perguntou aos gritos enquanto se levantava.
Luiza: A questão é diferente, Bruno! Eu beijei o Otávio porque me deixei levar, eu estava chateada, entenda isso. Já você beijou a Bianca porque quis, porque queria me magoar, queria me ver mal! - Ele ia responder, mas respirou fundo e voltou a sentar na cama. Lutei contra as lágrimas e continuei - Mesmo com tudo isso, eu não deixei de te amar - Ele me olhou e pude ver que seus olhos estavam vermelhos. Senti um aperto no peito e me afastei dali.

Segui para perto da janela e deixei com que as lágrimas caíssem. Depois de um tempo, enxuguei o rosto e voltei a me sentar. O Bruno estava imóvel, sentado na cama e com a cabeça baixa. Depois de poucos minutos, ele levantou a cabeça e me olhou. 

Bruno: Lembra dessa música? - Desviei o olhar do seu e tentei prestar atenção na música, essa que era muito familiar. Depois de poucos segundos, lembrei onde a tinha escutado e daquele momento, onde tudo começou. Sim, era a música do nosso primeiro beijo! Aquele beijo, o qual era apenas pra fazer parte de uma ficada, mas que trouxe consequências maiores. Lhe olhei sorrindo e o vi se levantar. Sua expressão mostrava um tanto de insegurança misturada com felicidade. Ele estendeu a mão e pediu - Dança comigo? - Senti meu coração acelerar e todo meu corpo se arrepiar. Aquilo não podia ser real!

Luiza: Isso é sério? - Perguntei, soltando uma risada baixa. Ele assentiu enquanto sorria. Balancei a cabeça negativamente, ainda rindo, segurei a sua mão e me levantei. 

Nos posicionamos um de frente para o outro e ficamos nos encarando. Ele logo sorriu e se aproximou mais. Senti meu corpo estremecer ao sentir novamente aquela proximidade, e logo depois, o seu toque. Ele envolveu as mãos na minha cintura lentamente enquanto eu envolvia as minhas na sua nuca. E então, em um ritmo calmo, começamos a dançar. Poucos segundos depois, o Bruno subiu com as mãos para as minhas costas, fazendo com que o meu corpo ficasse mais próximo do dele. Senti meu coração acelerar ainda mais e respirei fundo, deixando com que aquela lembraçava ficasse registrada para sempre na minha memória.

A música foi passando, e quando chegou perto do fim, ele resolveu falar. 

Bruno: Quem diria que aquele beijo fosse levar a tantos outros, hein? - Perguntou um tanto próximo do meu ouvido. 
Luiza: Pois é. Ninguém imaginava - Falei, enconstando a cabeça no seu ombro e sentindo seu cheiro. Aquele cheiro que eu tanto gostava.
Bruno: É. Ninguém imaginava que eu fosse me apaixonar pela menina mais chata daquele colégio - Falou aos risos. Lhe olhei e tentei fazer cara de brava enquanto prendia o riso.
Luiza: Você que era chato, ok? - Ele sorriu e aproximou mais o seu rosto do meu.

Bruno: Você era muito mais - Revirei os olhos aos risos - E nem adianta discutir - Falou e logo depois mordeu o meu queixo. Sorri de lado e lhe encarei.
Luiza: Chato - Ele ignorou e aproximou ainda mais o rosto. Vi seus olhos se fecharem, e automaticamente fechei os meus. Senti sua testa encostar na minha e logo depois senti a sua respiração.
Bruno: Eu viveria tudo de novo - Ele sussurrou contra os meus lábios. 
Luiza: Eu também - Falei e logo senti seus lábios encostarem nos meus. Assim que ele ia dar início ao beijo, ouvimos seu celular tocar. Assim que tentei me afastar, senti suas mãos me prendendo ao seu corpo - Er, seu celular está tocando - Sussurrei.

Bruno: Eu sei - Ele respondeu e continuou com os lábios colados nos meus. Tentei me afastar novamente, mas ele não deixou. 
Luiza: Acho melhor você atender, deve ser a sua priminha, ou melhor, o seu novo amor - Ele me soltou na mesma hora e se afastou furioso. Voltei a sentar na cama e fiquei lhe observando andar de um lado para o outro enquanto falava algo baixo no celular. Assim que ele desligou, eu perguntei com certa curiosidade - Era ela? 
Bruno: Não interessa - Ele respondeu e seguiu para perto da janela. 
Luiza: Ui, que estresse! Ela brigou com você, foi? - Ele me olhou irritado. Segurei o riso e desviei o olhar. 

Logo o silêncio reinou e o sono começou a me dominar. Deitei na cama e fechei os olhos, deixando com que o sono me dominasse por completa.