Fanfic: Era só pra ficar | Tema: Era só pra ficar

Abri os olhos lentamente e logo pude ver uma claridade. Pisquei algumas vezes e então fui enxergando melhor. Percebi que estava em um quarto, mas não era o meu. Virei um pouco o rosto e vi o Bruno dormindo sentado em um sofá ao lado da cama. "O que ele está fazendo aqui? E onde estou?", perguntei para mim mesma em pensamento enquanto desviava o olhar para o teto. Tentei levantar um pouco, mas senti algo me impedir e me furar.

Prendi o grito e olhei para minhas mãos, essas que estavam cheias de esparadrapos. Respirei fundo e voltei a olhar para o teto. Minutos depois fechei os olhos e tentei me lembrar de algo, de como tinha parado ali, e aos poucos fui recordando de algumas cenas. Primeiro, a minha imagem com o Bruno na praia. Depois a cena dos ladrões e policiais. E por fim... E a batida.

Matheus: Você está viva! - Gritou, e eu me perdi em pensamentos. Olhei em direção a porta e o vi ali todo sorridente. Logo o Math correu para me abraçar, me apertando firme. Soltei um griro baixo e ele logo se afastou.

Luiza: Pensou que eu fosse morrer? - Perguntei enquanto revirava os olhos e dava um sorriso - Ih, ainda tenho muito tempo pra te perturbar. 
Matheus: Besta - Ele disse sorrindo - Mas como você está? Tá sentindo alguma dor? Alguma coisa? - Perguntou preocupado. Assim que ia responder, vi o Bruno abrir os olhos, e ao me olhar e me ver acordada, o vi se levantar rapidamente e se aproximar com um sorriso lindo no rosto. O Math lhe encarou e depois voltou a me olhar - Esse daí não saiu um minuto desse hospital. Nunca vi tanto amor! - Revirou os olhos. Sorri e desviei o olhar para o Bruno, esse que agora sorria sem jeito.
Bruno: Er... Está sentindo alguma coisa? - Perguntou meio sem jeito. Apenas balancei a cabeça negativamente e sorri.

Matheus: Então... Temos que te contar uma coisa - Disse, desviando o olhar para o Bruno, esse que coçou a nuca e me olhou.
Luiza: O quê? - Eles voltaram a se encarar e ficaram assim por alguns segundos - Falem logo! - Pedi enquanto os encarava curiosa. Eles pareceram concordar em algo e então me olharam. 
Bruno: Então... Acabamos descobrindo uma coisa com esse seu acidente - Ele fez uma pausa, olhou para o Matheus e depois pra mim, e antes de continuar, sorriu. "Ok, coisa ruim não deve ser", pensei comigo mesma - O médico disse que... Hã.. Você está grávida! 
Luiza: Grávida? Como assim? - Perguntei totalmente surpresa.

Grávida, grávida, grávida! Essa palavra ecoava na minha mente enquanto o silêncio reinava ali perto. Claro, como eu não desconfiei antes? Os vômitos, o sono e a fome fora do normal, meu corpo mudado... Claro, tudo indicava que eu estava grávida, como não suspeitei? Como? Mas... Eu não podia estar grávida, não nessa situação que me encontrava: Com a autoestima baixa, sem nenhuma estrutura financeira, nem psicológica, e ainda mais, brigada e separada do Bruno.

Me perdi em pensamentos ao ouvir a porta se abrir, olhei para a mesma e vi um cara desconhecido, todo de branco entrar. Deveria ser o médico. Ele se aproximou e mostrou um sorriso de cantou.

Doutor: Vejo que já está bem!
Matheus: Eu não diria isso. Acabamos de lhe contar a "novidade" - Falou, fazendo aspas no ar - E olha o estado da menina... Ela está pálida!

Doutor: Pelo visto vocês não contaram do jeito certo. 
Matheus: E tem jeito pra falar disso? - Perguntou enquanto revirava os olhos e sorria, fazendo o médico voltar a sorrir. 
Doutor: Claro, tem que ser com jeito - Respondeu, e logo depois olhou para mim - Prazer, meu nome é Paulo. Bom, seja lá o que estiver passando pela sua mente agora, tente dar um foco principal a essa criança - Ele falou e logo mudou um pouco a expressão - Esse bebê vai precisar muito da sua ajuda para nascer, pois essa sua gravidez traz alguns riscos - Pausou, respirou fundo e então continuou - Infelizmente esse acidente pode chegar a prejudicar o feto e causar má formação no mesmo. 
Bruno: Como assim? Isso quer dizer que ela pode entrar numa gravidez de riscos? Mas... - O Doutor lhe interrompeu.

Drº Paulo: Pra falar a verdade, ela já está numa gravidez de risco. Além de perder muito sangue no acidente, ela ainda caiu de mau jeito, podendo ter afetado o feto. E além disso, observamos através de alguns exames, os quais fizemos enquanto você dormia, que você não estava se alimentando bem, está apresentando a imunidade um pouco baixa e necessita nutrir-se rapidamente. Mas já estamos cuidando disso - Falou, desviando o olhar para o soro.
Matheus: Cara, ela está ficando mais pálida ainda - Falou preocupado. Eu desviei o olhar para o teto e tentei respirar fundo. 
Drº Paulo: Bom, o importante agora é você se cuidar para evitar mais riscos. É importante que você tenha uma alimentação mais saudável e viva num ambiente mais tranquilo, sem nenhum tipo de estresse - Sorriu - Tenho que atender outros pacientes agora... Mas não se preocupe, logo voltarei para contar mais detalhes e marcarei alguns exames - Assenti, ainda sem olhá-lo, fechando os olhos logo em seguida. Antes de sair, ainda lhe escutei falando com os garotos - Acho melhor vocês sairem um pouco - Eles não responderam, mas acho que atenderam ao pedido do médico, pois logo ouvi a porta se fechar, e o silêncio reinar.

Apertei forte os olhos e suspirei. Logo vários pensamentos encheram a minha mente, todos relacionados a minha gravidez, ao Bruno, aos riscos que o meu bebê sofria... Meu bebê! Sorri ao pensar nisso. Agora eu carregava uma criança, fruto do meu amor com o do Bruno. Eu carregava uma pessoa, a qual, mesmo sabendo a pouco tempo que estava dentro de mim, já amava. Já amava e já protegia. Sim, a partir de agora eu faria tudo diferente. Eu deixaria de pensar em mim e em tudo que estivesse ao meu redor para cuidar e proteger esse bebê. Esse bebê que precisava de todo o meu esforço para não morrer... Tentei levar umas das mãos até a barriga, e com um pouco de dificuldade, consegui. Passei a mão na mesma e sorri.

Luiza: Eu não vou te perder - Sussurrei enquanto passava a mão lentamente na barriga - Prometo que vou cuidar de você, prometo.