Fanfic: Era só pra ficar | Tema: Era só pra ficar

Logo o dia seguinte, terça-feira, chegou. E junto com ele, novos exames. Durante a tarde recebi a visita do meu irmão e do Bruno. Já perto de anoitecer, o médico entrou com o resultado dos exames. Ele disse que, como suspeitava, havia ocorrido uma má formação no feto, pois, a placenta (órgão cheio de vasos sanguíneos que fica no útero e tem a função de fazer trocas de substâncias entre o sangue do bebê e o sangue da mãe) teve um deslocamento prematuro, por conta da pressão no acidente.

Fiquei desesperada, mas aos poucos ele foi me acalmando, dizendo que se eu me cuidasse bem e seguisse todos os passos que ele me diria, o bebê teria chance de nascer bem e saudável. O Bruno estava ao meu lado, segurando a minha mão, e sempre fazendo perguntas ao doutor. No final de tudo, Paulo fez uma lista cheia de coisas que eu poderia ou não fazer, do que eu poderia ou não beber e comer, entre outras, e então saiu do quarto, levando com ele o Bruno e o Matheus.

Fiquei pensando em tudo que o médico me falou até a enfermeira entrar com a minha janta e me tirar dos meus pensamentos. Comi tudo e voltei a deitar. Minutos depois o Bruno apareceu.

Luiza: O médico falou mais alguma coisa? - Perguntei enquanto ele se aproximava e parava ao meu lado. 
Bruno: Nada demais. Só pediu para cuidar bem de você e não te deixar fazer um monte de coisa - Falou, passando a mão na minha. Desviei o olhar para o teto e respirei fundo.
Luiza: Eu estou com medo - Sussurrei.
Bruno: É isso que você quer passar para o nosso bebê? - Perguntou, me fazendo encará-lo.
Luiza: Claro que não. 
Bruno: Então tire todos os pensamentos ruins dessa sua cabecinha e deixe só os bons - Falou em um tom baixo enquanto acariciava minha mão - Vai dar tudo certo, ok? E o nosso bebê vai nascer saudável e lindo como o pai - Disse, me fazendo gargalhar com a última parte - Ih, não entendi o motivo da risada - Ignorei e desviei o olhar. Respirei fundo e fiquei ali, sentindo suas carícias. Minutos depois, ele quebrou o silêncio - Já sabe o nome que vai dar para o bebê? - Desvei o olhar pra ele e o vi com a cabeça abaixada. 
Luiza: Ainda nem parei pra pensar nisso - Respondi meio sem jeito. 
Bruno: Que não seja por isso... Vamos pensar num nome agora - Comentou empolgado.

E assim passamos o resto da noite: escolhendo um nome para o bebê e falando dele.

Passei mais alguns dias no hospital, fazendo exames e em observação. Já no sábado, finalmente, pude ir para casa. Quem veio comigo foi o Bruno, porém, ele não demorou muito, logo voltou para a casa do Lucas. Durante a tarde, o Carlos, o Rodrigo, a Mariana e a Camila vieram me visitar, e apenas foram embora quando já começava a escurecer. Durante a noite o Bruno voltou a aparecer.

Bruno: Oi - Sorriu sem graça assim que abri a porta. Abri um sorriso de canto e esperei ele continuar. O mesmo pareceu respirar fundo e logo prosseguiu - Er, o seu irmão me ligou e falou que iria sair... E como não queria te deixar sozinha, me chamou para ficar aqui com você.
Luiza: Ah, foi? - Perguntei abobada. Ele assentiu enquanto sorria. Desviei o olhar e abri mais a porta.

Logo o Bruno entrou e seguiu até o sofá. Fechei a porta e segui até sua direção logo após. Sentei ao seu lado e lhe encarei. Ele ficou quieto, mas logo se inquietou parecendo querer falar algo, porém no mesmo instante o Matheus apareceu com a Juliana. 

Matheus: Estou saindo com a Juliana. E acho que vou voltar um pouco tarde - Mostrou um sorriso malicioso e logo olhou para o Bruno - Cuida bem dela, ok? - O Bruno assentiu sorrindo. Eles acenaram pra gente e logo depois saíram.

Desviei o olhar para televisão e tentei prestar atenção no programa que passava ali. Minutos depois ouvi um barulho forte de chuva.

Bruno: Hm... E como passou a tarde na companhia dos seus novos amigos? - Lhe encarei confusa.
Luiza: Como você sabe que eles estavam aqui?
Bruno: Eles me contaram - Deu de ombros.
Luiza: Ah... Então, passei bem. Eles são ótimas companhias. 
Bruno: Que bom, né? - Assenti e voltei a atenção para a televisão novamente. 

Ficamos em silêncio por mais alguns minutos, e então, me bateu uma grande vontade de vomitar. Me levantei rapidamente e corri para o banheiro. Assim que cheguei lá, me abaixei de frente para a bacia sanitária e deixei o vômito sair. Senti o Bruno segurar o meu cabelo e com a outra mão acariciar as minhas costas.

Luiza: Sai daqui! - Assim que falei, voltei a vomitar. Quando acabei, me sentei no chão e olhei para o Bruno - Sai daqui, por favor.
Bruno: Por que você quer que eu saia? - Perguntou enquanto dava descarga.
Luiza: Não quero que você me veja assim - Ele pareceu ignorar, me levantou e me encostou no balcão do banheiro - É sério, sai daqui - Falei enquanto tentava lhe empurrar para fora do banheiro. Ele desistiu de me ajudar e acabou saindo.

Me virei para a pia, escovei os dentes umas três vezes e depois lavei o rosto. Logo em seguida voltei para a sala. O Bruno estava lá, sentado no sofá, e a sua expressão não era nada boa.

Bruno: Não vejo o porquê disso. Eu só queria te ajudar. 
Luiza: Mas eu não queria que... - Ele me interrompeu.
Bruno: Boba, você fica linda de qualquer jeito. Até vomitando!
Luiza: Eca, Bruno! - Resmunguei, fazendo careta e soltando uma risada logo em seguida. 

Ele riu junto e me abraçou de lado. Desfiz a risada ao sentir seu toque e fiquei meio sem reação. Ele beijou o meu ombro de leve e depois foi descendo com os beijos até chegar na minha barriga. Depois de levantar um pouco a minha blusa, o Bruno passou a mão lentamente na minha barriga e por fim beijou a mesma.

Bruno: O papai te ama - Sussurrou enquanto mantinha o olhar na minha barriga, me fazendo sorrir toda boba.
Luiza: Besta - Ele me encarou, fez careta e logo depois fez cara de quem estava escutando algo. Depois de encostar o ouvido na minha barriga, sorriu.
Bruno: O bebê está dizendo que a mamãe não pode chingar o papai - Abri ainda mais o sorriso e balancei a cabeça negativamente.
Luiza: É muito besta mesmo - Ele ignorou, ajeitou a minha blusa e voltou a sentar normalmente.

Quando nossos olhares se encontraram, sorrimos. Ficamos nos observando por alguns segundos, até que ele se aproximou um pouco e passou a mão delicadamente no meu rosto. Fechei os olhos ao sentir seu toque e logo pude sentir sua respiração tão perto. Suspirei e virei o rosto, abrindo os olhos logo em seguida.

Luiza: Acho que o bebê está com fome - Lhe encarei, já me pondo de pé. Ele se ajeitou no sofá e ficou todo sem graça - Vou lá na cozinha, tá?
Bruno: Quer que eu vá com você? Te ajudar e tal... 
Luiza: Não precisa - Sorri sem jeito e logo segui para a cozinha. 

Ao chegar lá, preparei rapidamente dois sanduíches e voltei. Me sentei ao seu lado e o vi me encarar. 

Luiza: Quer? - Ele balançou a cabeça negativamente e logo voltou a olhar para a televisão.
Bruno: Coloquei um filme pra gente assistir. 
Luiza: Não é de terror não, né? - Perguntei enquanto dava uma mordida no sanduíche.
Bruno: Não, boba. Pode ficar tranquila - Falou, me tranquilizando. Desviei o olhar para a tv e logo percebi o filme iniciar.