Fanfic: Era só pra ficar | Tema: Era só pra ficar

Bruno narrando

Quatro dias haviam se passado desde o incidente e da péssima notícia. Quatro terríves dias de pura tristeza. Tristeza por ter perdido alguém tão especial e que mesmo não tendo visto, nem tocado, nem nada, fazia parte do meu mundo e da minha vida. E iria fazer para sempre, mesmo estando longe, nos céus. E foi com essa lembrança que fiquei do meu princípe, ou princesa quem sabe. Ao olhar para o céu, iria lhe enxergar lá, em volta das estrelas. Ele seria uma delas, uma daquelas belas estrelas. Seria a maior, a que mais brilhava e a que eu mais amava. E iria amar para sempre. E lá estava eu, no local aberto do hospital, olhando para os céus, para a minha estrela preferida. Eu pedia forças para superar aquela perda, e forças para continuar de pé, lutando ao lado do meu amor, pela sua vida.

Sim, a vida da Luiza estava em risco. Tudo por conta daquele triste incidente. Culpa do Felipe, da Bianca e daqueles falsos médicos. Aqueles que iniciaram um trabalho de aborto, mesmo sem nenhuma estrutura, sem nenhuma capacidade. Aqueles dos quais eu nunca esquecerei e que terei um ódio eterno. Felizmente, a justiça não falhou nesse caso. Prendeu todos. Todos mesmo, inclusive a Bianca e o Felipe. Mas isso não era nada comparado ao prejuízo que haviam causado. Confesso que a culpa não foi só deles. Também foi minha, afinal, se estivesse com a Luiza no momento nada disso teria ocorrido. E eu prometi, prometi que iria cuidar dela e do nosso bebê, mas não cuidei. E isso me doía. Me doía saber que por uma parcela de culpa minha, havia perdido o meu anjinho e estava prestes a perder o meu amor. Doía muito, muito.

Matheus: Ei cara, vem comer alguma coisa - Falou, puxando o meu braço e me tirando dos meus pensamentos. Enxuguei algumas lágrimas que haviam no meu rosto e segui com ele para a lanchonete do hospital. 

O Math estava realmente sendo como um irmão mais velho naquele momento, não só para a Luiza, mas para mim também. Ele sempre me mandava comer algo, me mandava ir em casa e descansar um pouco, ir para a escola, para o trabalho. Mas eu não estava muito no clima, de absolutamente nada. Havia falado com o pai do Lucas e ele entendeu o meu momento e meu deu alguns dias longe do trabalho. Em casa eu já não ia mais, muito menos na escola. Eu simplesmente não conseguia sair do hospital, pois sempre pensava que a Luiza iria acordar e iria me querer por perto. Já o Matheus, ele estava indo para o trabalho e para a faculdade, mas sempre que tinha uma hora livre, ele vinha para o hospital. E passava até as noites e madrugadas aqui, assim como eu. Os amigos da Luiza, o Carlos, o Rodrigo, a Mariana, a Camila, o Fernando e a Juliana, também vinham muitas vezes no hospital e sempre se lamentavam por não poder vê-la e pelo nosso bebê. Mas apesar de tudo, estavam todos confiantes de que a Luiza iria se recuperar e sair dessa.

Sexto dia! Sexto dia em que ainda não havia lhe visto, nem tocado, nem beijado, nem nada. Sexto dia em que ela continuava dormindo e com um péssimo quadro médico. Talvez esse tenha sido o pior dia até agora. E segundo o médico, realmente era. Enquanto os médicos faziam o possível e o impossível para salvá-la, eu chorava. Chorava, rezava e implorava para que ela ficasse bem. Implorava pela sua recuperação. E implorava por forças. Forças para poder suportar tudo aquilo que eu estava sentindo e poder seguir caminhando. E foi assim que passei por esse dia, por esse terrível dia. Já era noite quando decidi ir comer algo, depois de ter passado o dia todo sem comer. Segui para a lanchonete ali do hospital e me servi. Sentei-me a mesa e comi, mesmo sem vontade. Assim que acabei, coloquei o prato de lado e passei o olhar por aquele ambiente. Um ambiente calmo e com uma música calma também. Música essa, que eu parei para entendê-la.

Música - Era só pra ficar 

Foi inevitável não passar uma história dividida em belas e tristes cenas pela minha cabeça com aquela música. Aquela música que dizia ao certo como iniciamos a nossa história, a nossa linda e inesquecível história de amor. Lembrei-me das nossas primeiras conversas, do nosso trato, do nosso primeiro beijo, das nossas brincadeiras, dos nossos momentos, de como essa história havia se transformado. Lembrei de todos os seus sorrisos quando fazia uma brincadeira, das suas caras e bocas quando eu a pegava desprevinida, dos seus olhares, algumas vezes doces, outros raivosos, outros ciumentos... Lembrei-me da nossa primeira briga, da nossa primeira tentativa de namoro, da nossa primeira vez. E das outras vezes também. Assim como lembrei dos detalhes, aqueles que parecem ser nem tão importantes, mas que fazem uma grande diferença no decorrer de uma história. E foi nesse clima que eu fiquei ao ouvir aquela música: deixando as lembranças virem à tona, assim como as lágrimas. Essas que se misturavam em tristeza, felicidade, angústia, medo e saudade. Ah, como eu queria viver tudo aquilo de novo. Como queria tê-la nos meus braços mais uma vez e poder dizer o quanto a amava, o quanto a queria, o quanto era feliz com ela. Agora, só restava o pensamento forte e positivo para que tudo aquilo acabasse bem.