Fanfics Brasil - Noites do Oriente {DyC} (Terminada)

Fanfic: Noites do Oriente {DyC} (Terminada)


Capítulo: 5? Capítulo

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     CAPITULO II


     


      - Então não notou mesmo que Philippe está interessado em você? disse
Rassan, conversando com Dulce sobre o jantar da noite anterior, quase repetindo
as palavras de madame Sancerre.


      - Ele é simpático - ponderou ela -, mas acha que todas as jovens
razoavelmente bonitas têm o dever de se curvarem a seus pés.


      Dulce fez uma careta de desagrado. O padrasto riu e passou a mão nos
cabelos dela.


      - E como todas as moças que são muito mais do que razoavelmente bonitas,
você ignora os galanteios dele, não é isso?


      O padrasto estava bem-humorado e demonstrava alívio por ela não achar
Philippe interessante. Mas por quê?, perguntou-se Dulce, sorrindo.
Naturalmente, Hassan preferia mantê-la segura em casa e talvez visse no
relacionamento dos dois jovens o perigo de perdê-la.


      - Philippe não passa de uma companhia agradável - afirmou ela, olhando-o
fixamente.


      Aquele parecia o momento adequado para lhe falar sobre as coisas que
começavam a preocupá-la. Mas não tinha intenção de magoá-la. Queria apenas
deixar claro, para o padrasto e para a mãe, que já era suficientemente adulta
para tomar as próprias decisões.


      - O senhor não pode continuar censurando todos os meus namorados - disse
com suavidade, mas procurando provocá-la.


      Hassan olhou-a como homem e não como pai. Dulce corou ao perceber que os
olhos dele lhe percorriam o corpo todo até se deterem nos olhos verdes e
faiscantes.


      - Sim, você já é uma mulher adulta - concordou, com voz , séria. - Dulce,
sabe que me preocupo muito com a sua felicidade, não? - Ela fez que sim com a
cabeça. - Então não existem motivos para discutirmos, certo?


      - Certo. . . - respondeu, surpresa com o final repentino da conversa. No
fundo, sentia que, com aquele silêncio súbito e aquela brevidade, de alguma
forma ele a tinha manobrado.


     


     


      Ele precisa compreender e aceitar que não vou viver aqui em casa para o
resto da minha vida, Dulce disse a si mesma naquela tarde, enquanto se arrumava
para sair com duas amigas da escola,. Uma, delas ia ser modelo e a outra era
dançarina e tinha acabado de assinar contrato para um espetáculo no West End. Dulce
invejava-lhes a liberdade, embora tivesse certeza de que não se adaptaria
àquele tipo de relacionamento inconseqüente e superficial que as colegas
mantinham com alguns homens. Eles entravam e saíam da vida delas sem deixar
qualquer marca. . .


      Gostava dos homens como amigos, mas não conseguia se imaginar envolvida
num caso amoroso sério e regular, pois, para surpresa dela, a idéia de um
contato mais íntimo não a entusiasmava. Seria uma mulher frígida? Não, essa era
uma palavra forte demais para uma natureza tão feminina! Simplesmente, pensou,
ainda não tinha descoberto o sexo, o que precisava encarar com muito bom humor.


      Sorrindo e achando engraçadas aquelas considerações, vestiu jeans,
deixando as roupas mais caras de lado. Era uma garota romântica, refletiu,
afinal o sexo feito por simples prazer não significava nada para ela. Qualquer
aproximação mais íntima deveria ser fundamentada no amor.


      Suas duas amigas eram bastante divertidas. Embora pertencessem a
famílias relativamente abastadas, freqüentavam feiras e bazares em busca de
roupas baratas e usadas, e mostravam predileção por modelos da década de vinte
ou trinta. Como Dulce, também vestiam jeans e camisetas surradas. Quando se
encontraram, estavam alegres e dispostas, falando muito sobre os planos para o
futuro. Ao descreverem o apartamento em que moravam e o modo de vida que
levavam, Dulce sentiu uma pontinha de inveja.


      - E você, Dulce - perguntou Corinne, a dançarina -, quais são seus
planos?


      - Estou pensando em abrir um restaurante. . .


      - Um restaurante?! - exclamou a moça, erguendo as sobrancelhas - Puxa!
Você é um bocado ambiciosa, hein? Sempre tive a Impressão de que pensava só em
casamento! Bem que estranhava o fato de você não namorar, principalmente por
causa da posição social da sua família.


      - O que tem uma coisa a ver com a outra?


      - Refiro-me ao seu padrasto, Dul. Não me diga que ele ainda não pensou
em casar você com alguém escolhido por ele mesmo? Quero dizer, no Oriente Médio
casamento arranjado ainda é uma realidade, principalmente nas classes mais altas.
Sabe, há alguns meses uma colega minha namorou um desses homens. Ficou com ele
um bocado de tempo. Ela me disse que eles são fogo, e que é preciso ler muita.
estrutura para aceitar ficar ao lado deles como se fosse um objeto. . . sempre
à disposição. . .


      Dulce sorriu meio sem graça, julgando a observação de Corinne de mau
gosto.


      - Ele encheu Vanessa de jóias e roupas, mas quando chegou a hora do
casamento caiu fora. Parece que tinha uma bela noivinha esperando por ele...
Nossa, Vanessa ficou louca de raiva e disse isso pra ele. Pensa que adiantou?
Ele morreu de rir! Falou que havia pago por ela, coisas do gênero. . .


      - Pelo menos ela foi recompensada à altura - observou Linda, com
cinismo. - Já ouvi falar de casos como este, muitos deles com muçulmanos.
Aprenderam que o dinheiro compra tudo e na hora de concluir negócio nunca saem
perdendo. Mas é claro... uma garota esperta pode se dar muito bem. . . jóias,
viagens, roupas. . .


      Dulce sentiu-se mal com a conversa.


      - Bem, preciso ir andando - disse, repentinamente, passando as mãos nos
cabelos.


      Ela mesma não, sabia o que a tinha deixado tão ofendida; se o fato de a
garota entregar o corpo em troca de jóias, ou o homem que havia pago por ela.
Mas concluiu que o homem parecia o respon!sável pelo sentimento repulsivo que a
invadia naquele momento, porque simplesmente tinha usado a mulher para
satisfazer-se, sem se importar, com os sentimentos que deveriam sustentar um
relacionamento.


      - Ainda tem mais - Corinne continuou. - Na verdade, Vanessa não se
importou muito com tudo isso, pois segundo ela o tal de Christopher era
realmente uma gracinha. Valeu a pena! Não estou dizendo que ela não o levava a
sério. Na realidade, a vontade dela era casar com ele. . .


      Christopher! Dulce estremeceu ao ouvir o nome. Talvez fosse tolice
pensar que se tratava da mesma pessoa de quem Philippe havia falado. Mas
parecia pouco provável ,que existissem dois árabes ricos com o nome idêntico.


      - Está se sentindo bem, Dulce? Você está tão pálida! Corinne reparou.


      - Estou bem, Corinne - mentiu, pegando a sacola e levantando do banco do
parque -, mas preciso mesmo ir embora. Prometi que chegaria cedo em casa para
jantar.


      Não era verdade. Porém, de repente sentiu necessidade de saber mais
sobre a família do padrasto. Ele ou a mãe precisariam falar, com ela sobre o
assunto.


      A caminho de casa, espantava-se por nunca antes haver sentido,
curiosidade a respeito da falta de contato entre as famílias. Talvez fosse
assim, pensou, por ter estado tanto tempo fora, estudando, envolvida pelo
estreito mundo escolar e pelos problemas de ordem, pessoal.


     


     


      Enquanto tomavam café, após o jantar, Dulce tocou no assunto.


      - Dulce! - exclamou a mãe, surpresa com a intromissão da filha em algo
tão particular.


      - Deixe, Helen - interveio Hassan, com um sorriso. - Ela tem todo o
direito de perguntar. Aliás, nunca entendi por que não quis saber antes.


      - Talvez por imaturidade ou por estar preocupada exclusivamente com a
minha vida - admitiu Dulce, com sinceridade.


      - E quem despertou seu interesse? - Hassan olhava fixo para ela,
sondando-a. - Teria sido Philippe Sancerre?


      - Em termos - disse Dulce. Sabia das ligações profissionais entre o padrasto
e a família de Philippe e não desejava causar problemas para o rapaz. - Em
parte, porque, vivendo mais aqui em casa, percebi o quanto vocês estavam
desligados dos outros.


      - Bom - começou Helen -, acho que posso lhe explicar a razão principal
desse afastamento. A família Ahmed não aprovou nosso casamento. De certa forma
estavam certos. . . afinal, não me conheciam! Sabe, Dul, Hassan precisou abrir
mão de muitas coisas para ficar conosco.


     Dul!, exclamou Dulce consigo mesma. A mãe a havia chamado pelo apelido
carinhoso de quando ainda era criança! Sorriu, os olhos úmidos de lágrimas,
como os da mãe.


      - Minha família foi teimosa e cegamente preconceituosa - comentou
Hassan, e virou-se para a esposa. - Você, querida, por favor, nunca duvide de
que desfrutei com prazer de cada segundo da minha vida a seu lado. - Ele
abraçou Dulce carinhosamente. - A felicidade que vocês duas me dão é
inestimável, como a chuva que fecunda um deserto.


      - E agora poderemos ser ainda mais felizes - comentou Helen, sorridente,
e voltou-se para Dulce. - A família de Hassan quer a reconciliação.


      - Inclusive Christopher? - Dulce não pôde evitar o tom amargo.


      Hassan retirou o braço dos ombros dela e lançou um olhar carregado de
cumplicidade para Helen, que fez com que Dulce sentisse um medo nunca antes
experimentado.


      - O que sabe a respeito de Christopher? - perguntou ele, com
tranqüilidade.


      - Sei apenas que se opôs ao seu casamento com mamãe, que considera as
mulheres meros objetos de satisfação sexual e que, quando se cansa delas,
abandona-as sem a menor consideração.


      - Christopher é um homem criado no deserto - explicou Hassan, sem
procurar contradizê-la. - É um homem decidido, um pouco duro, talvez até mesmo
insensível em algumas ocasiões, mas possui qualidades inegáveis. Nenhum homem
pode viver como um gavião cruel pelo resto da vida. Há de chegar o momento em
que irá precisar da delicadeza de uma mulher sincera, quando o coração mais
árido e duro reclamará pela calma e pela paz de um oásis. No caso de Christopher,
este outro lado de seu caráter ainda não veio à tona. Dulce. . . não vou lhe
perguntar como soube dessas coisas sobre meu sobrinho, pois já encontrei a
resposta. Não é de bom tom que algumas pessoas, cientes de sua fraqueza e
incapacidade, procurem caluniar outras mais dignas, sem estas sequer estarem
presentes!


      - Philippe não é desse tipo - protestou, chocada com o cinismo do
padrasto.


      - Não? Por acaso você sabe que o pai dele me pediu sua mão em casamento
em nome do filho?


      A expressão de espanto de Dulce revelou que ignorava toda a situação.


      - Dulce. .. não culpe Philippe. Aquele rapaz é sofisticado, mantém um
padrão de vida bastante elevado. Você é filha de um homem extremamente rico, é
bonita, muito bonita! Philippe ama a beleza e o luxo, isso é natural. Depois,
eu e o pai dele temos negócios. . . não acha normal que a mentalidade prática
de um francês se volte para um casamento conveniente?


      - Pensei que ele gostasse de mim. . . - murmurou, em tom de queixa. -
Não sabia que. . .


      - Mas você não gosta dele? Não houve nada entre vocês dois? - perguntou
a mãe.


      - Felizmente não - respondeu. - Oh, mamãe, a senhora tirou a sorte
grande! Amada por dois homens... E eu? Se todos que aparecerem forem como
Philippe e Christopher, será impossível acreditar na existência de um amor
verdadeiro.


      - Christopher? Por que menciona Christopher? - perguntou o padrasto.


      Ela mesma se mostrou surpresa. No fundo não queria ser tão independente
quanto imaginou a princípio. Desejava apenas encontrar alguém que na realidade
a amasse. E essa visão romântica do amor provavelmente ligava-se à evidente
adoração que o padrasto dedicava à sua mãe. Hassan era um caso único entre os
árabes, e, naquele momento, cresceu em importância ao ser comparado com os
homens em geral.


      Dulce tentou ordenar rapidamente os pensamentos, apressada pelo
padrasto, que a fitava aguardando resposta. Estimulada pelo olhar provocativo
dele, ergueu a cabeça com certo orgulho.


      - Não é verdade que no seu país as mulheres são obrigadas a casar contra
a própria vontade? E o que você me diz dessas infelizes que entregam seu
destino nas mãos de um marido desconhecido?  Pois Christopher aprova tudo isso!


 


posto assim q tiver comentarios




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Autor(a): lovedyc

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      - Mas então você condena um homem pelo simples fato de um outro, bastante invejoso, deturpar seu caráter? - perguntou Hassan, com brandura. - Dulce, você me surpreende.       - Não foi apenas Philippe que. . . me contou sobre Christopher .       O olhar at&oc ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 842



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  • stellabarcelos Postado em 06/09/2015 - 17:17:04

    Que fanfic fofa!

  • anjodoce Postado em 14/03/2010 - 17:35:11

    Amei, perfeita.
    Que bom que meus amores ficaram juntinhos.
    Estarei com você na sua próxima web BB.
    Beijos!!!!! *-*

  • anjodoce Postado em 14/03/2010 - 17:35:10

    Amei, perfeita.
    Que bom que meus amores ficaram juntinhos.
    Estarei com você na sua próxima web BB.
    Beijos!!!!! *-*

  • anjodoce Postado em 14/03/2010 - 17:35:10

    Amei, perfeita.
    Que bom que meus amores ficaram juntinhos.
    Estarei com você na sua próxima web BB.
    Beijos!!!!! *-*

  • anjodoce Postado em 14/03/2010 - 17:35:08

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    Beijos!!!!! *-*

  • anjodoce Postado em 14/03/2010 - 17:35:06

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    Beijos!!!!! *-*

  • anjodoce Postado em 14/03/2010 - 17:35:05

    Amei, perfeita.
    Que bom que meus amores ficaram juntinhos.
    Estarei com você na sua próxima web BB.
    Beijos!!!!! *-*

  • natyvondy Postado em 14/03/2010 - 17:24:49

    *-* linda

  • natyvondy Postado em 14/03/2010 - 17:24:42

    *-* linda

  • natyvondy Postado em 14/03/2010 - 17:23:59

    *-* linda


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