Fanfic: Namorada de Aluguel A&D | Tema: Portiñon

Anahi narrando:

Depois de deixar a Pri em casa, fui pra casa da Dulce, Julia também foi. Estava tarde, então fomos direto pro quarto.

- Que foi, amor? - a Dul se virou sobre mim na cama perguntando. A olhei- Tá quieta, olhando pro nada.....

- Estava pensando na Priscila. Tô preocupada com ela.

- Fiquei com pena delas também, coitadas....

- Eu nunca imaginava que a mãe da Mai seria assim, tão radical!

- Pra te falar a verdade, nem eu. Eu imaginava que ela não podia aceitar, mas não que seria assim.....

Suspirei abraçando ela.

- É....- a olhei- Fico imaginando se fosse com você, com a gente.....acho que eu ía surtar!

- Nem fala! - ela subiu um pouco o corpo me dando um selinho- Mas você soube bem conquistar a sogrinha né? - sorri.

- Eu te raptava! - abracei ela nos rodando na cama, fiquei de frente pra ela.

- Hahahaha.

- Tô falando sério. Não ía conseguir ficar sem você, depois de tudo.....

- Não? - ela me olhou sorrindo, com os olhos brilhando. Me abraçou também.

- Não. - encostei minha cabeça no ombro dela- Não tô agüentando ter que esperar tanto tempo pra morar logo com você, não ter que me separar de você no final do dia!

- Também não agüento mais! - ela sussurrou no meu ouvido. A olhei.

- Quero você muito, pra sempre!

- Eu quero mais! Além da vida!

Eu sorri e a beijei. O beijo foi aumentando o ritmo, em pouco tempo estávamos sem roupa e nos amando na cama dela. 

No dia seguinte, era domingo. Acordamos tarde, almoçamos lá na casa dela mesmo e depois eu tive a idéia de chamar a Priscila pra ir lá, pra ver filme ou só conversar mesmo. A Carol ligou pra ela e depois de uma pequena insistência ela aceitou ir, ligamos pro Rafa e pro Chris tbm.

Quando ela chegou conversamos um pouco mas ela não quiz ficar tocando muito no assunto, então falamos sobre besteiras até que resolvemos ver o filme. A Dul e a Carol foram fazer pipoca pra assistirmos o filme.

No intervalo de um filme pro outro, fiquei só eu e a Pri na sala. Ela pegou uma carta na bolsa e me entregou.

- Entrega pra Mai, amanhã? - a olhei confusa.

- Por que você mesma não entrega?

- Porque eu não sei como vai ser amanhã, vai que não consigo falar direito com ela e eu queria mesmo que ela lesse essa carta amanhã:

- Tudo bem, eu entrego.

- Brigada. - sorri e ela se virou pra frente de novo, logo todos foram voltando e mudamos o assunto da conversa, colocaram o outro filme e começamos a ver.

Eles foram embora tarde e eu resolvi dormir lá de novo, já que já estava lá mesmo....

No dia seguinte estávamos na porta da sala esperando pela aula começar quando vejo a Priscila, ela veio até nós.

- Ela chegou?

- Ainda não.

- Será que não vem?

- Deve vir Pri, deve estar só atrasada.

- Eu tenho que ir lá pra aula....tá na hora já.

- Vai lá, pode deixar que eu entrego pra ela.

- Tá, valeu. - se virou pros meninos- Tchau gente, boa aula.

- Tchau. - eles responderam e ela saiu.

Logo o sinal tocou e entramos também. A Mai chegou uns dez minutos depois da aula ter começado, acho que foi a primeira vez que vi ela chegar atrasada numa aula!

Ela sentou ao meu lado e o Chris logo virou pra trás.

- E aí, Mai, como você tá?

- Bem. - ela respondeu pegando o material, nem o olhou.

- Será que posso continuar minha aula, Christian e Maite?! - professor os olhou irritado.

- Depois a gente conversa, Chris. - ela sussurrou abaixando a cabeça e ele voltou a se virar pra frente. Ela começou a copiar o que tinha no quadro, resolvi entregar a carta logo a ela, poderia animá-la né....

- Priscila, pediu pra te entregar. - ela pegou a abrindo em seguida.

Voltei a olhar pra frente e prestar atenção na aula, não ía ficar lendo a carta delas né?!

Uns minutos depois ela me chamou.

- Annie, me empesta seu celular pra mandar uma mensagem pra Priscila?

- Claro.

Depois ela me devolveu e não falou mais nada.

Quando a aula acabou, nos levantamos pra ir pro intervalo.

- Vai embora, Mai? - Chris.

- Vou ter que ir, tenho dentista agora.

- Mas e a aula? - Rafa.

- Não vou poder ficar, depois pego o resto com vocês. Tchau.

- Mas....- Chris tentou falar mas ela o cortou.

- Tenho mesmo que ir gente, tchau. - ela saiu pela porta e a gente não entendeu nada.

- Não entendi nada. - Chris.

- Ela está estranha....- Rafa.

- Ai, gente, vai ver ela estava com pressa mesmo..... Vamos comer? Tô com fome. - falei pra desanuviar o clima mas a verdade era que também achei tudo estranho.

- Tá, vamos.... 

Na hora da saída, estávamos indo embora quando ouço a voz da Priscila.

- Oi prima. - me virei.

- Oi. Ela já foi?

- Na hora do intervalo, nem falou direito com a gente. - Chris.

- Ela tinha dentista. - falei pra Priscila ficar tranqüila.

- Ela falou, mas achei ela estranha na mensagem também. Ela disse que queria conversar.

- Mas o que ela disse exatamente? - perguntei. Ela nos mostrou o celular com as mensagens.

Msg: Oi, sou eu. Precisamos conversar.

Msg: Leu a carta? Amor, me desculpa.

Msg: Vc tem algum horário livre por agora?

Msg: Hoje não, só amanhã. Mas mesmo assim é só na parte da tarde.

Msg: Então vamos ter que deixar pra amanhã.

Msg: Pq não no intervalo?

Msg: Não posso. Vou ter que sair mais cedo pra ir ao médico.

Msg: Médico? Mas pq?? O que houve?

Msg: Nada. É só dentista, no meio dessa confusão toda acabei me esquecendo. Amanhã conversamos então....

Msg: Mas vc vai poder a tarde?

Msg: Aham.

Msg: Tá. Mas tá tudo bem?

Msg: Aham. Amanhã nos falamos, bjs.

Msg: Tá. Bjs, te amo.

- Não sei o que pensar! - ela falou.

- Amanhã vocês conversam e se acertam. - falei.

- Enfim....vou lá almoçar. - Pri.

- Também vou, não quer almoçar lá em casa não? - a chamei.

- Pode ser....

- Então vamos? Querem ir também, meninos?

- Aham. - ela respondeu.

- Não posso, prima. Tenho que ir pro estágio.

- Vou pra casa, Annie....- Chris.

- Então vamos. Até manhã gente. - eu disse.

- Tchau. - os dois disseram.

- Fica bem, maninha. - Rafa deu um beijo no rosto dela.

- Brigada.

Nos despedimos em seguida e fomos lá pra casa, almoçar. 

* Mai assim que saiu do dentista foi direto pra casa, nem falou com a mãe e se trancou no quarto.

Ela já tinha lido aquela carta tantas vezes que já havia decorado.

" Me desculpa, meu amor?

Eu perdi a cabeça, me descontrolei, errei! Me perdoa, bebê?

É que quando eu vi ela te mal tratando eu perdi a cabeça, não agüento ver ninguém te fazendo mal, eu prometi que ía cuidar de vc, mas ela é sua mãe, eu não devia ter feito o que fiz!

A única coisa que eu quero agora é saber se vc tá bem....

Não esquece que eu te amo muito!

Pri"

* Já tinha segurado o choro durante o dia todo. A conversa que tinha tido com sua mãe não deixava dúvidas do que ela teria que fazer, as ameaças de sua mãe ela não pagaria pra ver.

Passou a tarde toda e o início da noite lembrando das coisas que passaram e das poucas fotos que ela tinha escondido das duas no armário, poucas cartas, afinal a mãe tinha pego seu celular e ela resolveu excluir seu facebook depois de tudo, pra não dar mais problemas.

O coração apertava cada vez mais, mas ela não podia acabar com a vida dela, não arriscaria tudo que Priscila tinha assim.

Iria fazer aquilo e já estava determinada mas ainda assim doía, e doía muito! Nem jantou, continuou trancada no seu quarto até o dia seguinte. 

* No dia seguinte Mai chegou até mais cedo na faculdade, não tinha conseguido dormir direito. Quem chegou primeiro foi Chris, ela então pediu o celular do amigo pra mandar uma mensagem pra Priscila.

Msg: Que horas pode ser?

* Ela mandou a mensagem mas não obteve resposta imediatamente, mas também era muito cedo ainda. Devolveu o celular ao amigo.

- Mai, tá tudo bem?

- Aham, tudo. Brigada pelo celular. - ela ía saindo quando ele a puxou.

- Mai, fala comigo. Você não tá bem, tô vendo nos seus olhos, aliás, não tô né, porque você está de óculos escuros. O que está havendo?? - ela abaixou a cabeça.

- Nada, Chris.

- É por causa da sua mãe, ela falou mais alguma coisa? - ela ía responder quando ouvem o sinal tocando.

- É melhor irmos pra aula. - ela disse já saindo na direção da sala de aula, entrou lá e evitou conversa com qualquer um deles.

* Na hora do intervalo eles tentaram falar com ela, perguntar o que estava havendo porque estava na cara que ela estava estranha mas ela desconversou dizendo que estava tudo bem.

Um pouco antes do sinal tocar, Chris a entregou seu celular, quando ela olhou era uma mensagem da Priscila.

Msg: Eu só chego mais tarde hoje. Depois do intervalo. Mas pode ser depois, se vc puder....

Msg: Posso. Te espero na saída, no estacionamento.

Msg: Ok. Tá tudo bem?

* Ela não respondeu, entregou o celular a Christian e como o celular não era de Mai, Pri nem insistiu. Deixou pra falar com ela depois mesmo.

 Então na hora da saída ela falou que estava indo pra conversar com Priscila e saiu antes de pedirem alguma explicação.

Mai foi pro estacionamento e ficou lá esperando por ela, se recostou num carro até ela chegar. Como o estacionamento estava vazio, ela ouviu quando Priscila se aproximou, colocou as duas mãos no bolso e então levantou a cabeça pra olhá-la.

- Oi. - Pri a olhou toda sorridente e Mai quase vacilou no que tinha que fazer, tanto que a resposta dela saiu com uma voz bem mais fofa que ela pretendia.

- Oi.

- Não vai ter mesmo problema pra você ficar aqui depois da aula?

- Não. Vamos?

- Ok. - Mai caminhou na frente, indo pra fora do campus até um local mais afastado.

- Pode ser aqui? - se virou pra Priscila.

- Acho que aqui ainda está meio perto da faculdade, vamos pra lá. - apontou um lugar mais distante um pouco, era um gramado que tinha ali, uns bancos e bem mais vazio mesmo. 

* As duas caminharam até lá e sentaram na grama, uma de frente pra outra. Mai quem começou a falar.

- Você tá bem? - a olhou.

- Eu tô ótima, amor. Quero saber de você. Como você tá? Ela te fez alguma coisa??

- Não.

- Que bom! Fiquei com medo dela descontar alguma coisa em você e eu não ía me perdoar caso ela tivesse feito algo com você, pelo que eu fiz aquele dia lá.....

- Ela não fez. - Mai resp a olhando. Pri sorriu e aproximou um pouco mais dela, levando uma mão a seu rosto.

* Mai ficou a olhando, doía tanto saber que teria que magoá-la, cada momento que a olhava tinha vontade de desistir de tudo mas sabia que não podia.

Priscila aproximou o rosto do dela pra beijá-la mas ela desviou o rosto.

- Que foi?

- A gente tem que conversar. - Mai desviou o rosto pra frente ao falar.

- A gente vai conversar, mas você não pode me beijar primeiro? - como Mai nem se virou pra ela, Priscila começou a ficar nervosa, não sabia o que estava acontecendo!- O que está havendo, Maite? - ela abaixou a cabeça pra começar a falar, nunca conseguiria dizer essas coisas olhando nos olhos dela.

- Eu pensei muito em tudo que aconteceu nesses dias, no que houve com a minha mãe e cheguei a conclusão que talvez isso seja demais pra mim, eu não tô preparada pra isso.

- Preparada pra que? - Priscila realmente não entendia do que ela falava.

- Pra enfrentar minha mãe, o mundo ou seja lá quem for..... Eu não consigo fazer isso. Talvez eu tenha me confundido com meus sentimentos, te confundido....sei lá, mas diante disso eu tô vendo que não é isso que eu quero pra mim! Então acho melhor pararmos por aqui....- agora ela a olhou e Priscila a olhava perplexa, sem acreditar no que ouvia.

- Mai, você....- ela não deixou Priscila terminar, queria acabar logo com aquilo tudo. Se levantou, ficando de costas pra ela.

- É melhor assim, Priscila. Eu não posso mais, entende?

* Quando Priscila deu por si se levantou na hora, foi até ela e a puxou pelo braço pra ela.

- Não, eu não entendo nada! Você tá terminado comigo? - Mai apenas abaixou a cabeça sem conseguir falar- Eu não acredito nisso! Por que?? Sábado estava me jurando amor, dizendo que estava com saudade e que não vivia sem mim!! Como pode, Maite??

- Já disse. Eu me confundi....

- Se confundiu?? - chegou perto dela a segurando pelo braço- Pára de brincar comigo! Ninguém acorda um dia e vê que se confundiu depois de tudo que você falou pra mim! - Priscila começou a apertar o braço dela forte.

- Tá me machucando.

- Machucando?? - Priscila a olhou nos olhos- Você não sabe o que é dor, garota! - depois a soltou com tanta força que Mai foi pra trás, depois se afastou dela.

- Eu não queria que fosse assim, desculpa....

- Ah, não queria?? - Priscila a olhou com raiva e com os olhos vermelhos de choro. Ver aquilo deixou Mai quase sem forças mas ela precisava fazer aquilo, mas estava mais difícil a cada momento- O que você queria então?? - Mai abaixou a cabeça e foi até onde sua bolsa estava.

- Acho melhor eu ir embora....- ela pegou a bolsa mas Priscila puxou de volta, jogando a bolsa longe.

- E todas as vezes que você me jurou amor, e todos os momentos bons que tivemos? Tudo isso foi pra onde? Ou melhor, era o que?? - Mai respirou fundo, não queria ter que chegar a tanto, mas estava vendo que se não fosse cruel, Priscila não acreditaria e não sossegaria também.

- Não posso negar que tivemos vários momentos bons, era ótimo mesmo, mas não passou disso Priscila, momentos, nada mais....

- E por que dizia que me amava? Por que aquelas cenas de ciúmes? Por que se derretia nos meus braços toda vez q fazíamos amor? - Priscila estava com o rosto banhado em lágrimas. Mai tentava se segurar e arranjou forças pra última cartada, teria que ser definitivo agora.

- Porque era realmente bom, você é muito boa mesmo. - ela disse isso com um sorriso no rosto a olhando e Priscila sentiu uma pontada no coração pela forma que ela falava e a olhava, quem era aquela afinal?! Estava a tratando como se ela fosse apenas mais uma transa, um nada- Talvez tenha sido uma paixão Priscila, não descarto isso também, ou talvez apenas curiosidade de ficar com uma mulher, namorar pra ver qual era.... Mas como te disse, agora a coisa ficou séria e não é isso que quero pra mim, não acho que gosto de você o suficiente pra enfrentar tudo isso por você.....

* Ao ouvir isso Priscila sentiu seu rosto ser inundado com mais lágrimas ainda. Chorava demais.

- Pois eu teria feito qualquer coisa que você me pedisse, teria te dado o mundo se preciso.....- Mai abaixou a cabeça, não conseguia mais, doía demais olhá-la e magoá-la assim.

- Sinto muito. Desculpa por isso, mas eu vou embora e te deixar em paz. - foi pegar sua bolsa de novo, Priscila mais uma vez segurou em seu braço mas dessa vez com carinho.

- Isso é coisa da sua mãe?

- Não, não é. - Mai a olhou pra ver se ela se convencia disso.

- Você tem certeza né? Prefere ficar ao lado dela do que comigo, que te amo?

- Mas eu não te amo. - agora sim, foi certeiro. Mai percebeu assim que viu a reação nos olhos dela.

* Priscila a soltou devagar e foi andando pra trás até que caiu no chão, chorando como um bebê. Mai a olhava porque Priscila estava de cabeça baixa abraçada às pernas, então se permitiu olhar, doía muito vê-la assim, estava com vontade de correr até ela e colocá-la no colo até ela parar de chorar, mas não podia.

- Eu não acredito nisso....- Priscila falava entre o choro, de cabeça baixa e a mão na nuca- Não pode ser...- ela levantou a cabeça e Mai viu como seu rosto estava vermelho, ficou preocupada dela passar mal. Foi até ela, Priscila tava com os olhos cobertos pelas mãos e não parava de chorar.

- Você quer uma água? - Mai sussurrou ajoelhada a sua frente. Priscila fez que não com a cabeça e a abaixou mais uma vez, Mai quiz tocá-la, na verdade quase o fez mas então lembrou que seria melhor não, mas não podia sair dali e deixá-la daquele jeito, estava preocupada.

- Pode ir embora, Maite!

- Eu não vou e te deixar assim....- Mai ouviu um sorriso dela entre as lágrimas, mas foi um sorriso irônico. Priscila tirou as mãos dos olhos e a olhou.

- O estrago já tá feito, Maite, nada do que você possa fazer vai melhorar e quanto antes você for, melhor!

- Por que? - Mai a olhou nos olhos ao perguntar.

- Porque de gente como você eu quero distância. - Priscila a olhou nos olhos ao falar e Mai sentiu o baque, doeu ouvir aquilo, mas pelo menos ela tinha entendido e se era com raiva que ela iria reagir, melhor ainda- Você não presta! É igual a todas as outras, eu que fui idiota em achar que você era especial, diferente....- ela deu outro sorriso irônico- E pensar que com você eu cheguei a cogitar casar....sou muito idiota mesmo! Mas isso é bom pra eu aprender! - Mai abaixou a cabeça fazendo que sim com ela.

- Sinto muito Priscila. - se levantou- Espero que você encontre o que tá procurando....- dito isso ela pegou sua bolsa e se afastou, deixando Priscila ali, sozinha. 

* Mai andou o quanto conseguiu pra longe dali, o rosto banhado em lágrimas e se sentia mal, sentiu suas pernas bambearem e teve que sentar. E ali, se entregou ao choro torcendo pra que Priscila não chegasse até ali. Tinha feito o que achava ser certo mas a dor era de um tamanho que ela não podia nem mensurar, ficou ali um bom tempo até conseguir ter condição pra ir pra casa, foi de taxi e ao chegar lá mandou sua mãe pagar.

- Espero que tenha feito como mandei....

- Sim, mãe, eu fiz. Tá satisfeita agora??

- Quase. Satisfeita mesmo só quando conseguir resolver com sua tia pra você morar com ela.

- Mas eu fiz o que você queria, por que tenho que me mudar também??

- Pensa que sou idiota, Maite?? Pensa que eu acredito que estando aqui não vai se reaproximar daquela lá?!

- Depois do que eu disse a ela, duvido que ela queira me olhar de novo!

- Melhor assim, mas não vou arriscar. Vou ligar pra sua tia.

- Não basta tudo que você me ameaçou fazer com ela? Não cansa de me fazer mal não, mãe? - ela falou "mãe" com sarcasmo.

- Não estou te fazendo mal! Estou salvando você e todas as outras aluninhas dela, pra que ela não faça o mesmo com elas! Mas se você insistir em me desafiar eu posso voltar atrás e denunciar ela naquela faculdade e assim ela nunca mais voltará a dar aula em qualquer lugar nesse país, posso denunciá-la de pedofilia também, afinal foi aliciamento de menores, você tinha menos de dezoito anos!! Eu posso acabar com a carreira dela, é isso que você quer??

- Não mãe, já disse que não! - Mai chorava- Eu já fiz tudo que a senhora quiz, agora por que não me deixa em paz e a ela também?!

- Deixarei, filha. Vou ligar pra sua tia agora.

* Mai saiu chorando e foi pro seu quarto, bateu a porta e se jogou naquela cama se odiando e odiando tudo mais a sua volta.

* Priscila estava do mesmo jeito, sentada naquele gramado, chorando feito um bebê, não entendia o porquê daquilo tudo! Nada fazia sentido, aquela não era a sua Maite!

Só que ela teve que dar aula depois, teve que voltar e só Deus sabe como ela conseguiu fazer isso, mas teve que fazer. Deu uma péssima aula, mas deu.

Ao fim da aula, foi direto pra casa.

Sentou no sofá e começou a chorar de novo se lembrando de tudo, ainda mais ali, onde tantas vezes foram felizes. Pegou seu celular e ficou olhando as mensagens, as fotos, tudo delas que tinha ali e isso só fazia com que ela sofresse mais. Não agüentava mais chorar, jogou o celular longe e teve uma idéia, encher a cara pra ver se assim doía menos. E foi o que ela fez por horas.

Bebeu tudo que tinha em casa, vodka, whisky, misturou tudo. E por mais irônico que pudesse ser foi no meio da bebedeira, quando ela já estava mega alta, bêbada mesmo que algo veio a sua cabeça.

Aquilo tudo que Mai disse não fazia sentido algum, não depois de todos esses meses juntos, tudo que ela falou pra ela, as juras de amor. Aquilo foi real, os beijos, as juras de amor, o carinho, a atenção e preocupação que ela a tratava.....era real, então só podia ter uma explicação: era coisa da mãe dela. Aí sim, tudo faria sentido.

É claro, era coisa dela. A Mai me ama!!

* E foi pensando assim que um sorriso enorme brotou em seu rosto. Era isso, era armação. Elas só precisavam conversar mais uma vez e tudo se acertaria.

E foi com isso na cabeça que ela pediu um taxi em casa e foi direto pra casa da namorada, ou ex..... Desceu em frente a casa dela e tocou a campainha. Quem foi até a porta foi a mãe de Maite, mas ao vê-la pelo olho mágico não abriu. Priscila insitia.

- Maiiiii!! - começou a gritar e Mai acabou ouvindo lá de cima, do seu quarto. Foi até a janela pra olhar no mesmo momento que sua mãe entrou em seu quarto já gritando.

- Maite, você não tinha terminado com essa garota??

- Terminei, mãe....- Mai respondeu mas olhava pra Priscila, lá embaixo, mas da onde ela estava não dava pra ela a ver.

- E o que ela está fazendo aqui então??

- Eu não sei.

* Priscila continuava a chamando. Era nítido o choro e a embriaguez na sua voz.

- É só ignorar que ela vai embora! - a mãe dela falou saindo do quarto da filha e indo pro seu como se nada tivesse acontecendo, mas Mai não conseguia. Sofria cada vez que ouvia Pri a chamando e gritando que a amava.

* Uns dez minutos depois a mãe dela saiu do quarto irritada, Mai ouviu o barulho e desceu as escadas atrás dela.

- O que você vai fazer, mãe?

- O que você deveria ter feito!

- Mas mãe....- a mãe se virou pra ela mandando ela ficar quieta e abriu a porta, Mai se escondeu atrás da porta, do lado de dentro. 

- O que você pensa que está fazendo?? Vá embora agora!

- Eu só vou sair daqui quando falar com ela! Mai, por favor....

- Você não tem vergonha não, garota?? De aparecer bêbada a essa hora da noite e ficar gritando na casa dos outros?!?

- Não tô nem aí! Eu só saio daqui quando falar com a sua filha! Ouviu Maite?! Eu não vou emboraaaaaa!!! - Priscila além de bêbada estava chorando.

- Vá embora agora ou eu chamo a polícia!

- Polícia não mãe, por favor! - Mai sussurrou pra mãe. Ela estava escondida atrás da porta.

- Mai, eu sei que você tá aí, eu tô ouvindo a sua voz. Aparece, quero falar com você....

- A Maite não está em casa, ela saiu. Agora vá embora ou eu vou mesmo chamar a polícia!

* Priscila a ignorou e começou a gritar mais uma vez.

- Mai, amorrr, por favor, eu te amooooo! Eu sei que você me ama, aparece por favor!!

- Se você não for embora em cinco minutos eu juro que chamo a polícia!

- Não tô nem aí pra você! Eu quero a minha mulher e só saio daqui quando falar com ela! Você não tem o direito de fazer isso, você está prendendo ela aí!

- Já chega! Vou lá dentro agora mesmo pegar o telefone e ligar pra polícia! - a mãe dela realmente entrou pra pegar o telefone, mas Mai a segurou antes que ela pudesse chegar no telefone.

- Mãe, por favor, polícia não. Deixa eu falar com ela? Por favor!

- Cinco minutos, Maite. Você tem cinco minutos pra fazer ela ir embora, ou eu chamo mesmo a polícia!

- Ok.

* Mai se soltou da mãe e foi até lá fora, onde Priscila ainda chamava pelo seu nome. Assim que a viu, sorriu.

- Eu sabia que você estava aí. - ela abraçou Mai que se afastou dela, tirando as mãos do seu ombro- Por que não apareceu quando te chamei?

- Priscila, você tem que ir embora. - Mai falou toda fria.

- Eu não tenho medo dela, eu...- Mai a cortou.

- Priscila, você não pode ficar aqui no meio da rua fazendo esse escândalo, as pessoas vão sair pra ver o que é.

- Eu sei que você está preocupada comigo, mas não precisa, eu não tenho medo dela. Eu....- mais uma vez Mai a cortou.

- Eu não tô preocupada com você. Eu só não quero virar atracão pros vizinhos, Priscila!

- Como? - Priscila a olhou sem acreditar no que ela falava.

- Você tem que ir embora, Priscila. - Mai não a olhava nos olhos.

- Por que você tá falando assim comigo? Eu só....

- Priscila, vai embora tá! - Mai a cortou gritando- Acabou! Vê se entende isso! Eu não quero mais!

* Priscila ficou a olhando pois acreditou realmente que ela tinha feito aquilo por causa da mãe, mas agora, ela falava as mesmas coisas de novo, e estava tão fria......parecia outra pessoa, mal a reconhecia ali.

- Você não pode, não tá fal....

- Sim, eu posso. Acabou! Quer ouvir quantas vezes que eu não te quero mais?? - Priscila a olhava desolada, balançava a cabeça negando- Será que agora você pode ir embora?! - apontou na direção da rua e Priscila ficou a olhando, mal conseguia se mover. O choro banhou seu rosto, sentia uma falta de ar. Não era possível que era Mai ali a mandando embora, não depois de tudo. Ela não conseguia acreditar!- Até nunca mais! - Mai deu as costas e entrou em casa.

- Muito bem, Maite! - a mãe a esperava na sala com um sorriso no rosto.

- Você é um monstro! Eu odeio você! - Mai falou e em seguida subiu as escadas soluçando.

* Todo o choro que teve que segurar na frente de Priscila, caiu agora.

O pior de tudo é que ela não podia nem compartilhar com alguém porque tinha medo que chegasse no ouvido de Priscila, e ela não podia nunca saber, pois ela sabia que Priscila iria enfrentar sua mãe e aí ela cumpriria sua ameaça. E isso Mai não podia nem considerar! 

* Mai lhe deu as costas mas pra ela a ficha não estava caindo, até porque ela não conseguia nem se mover dali. Literalmente, seu mundo tinha caído, se despedaçado ali na frente dela e ela se sentia perdida, sem saber o que fazer ou pra onde ir?? Como seguir em frente mesmo?

Ela ficou um bom tempo ali, sentada na calçada e chorando. O frio ela mal sentia, nada mais fazia sentido.

Depois de um tempo ela resolveu ligar pra alguém, não podia passar a noite ali, mas também não sabia o que fazer, ligou pra Carol e esperava que ela lhe pudesse dizer o que fazer. Só que era de madrugada, então Carol não atendeu, Priscila ficou na dúvida se insistia ou não, nessa hora passou um taxi e ela entrou nele. O homem foi dirigindo e quando ela percebeu tinha dado o endereço de Carol. Ela desceu do carro e ficou ali olhando pra casa e mesmo bêbada sabia que não podia tocar na casa dela a essa hora, resolveu insistir mais uma vez, afinal ela não tinha outra opção.

Dessa vez, Carol atendeu.

- Alô. - ela nem abriu os olhos, pegou o celular tateando. Mas ninguém falava nada, porque Priscila chorava bastante ainda- Alô. Quem é? - Carol falou ao não ouvir resposta, tirou o celular do ouvido e olhou na tela, viu o nome de Priscila e ficou preocupada- Priscila?

- O...i...- a voz saía rouca e sussurrada por causa do choro.

- O que houve?

- Ca....Caro..l....por fav....or....

- O que tá havendo, Priscila?? - ela só chorava- Priscila!! - ela sentou na cama, nervosa- Onde você tá?

- Na sua casa.

- Na minha casa? Mas eu tô na Julia. Pri, o que houve? - ela só ouvia o choro e o soluço dela- Pri, olha só, não sai daí, ouviu?! Eu tô indo praí. Ouviu, Priscila? - ela insitiu porque Priscila não respondia.

- T..á.

- O que foi, amor? - Julia sussurrou, mal conseguia abrir um olho.

- Amor, eu vou ter que sair, vou lá em casa. - Carol falava enquanto botava a roupa.

- Mas por quê? - Julia mal conseguia falar de tanto sono que estava.

- A Pri está lá em casa, eu não sei o que houve, mas ela estava chorando. Eu tenho que ir lá.

- Vou com você, então.

- Não amor, não precisa fica aí. - Carol foi até ela lhe dando um selinho- Você está cheio de sono, bebê. - Julia não conseguiu nem responder de tanto sono e Carol sorriu, achando fofo ela com essa carinha de sono- Depois eu te ligo ou então mais tarde na aula, tá? - Julia fez que sim com a cabeça sem abrir os olhos. Carol sorriu de novo e deu um selinho nela, em seguida saiu e foi em busca de um taxi, o que não foi nada fácil de conseguir aquela hora da madrugada. 

* Chegou rápido lá e assim que saiu do taxi viu Priscila sentada na calçada, de cabeça baixa.

Foi até ela, se agachou a sua frente e tocou no cabelo dela a chamando ao mesmo tempo. Assim que levantou a cabeça e viu Carol na sua frente, a abraçou forte e desabou no choro novamente.

- Que houve, Pri? - ela não falava, só abraçava Carol- Você tá machucada? Tá com alguma dor?

- Nã...o.

- O que foi então? Me diz.

* Pri se soltou dela com a mão no rosto ela tentava se acalmar um pouco e secá-lo também. Carol ficou a olhando, esperando uma resposta.

- A Mai, ela...- Pri começou a chorar de novo, se embolando com as palavras, além do efeito do álcool- term....

- Pri, fala devagar. Eu não tô entendendo nada. A Mai o que?

- Term...no...Car..ol...

- Terminou, é isso? - Carol estava tão perplexa e Priscila falava tão embolado que não entendia direito. Pri fez que sim com a cabeça- Você bebeu, Priscila?

- Como? Eladissequenuncameamou....

- Pri, vem. Vamos levantar daí. - Carol se levantou e pegou no braço dela pra puxá-la- Você não está falando coisa com coisa.

- Eu não quero levantar! - Priscila puxou o braço de volta.

- Ah não? Vai ficar aí, Priscila? - Priscila deu de ombros, de cabeça baixa. Carol a olhou suspirando, depois voltou a se agachar na frente dela- Pri, olha só, são quase três da manhã e estamos no meio da rua, daqui a pouco os vizinhos vão perceb...- Priscila a cortou.

- O que? Vai dizer também que não quer ouvir falatório com o seu nome por isso??

- Não Pri, claro que não. - Carol abaixou um pouco o corpo, fazendo carinho nos cabelos dela- Só que tá frio aqui, vamos entrar comigo vai? Você precisa de um banho gelado e um café, além do que meu pai e a mãe da Dul podem acordar e ver você aqui, e não vai ser legal, do jeito que você tá.... Vem comigo? - Carol deu a mão a ela de novo e dessa vez Pri aceitou, se levantou mas quase caiu, estava cambaleando, completamente bêbada. Carol a ajudou e a levou até seu quarto, lá ela colocou Priscila na cama.

- E agora, o que eu faço? - falou alto olhando pra Priscila deitada na sua cama. Ela já tinha apagado. Carol respirou fundo passando a mão na cabeça- Ok. Você precisa de um banho gelado né?

* Carol foi até o banheiro e ligou a água, depois voltou pro quarto pra tentar acordar Priscila. Foi difícil mas ela conseguiu tirar a calça e o sapato dela.

- Priscila, acorda. Você precisa tirar essa blusa. Pri!

- Me deixa, Carol!

- Deixo. Depois que você tomar banho.

* Foi difícil mas ela conseguiu dar um banho em Priscila, se molhou toda e teve que trocar de roupa também. Priscila assim que deitou, apagou, estava louca!

Carol desceu pra fazer um café pra ela. Não sabia fazer tão bem mas do jeito que Priscila estava, nada seria bom também. Acendeu a luz da cozinha e tentou fazer o mínimo de barulho possível, esquentou a água e estava esperando o café coar quando ouve uns passos e logo depois deu de cara com Anahi entrando na cozinha. As duas se olharam surpresas.

- Carol? - Carol também a olhava surpresa. Anahi ficou meio sem graça ao dar de cara com ela ali, estava só com uma blusa grande por cima e calcinha, meio short- É....eu vim beber água.

- A essa hora? - Carol a olhou com um sorriso no rosto, já tinha sacado tudo. Anahi acordada aquela hora da manhã, com o rosto vermelho e com sede? Hahaha. Não precisava ser gênio né?!

- Pois é, deu sede. - Carol soltou uma gargalhada, mas depois se tocou da hora e parou. Anahi ficou um pouco sem graça mas não tanto, afinal era Anahi- E você tá fazendo o que aqui a essa hora? - ela perg enquanto bebia a água que tinha pego na geladeira. Anahi olhou e viu ela fazendo café- Café? A essa hora?

* Carol deixou de sorrir, olhando pra baixo e indo na direção da máquina.

- Sua prima. Tá lá em cima, na minha cama.

- A Priscila tá aqui?? Por que?

- Eu não entendi direito, só sei que ela estava completamente louca e a única coisa que entendi foi que a Mai terminou com ela.

- Terminou?? - Anahi a olhou chocada- E como ela está?

- Arrasada, mas no momento, morgada. Por isso, vim fazer esse café aqui.

- Vou lá contigo, então. - ela falou e assim que ficou pronto o café, as duas subiram.

* Tiveram um trabalhinho pra fazer Priscila tomar, mas conseguiram. Assim que tomou ela apagou de novo.

- Quer que fique aqui, Carol? Pra ajudar caso ela acorde?

- Precisa não. Até porque duvido que ela acorde também. - Anahi fez que sim olhando pra prima.

- Coitada, ela deve estar mal mesmo pra beber assim.....

- Pois é. Não faço idéia do que pode ter acontecido pra ela chegar a esse ponto.... Enfim, amanhã a gente descobre, é melhor dormirmos agora....

- Verdade. A Dul deve estar me esperando lá também.

- Boa noite....

- Boa noite, Carol. Qualquer coisa me chama tá?

- Pode deixar.

* Anahi saiu do quarto, indo na direção do de Dulce.

Carol deitou ali mesmo ao lado de Priscila e dormiu, assim como ela, em segundos.

Assim que Anahi deitou na cama, abraçou Dulce por trás, que já dormia.

- Demorou amor. - Dulce sussurrou mesmo meio dormindo.

* Anahi não falou nada, não íam conversar aquela hora da madrugada, apenas deu um beijo na nuca dela e a apertou mais em seus braços. Em pouco tempo também dormiu.