Fanfic: Herança Fatal - Portiñon | Tema: Adaptada

A fome as despertou daquele enlevo. O estômago de Dulce doía, há muito tempo sem alimento. Falou com Anahi e constataram que não se alimentavam desde a manhã anterior. A loira começou a rir quando Dulce disse que não agüentava mais tanta fome.

-- Oh, como sou distraída! Pobre amor, nem pensei em comida, envolvida em tanta paixão! Eu deveria ter encomendado um jantar! O apartamento está fechado há mais de seis meses e os empregados estão na casa de minha mãe, não há nada para comer. Amanhã vou dar um jeito nisso. Vou trazer dois empregados e mandá-los fazer compras e abastecerem o freezer com tudo. E agora vou encomendar um almoço caprichado no melhor restaurante de New York!

Dulce riu, abraçando-a.

-- Não precisa chamar empregados, Any. Nós podemos fazer as compra. E agora, acho melhor nós sairmos para comer. Gostaria de andar um pouco, respirar ar fresco. E você precisa de roupas. Sei que suas roupas estão na casa de sua mãe. Estou com meu talão de cheques e meu cartão de crédito. Sei que meu dinheiro  perto de sua fortuna não é grande coisa, mas posso comprar algumas peças de roupas para você e pagar nosso almoço.

Anahi fitou-a com um sorriso divertido.

-- O almoço eu aceito, mas tenho roupas aqui. Venha ver.

Ela ergueu-se e colocou um robe de seda que estava numa poltrona ao lado da cama. Dulce vestiu o seu que havia trazido e a seguiu, curiosa. Anahi abriu a porta do closet enorme, com todo espaço tomado por centenas de roupas. Mais de cem pares de sapatos  estavam enfileirados, novos e brilhantes.

-- Veja. Muitos nem cheguei a usar – Disse Anahi, apontando-os.

As roupas estavam separadas por tipos. Havia uma longa fileira de saias, outra de blusas, outra de calças compridas e outra de vestidos.

-- Desse lado, estão as roupas esportivas e casuais – Disse Anahi – E do outro lado, as para ocasiões   formais. Quer vê-las?

Dulce olhava todas aquelas roupas impressionada. Viu os casacos de mink, as bolsas, os cintos. Apenas a visão daquelas roupas mostrava o alto estilo de vida de Anahi, a sua fortuna era bem maior que Dulce pensava. Sentiu o quanto seu dinheiro era insignificante, comparado ao dela. Olhou para Anahi, vermelha de humilhação.

-- Não preciso olhar mais, já vi o bastante – Disse, abatida – E estou envergonhada de ter oferecido para comprar umas peças de roupas para você. Todo meu salário do mês não daria para comprar uma só peça de roupa da mesma categoria dessas.

Anahi abraçou-a, olhando-a nos olhos com seriedade.

-- Não mostrei essas roupas para humilhá-la, Dul. Amo como você é. Só quis mostrar como vivo, qual é o meu estilo de vida, o meu mundo, para que você o conheça e se integre nele. Você agora faz parte de meu mundo e quero que se integre nele de uma forma que ninguém a discrimine pelas roupas, ou o  que seja. Amanhã vamos comprar um guarda-roupa completo para você com roupas da mesma categoria dessas. Você vai aceitar isso, não?

Dulce sorriu, acariciando o rosto dela.

-- Estou entendendo-a, Any. E vou aceitar isso por sua causa. Para você não envergonhar-se de mim. O que tiver que fazer para estar ao seu lado, farei.

O olhar de Anahi encheu-se de preocupação e surpresa.

-- Dul, nunca me envergonharia de você! Apenas quero...

Dulce a interrompeu, colocando a ponta do dedo índice nos lábios dela.

-- Shhhh...não vamos discutir, vamos sim tomar um banho e nos vestir  para sair. Estou faminta!

Anahi sorriu.

-- Ok, amor.

Tomaram um banho de ducha e se enxugaram entre carinhos. Voltaram ao quarto e Dulce abriu sua mala e escolheu uma blusa de seda cinza pérola, calça comprida azul da prússia de corte clássico, e um blazer branco. Eram as melhores roupas que tinha com ela no rancho, havia usado-as em um jantar que dera para dois amigos.

Anahi a impressionou. Abriu uma gaveta cheia de calcinhas de renda francesa e escolheu uma, fazendo conjunto com o sutian. Colocou meias finas e finalmente um conjunto de saia e blazer cinza, com blusa de seda vermelha. Calçou sapatos de saltos altíssimos, prendeu os cabelos em um gracioso coque e maquiou-se.

Já pronta, Anahi voltou-se para Dulce, que a fitava  boquiaberta. Dulce nunca a tinha visto antes maquiada e com roupas finas. Que transformação! Ela já era linda sem pintura, mas maquiada ficava deslumbrante! Parecia uma top model, ou uma artista de cinema!

A ruiva colocou a mão sobre o coração, admirando-a quando ela deu uma volta, rindo de seu olhar atordoado.

-- Gostou? Essa é a minha aparência diária, no mundo em que vivo, quando saio de casa.

-- Meu Deus! Isso tudo é mesmo meu?

Anahi aproximou-se dela, rebolando provocativa com as mãos nas cadeiras, fitando-a com um sorriso “sexy”.

-- Tudo isso é seu, amor. Mas você também vai ficar assim, uma boa roupa e maquiagem fazem milagres. Por que não passa um pouco de batom?

Dulce a fitou indecisa.

-- Acha mesmo necessário?

-- Em meu mundo, é. Uma mulher sem maquiagem nunca está com o lay-out completo. É falta de elegância. Mas você tem liberdade para decidir se usa ou não.

Dulce sorriu.

-- Tudo bem. Há anos que não me pinto, mas vou fazer isso. Como disse, farei o que for preciso para que você se orgulhe de mim. Dê-me seu batom.

-- Tenho dezenas de cores e marcas, Dul. Venha escolher.

Dulce escolheu uma cor vinho e passou nos lábios. Olhou para Anahi, que deu um gritinho de admiração.

-- Uau! Você fica linda de batom, fica uma mulher “sexy”!Vai ser um sucesso, com esses lábios polpudos pintados!Está um tesão, querida! – Disse, entusiasmada.

Dulce riu, abraçando-a.

-- É mesmo? Mas quando eu for beijá-la, vou manchá-la de batom!

-- Não, amor... Esse batom é especial, um lançamento da Portilla Cosméticos. Não mancha. Foi desenvolvido para evitar manchas indesejáveis após beijos. Quer experimentar?

Dulce tornou a rir, desvencilhando-se dela.

-- Não, agora não! Quero é comer! E se beijá-la, não iremos sair tão cedo!

Anahi sorriu, pegando sua bolsa.

-- Ok, vamos almoçar, minha faminta. Peço um táxi? Estou sem carro aqui.

-- Não, vamos andar um pouco.

))))))((((((

O  dia estava quente. Andaram pelas ruas de mãos dadas, sem se importarem com as outras pessoas, escolhendo um lugar para comer. Anahi pediu a Dulce que escolhesse o restaurante, já que iria pagar.  A ruiva escolheu um restaurante italiano bem simpático, com uma decoração alegre, com mesas forradas com toalhas vermelhas e paredes de tijolos aparentes. Se sentaram em um canto e Anahi olhou em volta, sorrindo. O restaurante estava quase cheio e a música italiana que tocava nas caixas estrategicamente colocadas nos cantos do salão se confundia com o falatório dos frequentadores.

Dulce fitou Anahi em expectativa.

-- Gostou daqui? Não é um restaurante classe A como deve estar acostumada a frequentar, mas queria que conhecesse comigo um ambiente diferente dos que sempre vai. Sempre que venho a New York, como aqui.

Anahi pousou a mão sobre a sua, apertando-a carinhosamente, indiferente aos outros frequentadores, fitando-a com um olhar apaixonado.

-- Adorei o lugar, amor. É bem alegre e cheio de vida. E estando com você, todo lugar é maravilhoso. Estou apaixonada e   estou nas nuvens.

Dulce sorriu, enlevada.

-- Eu também estou apaixonada, Any. Mas gostaria de saber, aprecia comida italiana? Eu devia ter perguntado antes...

-- Oh, quem não aprecia uma boa massa? Quando estive na Itália, adorava ir às cantinas comer lasanha. Pena que engorda muito. Mas uma vez ou outra, não prejudica minha silhueta.

Dulce sorriu com malícia.

-- Devo dizer que sua silhueta é perfeita... como tudo em você.

Anahi enrubesceu. Nesse momento, a garçonete veio atendê-las e elas escolheram  espagueti al capo, salada e uma garrafa de vinho tinto. A garçonete afastou-se para ir providenciar o pedido e Anahi olhou para Dulce com admiração.

-- Você é tão linda e sexy, Dul.. não me canso de olhá-la. Oh, como estou feliz! Está ouvindo a música?

-- Sim. Pena que não sei o idioma  italiano.

-- Eu traduzo para você: "amor, não parta jamais... porque a amo muito...eu não sabia o que era amar... até conhecer você" - Cantarolou Anahi.

-- Oh, que frases românticas... - Comentou Dulce, sorrindo e apertando a mão de Anahi  - Então, sabe o idioma italiano?

-- Sei. E também francês e alemão.

-- Oh, estou com uma mulher cultíssima...isso é estimulante, para uma escritora. O que gosta de ler, Any?

-- Biografias de pessoas famosas, romances históricos... e agora, seus romances. Gostaria de ler seus livros.

-- Quando quiser, querida. Deve haver algum nas livrarias.

Comeram entre sorrisos e olhares apaixonados. Dulce comeu com apetite a excelente massa, mas sem deixar de notar a classe de Anahi. Em seus menores gestos ela mostrava o seu refinamento. A ruiva estava perdidamente apaixonada, sua vida havia mudado como um passe de mágica por aquela mulher maravilhosa. Ela agora era a coisa mais importante em sua vida, tudo o mais perdera a importância: seu trabalho, sua casa, tudo era menos importante que estar com Anahi. Nunca havia amado alguém à esse ponto. Era impressionante a intensidade do que sentia.