Fanfic: Herança Fatal - Portiñon | Tema: Adaptada

O táxi parou diante da imponente mansão dos Portillas e Anahi desceu com Dulce. A ruiva olhou impressionada para a mansão. Era belíssima, em estilo neoclássico, com imponentes colunas reluzindo ao sol da tarde, rodeada por um bem cuidado jardim com plantas ornamentais, árvores e estátuas de ninfas do mais puro mármore. Um repucho no centro do jardim dava o toque final, com suas águas jorrando sobre um trio de estátuas em trajes gregos, dançando. Dulce conhecia o suficiente de arte grega para saber que as estátuas representavam As Três Graças.

Anahi postou-se ao seu lado e sorriu de sua contemplação, mas Dulce sabia que ela estava nervosa e tensa. Ia enfrentar a família, três dias depois de ter voltado. Ela havia adiado essa visita, até que Dulce a convencera que precisava ir comunicar à mãe sua independência. Se pretendia proclamar sua liberdade, devia começar pela família.

Dulce achava melhor não participar desse episódio, por não ser da família e ainda mais, ser uma estranha para eles. Sabia que não seria bem recebida. Mas Anahi havia pedido que a acompanhasse com tanta insistência, que concordara à contragosto, apenas para dar o apoio que a loira precisava, com sua presença. Dulce ainda a fitou indecisa.

-- Tem certeza que a minha presença vai ajudá-la ?

-- Sim, Dul . . . com você, sinto-me mais confiante.

-- Está bem . . . então, vamos enfrentar as feras.

Subiram os degraus e Anahi tocou a campainha da casa. Logo depois o mordomo uniformizado a abriu, olhando para Anahi com um sorriso artificial.

-- É um prazer vê-la novamente, miss Portilla – disse, afastando-se para elas passarem.

-- Onde está minha mãe, Ben ?

-- Em seu quarto. Os outros parentes seus não estão, miss.

Anahi suspirou.

-- Melhor assim. Vá avisá-la que cheguei, Ben.

Anahi avançou pelo vasto vestíbulo, seguida por Dulce. Alcançou o salão principal e subiu as escadas que davam para o segundo pavimento. Chegaram a um corredor com várias portas, decorado com quadros renascentistas. A loira abriu uma das portas e entraram em um quarto luxuoso, todo decorado em tom azul. Anahi dirigiu-se para uma escrivaninha de mogno e abriu-a . Sorriu, aliviada.

-- Que alívio ! Minhas chaves continuam aqui !

-- Que chaves são essas, Any ? – Perguntou Dulce, curiosa.

-- Do meu apartamanto, dos meus armários e de minha mesa.

Foi até uma mesa perto da janela e abriu uma gaveta com uma das chaves. Retirou vários cartões de crédito, uma pasta de documentos e um envelope. Depois, com outra chave, abriu uma das portas dos armários embutidos e afastou alguns casacos de pele. Um cofre apareceu e ela girou o segredo com habilidade, abrindo-o.  Retirou um cofre de madrepérola do interior, uma pasta de couro e cinco maços de notas de cem dólares. Olhou para Dulce.

-- Minhas jóias, meus documentos da herança e cinco mil dólares para despesas pessoais. Dul, apanhe uma maleta naquela terceira porta, por favor.

Dulce abriu a porta indicada, onde várias malas se enfileiravam. Apanhou uma de couro marrom, levando para Anahi. Ela colocou tudo que retirara da mesa e do cofre, fechando-a. Olhou para Dulce.

-- Agora podemos descer para  falar com minha mãe.

-- E suas roupas ?

-- Mandarei buscar depois. Já tenho muitas no apartamento, como viu.

A porta do quarto abriu e uma mulher entrou. Magra, elegante,cabelos louros em um penteado rebuscado, olhos azuis. Uma mulher de meia idade, mas ainda atraente. Mas o seu olhar frio, a boca com um traço de orgulho, fez Dulce antipatizar instantaneamente com ela. A mulher olhou para Anahi com um sorriso contrafeito, ignorando a presença de Dulce.

-- Nem acreditei quando Ben disse que você estava aqui, minha querida. Você nos deixou preocupados quando não quis vir direto para casa, mas vejo que já tomou juízo.

Anahi indicou Dulce com um gesto, olhando para a mãe  desafiadoramente.

-- Mamãe, esta é Dulce Maria Saviñon. Dulce, essa é minha mãe, Martha.

A mulher olhou para Dulce friamente, fazendo um gesto quase imperceptível com a cabeça. Tornou a olhar para Anahi.

-- Por que está com essa mala na mão ? Não está mesmo pensando em ir morar fora daqui, não é?

Anahi suspirou.

-- Estou, sim. Vim apanhar algumas coisas minhas e avisá-la que pretendo viver minha vida longe daqui. E penso em assumir a direção das empresas.

A mulher a fitou atônita. A decepção a fez empalidecer.

-- Any! O seqüestro que sofreu a fez perder o juízo? Vai deixar sua família sem motivo algum? E quer cometer a loucura de dirigir nossas empresas, sem nenhuma experiência?

-- Mãe, tenho os meus motivos para sair daqui. E quanto às empresas, vou cercar-me de gente que poderá ajudar-me a gerí-las.

-- Você está louca! Está fora de si! Pense melhor, antes de cometer essas loucuras!

Anahi sorriu com sarcasmo. Mas Dulce percebeu que ela tremia de tensão.

-- Sou uma mulher adulta e independente. Tenho o direito de fazer o que quiser de minha vida, e não quero mais viver aqui. E também tenho o direito de querer gerir meus negócios.

A mãe de Anahi olhou para Dulce com desprezo.

-- Você está muito mudada, desde que conheceu essa mulher! O que está havendo? Ela está enfiando essas bobagens em sua cabeça? Essa estranha, que você levou para seu apartamento só porque lhe deu uma pequena ajuda? Quem é essa mulher? Ninguém sabe! Você está se misturando com pessoas que mal poderiam se relacionar com os nossos criados!

Dulce sentiu o rosto queimar, com o insulto. Conteve-se à custo, para não esbofeteá-la e dizer o que pensava dela.

Anahi ficou vermelha. Olhou para a mãe, indignada.

-- Não admito que você fale essas coisas de Dulce! – Gritou, descontrolada – Ela é muito mais digna e amiga que todos vocês juntos! Dulce é quem não deve se relacionar com pessoas do tipo de vocês, egoístas e interesseiras!

A mulher olhou para Anahi, furiosa.

-- Amiga, essa oportunista? Como se atreve a dizer isso de nós? Você está cega! Essa mulher está aproveitando-se de você!

Anahi puxou Dulce pelo braço.

-- Vamos, Dul! Pensei que pudesse dialogar com minha mãe civilizadamente, mas ela só diz idiotices! Isso me dá náuseas!

A mãe de Anahi se interpôs entre elas e a porta do quarto.

-- Não sairá daqui, tem que escutar-me! Não deixe essa vagabunda afastá-la de nós, Any!

Dulce perdeu a paciência. Pegou a mãe de Anahi pelos ombros e a afastou para o lado, rudemente. A mulher a fitou furiosa.

-- Oh, sua atrevida! Vadia  – Gritou.

Dulce passou por ela, seguida por Anahi. Avançou pelo corredor e desceu as escadas quase correndo, com a mãe de Anahi gritando atrás, possessa de raiva:

-- Vá, Anahi! Vá mesmo embora daqui! Você não é mais minha filha! Uma Portilla não andaria com gente do tipo que você se meteu! Essa vagabunda, exploradora!

Anahi olhou para trás com os olhos luzindo de raiva.

-- Vá para o inferno! Sossegue, nunca mais pisarei nessa casa!

O mordomo, de pé ao lado da porta, as olhava imperturbável. Anahi o fitou com os olhos ainda fulgurantes de raiva:

-- Bem, mande o motorista trazer meu carro até a frente da casa. Agora!

-- Pois não, miss Portilla – Disse, afastando-se.