Fanfic: Herança Fatal - Portiñon | Tema: Adaptada
New York. Como parecia sem colorido, sem Anahi!
Dulce observava as ruas, as pessoas passando, sem interesse. Aquelas pessoas deviam ser felizes, não estavam sofrendo como ela. Ou será que também havia alguém na multidão que vivia um drama como o seu?
Helen estacionou o carro na garagem do prédio e a olhou.
-- Pronto, chegamos. Final da viagem.
Dulce desceu e esperou Helen abrir o porta-malas. Retirou sua mala e fechou a tampa, olhando para Helen. Ela fechou o carro e veio ao seu encontro.
-- Venha. O elevador é logo ali.
Dulce seguiu-a. Tomaram o elevador e Helen apertou o andar. O elevador começou a subir com lentidão.
Helen a fitou encabulada.
-- O prédio não é novo. Aqui não é a Quinta Avenida, mas é um bom lugar.
Dulce sorriu, sem comentar nada. Ela viajara em silêncio toda a viagem e Helen entendera isso. A ruiva devia estar com medo da sua decisão.
Observou-a disfarçadamente. Dulce estava bem melhor, a cor já havia voltado ao seu rosto e as olheiras estavam se suavizando. Precisava agora de uma boa alimentação, dormir regularmente e de atenção. Helen prometeu a si mesma dedicar seu tempo livre à ela.
Chegaram ao andar e desceram. Helen dirigiu-se para uma porta e a abriu. Entraram. Dulce colocou a mala no chão e olhou em torno, enquanto Helen fechava a porta. Era um apartamento pequeno, mas agradável. Móveis confortáveis e de bom gosto, com uma decoração em tom suave, com plantas nos cantos da sala e quadros de cores alegres.
Helen a encarou com olhar feliz.
-- Venha conhecer o quarto.
Dulce segui-a. Helen mostrou o quarto com duas camas, armários embutidos, um rack com tv e DVD e uma poltrona florida em um canto. A decoração era simples e confortável.
-- Eu dividia o quarto com minha irmã – explicou Helen – Ela se casou e deixou a cama.
Helen mostrou a cozinha bem montada e o banheiro. Dulce olhou tudo com indiferença. Como se sentia, se estivesse em uma caverna não sentiria a diferença. Sua euforia por ter conseguido sorrir já havia passado. Estava novamente sofrendo e não queria demonstrar isso para Helen. Havia tomado a decisão correta, em aceitar o convite dela? Era justo Helen agüentar a sua depressão, o seu humor instável, sendo quase uma estranha? Ela agüentaria, ou iria mandá-la embora após sua primeira crise de desespero?
Voltaram ao quarto para Dulce colocar a mala. Uma idéia ocorreu à Dulce:
-- Helen, e quando seu namorado vier aqui? Onde dormirão?
Ela a fitou, enrubescendo.
-- Não tenho namorado.
Dulce a olhou surpresa.
-- Ninguém? Nem um. . . – hesitou.
-- Amante? – Completou Helen, olhando-a sorrindo – Não. Ninguém. Não se preocupe com isso.
Voltaram à sala e Helen apontou para uma estante, onde havia uma aparelhagem de som.
-- Quer ouvir música, enquanto preparo algo para comermos?
-- Não.
-- Quer fazer-me companhia na cozinha? Mas antes vou trocar de roupa.
-- Tudo bem. Eu a espero aqui.
Helen foi para o quarto. Dulce olhou em volta, sem muito interesse. Na estante, viu algumas fotos. Aproximou-se e as olhou, menos por curiosidade e mais para ter o que fazer.
A foto de uma garotinha de olhos azuis. Devia ser Helen. Outra foto. Uma loura de toga com um diploma nas mãos, o rosto sério e compenetrado. Reconheceu Helen. Olhou para a terceira foto e admirou-se. Helen de maiô, com uma faixa de Miss New York. Dulce olhou surpresa para o corpo bem feito, de pernas longas, quadris arredondados, cintura fina e busto cheio. Helen, Miss New York!
Sorriu. Nunca olhara para Helen com outros olhos que não o profissional. Estava tão envolvida e apaixonada por Anahi, que olhava para outras mulheres com indiferença. Nunca reparara se Helen era atraente ou sem charme, só notara que era loura de olhos azuis. Um rosto sem uma identificação maior que o de sua secretária.
Helen voltou à sala sorridente.
-- Quer vir agora para a cozinha?
Dulce a fitou pela primeira vez com atenção. Helen estava linda com aquela blusa branca de malha, sem mangas, colante nos seios empinados, os braços bem torneados, a cintura fina, os quadris redondos e as coxas longas moldadas pela saia justa de lycra preta, as pernas sensacionais. Ela prendera os cabelos louros com um laço e estava com um ar de menina. Era uma bela mulher, observou, mas sem interesse. Em uma outra circunstância, a olharia sentindo-se atraída, mas a morte de Anahi a deixara imune à beleza de uma outra mulher. Perdera o grande amor de sua vida e nenhuma mulher a interessava, por mais bela que fosse. Se sentiria sempre assim? Nunca mais amaria novamente? Duvidava que conseguisse esquecer Anahi. Ninguém a superaria em seu coração.
Ela notou sua observação muda e corou.
-- O que foi ?
Dulce sorriu, afastando os tristes pensamentos, e procurou mostrar-se um pouco alegre. Indicou as fotos com o polegar, dizendo em tom de brincadeira:
-- Estou conhecendo-a melhor, Miss New York!
Ela riu, desajeitada.
-- Oh, isso... é, meus amigos insistiram para eu concorrer. Foi em 98. Há muito tempo.
-- Muito tempo? Só há seis anos!
-- Para mim, parece um século.
-- Por quê?
-- Eu era bobinha. Cheia de ilusões. Venha.
Dulce a seguiu para a cozinha, reparando pela primeira vez no andar ondulante. Ela indicou uma cadeira.
-- Sente-se. Vou fazer uma salada de batatas e frango frito, gosta?
Dulce puxou a cadeira e sentou-se.
-- Sim, gosto, Helen.
Ela abriu a geladeira e tirou seis batatas e um frango. Colocou tudo sobre a pia e começou a descascar as batatas.
Dulce cruzou os braços, apoiando o queixo neles, olhando para Helen com atenção. Ela continuava descascando as batatas, concentrada.
Olhou para o perfil e achou-o perfeito. A testa pequena, o nariz reto, meio arrebitado na ponta, os lábios cheios sem pintura, o queixo delicado. As sobrancelhas de pêlos alourados eram naturais, os cílios espessos e dourados quase escondiam os olhos azuis.
Era muito bonita, só agora percebia. Não era à toa que fora eleita Miss New York. Mas Anahi era muito mais bonita...ela possuía uma beleza clássica, era atraente, sensual, divertida, perfeita...
Pare com isso! – Pensou – Anahi está morta, deve tentar esquecê-la! Não, não queria esquecer Anahi... iria lembrá-la para sempre!
Os pensamentos antagônicos digladiavam em sua mente. Seus olhos estavam paralisados em Helen, mas sua mente só enxergava Anahi, a mulher de sua vida.
Helen a fitou e a viu contemplando-a com um estranho olhar e sorriu, enrubescendo.
-- Não quer mesmo ouvir música? Não gosta? – Perguntou.
Dulce saiu de seu topor com a voz de Helen.
-- Perdão, o que perguntou?
-- Perguntei se quer ouvir música e se gosta.
-- Oh...sim, gosto. Mas não quero ouvir. A música me torna mais sensível e não posso ficar mais do que estou.
-- Oh... tudo bem...
-- Mas se você quer ouvir, coloque. Não se prive de nada por mim.
-- Não – Disse, olhando-a nos olhos – Respeito seus sentimentos.
Dulce ficou olhando-a em silêncio. Ela baixou os olhos e continuou sua tarefa.
-- Como está a empresa, Helen? – Perguntou, para quebrar o silêncio entre elas.
Helen a fitou gravemente.
-- Uma loucura. As ações da Portilla Corporation caíram muito com a morte da presidente. O irmão de Anahi assumiu a presidência até ser aberto o testamento de Anahi Portilla, que designará com quem vão ficar as ações. A especulação é que Mary Portilla assumirá. Parece que o filho dela não está se saindo muito bem substituindo a irmã, interinamente.
Dulce a fitou surpresa.
-- Any tinha feito um testamento? Não sabia disso!
Ela a olhou, franzindo o cenho.
-- Não sabia? Ela chamou um tabelião ao seu gabinete uma semana antes de ser assassinada e trancou-se com ele lá.
-- Não, não sabia! Ela não comentou nada comigo! – Negou perplexa.
-- Bem, ela deve ter achado melhor não lhe dizer nada.
-- Estranho... Any não me escondia nada... quando vai ser aberto o testamento?
-- Na semana que vem.
-- Estou pasma. Tem certeza que Anu fez esse testamento?
-- Claro. June até comentou comigo isso, dizendo que foi uma coincidência ela ter feito o testamento uma semana antes de ser assassinada.
-- Sim, é uma coincidência estranha. Parece até que ela sabia que ia morrer.
-- Não, isso é normal. Uma pessoa que tinha uma fortuna como Anahi Portilla possuía, fazer um testamento. É uma precaução necessária e comum.
-- A polícia parece achar que a mesma pessoa que a raptou, a assassinou também. É óbvio que quem a matou não estava satisfeito pelas atitudes dela, que afastou o procurador e assumiu a presidência da empresa. Os suspeitos são os familiares, o procurador e até membros da diretoria. Há muito poder e dinheiro envolvidos neste crime – Comentou Dulce, pensativa.
-- Dulce, por que não retorna à empresa? O seu cargo continua de pé. Somente o presidente que substituir Anahi, pela a posse das ações, poderá destituí-la.
Dulce sorriu amargamente.
-- Isso acontecerá logo, Helen. Você acha que vão deixar-me permanecer no cargo? A família de Anahi me odeia. A mãe dela, quando assumir, vai destituir-me. E não estou preocupada com isso. Meu interesse pela Portilla Corporation morreu com Any. Eu fui para lá somente para ajudá-la, por insistência dela.
-- E o que vai fazer agora, Dulce?
-- Profissionalmente? Sou escritora. Tenho ainda um contrato com uma editora. Só que não estou em condições de escrever nada. Preciso de um tempo para tomar uma decisão.
-- Uma escritora?! – Disse Helen, surpresa – Oh! Pensei que fosse uma advogada, uma administradora...
Dulce sorriu.
-- Sei que estava em um cargo bem diferente de minha profissão. Mas estava gostando. Eu queria partilhar do mundo de Anahi.
Helen a encarou com um olhar sombrio.
-- Você amava muito Anahi, não é?
Dulce deixou de sorrir. Olhou-a com tristeza, os olhos enchendo de lágrimas.
-- Demais.
Sua voz soou emocionada e trêmula. Helen enxugou as mãos e sentou-se numa cadeira diante de Dulce. Pousou a mão sobre a dela, olhando-a com calor.
-- Eu a entendo, Dulce. . .
Dulce a olhou com os olhos luzindo de lágrimas.
-- É impossível você entender, Helen. Você não é uma mulher que já amou desse jeito. Nosso amor era muito singular. Sabe, duas pessoas que sempre sonharam o mesmo sonho de amor, com uma integração completa, duas almas gêmeas? Éramos assim. E Any não era somente linda. . . era uma mulher muito especial. Deus, como eu a amava!Você não pode entender o vazio que sinto, que tudo perdeu o significado para mim!
Helen afastou a mão. Ficou olhando-a em silêncio, sentindo um ciúme doloroso, ao vê-la falar com tanto amor de Anahi, sofrendo por uma mulher que nem existia mais, mas que parecia estar tão presente. E nem tinha o direito de cobrar de Dulce isso. Só podia ficar ali ouvindo-a, sofrendo com ela, sentindo-se insignificante demais para tentar ajudá-la.
Autor(a): lunaticas
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Dulce ergueu-se e saiu da cozinha. Foi para a sala e jogou-se no sofá, enterrando o rosto nas mãos. O seu peito doía pelo esforço que fazia para não chorar. Helen veio atrás dela e aproximou-se, pousando a mão no ombro dela. -- Dulce, eu queria dizer que. . . -- Deixe-me só! –Gritou Dulce, com as ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 29
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flavianaperroni Postado em 07/08/2015 - 03:02:46
Super perfeita sua web,acabei de ler ela,amei de paixão,Você é uma otima escritora Parabéns
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Postado em 07/08/2015 - 03:00:17
Eii parabéns pela web,muito perfeita,esta realmente de parabéns,você é uma boa escritora
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kaahs Postado em 17/09/2014 - 01:34:16
Nossa, muito lindo esse final! *-*
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anahivida Postado em 10/09/2014 - 23:25:58
Final perfeito pra uma web perfeita. Amei S2
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angelr Postado em 10/09/2014 - 23:20:55
Ai que final lindo <3
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angelr Postado em 09/09/2014 - 00:54:02
hahaha ainda bem que a Anahi tava viva *__*
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portion__laliter Postado em 08/09/2014 - 01:25:31
posta mais na melhor parte vc não posta acho que isso foi tudo um plano da anahí desmascarar april e gary acho que ela não morreu e espero que seja ela pq se a web é portinon tem que acabar portinon
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angelr Postado em 03/09/2014 - 23:22:54
Nossa sua ordinaria kkkk posta mais hahaha para mim foi a Anahi nao aceito a morte dela ate agora acho q nao morreu
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anahivida Postado em 03/09/2014 - 22:56:36
Eu acho que quem ajudou a Dulce foi a Any... posta mais por favor!!!
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angelr Postado em 31/08/2014 - 22:53:55
Nossa que mulher ordinaria