Fanfic: Herança Fatal - Portiñon | Tema: Adaptada
Dulce saiu do banheiro e fechou a porta. Voltou ao seu quarto e olhou-se no espelho da parede, sorrindo. Estava imunda, toda suja de lama. A lama do corpo da moça tinha sujado-a toda. Até em seu rosto tinha lama. Devia ser do cabelo dela, que encostara em seu rosto quando a carregara para dentro da casa. Ela devia ter se assustado com o seu aspecto.
Separou peças de roupa para seu uso. Calças jeans desbotadas, camisa de flanela, meias e calcinha. Guardou o resto das roupas no armário, pegou a valise com os vidros de perfume, desodorante, sabonetes, pasta dental e shampoo e a colocou perto das roupas separadas, para levá-los para o banheiro. Pela porta aberta do quarto, viu a moça sair do banheiro já vestida, esfregando vigorosamente os cabelos com uma toalha. As roupas sobravam nas mangas e na barra da calça comprida. Ela tivera que dobrar a roupa nesses pontos, sem que isso a tornasse menos encantadora. Os chinelos de couro sobravam nos pés delicados. Tinha um encantador ar juvenil, com os cabelos louros alvoroçados. Ela a viu olhando-a e se aproximou, parando na porta, sorrindo.
-- Olá... que bom voltar a sentir-me limpa! Agora, sinto-me outra!
Dulce sorriu, pegando suas roupas e a mochila.
-- Agora, quem vai tomar banho sou eu! Estou imunda!
Ela a fitou sorrindo.
-- Posso descer para a sala de estar?
-- Claro, espere-me lá. Se quiser, pode ligar a televisão. - Respondeu Dulce, olhando para a massa de cabelos louros.
Foi para o banheiro e tirou a roupa suja, jogando-a na máquina de lavar. Entrou no box e abriu a torneira, suspirando de satisfação com a água quente caindo sobre ela. Pensou então que a moça nem tinha ainda lhe falado como se chamava. Parecia assustada e desconfiada, mesmo agora que estava em segurança . Pois iria desvendar o mistério dela.
Sorriu. A sua velha mania de ver mistério em tudo, devido à sua profissão de escritora de contos policiais. O melhor era se concentrar em seu banho.
Depois de um banho prolongado, enxugou-se e se vestiu. Penteou os cabelos ruivos e longos, perfumou-se e voltou ao quarto, onde pegou um par de tênis e o calçou. Desceu para o pavimento térreo, pensando que estava faminta. A moça estava parada perto do aparador, com um porta-retrato nas mãos, fitando-o atenta. Ao ouvir seus passos voltou-se rapidamente e a olhou assustada, jogando o porta- retrato sobre o aparador, como que pêga em um ato reprovador. Dulce sorriu para ela, percebendo a tensão da moça.
-- Assustei-a?
Ela sorriu, parecendo descontrair-se.
-- Sim, estou ainda muito tensa.
-- Não há mais motivo, garota. Como se chama? Ainda não sei o seu nome -Disse, parando diante dela, com as mãos na cintura.
Ela pareceu hesitar, mas falou:
-- Oh, desculpe-me... meu nome é Giovana... Giovana Puente.
-- Giovana, estou com muita fome. Que tal comermos alguma coisa?
Ela assentiu, fitando-a com certa timidez. Dulce a fitou nos intensos olhos dourados.
-- Está mesmo se sentindo bem? Pode ajudar-me a apanhar as compras que fiz, no carro?
-- Sim, claro...
-- Então, acompanhe-me.
Foram até o carro e apanharam os quatros sacos de mantimentos que Dulce havia comparado. A ruiva deu dois à ela para carregar e pegou os outros. A chuva fina havia passado e regressaram à casa sem contratempos. Dulce colocou os pacotes sobre a mesa da cozinha e começou a retirar os mantimentos, sob o olhar atento de Giovana.
-- Temos pão de centeio, aveia, bacon, hamburguer, ovos, frango, legumes e bolo de milho... o que quer comer? - Perguntou Dulce, fitando-a. Ela sorriu, um sorriso mais relaxado.
-- Qualquer coisa, Dulce. Você é muito gentil.
-- Que tal uma sopa e alguns sanduíches de hamburguer? O tempo está frio e uma sopa cairia bem.
-- Tudo bem.
Dulce separou cenouras, batatas, nabos e quatro hamburgueres. Colocou os legumes numa travessa e começou a descarcar as batatas. Giovana sentou-se em uma cadeira e ficou olhando-a em silêncio, atentamente. Dulce resolveu interrogá-la:
-- Não vai me contar como foi parar naquela estrada, debaixo do temporal?
Ela pareceu se contrair.
-- Oh, desculpe-me... já devia ter explicado isso. Eu estava dirigindo uma motocicleta... o temporal desabou de repente. Tentei prosseguir, mas a motocicleta derrapou e caí.
-- Não vi nenhuma motocicleta na estrada - Declarou Dulce, encarando-a.
Ela a fitou com certa insegurança.
-- A motocicleta deslizou para o mato. Por isso, sujei-me de lama.
Dulce olhou-a, estranhando que uma mulher estivesse dirigindo uma motocicleta de saia, sem botas e casaco de couro, num clima frio como aquele. Não era adepta de motocicletas, mas sabia que quem as dirigia, homem ou mulher, usava a vestimenta própria para proteger-se do frio. E o capacete? E as luvas? Se ela os estivesse usando, não os perderia no acidente. Giovana estava mentindo. O por quê, não sabia.
-- Você estava indo para onde? - Perguntou, cética.
-- Estava descendo a estrada. Ia para a cidade.
-- Alguém está esperando-a? Se quiser, pode telefonar, avisando o que aconteceu. O telefone está na sala.
Ela baixou o rosto, fugindo do seu olhar.
-- Não, não há ninguem esperando-me. Estou de férias e estava passeando sem destino.
-- De onde você é?
Ela ergueu o rosto, fitando-a.
-- De Nova Iorque. E você, Dulce? Não mora aqui, não é?
-- Não. Sou da Filadelfia. Venho para cá quando quero ficar só, para ter
alguma idéia para meus livros.
Ela a fitou surpresa.
-- É escritora?
-- Sou, escrevo romances policiais. Tenho um contrato com uma editora de livros de bolso, que me obriga a escrever um livro a cada dois meses. É um trabalho cansativo, mas ganho razoavelmente.
Ela a fitou especulativamente.
-- Gosta do que faz?
-- Bem... eu gostaria de escrever algo mais literário, mas falta-me tempo e editor. Os livros de bolso são mais rentáveis, dizem. Formei-me em Administração, mas descobri que sentia-me mais realizada escrevendo, depois que venci um concurso na faculdade. E parti para isso. Mas um dia eu vou poder dedicar-me à boa literatura. É o meu sonho.
Giovana sorriu, com admiração no olhar.
-- Aposto que conseguirá, Dulce.
Dulce olhou-a, curiosa. Queria saber mais sobre ela. Giovana a fascinava. Era linda, misteriosa. Os cabelos, agora secos, emolduravam o seu rosto perfeito como uma coroa de ouro.
-- Você é só, Dulce?
-- Bem, tenho uma irmã, mas ela é casada e mora no Canadá.
-- Quantos anos você tem?
-- Trinta. E você?
-- Vinte e sete.
Sorriram uma para a outra. Dulce olhava aquele rosto angelical e sentia-se cada vez mais atraída. Ah, Giovana... Se soubesse de seu sentimento... Provavelmente fugiria de medo. Mas... quem era Giovana? O que fazia na vida? Por que mentira para ela, sobre como havia ido parar naquela estrada? Estava mesmo de férias?
Colocou a sopa no fogo. Fritou os hamburgueres na chapa e colocou-os em uma travessa. Então, sentou-se em uma cadeira e olhou para a loira. Ela a fitou sorrindo.
-- Giovana, quer uma dose de uísque? Acho que precisamos de uma bebida para esquentar. Está muito frio.
-- Aceito.
Dulce ergueu-se e apanhou a garrafa no armário e dois copos. Olhou-a.
-- Quer gelo?
-- Não, puro mesmo.
Dulce colocou o uísque nos copos e estendeu um para Giovana. Tornou a
sentar diante dela.
-- Ao nosso conhecimento - Brindou.
A loira ergueu o copo com um sorriso e depois tomou um gole.
-- Dulce, você já foi casada? Pelo que entendi, agora você está só.
Dulce a encarou séria. Tomou um gole da bebida, antes de responder:
-- Não, nunca fui casada.
-- Mas você é uma mulher bonita e atraente. Nunca amou alguém, com quem quisesse casar-se?
Dulce fitou-a com um sorriso irônico.
-- Já amei, sim. Mas não ao ponto de querer casar-me. E não com a intensidade que desejaria. Sempre faltou algo.
-- O que faltou? - Perguntou ela, com olhar atento.
Dulce desviou a vista daqueles olhos curiosos. O que podia dizer? Que as mulheres que tivera eram fúteis e vazias?
-- Não sei.
Tornou a olhá-la. Giovana agora a fitava gravemente, séria.
-- E você? - Jogou - Não tem alguém a quem ame?
-- Não... nunca amei alguém. Tive algumas experiências... mas amor de verdade, não. Não tive a sorte de sentir-me amada, ainda.
Dulce achou a voz dela amarga. Nos olhos dela pareceu ver lágrimas. Ela fechou os olhos, suspirou e tomou o resto do uísque. Colocou o copo sobre a mesa e a encarou com tristeza.
-- Nós somos duas mulheres solitárias, não é?
Dulce riu, à aquela declaração. Giovana a fitou surpresa.
-- Por que riu? Não é verdade?
Dulce ergueu-se, fitando-a divertida.
-- Quanto à você, não sei. Mas eu, solitária? Não é verdade. Estou sozinha por opção. Tem uma pessoa que insiste em ficar comigo, mas não quero. E nunca tive problema sobre interessar-me por alguém e não ser correspondida.
Autor(a): lunaticas
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 29
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flavianaperroni Postado em 07/08/2015 - 03:02:46
Super perfeita sua web,acabei de ler ela,amei de paixão,Você é uma otima escritora Parabéns
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Postado em 07/08/2015 - 03:00:17
Eii parabéns pela web,muito perfeita,esta realmente de parabéns,você é uma boa escritora
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kaahs Postado em 17/09/2014 - 01:34:16
Nossa, muito lindo esse final! *-*
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anahivida Postado em 10/09/2014 - 23:25:58
Final perfeito pra uma web perfeita. Amei S2
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angelr Postado em 10/09/2014 - 23:20:55
Ai que final lindo <3
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angelr Postado em 09/09/2014 - 00:54:02
hahaha ainda bem que a Anahi tava viva *__*
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portion__laliter Postado em 08/09/2014 - 01:25:31
posta mais na melhor parte vc não posta acho que isso foi tudo um plano da anahí desmascarar april e gary acho que ela não morreu e espero que seja ela pq se a web é portinon tem que acabar portinon
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angelr Postado em 03/09/2014 - 23:22:54
Nossa sua ordinaria kkkk posta mais hahaha para mim foi a Anahi nao aceito a morte dela ate agora acho q nao morreu
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anahivida Postado em 03/09/2014 - 22:56:36
Eu acho que quem ajudou a Dulce foi a Any... posta mais por favor!!!
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angelr Postado em 31/08/2014 - 22:53:55
Nossa que mulher ordinaria