Fanfic: Herança Fatal - Portiñon | Tema: Adaptada

Quando voltou a si, Dulce estava tomada por um forte enjôo. Sentia seu corpo balançar e o barulho de ondas rebentando. Vozes ao fundo falavam, como se estivessem muito longe. Mas dava para ouvir, com alguma dificuldade.

-- Tem que fazer parecer um acidente, Gary! Não podemos amarrá-los!

-- E se eles se recuperarem quando forem lançados na água fria? Tony nada muito bem!

-- Não vão ter forças. Estamos muito longe da costa. A bebida ainda está fazendo efeito em Dulce e Tony está fraco, perdeu muito sangue.

-- Diabos! Você acha que vão desconfiar se conseguirem achar o corpo de Tony, com a pancada na cabeça? Eu calculei mal a força do golpe.

-- Que nada, Gary! Vão pensar que levou a pancada quando o barco virou. E eu direi que ele levou uma pancada do mastro, quando o barco virou. Serei uma sobrevivente chorosa e desesperada, você vai ver!

Dulce ouviu uma risada.

-- Aquela velha idiota me adora! Quando Dulce e Tony morrerem, ela vai herdar tudo! Existe uma cláusula no testamento que diz que na falta de Dulce, as ações devem reverter para Mary. E então, tirarei bastante da velha para vivermos como reis!

-- Mais tarde, também poderemos dar um fim naquela bruxa. Uma morte que pareça natural.

-- April, querida, você é terrível! – Riu Gary.

Dulce abriu os olhos. Primeiro, viu o céu com algumas nuvens escuras. Olhou para o lado. Notou que estava deitada no fundo de um barco, que se sacudia com as ondas revoltas. E  Antony estava ao lado dela, desmaiado, com a cabeça ensanguentada.

Olhou para a frente. April conversava de costas para ela, com Gary Miller. Ela o abraçava pela cintura e ele manejava o timão do barco.

Ficou olhando-os, entendendo tudo: April era amante de Gary Miller e os dois planejavam a sua morte e de Antony!

April voltou-se e a viu fitando-os. Seus olhos verdes ficaram frios como gelo e um ar de contrariedade tomou conta de seu rosto.

-- Ela voltou a si, Gary! – Gritou.

Ele voltou-se e olhou Dulce com aborrecimento.

-- Segure o timão, April. Vu dar um jeito nisso.

April pegou o timão  e Gary tirou um revólver da cintura, apontando para Dulce, com um sorriso debochado.

-- Azar seu ter despertado. Podia ter morrido sem perceber.

Dulce tentou erguer-se, mas não conseguiu. O enjôo estava forte e ainda estava tonta.Caiu novamente para trás, gemendo.

Ele riu, ao ver que ela não conseguia reagir. Guardou  arma, voltando-se para April.

-- Não precisa ter medo, April. Ela está muito fraca e nem agüenta mover-se. Vai ser fácil.

Ele tornou a pagar o timão. April aproximou-se, com um sorriso cínico. Abaixou-se ao lado de Dulce.

-- A conquistadora! Viu, caiu em nossa armadilha! Eu sabia que ia ser fácil conquistá-la. Quando me olhou lá na casa de Mary, eu vi logo que teria chances de aproximar-me de você. E como sou inteligente, o plano se formou em minha mente. Foi gostoso trepar com você, baby. Realmente, é muito gostosa em uma cama. Mas, acima de tudo, gosto muito de dinheiro e de Gary.

Dulce ficou olhando-a muda, pensando quanto fora ingênua. Desconfiara tanto de Antony e nem pensara que April  é quem estava fazendo um jogo.

Ela prosseguiu, com ar de vitória:

-- Tentamos tirar dinheiro de Anahi com o rapto, mas meus planos foram por água abaixo porque o idiota que contratamos resolveu trepar com ela. Anahi feriu-o e fugiu. E o idiota foi procurar-me, ainda tentando receber o pagamento! Mas eu não perdôo erros! O corpo dele está no fundo do rio Hudson, com o comparsa.

April parecia empolgada com suas façanhas. Continuou, com os olhos brilhando de excitação:

-- Mas você não é nenhuma santa, Dulce Maria! Você matou Anahi, armou tudo, sabia do testamento e nos passou a perna! Confesse! Você matou Anahi para herdar tudo, não foi?

Dulce fitou-a surpresa. Conseguiu falar baixinho:

-- Eu. . . não matei. . . Any. . .