"Deo duce, lux caelestis comitante!" Suas palavras não saem de seus lábios em um discurso, mas como padrões de pensamento formando-se em torno desta criatura do inferno que tinha estado torturando Anthony. Eu posso ver e sentir o significado de suas palavras, mais do que compreendê-las como um padrão lingüístico através de meus ouvidos: "Guiado por Deus, armado com a luz celestial" A sensação é estranha, como se descobrisse um novo membro que eu não sabia que eu possuía. Logo que as palavras se solidificam, elas tecem ao redor dele em uma velocidade ofuscante; seu corpo ardente é extraído rapidamente de Anthony, o que tanto me assusta como me dá imenso alívio ao mesmo tempo. A última coisa que eu vejo é a retirada de seu cabelo flamejante em volta do pescoço e rosto de Anthony. Eu vagamente ouço oCranberries cantarolando através do sistema de som Hold onto my hands, I feel I`m sinking, sinking without you...” ao fundo. (N.T. Segure em minhas mãos, eu sinto que estou afundando, afundando sem você...”)
Meu coração se parte de novo. Eu vejo tudo ao meu redor, em câmera lenta, Anthony está ofegante, segurando a garganta: seus olhos arregalados e olhando para mim com um apelo no rosto ou o quê? Perigo! Ele está me implorando para escapar! Será que não estamos fora de perigo ainda? Como posso viver comigo mesma se eu deixá-lo morrer, mesmo se escapar era ainda uma possibilidade? Ele ainda está com medo por mim. Quando vejo os tentáculos de fogo ainda chegando a Anthony, queimando-o, eu grito!
"Anthony!"
Por que ele não tenta me machucar? Por que somente Anthony? Ver Anthony lutando para empurrar os tentáculos para longe rompe alguma coisa em mim e eu despenco sobre o console dividindo nossos assentos, e lanço-me sobre Anthony, protegendo de danos seu rosto e seu corpo com o meu. Os tentáculos se aproximam tentando chegar até ele através de mim, e eu sinto uma aura azul, fria, crescer e me cercar como uma parede frágil. Enquanto os tentáculos lambem meu corpo, na tentativa de machucar Anthony, há um som de assobio como a lava encontrando o oceano. Eu prendo Anthony, firmemente envolvendo meus braços ao redor dele, gritando "Não!" Em vez de queimar, meu corpo está ficando frio, e eu estou tremendo. Onde está aquela mulher que limitou esta criatura de Hades?
Em seguida, o som sibilante fervilha em torno de mim, “abyssus abyssum invocate!" O som é muito estranho, embora sinistramente familiar. Eu já ouvi o que ele disse antes, desta criatura. Déjà vu. "Inferno chama o inferno!"
"Não no meu turno" sibila, uma voz feminina puramente angelical, igualmente proibitiva e eu sinto uma forte lufada de sucção; e por um momento, tudo o que não é parafusado no SUV está flutuando no ar. Eu agarro Anthony enquanto minhas pernas levantam do chão e se agarram sobre o volante, e os braços fortes da mulher angelical arrancam a criatura, assobiando com tal força que eu imagino o SUV explodindo. Quando eu finalmente sinto o aperto de Anthony me mantendo no lugar, o último som que eu ouço é a sua grave voz embargada chamando "Srta. Duncan! Ellie! " e eu sinto a minha força escorregar, minhas pálpebras ficando pesadas; Eu me forço a me manter à tona, coerente, mas incapaz de controlá-lo, eu escorrego para as sombras da minha inconsciência.
Quando a escuridão me consome, eu me encontro no vazio, envolta na aura azul pálido. Eu tento fazer um som, mas não sai nada. É o uivo que me atrai... nada além do som de um uivo de lobo; saudoso, chamando, acenando e triste. Eu estou impotente, instintivamente atraída para o som. Eu estou cercado pelo eclipse total e o uivo que está me chamando, empurrando-me para frente. Um horizonte vermelho finalmente emerge descansando contra o breu. Tudo está imóvel, e nenhum som é diferente do uivo. Eu posso sentir o cheiro da chuva fresca na terra, e, finalmente, identificar o animal que simplesmente parou de uivar e cujo olhar intenso está me perfurando. Eu me abaixo até o chão e encontro seu olhar, seguindo seus movimentos. O ar é pesado e grosso; nada se mexe. Talvez as criaturas da noite estivessem indo de volta para suas cavernas e fendas, mas nada se mexe. O animal me circunda quinze vezes, avançando em seu caminho, mais próximo a cada volta que faz. Não é um lobo, mas um coiote. Está lenta e cautelosamente se aproximando de mim.
O sol ainda não apontou sua cabeça sobre o horizonte, mas a coloração vermelha e laranja no céu mostra a silhueta escura do disperso saguaro, (N.T. cactus alto e ramificado horizontalmente) creosoto, (N.T. O governador ou, na tradução literal do inglês, arbusto de creosoto (Larrea tridentata) é uma espécie de planta muito comum nos desertos da América do Norte) e esse coiote. Eu paraliso abruptamente com o reconhecimento. Eu me lembro disso. Eu conheço isso! A adrenalina envia alarme para todos os nervos do meu corpo disparando minhas sinapses. O coiote deixa de circular, e à medida que avança em minha direção, o ar brilha em torno dele. O animal está envolto em uma névoa espessa transformando-o e moldando-o com cada movimento, mudando-o. O vermelho e laranja do céu se mexem em torno do coiote e, finalmente, uma cabeça e um corpo apontam para fora do nevoeiro, rapidamente ficando ereto. Um rosto enrugado velho com os olhos sem fundo emerge. Uma pena pendurada na trança esquerda de seu cabelo. Os olhos que viram muitos anos estão marcados com numerosas linhas profundas. De suas orelhas balançam o que parecem ser dois brincos, pesados demais para as orelhas transportarem. Seus lábios muito finos estão bem fechados. Seu nariz comprido está inclinado para baixo, uma vez que havia sido quebrado há muito tempo e não se curara corretamente. Sua bandana Pueblo está enrolada no alto da cabeça duas vezes, amarrada em um nó apertado no lado esquerdo de sua cabeça. Ele se move em minha direção ágil e gracioso.
"Você finalmente me chamou, Elissa, filha de Marcus, esposa de Alexander Aurelius, mãe de Agnes e Jill,” diz ele em um tom melodioso.
"Eu chamei?" Pergunto confusa.
"Você sabe o que você é?” Ele pergunta. Sim, uma garota da Califórnia de vinte e um anos tendo um pesadelo! Eu fecho a cara interiormente.
"Você quer dizer quem eu sou?" Pergunto, em resposta, confusa.
"Eu lhe disse quem você é. O que você é... é um Nephilim. "
"Um quê?" Eu pergunto.
"Você é a filha de um anjo e uma mulher humana. Um Nephilim,” e aí está. Isto confirma que eu sou louca.
"Você sabe o que é `tr*nsa de uma noite só` ?" Pergunto levantando as sobrancelhas. "Eu sou o produto de uma tr*nsa de uma noite só. A mulher que foi minha mãe não conhecia o homem com quem ela dormiu, e engravidou em um encontro sexual único e ta daa, aqui estou eu,” eu digo abrindo os braços melancolicamente, achando estranho que eu me explique para este estranho familiar.
curtam e comemtem
beijocas