Fanfic: Fiquei com o seu número ☏ (Adaptada) | Tema: Vondy; Comédia/ Romance
— O quê? — Eu levanto a cabeça e percorro o saguão com o olhar. De repente, meu olhar se fixa num homem de pé sozinho, a uns 30 metros de distância. Ele usa um terno escuro e tem cabelo preto e cheio, que está todo bagunçado, além de estar com um telefone no ouvido. Mesmo de longe consigo perceber que está rindo.
— Há quanto tempo está aí? — pergunto, furiosa.
— Acabei de chegar. Não quis interromper. Ótimo trabalho, aliás — acrescenta ele. — Acho que você convenceu Yamasaki a nosso favor nesse momento.
— Obrigada — digo com sarcasmo. — Fico feliz em poder ajudar. Ele é todo seu. — Faço uma reverência para o Sr. Yamasaki com um floreio, me viro e sigo rapidamente para uma saída, ignorando os gritos desapontados dos japoneses.
Tenho coisas mais importantes com que me preocupar do que estranhos arrogantes e seus negócios idiotas.
— Espera! — A voz do homem me segue pelo aparelho. — O telefone. É da minha assistente.
— Bom, então ela não deveria ter jogado o aparelho fora — respondo, empurrando as portas de vidro. — Achado não é roubado.
Há 12 paradas do metrô de Knightsbridge até a casa dos pais de Rodrigo no norte de Londres, e assim que saio na superfície, olho o celular. Está piscando com novas mensagens, umas dez de texto e uns vinte e-mails, mas só há cinco mensagens de texto para mim e nenhuma delas com novidades sobre o anel. Uma é da polícia, e meu coração dá um salto de esperança, mas é só para confirmar que registrei um boletim de ocorrência e para perguntar se quero uma visita do oficial de apoio às vítimas. O resto são mensagens de texto e emails para Violet. Conforme vou olhando, percebo que “Sam” aparece no assunto de vários e-mails. Com a sensação de ser Poirot de novo, verifico a função “chamadas recebidas” e, obviamente, o último número que ligou para este celular foi o “Christopher Celular”. Então é ele. O chefe da Violet. O cara de cabelo louro e desgrenhado. E para provar, o e-mail dela é
assistentedesamroxton@consultoriawhiteglobe. Por pura curiosidade, clico num dos emails. É de
jennasmith@grantlyassetmanagement.com e o assunto é:
“Re: Jantar?”
Obrigada, Violet. Por favor, não comente nada disso com Christopher. Estou meio sem jeito agora!
Opa. Por que ela está sem jeito? Antes que eu consiga me impedir, mudei de tela para ler o e-mail anterior, que foi enviado ontem.
Na verdade, Jenna, você precisa saber de uma coisa: Christopher está noivo. Atenciosamente, Violet.
Ele está noivo. Interessante. Enquanto releio as palavras, sinto uma reação estranha dentro de mim que não consigo
identificar. Surpresa? Mas por que eu deveria estar surpresa? Nem conheço o cara. Muito bem, agora eu tenho que saber a história toda. Por que Jenna está sem jeito? O que aconteceu? Volto ainda mais alguns e-mails e encontro um longo, o primeiro, de Jenna, que conheceu esse Christopher Uckermann num evento de trabalho, ficou doida por ele e o convidou para jantar duas semanas atrás, mas ele não retornou as ligações.
... Tentei novamente ontem... Talvez esteja ligando para o número errado... Alguém me disse que ele é famoso e que a assistente dele
é o melhor caminho para fazer contato... mil desculpas por incomodar... Talvez só me diz se é possível...
Coitadinha. Estou muito indignada por ela. Por que ele não respondeu? Qual é a dificuldade de enviar um e-mail rápido dizendo “Não, obrigado”? E ainda por cima ele é noivo, pelo amor de Deus. Enfim. Deixa para lá. De repente, me dou conta de que estou xeretando a caixa de e-mails de uma pessoa quando tenho tantas outras coisas mais importantes em que pensar. Prioridades, Dulce. Preciso comprar vinho para os pais de Rodrigo. E um cartão de boas-vindas. E, se eu não achar o anel nos próximos vinte minutos... Um par de luvas. Desastre. Desastre. Acontece que luvas não são vendidas em abril, no auge da primavera. As únicas que consegui encontrar estavam no depósito de uma loja Accessorize. Estoque antigo de Natal, só disponíveis no tamanho pequeno. Não consigo acreditar que estou mesmo planejando cumprimentar meus futuros sogros com luvas de lã vermelha com desenhos de renas e apertadas demais. Com franjas. Mas não tenho escolha. É isso ou entrar com as mãos nuas. Quando inicio a longa subida da colina que leva à casa deles, começo a me sentir enjoada de verdade. Não é só o anel. É toda a coisa dos futuros sogros. Dobro a esquina e vejo que todas as janelas da casa estão acesas. Eles estão em casa. Nunca vi uma casa tão adequada a uma família quanto a dos Reyes. É mais velha e maior do que qualquer outra casa da rua, e olha para elas de cima, de sua posição superior. Há teixos e uma araucária chilena no jardim. Os tijolos são cobertos de hera e as janelas ainda são as de madeira originais de 1835. Dentro, há papel de parede William Morris dos anos 1960, e o piso é coberto de tapetes turcos. Mas não dá para ver de fato os tapetes porque costumam estar sob camadas de documentos e manuscritos velhos que ninguém se dá o trabalho de recolher. Ninguém na família Reyes é muito fã de arrumação. Uma vez achei um ovo cozido fossilizado numa cama do quarto de hóspedes, ainda no oveiro, com uma torrada ressecada como escudeira. Já devia ter feito aniversário de um ano. E em todos os cantos, por toda a casa, há livros. Colocados em três fileiras de profundidade nas prateleiras, empilhados no chão e nas laterais de cada banheira manchada de limo. Antony escreve livros, Sarah escreve livros, Rodrigo escreve livros e o irmão mais velho dele, Conrado, escreve livros. Até mesmo a mulher de Conrado, Margot, escreve livros.12 E isso é ótimo. Quero dizer, é uma coisa maravilhosa, todos esses gênios intelectuais numa só família. Mas acaba fazendo você se sentir um tiquinho de nada deslocado. Não me entenda mal, eu me acho bem inteligente. Sabe, para uma pessoa normal que frequentou a escola e a faculdade e tem um emprego e tal. Mas essas pessoas não são normais, elas estão em outro nível. Elas têm supercérebros. São a versão acadêmica de Os Incríveis.13 Só me encontrei com os pais dele algumas vezes, quando voltaram a Londres por uma semana para Antony dar uma palestra importante, mas foi o suficiente para eu perceber. Enquanto Antony fazia a palestra sobre teoria política, Sarah estava apresentando um estudo sobre o judaísmo feminista para um grupo de reflexão, e depois os dois apareceram no The Culture Show, dando opiniões contrárias sobre um documentário que tratava da influência da Renascença.14 Esse foi o contexto de quando nos conhecemos. Sem pressão nenhuma, ou qualquer coisa do tipo. Fui apresentada aos pais de vários namorados ao longo dos anos, mas essa era com certeza a pior experiência de todas. Tínhamos acabado de apertar as mãos e conversado sobre bobeiras e eu estava contando com orgulho para Sarah em qual faculdade eu tinha estudado quando Antony olhou por cima dos óculos meia-lua e disse:
— Diploma em fisioterapia. Que divertido.
Eu me senti imediatamente arrasada. Não sabia o que falar. Na verdade, fiquei tão sem reação que saí de onde estávamos para ir ao banheiro. 15Depois disso, óbvio que fiquei travada. Aqueles três dias foram pura tortura. Quanto mais intelectual a conversa ia se tornando, mais constrangida e incapaz de falar eu ficava. Meu segundo pior momento: pronunciar “Proust” errado e todo mundo trocar olhares.16 Meu pior momento de todos: quando estávamos assistindo University Challenge juntos na sala de TV e surgiu o assunto ossos. Minha especialidade! Eu estudei isso! Sei os nomes em latim e tudo! Mas quando estava pegando fôlego para responder a primeira pergunta,
Antony já tinha dado a resposta certa. Fui mais rápida na segunda vez... Mas ele foi ainda mais rápido do que eu. O programa todo se passou como se fosse uma corrida, e ele ganhou. Ao final, ele olhou para mim e perguntou:
— Não ensinam anatomia na faculdade de fisioterapia, Dulce?
Eu me senti humilhada.
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Notas
11. OK, não como a Beyoncé. Como eu imitando a Beyoncé.
12. Não livros com enredo, a propósito. Livros com notas de rodapé. Livros sobre assuntos, como história e antropologia e relativismo
cultural no Turcomenistão.
13. Tenho curiosidade em saber se todos tomam óleo de peixe. Preciso me lembrar de perguntar.
14. Não me pergunte. Prestei muita atenção e mesmo assim não consegui entender como eles podiam discordar. Acho que o apresentador também não conseguiu acompanhar.
15. Rodrigo me disse depois que ele estava brincando. Mas não pareceu ser uma brincadeira.
16. Nunca li nada de Proust. Não sei por que toquei no nome dele.
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Autor(a): marinatuawonderland♛
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Rodrigo diz que me ama, não ao meu cérebro, e que tenho que ignorar os pais dele. E Zoraida disse para eu pensar na pedra do anel e na casa de Hampstead e na Villa da Toscana. Essa é a Zoraida. Minha abordagem tem sido a seguinte: simplesmente não pensar neles. Estava funcionando. Eles estavam quietinhos em Chicago, a milhares de quilômetros de distância. Mas agora, estão de ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 11
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btuunes Postado em 16/08/2014 - 14:29:42
Continuaaaa
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lyagomesvondy Postado em 11/08/2014 - 16:49:08
Leitora nova cont estou amando
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duda_dulcete Postado em 07/08/2014 - 18:48:35
Ooii nova leitoraa!!! Continuaa pliis...
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gabivondy Postado em 06/08/2014 - 22:41:35
continua plisssssssss nao vejo a hora dela terminar logo com o rodrigo aff cara idiota
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mariavondy Postado em 06/08/2014 - 15:34:18
pq abandonou sua outra fanfic Neighbors? amo ela... continua
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gabivondy Postado em 03/08/2014 - 09:55:19
continua plissssssss <3 muito bom <3
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gabivondy Postado em 02/08/2014 - 18:56:49
Anw continia to tao anciosa pra eles se conhecerem <3 muito perfeita a web mds a dulce ta surtando com esse anel
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sher_vondy Postado em 02/08/2014 - 18:19:47
Só pela sinopse e prólogo já amei. Posta maaais =D
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gabivondy Postado em 02/08/2014 - 18:19:11
continua plissssssssss <3 <3 <3
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robertah_vondyy_chavino_ Postado em 02/08/2014 - 18:13:39
oiee. posta mais