Fanfic: O apanhador de sonhos | Tema: Amizade, romance, sonhos, bissexualidade

Faz quase vinte e quatro horas que estou fora de casa. Passei a tarde quase toda no salão, me arrumando para minha formatura. De noite, aproveitei grande parte da festa, até Renata me destruir. De manhã fiquei na casa da minha avó, e estou dirigindo, voltando para casa agora. Estou tentando analisar tudo o que aconteceu nesse período... Renata me apunhalou pelas costas, junto com André. Eu e Vinicius aparentemente estamos apaixonados de novo(?). Isso tudo está tão confuso!

Abro a porta de casa, minha mãe está fazendo o jantar junto com meu pai. Ele me olha assustado. E eu fico completamente confusa com o olhar dele.

- Que foi?

- Você está... – ele gesticula freneticamente – Horrenda. – Meu pai dá uma risadinha marota.

Eu não podia reclamar do comentário do meu pai. Meu vestido estava em um misto de molhado com requintes de terra da horta da minha avó e com toques de coentro na altura da cintura. Eu definitivamente posso classificar meu vestido como uma fantasia de fazendeira chique. Fora que meu cabelo estava muito bagunçado, duro do laquê, e com um pouco de mato em algumas mechas. Não podemos esquecer da maquiagem, que a essa altura, já não deve estar no lugar certo. Tenho quase certeza que o cílio postiço esquerdo está no meu queixo. Estou definitivamente no fundo do poço.

Dei as costas para eles e subi para o meu quarto. Acho que ouvi meus pais cochichando algo, mas não tenho muita certeza do que se tratava. Meus pés estavam um pouco inchados. Saltos 15 não são para mim. Prefiro meus tênis surrados que uso desde a oitava série. Cada degrau que eu subia, me trazia um sentimento estranho, ruim. Parei na metade da escada. Eu senti. Morango. Ela está aqui. No meu quarto. Respirei fundo, de modo que o cheiro doce de Renata entrasse incendiando meus pulmões. A porta do meu quarto estava um pouco aberta. A luz do Sol irradiava por todo o corredor. E eu estava parada em frente a porta do meu quarto. Quando empurrei a porta, meu coração diminuiu no peito. André e Renata estavam virados para a janela, abraçados. A mão direita de André estava nas costas da Rê, e a aliança dourada cintilava em seu dedo. Joguei meu sapato no chão, próximo a minha cama, fazendo um barulho sutil.

André se virou abruptamente, assustado. Renata suspirou. Endireitou a cabeça, um pouco em dúvida se iria realmente me encarar. Enquanto ela se virava lentamente, André estava completamente paralisado, assustado e com medo. Até que nossos olhos se encontraram. Ela me olhou. Seu olhar estava pesado, cansado, inchado. Renata parecia ter passado a tarde toda chorando. E provavelmente estava sem dormir. E eu vi, nos olhos dos dois, que eles se arrependeram. Ali, mesmo horrorosa, eu estava por cima, estava no topo dessa montanha, que eles iriam descer desgovernados como uma avalanche.