Fanfic: O apanhador de sonhos | Tema: Amizade, romance, sonhos, bissexualidade

Eu estou parada no sinal de trânsito. Está chovendo lá fora e aqui dentro. Meu coração está em pedaços e eu não consigo parar de chorar. O rádio estava gritando aqui dentro a música “Big Girls Don’t Cry” da Fergie. Ótimo, até o radialista sabe o que eu estou passando. Acho que uma garota de 22 anos deveria saber controlar as emoções. E é o que eu estou fazendo, só que ao contrário. Em que eu estava pensando quando resolvi entrar nessa história? Um namoro a três. Ouvi buzinas atrás de mim, e percebi a luz verde brilhando acima de mim. Acelerei e dirigi até o penhasco mais próximo de mim. Quando estacionei o carro, o vento batia no meu cabelo, fazendo com que as ondulações se desfizessem soltas no ar. Fiquei na ponta do precipício. Apenas pensando no que havia acontecido nas últimas duas horas, pensando no que tinha acontecido nos últimos quatro anos. Eu não estava acreditando no que estava realmente acontecendo. Ela tinha me largado? A minha melhor amiga tinha me largado depois de quatro anos juntas? Fiquei agachada enquanto as lágrimas saiam sem pedir.

- Marina!

Ouvi um sussurro de longe. Eu estava muito triste pra querer contato com qualquer pessoa que fosse. A pessoa falou meu nome novamente. E de novo. Até que senti que estava atrás de mim. A pessoa se sentou ao meu lado e me aconchegou no seu ombro. Seu cheiro doce de chocolate invadiu meu nariz e eu chorei como nunca. Vinicius estava lá por mim. Mesmo depois de tudo. Depois da minha briga com ele por causa do meu relacionamento com a Renata e com o André, por causa da sua nova namorada e por causa da sua estranha aproximação. Mas ele estava lá. Me abraçando e me apoiando.

- Eu deveria ter percebido. Que ia acontecer. – sussurrei em meio a fungadas.

Ele me calou com um abraço mais forte. E ficamos ali parados por o que pareceram horas. De vez em quando ele beijava minha cabeça e me deixava mais confortável. Quando eu me senti pronta pra encara-lo, me arrumei no meu lugar, limpei as lágrimas e quando meus olhos encontraram os seus ambos sorrimos. Parecíamos àqueles adolescentes de 17 anos trocando olhares apaixonados na aula de química. E ele continuava lindo. Continuava meu amigo. Mesmo depois de tudo que vivemos. Ele estendeu sua mão para mim. Enquanto levantávamos, ele sorria para o chão.

- O que foi? – perguntei sorrindo ao acaso também.

- Nada. – seu sorriso se alargou. – Vamos tomar café?

Dei de ombros enquanto ele pegava na minha mão e andávamos para nossos carros. Ele beijou minha bochecha quando me deixou na porta do meu carro. Assim que começamos a dirigir ele ligou para o meu celular. Atendi e coloquei no viva voz.

- Espero que você saiba aonde vamos.

- E por que eu deveria Vini?

- Por que é o seu lugar favorito no mundo.

E ele desligou. Ele não precisava dizer mais nada. Eu sabia pra onde ele estava me levando. E eu iria mesmo que fossemos pegar duas horas de estrada. E agora são exatamente 3:30 da manhã, oficialmente é sábado. Enquanto eu segui o carro dele, minha vida passava diante dos meus olhos. A primeira vez que fiquei com Renata. A primeira vez que fiquei com André. A primeira vez de nós três juntos... E ai eu senti que não estava mais triste. Não deveria estar triste. Eu era uma diversão pra eles. Bom mesmo que eles casem. Eu vou sobreviver. Quer dizer, eu estou indo pra o meu lugar favorito no mundo, com meu melhor amigo. O que mais eu ia querer? Ela. Eu queria ela.