Fanfic: O apanhador de sonhos | Tema: Amizade, romance, sonhos, bissexualidade

“Marina Menina... Quanto tempo que eu não te chamo assim, né? Acho que é por que ‘Amor’ combina mais com você. Mas sabe o que é engraçado? Ultimamente eu tenho te visto tão distante, que não vejo AMOR em você... Eu quero muito acreditar que todos os olhares e mensagens trocadas com Vinícius é apenas amizade. Mas eu confio em você. Confio mais em você do que em mim mesma. Mas eu queria que você confiasse em mim como eu confio em você... Às vezes eu fico imaginando que você tá em casa, estudando e para um pouco por que eu tomei a sua mente. André acha que isso é uma idiotice, mas eu te amo. E amo vocês dois. Eu não quero te perder pra ninguém, e eu sei que no fundo você sabe disso. Mas essa carta é só pra te pedir que seja honesta comigo, que você volte a se abrir comigo, como fazia quando éramos ‘apenas amigas’. Só quero que me diga se você me quer como eu te quero...”

Fiquei cinco minutos encarando o papel, sem saber o que falar ou fazer. Não conseguia me mover. Ouvia de longe a professora despejando palavras na aula que, a partir de agora, eu não teria condições de assistir. Decidi que seria melhor dar um tempo ali daquela loucura. Peguei minhas coisas, pedi licença e sai voando pela porta. Entrei no banheiro para me esconder um pouco, sentei no assento sanitário, levantei as pernas coloquei a bolsa junto a mim e tranquei a porta. Ouvi a voz da Renata chamando meu nome. Eu só queria pensar um pouco. Ela me chamou mais umas cinco vezes, e desistiu. Resolvi que não daria pra sair e ter a possibilidade de ser interrogada na porta. Peguei o celular e mandei uma mensagem para o Vini.

“SOS. Banheiro, bloco Med. Renata na porta, finja que não sabe que estou aqui. Consiga tirar ela da porta. E VAMOS SAIR DO CAMPUS!”

Esperei uns dois minutos até que ouvi a voz do Vini perguntando pra a Rê se ela tinha me visto.

- Se eu tivesse visto, não estava aqui. – respondeu ironicamente

- Queria falar com ela. Ela não tava na sala?

- Estava, do verbo “só Deus sabe aonde ela se enfiou”

- E por que você está parada aqui?

- Gostei da vista. – cuspiu ironicamente- ela tá escondida ai dentro, bocózão! E nós dois sabemos disso... Mas, eu desisto. Vou para a sala. Sejam felizes.

Houve um breve silêncio lá fora, mas eu não quis sair até ter certeza de que ela tinha ido embora.

- Renata! – Vinícius gritou- Nós realmente estamos felizes... Por que somos amigos de novo. Você deveria ficar feliz por isso, que nós superamos o que aconteceu no passado.

Ou a Rê estava falando muito baixo, ou ela estava um pouco distante do banheiro, por que não consegui ouvir o que ela disse.

- Eu sei, eu te entendo. Não foi fácil pra mim estar na presença dela de novo, naturalmente como se nada tivesse acontecido.

Outro silêncio no corredor.

- Por que eu li no livro da Demi Lovato que você deu pra ela essa frase que fez todo o sentido pra mim:” O sentimento que pode partir seu coração às vezes é o mesmo que o cura.” – no momento que ele falou, lembrei que era uma frase do Nicholas Sparks – Eu preferi estar mais perto dela do que nunca, Renata. Pode não parecer, mas eu quero passar o resto da minha vida com a Marina ao meu lado. Seja como esposa e mãe dos meus filhos, ou como minha melhor amiga...

A essa altura da conversa eu já estava com os ouvidos na porta do banheiro e pude ouvir o que a Rê falou.

- Mas entenda de uma vez por todas, que eu não vou desistir da Marina. NUNCA! – e finalmente ouvi passos apressados descendo as escadas, enquanto eu caia lentamente escorregando pela porta e repousando minha cabeça nos joelhos, sem fazer ideia do que fazer da minha vida.