Fanfic: O amor e um anjo ~

Vick: Estou dizendo ele quer me enlouquecer - joguei o celular na cama -

  Lari: O que ele disse ? 

 Vick: Trate de levar roupas para uma área que costuma ser fria e para outra que costuma ser calor - fiz uma imitação sem sucesso da sua voz. Larissa começou a dar risada - Você ri porque não é contigo né - joguei o travesseiro nela - gosto de ser uma mulher prevenida poxa - fiz bico -

 Lari: Own vem cá minha dengosa – me abraçou - Vamos fazer essa mala com as duas opções vai.

 Vick: Uma mala pra calor e uma mala pra frio não quero nem saber - dei de ombros -

 Começamos a organizar tudo e quando deu 18:00 horas havíamos finalmente terminado, separei a roupa que ia usar e fui tomar um banho, nosso voo seria as 21:00 mas, teria uma “despedida” antes disso. 

Tomei um banho demorado, lavei meu cabelo, sai, me sequei, sequei meu cabelo, passei creme, coloquei a minha lingerie, fiz maquiagem, virei as pontas do meu cabelo, arrumei a franja e coloquei a minha roupa.
Já iria ficar com a roupa de viagem, deixei a jaqueta que tinha separado em cima da cama, já que eu a levaria por precaução. 

Cheguei na sala e estavam todos ali, quando eu falo todos são todos mesmo: Carol e Rafa, Manu e Digo, Bia e Felipe, Lari e Pedro, eu nem sei porque aquele idiota estava ali mas, ele era cunhado da Bia então...

Olhei para a porta quando ela se abriu e era o Léo, andei até seu encontro e o abracei.

Léo: É aqui que é a orgia ? - disse olhando para todos -

 Vick: Besta - dei um tapa nele rindo - 

Léo: Sei que me ama. 

Ficamos ali na sala em meio a conversas e brincadeiras, parecia até que eu ficaria muito tempo longe, ou ficaria ? Eu não sabia, Ablon não me contou nada. 

Estava todo mundo meio alegre por conta da bebida menos eu e Lari. 

Chamei ela até a cozinha e fomos conversar.

 Vick: Como consegue ficar no mesmo lugar que ele ? - disse me referindo a Pedro -

 Lari: Nem eu sei - ela baixou o olhar -

 Vick: Ei, levanta essa cabeça – ergui seu queixo - quando voltar, quero te ver bem, você e o nosso filho - passei a mão em sua barriga - 

Lari: Vamos estar ansiosos esperando você - passei a mão por cima da minha e sorriu -
Rafa apareceu na cozinha.

 Rafa: Minha nega está me deixando - disse me abraçando - 

Vick: Que drama Rafa, não vou embora - retribui o abraço - 

Rafa: Você nem sabe para onde vai e nem quanto tempo vai ficar - me olhou sério - 

Vick: Confio nele. 

Ele balançou a cabeça negativamente.

Rafa: Qualquer coisa jura que me liga ? Eu vou correndo te buscar, esteja onde estiver. 

Vick: Juro. 

Rafa: Vou acreditar, agora deixa eu voltar porque hoje Carol está com a macaca – fez careta -

 Vick: Estão se entendo ? 

Rafa: Até que sim mas, sei lá, tá tudo muito frio entre nós.

Vick: Sinceramente, acho que merece coisa melhor. 

Rafa: Eu também, quando você encontrar essa coisa melhor embrulha e me manda de presente.

 Vick: Tá bom - sorri - Vai lá agora - beijei sua bochecha e depois baguncei seu cabelo - 

Rafa: Vou – retribuiu o beijo - Mas, ainda vou te ver antes de ir. 

Ele saiu me deixando a sós com Lari de novo, que havia começado a falar no celular a poucos minutos atrás, mas já tinha desligado. 

Lari: Daqui a pouco ele vem. 

Vick: Ele quem ? 

Lari: Ablon ué. 

Vick: Ah, o turrão. 

Lari: Se você diz, vou subir e descansar um pouco porque vou com o Rafa me despedir no aeroporto. 

Vick: Vai lá amor.

Ela subiu me deixado sozinha, peguei uma latinha de RED na geladeira e comecei tomar, estava encostada no balcão pensando em como a minha vida havia mudado, a um tempo atrás tudo que estou vivendo agora era apenas sonho, a única coisa que faltava na minha vida, era... alguém – suspirei - Lembrei de Hazai e acabei sorrindo, será que ele ainda cuidava de mim ? Espero, espero sinceramente que ele me “mande” alguém que me faça feliz de preferencia bonito tá - disse em pensamento olhando pro céu -

 XXX: Pensando em mim ? – me interrompeu - 

Vick: Quer me matar de susto Leonardo ? – o olhei assustada - 

Léo: Desculpa, não queria te assustar.

 Vick: Tudo bem - ele se aproximou -

 Léo: Vou sentir sua falta, principalmente nos cafés da empresa. 

Vick: Também irei sentir, mas relaxa, não vou demorar a voltar. 

Léo: Quando vai me dar uma chance ? - ele disse me pegando de surpresa - 

Vick: Chance ?

 Léo: É, você sabe, de tentar ficar contigo – se aproximou ainda mais, parando na minha frente -

 Vick: Estou bem sozinha por enquanto Léo, e também, somos amigos.

 Léo: Amigos podem se tornar namorados. 

Vick: Acho que não nesse caso.

Ele se aproximou mais ainda ficando a centímetros do meu rosto. 

Léo: Você não vai saber se não tentar, deixa eu te provar que posso de fazer feliz, começamos com um beijo, só um beijo - passou uma mecha o meu cabelo para trás - depois a gente faz isso frequentemente e se tudo der certo – olhou em meus olhos - namoramos. 

Vick: Léo eu não... - coloquei minha mão em seu peito - 

Ele estava próximo demais, tanto que quando eu falei nossos lábios quase se tocaram. 

Vick: Por favor eu não posso - tentei empurrá-lo -

Ele passou a mão pela minha cintura me puxando mais, consequentemente tentei empurrá-lo com mais força enquanto afastava meu rosto do dele. 

Alguém "clareou" a garganta e depois disse. 

XXX: Atrapalho ?

 Era uma voz firme atrás de nós, mais exatamente atrás de Léo já que eu não tinha visão da porta. 

Léo encostou a cabeça no meu ombro e depois de suspirar virou lentamente saindo da minha frente e tomou posição ao meu lado. 

Ele estava parado encostado na parede com os braços cruzados sobre o peito nos olhando firmemente.

Vick: Não, não atrapalha – fui a primeira a quebrar o silencio.(Na verdade você me ajudou, disse em pensamento) -

 Ablon: Hum - olhou para Léo - Temos que ir. 

Vick: É, eu sei, vou... pegar meu casaco. 

Sai dali o mais rápido possível antes que alguém dissesse mais alguma coisa. 

Subi até meu quarto e sentei na minha cama, apoiei meus cotovelos na perna e minhas mãos na minha cabeça abaixando-a. 

Estava olhando para o chão desse jeito quando alguém bate na porta.

 Vick: Entra - disse sem me levantar - 

Sinto alguém se aproximar e ficar na minha frente, inspirei e levantei a cabeça. 

Vick: Se veio me dar algum tipo de bronca, acho melhor pensar bem, não estamos na empresa – o encarei - 

Ablon: Sei que não, só vim pegar sua malas, até porque nada disso é da minha conta - sorriu - 

Vick: Não mesmo – levantei - 

Peguei meu casaco e bolsa e desci.

 Ele veio logo atrás com as malas.

Encontrei Léo parado encostado na parede e quando me viu desviou o olhar.

 Cheguei perto dele e deu um abraço apertado.

 Vick: Não fique assim comigo tá, eu preciso de você – sussurrei - 

Léo: Eu também - ele retribuiu o abraço me apertando - 

Vick: Até logo - dei um beijo em sua bochecha -
Ele fez um carinho em meu rosto e retribuiu o beijo. 

Léo: Até. 

Só me despedi dele já que Lari e Rafa iriam até o aeroporto. 

E os outros ? Bom, ninguém fazia questão então... ficaria por isso mesmo.

 Ablon: Duas malas ? - disse as colocando no carro - 

Vick: Não mandei não me dar informações.

 Entrei no carro seguida por ele, colocamos o cinto e ele deu partida. 

Minutos depois chegamos no aeroporto, Lari e Rafa chegaram atrás.

Lari: Se cuida amiga, qualquer coisa é só ligar - me abraçou e me beijou - Não esqueça dos presentes.

Vick: Não esquecerei - retribui o abraço e o beijo - Cuida do meu filho. 

Rafa: Se cuida morena - me abraçou - sentirei saudades, já sabe, um telefonema e eu corro até você – me deu um beijo - 

Vick: Você também Rafa, e principalmente cuida da Lari por mim, sei sim eu ligo tá pode deixa, já estou com saudades - dei um beijo e um abraço nele também - 

Ablon me chamou já que estavam anunciando o nosso voo, dei mais um abraço neles e dei um tchauzinho de longe. 

Vick: Paris ? - disse assim que vi o destino da passagem -

 Ablon: E é só  o começo - ele sorriu - 

Olhei para ele surpresa e involuntariamente peguei em seu braço embarcando ao nosso destino.

Vick: Tenho medo disso aqui sabia - disse sentada na poltrona -

 Ablon: Disso aqui, seria o avião ? - me olhou - 

Vick: Urrum, não estou acostumada.

 Ablon: Só dormir que logo chegamos. 

Vick: Não durmo em viagens.

 Ablon: Quer que te faça companhia então ? 

Vick: Não que isso, pode dormir. 

Ablon: E eu vou conseguir dormir sabendo que você não está dormindo ? Acho que não. 

Vick: Não precisa se preocupar vou ficar bem. 

Ablon: Não é preocupação é cavalheirismo. Fico acordado com você. 

Vick: Depois eu que sou a teimosa, tsc.

A comissária começou falar sobre todos os procedimentos e depois disse que chegaríamos em torno de 13:43 hrs (podendo variar segundo a climatologia ou as rotas aéreas). 

Ablon pegou um livro.

 Vick: Quero ler - me ajeitei ao seu lado e encostei a cabeça em seu ombro - 

Ablon: Folgada - abriu a página - 

Vick: Se chama distração e cultura. 

Ablon: Vou deixar só dessa vez tá - senti que o avião ia decolar e me endureci - Ei, calma, eu estou aqui com você - ele pegou minha mão, fez carinho e depois entrelaçou nossos dedos - 

Vick: Vou ficar calma - respirei fundo -

 Ele tornou a abrir o livro e começamos a ler juntos.

 Vick: História antiga ? Assim que não durmo mesmo. 

Ablon: Ao menos um gosto em comum.

Ficamos assim lendo a noite toda, ele lia e nas primeiras páginas sempre falava “já acabou ?” para virar a página, nas outros vezes quando eu via que ele parava eu mesmo virava a página sem sua permissão. 

De vez em quando a aeromoça passava com o carrinho pegávamos algum aperitivo ou bebida mas, nenhum dos dois desgrudava o olhar do livro. 

Depois de horas daquele jeito o avião finalmente aterrizou.

 Vick: Finalmente - disse sonolenta - 

Ablon: Você precisa descansar, vamos. 

Ele estendeu a mão me ajudando a levantar e desembarcamos. 

Ablon pegou as malas e chamou um táxi, inicialmente não estava tão frio mas, Paris era imprevisível.

 Eu realmente queria muito passear e aproveitar mas, estava cansada e com fome então, faria isso depois.

 Chegamos em frente a um hotel luxuoso.

 Vick: Precisava mesmo disso ? - disse olhando para o hotel - 

Ablon: Estamos aqui a negócio, e uma das primeiras coisas que conta é a boa impressão referente a dinheiro, acredite.

 Vick: Sei bem como é. 

Ablon: Vem, vamos entrar. 

Ele falou algumas coisas em francês com o taxista e me puxou para dentro do hotel.

Vick: Fico louca por não saber o que estão falando. 

Ablon: Pelo menos alguma língua eu tenho que falar né – sorriu - 

Chegamos a recepção e ele começou a falar com a mulher, só entendi seu nome.

A mulher começou a checar o computador e tentou várias vezes negando com a cabeça.

 Claro que eu percebi que tinha algo errado. 

Vick: Algum problema ? - perguntei perto do seu ouvido - 

Ablon: Ela foi chamar o gerente.

 Ficamos esperando e logo um rapaz todo engomadinho apareceu, mexeu no computador mais algumas vezes e olhou para Ablon. 

Homem: Désolé Monsieur, mais il y avait une erreur système et notre hôtel est très populaire tout va occuper l`une de leurs chambres pour notre erreur, nous sommes désolés et nous vous remboursons votre argent.

 Vick: Tradução por favor. 

Ablon: Desculpe Senhor mas, houve um erro no sistema e por o nosso hotel ser muito procurado acabaram passando a ocupar um dos seus quartos, por erro nosso, sentimos muito e iremos devolver o seu dinheiro.

 Ele mal terminou de traduzir e continuou.

 Ablon: Je comprends, mais j`ai vraiment besoin d`une chambre, n`a pas le choix? - disse e olhou para mim – Entendo, mas, eu realmente preciso de um quarto, não tem nenhuma opção ?

Homem: Une salle unique Seigneur, c`est tout ce que nous avons à offrir.

 Assim que o homem terminou Ablon me olhou. 

Vick: Se você traduzir vou poder dar a minha opinião. 

Ele respirou. 

Ablon: Um quarto somente Senhor, só isso que temos a oferecer. - ele traduziu me olhando - 

Vick: Um quarto ? Mas... Esse é o Hotel Plaza não é ? - ele assentiu - Por isso - revirei os olhos -

 Ablon: Podemos procurar algum outro Vick, sem problemas. 

Vick: Estamos em Paris, tudo aqui praticamente tem que ser reservado com antecedência, são 10:00 hrs da manhã, depois de passar 13 hrs sem dormir e sem comer direito acha que quero procurar ? Não, vamos ficar com esse - me olhou surpreso -

 Ablon: Tem certeza ? 

Vick: Claro Ablon, não falaria se não tivesse, pega logo as chaves. 

Ablon: Je vais garder la chambre (vou ficar com o quarto). 

Pegou a chaves e subimos, eu realmente estava exausta e quer saber ? Já tinha divido a cama com ele duas vezes. Sem problemas. 

Cheguei no quarto e fiquei de boca aberta.. ( parte um e parte 2).

Vick: Meu Deus, não é atoa que é um dos melhores, olha só para esse quarto.

Ablon: É lindo mesmo, e de ótimo gosto.

Vick: Eu até olharia cada cantinho se tudo que eu precisasse agora não fosse um banho, se importa ? - me virei para ele - 

Ablon: Não. 

Assim que o carregador colocou as malas no quarto eu abri e comecei procurar o que vestir. 

Separei a roupa deixando em cima da cama. 

Um short de malha, uma regata e minha lingerie. 

Fui até o closet e lá estavam as toalhas, mais brancas que papel. Peguei duas e entrei no banheiro.

 Tomei um banho demorado para relaxar. 

Depois de 40 minutos eu sai enrolada na toalha, uma no corpo e uma no cabelo. 

Ablon estava sentado em uma cadeira lendo e me olhou. 

Ablon: Peço comida ? 

Vick: Agradeceria. 

Peguei a roupa e voltei pro banheiro, vesti e voltei para o quarto. 

Ablon: O que quer ? 

Vick: Coisas normais para um café da manhã por favor - ele sorriu -

 Pegou o telefone e fez o pedido. 

Ablon: Vou tomar um banho. 

Vick: Vai lá - disse me jogando na cama - 

Ele pegou a roupa, toalha e entrou no banheiro, logo ouvi o barulho do chuveiro.

Vick: Imagina esse homem tomando banho - disse a mim mesma - Não – balancei a cabeça – não, não imagino. 

Minutos depois ele saiu com o cabelo molhado, com uma bermuda e camiseta.

 Bateram na porta e ele foi atender. 

Ablon: Café da manhã da princesa - ele empurrava o carrinho com uma mão e a outra estava na toalha secando o cabelo -

 Sai do transe que estava enquanto o observava e sentei na cama. 

Peguei a bandeja e esperei ele se sentar para comer comigo.

 Ablon: Depois que comer, durma bem porque a noite temos um jantar. 

Vick: Jantar ? - quase engasguei - 

Ablon: Sim, de empresários.

 Vick: E você me avisa isso assim, agora ? Eu preciso de roupa Ablon. 

Ablon: Depois que você acordar te dou o dinheiro para comprar o que quiser, quero que esteja linda e não quero um não como resposta. 

Vick: É meu chefe né – bufei - 

Comi até não aguentar mais e depois deitei tentando dormir, tentando não pensar nele ali, tentando não pensar no jantar e no trabalho que eu teria, e em meio a tantos pensamentos, acabei dormindo.

Ablon narrando 

Esse mês que passou só serviu para me aproximar mais de Vick e sim eu tinha ciumes do Leonardo, não sei porque mas, não gostava que os dois ficassem juntos. 

Será que esta gostando dela General ? Não, não pode ser, não posso.

Agora ela esta deitada na cama, dormindo enquanto eu estou sentado tentando ler o livro, na verdade só estou checando se ela não acordará mesmo para pegar o “seu livro” ainda não havia tido tempo de lê-lo e bom, acho que a oportunidade era agora. 

Reparei que sua respiração estava profunda e eu fui até a mala pegando o livro. 

Olhei para ela mais uma vez, vestia um short e uma regata, estava linda, acho que ela fica linda com qualquer roupa e deve ficar muito melhor sem ela, neguei com a cabeça como se com o ato pudesse tirar aqueles pensamentos e voltei a me sentar. 

Assim que abri o livro senti a energia que emanava dele. 

Ablon: Espero sinceramente que ele não chame a atenção - disse baixo me referindo ao livro - 

Abri a primeira página que continham letras angelicais. 

Olhei mais uma vez para Vick e ela ainda dormia então comecei a ler.

 “ Hoje nasce mais uma estrela, mais uma menina dedicada a mim, seu parto foi meio complicado mas, ela tinha que nascer, e eu estava lá, esperando ouvir o choro dela pela primeira vez, seus olhinhos se encontraram ao meu quando a colocaram na encubadora, era como se ela estivesse descobrindo o mundo através dos meus olhos, tão pequena, tão frágil, tão meiga, essa era Victória. Depois de alguns minutos a enfermeira veio buscá-la, sua mãe a viu, e o amor que tinha por ela desde o primeiro minuto que soube de sua existência só aumentara. Vi quando mamou a primeira vez, quando reconheceu a voz de sua mãe, de seu pai, quando dormiu enquanto respirava o ar antes desconhecido, a vi chorar, sentir dor, se reconfortar nos braços da mãe e amar, desde pequena amar incondicionalmente”

 “ Hoje minha pequena estrela esta aprendendo a engatinhar, estava parado em um ponto qualquer cuidando dela e ela estava sentada perto da mãe, por um instante que ela me viu, fez um esforço para vir ao meu encontro, ela estava crescendo, sorri. Sua mãe gritou de alegria, tirou fotos, a encheu de beijos e a apertou contra o seu peito ”

“ Mama, foi a primeira palavra que ela disse, depois de sua mãe repetir repetidas vezes até que entrasse na mente da filha ”

“ Com um ano e meio Victória já fala e anda, sim a minha menina tinha uma força de vontade tão grande, que não queria esperar muito para crescer ”

 “ Hoje ela esta descobrindo o mundo aos olhos ruins, hoje foi a ultima vez que ela pode me ver, senti um aperto enorme por saber que aqueles lindos olhos não poderiam me enxergar, a partir de hoje era a escolha dela acreditar em mim ou não ”

  “ Seus pais nunca foram felizes, ela cresceu em meio a discussões e agora tem um irmão, um irmão que no começo ela rejeitou, por ciumes, mas, agora que esta amadurecendo o ama, o ama como ninguém ”

“ Ela estava na sala quando seus pais começaram a brigar de novo, minha pequena só tinha 8 anos, mas ela já sabia de tudo que acontecia, pegou seu irmão e se trancou com ele no quarto, sentou com ele na cama e contendo as lágrimas e começou a cantar para ele não ouvir tudo o que acontecia, até que ele dormisse ”

“ Todas as vezes enquanto foi crescendo, ela não chorava na frente de ninguém, seus pais viviam brigando mas, ela era forte pelo seu irmão, não queria que ele chorasse, ela sempre dizia que tudo ia ficar bem, e que eles nunca se separariam porque ela sempre cuidaria dele, essa noite Victória enfrentou seu pai, como se já fosse uma mulher, não deixou que ele ousasse tocar um dedo em sua mãe, antes eles não passavam de brigas mas agora, já estavam começando a partir para a violência, e quem sempre esteve no meio tentando controlar tudo, foi ela, quem cuidava e consolava sua mãe era ela, com apenas 10 anos, era ela que praticamente era a mulher da casa ”

 “ Quando ela se tranca no quarto erguendo o volume da musica no ultimo, sou eu que estou lá, consolando-a, impedindo que alguém entre no quarto, é aquele momento em que ela coloca tudo pra fora, sozinha, em seu quarto, ela chora durante horas, e eu tento transmitir paz a ela, tento acalmá-la, mesmo que ela não possa me sentir ”

“ Dor do amor, é a primeira vez que ela conhece tal sentimento, e para piorar, ela ama e odeio o garoto ao mesmo tempo, ela chora todas as noites por não querer sentir aquilo, pede a Deus para aliviar, toda vez que o vê por perto o quer longe e toda vez que esta longe dele o quer por perto, perto dele ela é apenas uma menininha que ele despreza, Vick se odeia por amá-lo, o primeiro amor da minha pequena já a faz sofrer ”

Parei quando vi ela se mexer na cama, era apenas um movimento voluntário então depois de olhá-la mais uma vez voltei a ler.

 “ Por conta do primeiro amor ela jurou a si mesma nunca mais amar, nunca mais sofrer por homem nenhum, nunca mais derramar uma lágrima, mas ela sabia que era difícil cumprir a essa promessa, todo mundo precisa de alguém.”

“ Victória amadurece a cada dia, e mesmo que seja orgulhosa, mesmo que seja teimosa, mesmo que seja forte, por dentro ela é apenas uma menina, uma menina que quer carinho, que deseja se reconfortam nos braços de alguém que te de segurança ”.

 “ A cada dia me surpreendo mais com ela, com a força que ela tem, esquece todos os seus problemas para cuidar dos amigos, ela pode sofrer o que for, que aos olhos de todos é a menina mais forte ”

“De azul e rosa, suas cores preferidas agora são roxo e preto, revolta de adolescente ? Talvez seja, mas ela continua tendo o mesmo coração, generosa, simpática, amiga, e também continua com o “lado ruim”, isso não faz com que a deixe de amá-la”.

“ Dos 10 aos 15 nunca mais a vi se apaixonar de verdade e isso me dói, dói ver a minha garota sem ter alguém para amar ”.

 “ Guilherme, ela estava aprendendo a amá-lo da sua maneira, mas estava, hoje com 17 anos ela perdeu um amigo muito importante, a vi chorar como nunca e ainda sofre por tê-lo deixado ir, por não ter dado a oportunidade a ambos, por se sentir culpada, com esse acontecimento ela perdeu muitos amigos, sua vida mudou, ela se sente mais sozinha, ela se revoltou e se afastou das pessoas, se afastou de Deus, mas nunca deixou de me chamar, mesmo sabendo que estava errada, mesmo dizendo que não me merecia ela pedia que eu estivesse ao lado dela curando a sua dor, e era lá que eu sempre estava, era ao seu lado, que sempre queria estar ”

 “ Nunca quis amar, nunca quis se entregar a nenhum homem, sempre manteve os seus ideais, acredita em Deus e na força de vontade de mudar o mundo, de ser alguém que faça a diferença, de mostrar a humanidade que a vida é mais que bens materiais ou que o ódio, o rancor, tem vontade de cuidar do planeta, mas também não deixa de ter vontade de ter alguém a altura ao seu lado, mesmo que ela não demonstre, sonhadora e racional essa é a minha Victória, a minha menina/mulher, a humana que me fez amar ”.

“ Hoje a deixo nas mãos de Ablon, foi a despedida mais difícil do mundo mas, a fiz, por amor, por querê-la segura, que ele cuida dela como se fosse sua, assim como eu cuidaria ”.

 Li cada linha daquele livro, conhecendo mais sobre Vick, a sua vida inteira estava ali, cada minuto do dia, era como se eu estivesse vendo um filme se passar em minha mente, do nascimento até os dias de hoje, estava tudo anotado ali, até mesmo quando ela não fazia nada, estava anotado lá.

Logo depois de cada página havia um comentário de Hazai (são as partes que eu postei, apenas os “comentários” de Hazai), só amou uma vez na vida, sempre manteve os seus ideias, força de vontade de mudar o mundo ?

 Ablon: Acho que temos mais em comum do que pensamos - disse enquanto a olhava -

As palavras de Hazai não saiam da minha cabeça “ que ele cuide dela como se fosse sua ” o que queria dizer com isso ?

Eu estava apenas prestando um favor, um favor que seria cobrado no dia certo. 

Fechei o livro, o guardei na mala e me aproximei dela. 

Sentei ao seu lado na cama admirando o seu semblante tranquilo. 

Ablon: Nenhum homem - passei a mão em seu rosto - Talvez eles não sejam dignos de tê-la. 

Deitei ao seu lado fazendo carinho em seu cabelo e a observando dormir, até que assim também peguei no sono.

Vick narrando

  Quando abri os olhos Ablon estava dormindo na minha frente com as mãos em meu cabelo, tirei sua mão com cuidado e levantei, olhei no relógio que marcava 18:00.

Que horas seria o jantar ? Me deu um ataque e eu pulei em cima dele. 

Vick: Ablon, acorda - disse o sacudindo - 

Ablon: Que foi Vick ? – abriu os olhos - 

Vick: Por que não me acordou, ou colocou o celular para despertar são 18:00 hrs, e eu nem arrumei nada, que horas é o jantar ? - disse tudo muito rápido - 

Ele segurou em meus ombros.

 Ablon: Calma, o jantar será 22:00 horas, e você tem tempo. 

Vick: Ai meu Deus, preciso me trocar.

 Ele balançou a cabeça negativamente enquanto se jogava na cama passando as mãos no rosto.

 Entrei no banheiro e tomei um banho rápido, sai, troquei de roupa me arrumei correndo enquanto Ablon também tomava banho. 

Apressei ele e ele se arrumou. 

Ablon: Fica calma – pegou as chaves do carro - 

Vick: Vamos – disse o puxando -

 Fomos ao shopping mais próximo e eu entrei em algumas lojas, não achava nada que gostava, enquanto Ablon me acompanhava. 

Ablon: Preciso olhar lojas masculinas – parou olhando para mim com as mãos no bolso - 

Vick: Tá, vai, eu continuo procurando. 

Ablon: Toma o meu cartão – mexeu na carteira -