Fanfic: O amor e um anjo ~
Eu morria de desejo, o arranhei delicadamente, mal podia respirar, estava zonza, deleitada no calor que invadia meu ventre.
Ablon se arqueou contra mim, apertando a minha cintura contra sua impressionante ereção em um movimento delicioso e sugestivo, gemi involuntariamente e ele me soltou.
Meu coração batia descompassadamente e ele ficou parado mais uma vez com o olhar frio e distante.
Ablon: Vou embora.
Vick: Ainda não terminamos o trabalho - disse ofegante -
Como eu queria voltar a me envolver naqueles braços, o desejo esta visível em nós mas, ele sempre se esquivava.
Ablon: Não embora para casa Vick, vou voltar para o Rio - me olhou-
Vick: Voltar ? - disse surpresa - mas... e a empresa ?
Ablon: Pretendo deixar em suas mãos se aceitar.
Vick: Não, eu não posso - me virei -
Ablon: Pode e deve - segurou meu pulso me virando novamente - Preciso que fique e cuide dela para mim.
Vick: Antes de mim já cuidavam, porque isso agora ?
Ablon: Porque agora estou nomeando você.
Vick: Eu não entendo de negócios.
Ablon: Para, entende mais que muita gente aqui, e se interessa pelo assunto, para você não é apenas trabalho, não vejo opção melhor, por favor ?
Vick: Porque vai ?
Ablon: Lá é a central e...
Vick: E ?
Ablon: Não há nada que me prenda aqui.
Tenho certeza que senti meu coração parar, e em vez das lágrimas que queriam se formar, meu rosto ardia de raiva, como não ? O que ele havia falado a pouco tempo mesmo “de agora em diante saiba que você é minha”, como ele pode dizer isso e depois...
Vick: Entendo - disse fria -
Ablon: Vai aceitar ?
Vick: Depois falamos sobre isso - disse seca peguei a minha bolsa e sai -
Entrei rapidamente no meu carro e voltei para casa.
Cheguei em casa tomei um banho, estourei pipoca e esperei Léo chegar. Assisti filme com ele a noite inteira, ele foi embora logo de manhã, mas mesmo assim não tirava o beijo de Ablon da cabeça, e com a cena vinham também as palavras “de agora em diante saiba que você é minha” e “Não há nada que me prenda aqui”...
Passei o domingo todo com a Lari, e na segunda de manhã estava mais uma vez indo trabalhar.
Vick: O que tem para hoje ? - disse parada em frente a sua mesa -
Ablon: Estou esperando a sua resposta - me olhou -
Vick: Sobre ?
Ablon: Minha proposta Vick.
Vick: E porque tenho que decidir assim, logo ?
Ablon: Porque estou indo hoje a noite.
Fiquei encarando seu olhar, que parecia mesmo decidido, eu não iria implorar, meu orgulho falava mais alto mas, eu não queria que ele fosse.
Vick: Eu...não sei.
Ablon: Tem até o final do dia - voltou a baixar a cabeça para ler alguns papéis -
Vick: Você e essa mania de fingir que nada aconteceu - sai pisando fundo e entrei na minha sala -
Ablon: Vick - abriu a porta e entrou -
Vick: Por favor Ablon, me deixa sozinha.
Ablon: Eu sinto muito – se aproximou -
Vick: Não sinta - me desviei - não sou seu brinquedo que pode usar na hora que der vontade e depois deixar em um canto ou descartar. E ah, eu fico como responsável da empresa – bati a porta e sai o deixando sozinho na minha sala -
Não falei mais nada com ele, e na hora que deu o horário de ir embora, eu fui o mais rápido possível, cheguei em casa e subi direto para o meu quarto, tomei um banho demorado e depois de sair, ficando lendo um livro qualquer tentando distrair a minha cabeça, quando resolvi descer, cheguei na sala e adivinha quem estava ali ?
Lari: Então, deixei comida no fogo vou lá ver - passou rápido por mim nos deixando a sós -
Vick: Algum problema na empresa ?
Ablon: Não, é que meu voo sai as 22:00.
Vick: Sério ? Então boa viagem.
Nem deixei ele falar nada e voltei para o meu quarto. Depois de um tempo Lari abriu a porta do meu quarto.
Lari: Porque fez aquilo ?
Vick: Aquilo o que ? - abaixei o livro -
Lari: Não se despediu dele Vick.
Vick: Não tinha porque despedir, simples.
Lari: Acho que foi muito rude.
Vick: Eu ? É porque você não sabe o que aconteceu.
Lari: Se não me contar, não vou saber - sentou na cama -
Vick: Só para não ficar me olhando torto ok ? - contei tudo para ela -
Lari: Talvez ele realmente tenha um motivo.
Vick: Ah Lari, para de ficar defendendo ele, ele tinha que ao menos me dizer o porque, ou inventar uma desculpa melhor, pra mim chega. Vou dormir agora tá ? Amanhã eu serei a responsável por aquela empresa o dia será longo.
Me despedi dela e depois logo dormi.
Em um passado distante
Ablon: Você tem comida e água para muito dias nesta mochila – disse entregando a moça a bolsa de couro revestida com peles, que ele mesmo fizera nos dias de reclusão na caverna -
O anjo e a feiticeira tinham parado um minuto, no decurso de uma trilha estreita que circulava a encosta de uma montanha altíssima.
A esquerda nascia um paredão, todo de rocha, que se plainava antes da base, formando uma senda, e a direita a vereda se abria numa vala profunda, entre duas pedras gigantes, e descia as profundezas do solo.
Grandes elevações eram comuns naquela região do deserto, e assim elas continuavam, por muitas milhas, até onde as colinas encontravam o planalto de dunas.
Shamira: Então essa é a despedia final ? - instigou a feiticeira charmosa -
Ficava ainda mais linda ao Sol da manha, quando os raios vermelhos coloriam-lhe a pele.
Estavam felizes, os dois, apesar da separação.
Haviam feito o certo, seguido seus valores e rejeitado o abismo das trevas.
Ablon: O mundo não é tão grande assim - ele brincou, também sedutor -
Shamira: Não demore muito. O tempo é implacável com os seres humanos. Logo estarei tão velha que meus olhos não reconhecerão seu rosto. É este o fardo dos homens.
Ablon: Eu sei. Apesar de minha origem celeste, hoje me considero humano – confessou e virou os olhos a moça - Foi você que me fez assim, Shamira. Você fez com que eu desvendasse minha própria humanidade, e me ajudou a entender o que é ser carne.
Ela sorriu, ruborizada, e desviu o olhar.
Então , o general tomou um ação inesperada.
Sacou da bainha a Vingadora Sagrada (espada dele) e contemplou a sua folha brilhante, como quem da adeus a um amigo.
Ablon: Não sou mais um celestial feiticeira, a despeito da minha força divina. O querubim que havia em mim morreu com a devastação de Babel. E é preciso saber onde um mundo acaba e outro começa.
E assim, Ablon girou a arma sobre a cabeça, cortando o ar em arcos redondos, e a arremessou pelo meio da vala.
A lamina desceu rolando o precipício e encontrou jazigo na fundura da terra.
A espada não vive sem o querubim, e o querubim não vive sem a espada.
Ablon: A Vingadora Sagrada era a única coisa que me remetia a meus antecedente primevos - explicou o general - Vou tentar viver como homem, Shamira. É assim que deve ser daqui para frente. Não quero me tornar um anjo amargurado e vingativo. Deve me libertar de todo o ódio que carrego.
A mulher o abraçou e ele a envolveu.
Shamira: Assim como eu, você vive a margem dos dois mundos, renegado. Esse é o nosso legado. É a nossa sentença.
Ficaram ali por um longo tempo, debaixo do sol ascendente.
Era o principio do outono, e a brisa trouxe de longe o cheiro salgado do mar.
Um falcão rasgou o firmamento, e no chão, ratos selvagens cavavam sua toca.
Ablon: Para onde pretende ir agora ? - quis saber o guerreiro -
Shamira: Ouvi dizer que há um sábio necromante que vive além do Sinai e conhece encantamentos capazes de driblar até mesmo a morte. Quem sabe ainda possamos nos encontrar mais algumas vezes ao longo da história.
Ablon: Quem sabe... - ele respondeu, e beijou-lhe a testa -
A mulher seguiu se caminho a passos largos e dobrou a falda do morro.
Antes que sumisse pela orla da rocha, Ablon a mirou a distancia e murmurou baixinho.
Ablon: Que Deus a acompanhe, Feiticeira de En-Dor.
Alguns meses depois, Shamira alcançou o Egito e conheceu o mestre Drakali-Toth, que foi seu grande professor na arte da mágica.
Ele a ensinou a roubar a energia dos espíritos maléficos e assim conservar a própria vitalidade por séculos infinitos.
Ablon narrando
Por mais que me doía ter que deixá-la era o certo a fazer, assim como eu fiz deixando Shamira ir no passado.
Eu achava que havia amado Shamira, e talvez tivesse, mas não era a mesma coisa com Vick, com Shamira eu conseguia ser controle, não fazia as coisas por impulso e não despertava meu desejo ferozmente como acontece com Vick.
Ela desperta em mim os sentimentos multiplicados, como se eu realmente fosse homem, e pudesse desejar.
Desejar desesperadamente.
Talvez seja porque agora sou mais humano que nunca, depois de tanto tempo.
A havia deixado magoada, mas que escolha eu tinha ?
Talvez fosse esse o melhor caminho para me esquecer, esquecer o quão estupido eu fui ao me deixar envolver, ao me deixar sentir.
Eu não podia e nem deveria amar aquela mulher.
Ela encontraria outro que a fizesse feliz, tenho certeza, já eu não sei se vou encontrar uma que a substitua um dia.
Cheguei no Rio e fui direto para o meu apartamento, queria ficar ali, isolado por alguns dias, adquirindo a consequência da minha decisão, longe, era isso, estávamos longe um do outro, e deveria ser assim para sempre, pelo menos de agora em diante.
Quarto céu, doze mil anos atrás.
As Guerras etéreas.
No principio, havia o Céu e a Terra, as duas grandes dimensões de um Universo bem jovem.
Há muito tempo, antes da queda de Lúcifer, o inferno não existia, só a Gehenna, o purgatório das almas, uma das sete camadas celestes destinadas a abrigar o espirito dos pecadores. Esse lugar não era muito diferente do Sheol, para onde o Arcanjo Sombrio e seus seguidores foram lançados após o fracasso na guerra. Na Gehenna a Estrela da Manhã governou, até que fosse expulsa pelo Arcanjo Miguel. Naqueles dias antigos, anteriores mesmo a conjuração, os anjos eram numerosos e fortes, e alguns por demais violentos. Antes do diluvio, a civilização humana na terra era dominada por duas nações rivais: Enoque, a Bela Gigante, e Atlântida, a Pérola do Mar. Mas, apesar da majestade das grandes potencias e de seus heróis inesquecíveis, sua influencia não chegava a todos os rincões do planeta.
Porções significativas continuavam independentes, e dezenas de milhares de tribos e clãs habitavam o mundo. Muitas aldeias não reconheciam a existência de um único Deus e veneravam sua próprias divindades locais. Essas divindades nada mais eram do que espíritos de grande heróis que, adorados após a morte, se tornaram entidades poderosas, crescendo com a energia das preces de seus dedicados fiéis.
A fim de permanecer em contato com seu séquito de adoradores, essas entidades preferiram não seguir para o paraíso, mas ficar na camada mais profunda do mundo espiritual, o chamado plano etéreo – daí se chamarem espíritos etéreos.
Com o tempo, os espíritos etéreos, personificados sob a forma de divindades tribais, foram ampliando sua influencia, a medida que seus cultistas se multiplicavam.
Esse poder paralelo na esfera mística ameaçava a autoridade dos celestiais, que assistiam, aos poucos, a decadência de seu domínio sobrenatural sobre os seres humanos.
Diante da situação, os arcanjos determinaram que os espíritos etéreos deveriam ser confrontados e destruídos.
Iniciaram-se então as Guerras Etéreas, uma série de campanhas militares conduzidas o plano etéreo, cujo objetivo era aniquilar toda e qualquer entidade deificada. As Guerras etéreas duraram cerca de dois mil anos, entre doze mil e dez mil anos antes de Cristo. Em algumas regiões, especialmente no Oriente, as legiões celestes foram destronadas, mas em outras partes saíram vitoriosas.
Ao fim das Guerras Etéreas, ao arcanjos retomaram a politica dos grandes massacres, enviando pelotões de anjos a terra para assassinar os seres humanos. A justificativa era muito simples. Segundo Miguel, que dizia falar em nome de Deus, Yahweh havia se envergonhado de sua criação, tão perversos haviam se tornado os homens.
A civilização humana não parava de guerrear – clã contra clã, tribo contra tribo, aldeia contra aldeia.
Pelo ódio natural que carregavam no coração, os mortais deveriam ser descartados. Muito anjos bons não concordavam com os morticínios, mas como questionar uma entidade que era a própria voz do Criador ? E além disso, os arcanjos eram insuperáveis em inteligencia e vigor.
Os poucos que enxergavam a verdade sabiam que Miguel tinha inveja e ciume da humanidade, por Deus ter dado a ela o mundo, a alma e o livre arbítrio. O Príncipe dos Anjos desejava em seu íntimo acabar com todos os homens, roubar-lhes a terra e assumir o trono do Deus adormecido, pelo menos até seu despertar.
Mas ele não era o único. O ambicioso Lúcifer tinha igual motivação, e foi então que se tornaram rivais. No entanto, a cada ano que passava, a medida que a civilização florescia, engrossava o tecido da realidade. Assim, tornava-se cada vez mais difícil para os celestes agirem na esfera material, e então Miguel, indomável, arquitetou o cataclismo que, segundo ele, liquidaria de vez os “bonecos de barro”. Para seu desagrado, o príncipe descobriria verdadeira resistência da espécie terrena.
No Quarto Céu, isolada no coração do oceano celeste, havia uma montanha delgada que se alargava no topo, imitando um cogumelo. Em seu cume ficava o Castelo Da Luz, o principal núcleo de atividade dos guerreiros alados no paraíso.
A fortaleza fora projetada para suportar mil legiões, prontas a defender o céu contra qualquer invasão. O líder do castelo era o amargo Balberith, o príncipe da casta dos querubins. Temido por todos os soldados, envergava uma armadura sagrada chamada Couraça da Honra, dada a ele pelo arcanjo Uziel, patrono da ordem dos combatentes.
Naquele dia, há doze mil anos, a aurora dava espetáculo, e o Sol nascente desenhava uma estrada tremulante no mar.
Ablon, o Primeiro General, aterrizou no pátio central e contraiu as asas. Só então regressava ao forte, depois de um longo período de recuperação. Gravemente ferido durante as Guerras Etéreas, o lutador quase perdera a visão ao afrontar o deus Rahab, chefe de uma horda de entidade etéreas. De fato, não estava totalmente curado, mas, um acontecimento terrível antecipara sua volta. Justo e bom como era, Ablon não tolerava participar das carnificinas ordenadas pelos arcanjos, mas, enquanto descansava, o comando de sua legião fora entregue ao maior de seus adversários – o abominável Apollyon, o anjo Destruidor.
Esse homicida nefasto liderara seus soldados em uma sangrenta incursão pela Haled, aniquilando um povoado inteiro. A operação fora chama de Chuva de sangue, em alusão a passagem atroz da legião. Indignado, porém contido, o general retornou sem demora, preocupado em retomar a liderança de suas divisões.
Mas, a despeito de sua querela com o Destruidor, outro evento marcante estava para mudar para sempre a politica angélica, e quanto a isso o lutador nada podia fazer. No Palácio Celestial, no Quinto Céu, os cinco arcanjos discutiam a proposta de Miguel de lançar um cataclismo a terra.
A decisão dos primogênitos seria anunciada em breve, e os dez generais deveriam estar reunidos - havia dez grandes generais querubins sob a tutela de Balberith. Ablon e Apollyon estavam entre eles.
Lúcifer a Estrela Da Manhã, mostrara-se contrário a hecatombe. O impasse foi resolvido, então, com o envio de três celestiais a Haled, cuja missão seria comprovar -ou refurtar - a perversidade dos homens. Se existisse ao menos uma pessoas justa na face da terra, ela seria poupada. Os escolhidos para a missão foram três anjos de castas distintas. Um deles era Balam, da casta dos hashmalins, ordem que defende a purificação da alma pelo sofrimento da carne.
O segundo enviado era Nathanael, da casta dos ofanins. Os ofanins são anjos da guarda, figuras de luz e sabedoria que amam os mortais e os ajudam no caminho da salvação. Por fim, o terceiro designado era Baturiel, o Honrado, capitão da ordem dos querubins, guerreiro cuja única atribuição seria arbitrar a disputa. Durante a incursão, Balam tentou corromper cada mortal que encontrou, usando de seus estratagemas para incitar a cobiça dos homens. Nathanael tentou anular suas artimanhas, mas o hashmalim era ardiloso e teria voltado ao céu com um relatório impecável, não fosse por um único homem que resistiu as provações. Noé. E era precisamente sobre o destino desse homem que os arcanjos agora deliberavam.
Ablon, por sua vez, já tinha em mente uma conjuração. Planejava reunir alguns celestiais que compartilhavam das mesmas ideias que ele e depois buscaria o apoio de um dos cinco gigantes – Lúcifer, o principal inimigo do poderoso Miguel. Mas, para isso, a humanidade teria que sobreviver a próxima destruição, e então os conjurados agiriam. Por ora, a situação estava nas mãos dos arcanjos. O Castelo da Luz era uma edificação grandiosa, lapidada em pedra clara, ouro e mármore e praticamente inacessível por terra ou mar.
Por ar, os virtuais inimigos teriam que, antes, vencer as numerosas patrulhas aladas que defendiam a fortaleza. Por todos os cantos do céu, anjos armados deslizavam ao vento, subiam, desciam, mergulhavam e rodopiavam, em uma dança bela e mortal. No pátio menor, uma área circular com cem metros de raio, os querubins praticavam técnicas de infantaria, manejando suas espadas contra oponentes invisíveis.
Outros moviam suas lanças, simulando o combate, enquanto um regimento de mulheres-anjo praticava tiro com seus arcos fantásticos. Ablon ajeitou sua armadura dourada, uma couraça peitoral coruscantes. As armaduras completas, com placas por todo o corpo, estavam reservadas aos príncipes de casta e aos insuperáveis arcanjos – Balberith, o líder da ordem dos anjos guerreiros, tinha uma couraça completa. Depois, o general apertou a fivela do cinto e desceu a mão a bainha, só para sentir o conforto de sua espada mística, a Vingadora Sagrada. Para os querubins, mestres da luta, a espada é uma parte do copro, um acessório indispensável a batalha. Eles nunca esquecem suas armas e se sentem incompletos sem elas. Nas alturas da fortaleza, a brisa gelada trazia o aroma da maresia. Com sentidos de caçador, o Primeiro General escutava as ondas a estourar na base da delgada montanha, novecentos metros abaixo.
Ouvia o espargir dos respingos e as gotas salgadas escorrendo na rocha. De repente, um movimento chamou sua atenção. No céu, avistou dois soldados em disputa feroz. Sem armas, eles trocavam socos e chutes, disparando as nuvens e em seguida descendo ao pátio. Os duelos eram comuns no castelo e incentivados como parte da natureza querubins. De acordo com o código da casta, qualquer guerreiro podia desafiar outro da mesma hierarquia para um combate particular.
No confronto, porém, as armas eram vetadas, e o uso de armadura, obrigatório. Assim, a peleja nunca seria letal. O duelo virava treinamento diário, motivando os adversários a aprimorar sua habilidades. Muitos desafios eram aceitos na hora, e frequentemente a fortaleza se convertia em arena aberta. Anjos em serviço não podiam lutar, apenas os celestiais em período de descanso. O costume de convocar alguém ao duelo consistia em desatar a fivela do cinto, deixando cair a espada.
Era o sinal que indicava que o rival estava desarmado e pronto para a disputa, os alados que portavam armas distintas - como lanças e arcos - simplesmente largavam o objeto no chão e aguardavam a resposta do oponente. Esquecendo a briga, Ablon escutou um andar regular, acompanhado do tilintar de metal. O capitão Dariel, lutador célebre pela rapidez e percepção, parou diante do superior.
Dariel: General, o príncipe Balberith solicita a presença de todos os líderes de legião no pátio central – anunciou, contraindo as asas em sinal de respeito -.
Ablon: Ele adiantou alguma coisa ?
Dariel: Baturiel retornou, senhor. Ele traz a decisão dos arcanjos.
O pátio principal do castelo era enorme. Vista de cima, a fortaleza desenhava um grande circulo central, orlado por quatro pátios menores. Entre eles, altas torres de guarda faziam a segurança, com os olhos voltados aos pontos mais distantes do oceano. A área do pátio somava trezentos metros de diâmetro.
A leste, na direção do Sol nascente, uma escadaria em meia-lua levava a sala de guerra, uma construção semelhante aos templos de teto abobadado, suportada por colunas brancas e cingida por estátuas de aço que copiavam a imagem dos cinco arcanjos. O grande largo era envolvido por um peristilo, uma galeria de pilastras em volta da praça, formando um corredor circular.
A oeste, duas fileiras de pinheiros adultos delimitavam o caminho até uma larga piscina de mármore, cuja fonte de água brotava do coração da montanha. Nas torres e nos muros, galhardetes e flâmulas exibiam os brasões das legiões, diversos em formas e cores.
Balberith o príncipe dos querubins, subiu a um parlatório no pátio e encarou os dez generais, ajoelhados diante dele. Não era um lutador muito forte, mas incrivelmente ágil, frio e audaz. Com a armadura completa, parecia um deus dourado, de longas asas esbranquiçadas. Os cabelos eram vermelhos, compridos e lisos, e desciam pelas costas como uma cachoeira de fogo. Ele enfrentou os oficiais como se fossem inimigos, arrogante que era. Gostava de imprimir medo em seus subalternos e, como todo militar, não admitia ser questionado. Quando entendeu que estavam ali os comandantes, prostrados e a suas ordens, anunciou:
Autor(a): Fraanh
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Balberith: Miguel, o Príncipe Do Anjos, decretou a destruição final da humanidade. Havia certa satisfação em sua voz. Era bajulador dos arcanjos e apoiava suas campanhas funestas. Ablon suspeitava que este era o motivo pelo qual ele colocara Apollyon para controlar a legião. Balberith: Mas a piedade dos ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 1
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fraanh Postado em 16/10/2014 - 20:18:52
Por mais que eu esteja postando a primeira temporada rapidamente só para continuar a segunda (já que tive que sair do orkut), eu devo, com toda a educação do mundo, dar as boas vindas as leitoras que não me acompanharam antes, então, sejam bem vinda meninas, espero que estejam gostando, comentem por favor, eu não mordo não *-*