Fanfic: O amor e um anjo ~
Balberith: Miguel, o Príncipe Do Anjos, decretou a destruição final da humanidade.
Havia certa satisfação em sua voz. Era bajulador dos arcanjos e apoiava suas campanhas funestas.
Ablon suspeitava que este era o motivo pelo qual ele colocara Apollyon para controlar a legião.
Balberith: Mas a piedade dos gigantes é copiosa, e eles julgaram por bem polpar um único mortal, que se mostrou virtuoso. Esse homem será preservado, e também sua família.
XXX: Então, há realmente pelo menos um humano justo e puro na faze da terra, meu príncipe ? - indagou Shenial, general conhecido pela cautela e inteligencia.
Balberith: É o que foi constatado.
XXX: E qual seria a participação da nossa casta nesse evento tão importante ? - interpelou o ousado Apollyon, ávido por tomar parte na hecatombe -
Balberith: Nenhuma - devolveu o príncipe, indiferente - O cataclismo será precedido de causas naturais. Os ishins farão todo o serviço. Um diluvio. A destruição virá por meio de uma grande inundação.
Apollyon: E quem comandará a mortandade ? - inquiriu o Anjo Destruidor, invocado -
Balberith: Amael, o Senhor dos Vulcões, soberano da Cidadela do Fogo.
Apollyon: Esse Amael é um fraco – gruiu - Até mesmo seu aprendiz Aziel, despreza sua autoridade. Os ishins são incapazes, um bando de incompetentes que nunca pegaram nas armas.
XXX: Lembre-se de quem você é - alertou Varna, mulher-anjo comandante da legião das arqueiras - Somos anjos, querubins e soldados. Nosso dever é obedecer as ordens supremas e cumpri-las.
Ablon: Não há lugar para nós nesta destruição - completou, contestando o Destruidor - Faremos como nos foi ordenado.
Aliviara-se por não ter que participar da matança. Mas, na certa, a preservação de Noé era um engodo para obscurecer uma decisão leviana. Os arcanjos nunca achariam que uma só família mortal resistiria a desolação após o diluvio.
Apollyon irritou-se ao ser contrariado por seu mais odiado rival. O sangue ferveu, e ele ensaiou uma réplica, mas Balberith o cortou.
Balberith: Está acertado. Instruam seus soldados e assegurem toda a proteção aos ishins nessa operação. Alguns de nós teremos de ir a Haled para escoltá-los - e dirigiu o olhar ao Destruidor - Você pode se apresentar como voluntário.
Somos querubins, guerreiros assassinos de Deus! - pensou Apollyon- Como dar o comando da missão aos ishins ? - revoltou-se, e sua raiva recaiu sobre o Primeiro General, que tão seriamente o questionara - Quem ele pensa que é ? Tornou-se herói a minha custa, superando a minha legião na Guerras Etéreas.
Quando Balberith terminou, os generais se dispersaram. Imediatamente, Ablon imaginou como poderia arquitetar uma resistência. O Castelo da Luz não era o melhor lugar para principiar uma conjuração, mas não havia tempo a perder. Nunca fora bom político, e teria que pensar muito se quisesse obter qualquer tipo de apoio.
Preferiu, então, procurar Baturiel.
Baturiel o honrado era um dos mais destacados capitães querubins. Seu principal rival era outro capitão, um guerreiro chamado Euzin, subordinado ao voraz Apollyon. Euzin consagrara-se na Guerras etéreas, depois de uma terrível batalha em que venceu vários espíritos. Desde então, sua espada mística ficou conhecida como Raio de Aço, uma homenagem a lâmina mortal. Mas, para alguns, a fama tem seu revés.
A celebridade o tornou orgulhoso, e Euzin virou um detestável celeste, invejoso e inseguro. Receava, mais do que tudo, perder o renome, por isso desafiava anjos mais fracos ao duelo, desviando de seus superiores e desprezando o códio da casta. Não cansava de humilhar seus soldados e cobiçava a posição de seus chefes.
Ablon e Baturiel se encontraram no passadiço esterno. De um lado, o precipício altíssimo terminava no oceanos; de outro, uma escada descia ao pátio leste, um dos quatro largos menores a volta da esplanada central. A despeito de sua natureza disciplinada, Baturiel não era simpático ao assassinato dos homens, Ablon conhecia bem seus lutadores e entendia a bondade do capitão. Mesmo assim, não incluíra seu nome entre os potenciais conjurados, porque era demasiado ordeiro, e o general temia que não fosse capaz de desafiar os arcanjos. Naquele momento, tudo que precisava era de um fio de esperança, uma centelha que lhe indicasse que os humanos poderiam resistir a catástrofe.
Ablon: A Haled... a terra dos homens - divagou o general, fitando o horizontes – Poucos anjos conhecem a dimensão material.
O lar dos celestiais era o paraíso, e muitos não gostavam de viajar ao mundo do físico.
Baturiel: Ela é para nós um lugar sufocante – acrescentou -
Trajava uma placa dourada, semelhante a couraça de Ablon e carregava lança e espada. Tinha os cabelos curtos e negros, e os olhos como duas esmeraldas fulgentes.
Baturiel: O tecido da realidade limita os nossos poderes, e a cada dia a terra se afasta do plano espiritual. Desde que o primeiro mortal se esclareceu, tomando consciência se dua individualidade, os celestes não mais detém sobre eles o mesmo domínio. A força dos homens é inigualável, general. Foi esse o grande aprendizado que obtive em minha missão. Frágeis enquanto criaturas palpáveis, são insuperáveis em vontade. Esse é o poder de sua alma imortal.
Ablon: Então me diga capitão... a humanidade resistirá ao holocausto ?
Baturiel silenciou por um curto instante e depois respondeu.
Baturiel: Os homens tem sentimentos que nós, anjos, desconhecemos. São sentimentos divinos, sublimes. Eles que geram a vida como Deus nos gerou, não abandonam sua cria e de tudo fazem para protegê-la. É o tipo de emoção que nunca entenderemos. Talvez o Altíssimo lhes tenha dado esse instinto, o da preservação da espécie, para que vivessem para sempre na superfície da terra.
Ablon: E qual a sua conclusão ?
Baturiel: Os arcanjos nada conhecem sobre a humanidade. Suspeito que tenham medo de descer a Haled e nunca voltar, fascinados por suas maravilhas. O instinto da multiplicação é incrível, eu diria que nem todas as águas do mundo poderiam apagá-lo – afirmou, e finalizou num sussurro: O diluvio resultará em fracasso. A inundação não apagará a existência mortal.
Ablon abriu um breve sorriso, mas o supriu em seguida. No intimo, o coração festejava.
Ablon: E será que a família escolhida resistirá ao cataclismo ? Serão capazes de reconstruir a civilização ?
Baturiel: Nem só eles sobreviverão. Muitos desprotegidos também vão escapar a matança. A resistência dos terrenos é admirável. Além disso, até Miguel tem seus inimigos, e agora me refiro a Lúcifer. Se os escolhidos morrerem, a unidade dos arcanjos será abalada. Não acho que o monarca se arriscaria a tal ponto. Uma briga entre Miguel e Lúcifer terminaria em uma guerra sangrenta, que poderia arrasar o paraíso.
Lúcifer – pensou o Primeiro General - O Filho do Alvorecer será o trunfo dos conjurados – planejou - Quem melhor do que ele para apoiar uma revolta contra o perverso Miguel ?
Na ocasião, Ablon não sabia que seria vítima de sua própria inocência política. Lúcifer também era perverso, porém mais inteligente e astucioso que seu irmão. Não assumia uma postura tirânica, mas carismática.
Muitos anjos (bons e cruéis) o adoravam, porque a Estrela do Amanhã era a voz da liberdade em um reino opressor, a força que se levantava pelo direito dos fracos. Suas pretensões, no entanto, eram medonhas.
O Legendário Duelo
Ablon ficou em silencio ao lado do capitão, imerso no distante sonho da conjuração. Apollyon, o Anjo Destruidor, se aproximava pelo passadiço, seguido por dois celestiais que adejavam em sua escolta. Apollyon era quase um gigante, vigoroso e possante- certamente o mais forte dos generais.
Uma couraça de metal prateada protegia-lhe o torso, e na cinta levava uma lamina afiada. Os olhos escuros fulminavam, brilhando de ira e maldade. Ablon manteve apertado o cabo da arma, mas conservou a espada na bainha.
Dificilmente seria atacado de surpresa, embora seu rival não obedecesse as regras da ordem. Os olhares inimigos de cruzaram, e as sentinelas pressentiram a tensão.
Apollyon: Relaxe a guarda guerreiro – disse o Destruidor, percebendo a prevenção do herói – Só vim devolver-lhe o comando de sua legião, oficialmente.
Ablon: Parece que conseguiu a vingança que procurava - retrucou, referindo-se a rixa pessoal entre eles – Estamos quites agora. Não quero mais continuar esta briga – propôs, tentando pôr termo a rivalidade -
Apollyon: Aquela vitória era minha! - protestou, relembrando as Guerras Etéreas – Nossa contenda só terminará com sua humilhação - determinou – ou com sua morte.
Ablon: Se assim prefere... Então é provável que nunca consiga sua desforra - desafiou o general, e isso enfureceu o brutamontes, que instantaneamente dirigiu o punho ao cinto -
Ablon imaginou que fosse sacar a espada e assumiu posição de batalha, mas o perverso deslizou e mão até a fivela e a desatou. Os outros querubins debandaram e voaram para longe dali, espalhando-se como pássaros em revoada.
Um duelo!
Ablon não tinha saída. Era lutar ou morrer. O cinto e a espada de Apollyon caíram, e o guerreio, compreendendo o desafio, abriu também sua fivela. Mas, antes que a Vingadora Sagrada tombasse, o Destruidor investiu como um touro e acertou um murro no rosto do general. Sua cabeça inclinou para trás, e o corpo angélico foi arremessado do passadiço ao pátio central.
Só parou quando as costas encontraram uma grande coluna e, rachando a pilastra, ele escorregou para o chão. Com o nariz imundo de sangue, o herói viu o adversário chegar voando ao largo.
Ablon: Pelo jeito, ainda não engoliu o fato de eu tê-lo superado na guerra – disse ainda aturdido – Mas é bom se acostumar. Logo terá uma coleção de fracassos.
Apollyon: Você é atrevido, guerreiro. Vou esmagar sua ousadia.
Os soldados, capitães, generais, surpreendidos pela escaramuça, correram para assistir ao confronto. Eis uma ocasião que seria por milênios lembrada: o combate entre os dois principais generais.
Ablon se levantou, apoiado em um dos pilares. A visão era turva. A face ensaguentada tornava a mirada obscura, mas ele distinguiu uma mancha vermelha crescendo em sua direção – era o rival que corria novamente ao ataque -
Abrindo as asas em posição de defensiva, o guerreiro usou os outros sentidos , menos feridos, para perceber o inimigo.
Apollyon vinha em carga, e o general decidiu que seu próximo movimento seria um contra-ataque.
Tolice bater de frente com ele, um monstro grande e poderoso. No instante em que os dois lutadores estavam para se chocar, Ablon se desviou. E em vez de deixar que o inimigo enfrentasse as colunas, simplesmente o agarrou pela gola da armadura e alçou voo. Surpreso, o homicida não reagiu , a media que era puxado para cima.
Quando, enfim, o Primeiro General alcançou a linha das muralhas, empurrou o oponente ao solo com tanta violência e rapidez que o grandalhão nem conseguiu abrir as asas. O Destruidor se espatifou contra o mármore, abrindo uma cratera no chão.
O impacto da armadura na pedra gerou som estridente e fez as torres da fortaleza tremerem. Os anjos vibraram. As flâmulas das legiões sacudiram ao vento.
Mas Apollyon não estava incapacitado, absolutamente, apesar da força do golpe. Ciente da resistência do inimigo, o general desceu voando para mais um assalto. Como águia, pretendia cair com as duas pernas sobre o brutamontes, pressionando o rosto do adversário contra o piso estilhaçado. O perverso, porém, pressentiu a investida e saltou aos céus com as asas abertas, para interceptar o lutador.
No ar, Ablon descia com a guarda afrouxada, e Apollyon girou de baixo para cima, acertando o guerreiro com um chute feroz. De novo, o herói foi jogado para longe, a oeste do pátio, onde duas fileiras de pinheiros desembocavam em uma piscina quadrada. O choque do corpo arrancou duas árvores, e o general continuou em trajetória, abrindo um caminho profundo no chão. Aquele era um duelo de grandes. Era melhor assistir a distancia.
Ferido, Ablon pulou da fissura, pronto para mais um embate. O sangue agora subia pela garganta, avisando que algum órgão interno tinha se rompido. Quem disse que as batalhas desarmadas não eram letais ? Sim, já houvera mortes em combates assim, mas eram raríssimas.
As armaduras geralmente absorviam a maior parte da potencia dos golpes. De longe Balberith observava a disputa. Nem mesmo ele, em toda sua vivencia de guerra, tinha assistido a tão magnífico duelo. Claro que já já tinha presenciado uma centena de escaramuças mortais, mas nunca entre dois generais. Com tanta pujança, o príncipe sabia que os oponentes poderiam até se matar e destruir o castelo.
De acordo com a norma da casta, só ele tinha autoridade para interromper o confronto. Mas, deveria pará-los ?
Apenas com um bom motivo, ou os competidores seriam desonrados. Afinal, o duelo era um direito que assistia a todos os querubins. E, mesmo assim, Balberith não poderia se arriscar a perder um de seus comandantes. Preferiu, então, esperar e acompanhar a evolução da batalha. Talvez o próximo golpe finalizasse a briga, ou liquidasse um deles.
No pátio, Ablon tomou posição, mas sentiu crescer a ardência por dentro. Um litro de sangue saiu pela boca, e ele se encurvou para cuspi-lo. Debilitado pelo enjoo, descuidou-se de seu inimigo, que pulou para esmagá-lo. Os pés do assassino atingiram-lhe o peito, e o grandalhão montou sobre ele.
Em seguida, veio uma sequencia de socos. A cada pancada, a cabeça do general afundava no chão, lanceando seu rosto. Ablon estava no limite de suas forças, machucado e com a aura já fraca. Teria apenas uma oportunidade de virar o combate, se acertasse um assalto preciso. Mas como ?
Os querubins conhecem uma técnica especial chamada Ira de Deus, com a qual concentram toda sua energia divina em um único golpe. Essa tática não era usada com frequência, por seu caráter potencialmente fatal. O primeiro General estava certo de que se lançasse a Ira de Deus sobre Apollyon poderia vencê-lo, mas a disputa se transformaria em uma peleja mortal. Reanimado por uma raiva suprema e estimulado pelo cheiro de sangue, o guerreiro acometeu.
A Ira De Deus!
Sim, esse combate seria para sempre lembrado.
O punho vermelho de Ablon reluziu em uma leve aura dourada e encontrou o estomago do homicida. Num instante, a armadura do brutamontes cedeu e se partiu ao meio. O Anjo Destruidor foi atirado para cima, como se atingido por uma explosão colossal. Foi lançado na direção das muralhas, traçando uma linha de sangue no ar e depois batendo contra as paredes no passadiço.
Interromper o duelo ? - pensou Balberith -
Uma dezena de estilhaços de rocha despencou para o mar, e alguns espectadores nos muros foram também acertados. Apollyon desabou, caindo paralelo ao rochedo. Sem a armadura, estava vulnerável não só ao perigo da queda, mas também aos ataques do general. Ablon voou a passarela e de lá viu seu inimigo desabando, desgovernado demais para desfradar as asas. Resolveu, então, que sua vitória seria total.
Era um querubim, um combatente honrado, e prosseguiria a luta em igualdade, mesmo que o Destruidor não desse importância ao código. Assim, desfez as amarras laterais da couraça e largou a placa de lado. Com o peito nu, derrotaria o adversário.Então, com sobrenatural velocidade, mergulhou na direção do oponente, que raspava nas pedras a cada segundo.
Dali eram pelo menos, novecentos metros até o sopé da delgada montanha, onde uma praia de pedras pontudas os aguardava. No cimo de uma torre dourada Balberith observa inquieto o duelo, a expressão preocupada encrespando-lhe o rosto.
Interromper o duelo ? - pensou novamente -
No passadiço, o capitão Baturiel também divisava a batalha, calado. Euzin, subordinado a Apollyon, visualizava igualmente, do outro extremo da fortaleza. Um deles seguramente perderia seu general. Perto do príncipe da casta, a volta da bastilha de ouro, Shenial, um dos dez generais, dirigiu-se a Varna, a comandante da legião das arqueiras.
Shenial: Agora eles estão sem armadura, a única coisa que assegurava que sairiam vivos deste combate. Sem ela, um deles vai morrer, com certeza.
Varna: Sim, mas qual deles ? - rebateu a mulher-anjo -
Interromper o duelo ? - ponderou Balberith, sinceramente -
Enquanto Apollyon desmoronava pela encosta, Ablon disparou, procurando a garganta do inimigo. Batendo as asas com toda a energia, agarrou o pescoço do Destruidor com as duas mãos, fortalecidas pela Ira de Deus. Despencando no meio do caminho entre o castelo e o mar, o guerreiro não sentia mais nada ao seu redor, obcecado por um único objetivo sangrento: matar o perverso. O mundo a sua volta era só um cenário sem vida. Tudo o que importava era aquela peleja, seu duelo final.
Engalfinhados, os dois competidores entraram em combate cerrado, enquanto rolavam pelo paredão. E assim, no meio da luta, Apollyon invocou sua própria Ira de deus, quebrando as costelas do herói com murros consecutivos. De súbito, então, os golpes pararam. O possante Apollyon, perceptivo, agarrou forte a goela do general com um só mão e com a outra puxou o braço do inimigo. O corpo de Ablon rodou e logo ele estava por baixo em plena caída.
Um segundo depois da manobra do assassino, as asas do guerreiro encontraram o chão de pedras afiadas, em uma sufocante batida. A pele, já arranhada, lascou-se em cortes profundos, e o sangue escorreu pelas penas. As últimas forças do general estavam a sumir novamente. Os lutadores estacaram, imóveis nas rochas.
Perto dali, a seção prateada da couraça do Destruidor jazia num buraco de erosão (a mesma placa que se quebrara ao receber o ataque enfurecido de Ablon)
Mais próximo ao aclive, logo atrás, uma pilha de escombros de mármore evidenciava a destruição da muralha. Apollyon mantinha os dedos apertados em volta da garganta do inimigo, imobilizando-o com o joelho no peito. Ambos estavam arrasados, feridos e fatigados. Mas cada um acreditava ainda na própria vitória.
Interromper o duelo! - decidiu Balberith -
Supostamente em perfeita vantagem, Apollyon não estrangulou sua vitima. Manteve o general preso e ergueu a mão direita para a investida final.
O coração!
O Destruidor visava o coração, a parte mais vulnerável da anatomia angélica. Perfurar o coração de um celestial é o mesmo que matá-lo na hora, e essa seria a próxima manobra do assassino. Para os alados, não há outra vida após a morte. Sua consciência se apaga, e a vibração pessoal regressa a fluência do cosmo. Talvez por isso os dois lutassem tão bravamente para preservar a existência. O brutamontes se preparou, concentrando a Ira de Deus.
Mas, Ablon não estava assim tão indefeso. Escondera na manga um segredo, uma estratégia de guerra. Fingia estar abatido, mas se esquivara do assalto no momento mais crucial, deixando que o atacante estourasse o punho nas pedras. Então, aplicaria a sua ofensiva fatal.
O herói viu os dedos do inimigo se enrijecerem em forma de garras. Mantinham olhos nos olhos. Um único deslize levaria um deles a morte. A vida estava segura por uma fronteira bem frágil. E assim, no auge do combate, uma voz ecoou por todos os oceanos.
Balberith: Parem agora! - ordenou, flutuando para baixo com as asas abertas -
Mas a fúria de Apollyon não amainara, e ele esticou a mão como uma lança, desprezando o comando do príncipe.
Na hora Balberith endureceu e sua fala soou como um trovão.
Balberith: Por acaso você tem a intenção de me desobedecer Apollyon ? - perguntou em tom assustador -
É claro que tenho - pensou o assassino - Mas, só pensou.
A paisagem retomou a cor, e a cólera diminuiu no semblante dos predadores. Balberith pairou a três metros da água, repreendendo os duelistas com uma expressão irritada. Centenas de anjos mergulharam para a base do alto rochedo, para assistir a conclusão da legendária disputa.
Mas eles não eram os únicos que queriam a continuidade da briga. Os dois rivais, mesmo já esfriados, desejavam terminar logo o embate.
Ablon: Meu príncipe, deixe que prossiga o confronto! - suplicou o Primeiro General -
Não queria desobedecer ao superior, mas era grande a vontade de exterminar o adversário e conservar a honra.
Balberith chegou ao lado dos dois celestes e os encarou. Não usava sandálias, como os outros, mas botas de couro maio. Sua presença era fascinante, e sua aura, admirável.
Balberith: Se insistirem neste combate, terei que matá-los - blefou, e fez gelar o sangue dos generais -
Ainda que poderosos, nem Ablon nem Apollyon eram páreo para o príncipe da ordem. O Destruidor se enfureceu com a decisão e teria atacado o soberano, mas preferiu guardar seu ódio. Felizmente para ele, Balberith era um combatente, mas não podia ler pensamentos. Se pudesse, Apollyon estaria arruinado.
Os oponentes se levantaram. Quando o ruivo foi embora, regressando a torre dourada, o brutamontes rosnou.
Apollyon: Ablon, da próxima vez não haverá nenhum príncipe para salvá-lo.
Ablon: Esperaremos ansiosos por esse dia - devolveu o lutador, dando de ombros e voejando ao Castelo da Luz -
O duelo estaca encerrado.
Autor(a): Fraanh
Este autor(a) escreve mais 2 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?
+ Fanfics do autor(a)Prévia do próximo capítulo
Vick narrando Uma semana sem Ablon e estava tudo “normal” ou quase. Algumas pessoas não me aceitavam direito no comando da empresa mas, era obrigação delas me obedecer então... Estava tudo indo bem, mesmo que no meu contrato eu teria que pedir e explicar a Ablon se quisesse demitir alguma pessoa mas, os funci ...
Capítulo Anterior | Próximo Capítulo
Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 1
Para comentar, você deve estar logado no site.
-
fraanh Postado em 16/10/2014 - 20:18:52
Por mais que eu esteja postando a primeira temporada rapidamente só para continuar a segunda (já que tive que sair do orkut), eu devo, com toda a educação do mundo, dar as boas vindas as leitoras que não me acompanharam antes, então, sejam bem vinda meninas, espero que estejam gostando, comentem por favor, eu não mordo não *-*