Fanfics Brasil - Capítulo 50 O amor e um anjo ~

Fanfic: O amor e um anjo ~


Capítulo: Capítulo 50

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 No Sheol, os demônios e seus duques estavam perigosamente agitados. Apesar de Lúcifer ter garantido que todos tomariam parte na guerra e de ter ordenado que os nobres infernais levassem suas hordas para o porto do Styx, ao soar da Quinta Trombeta, ninguém sabia ao certo o que aconteceria depois. 


 Samael, ficaria responsável por revelar, na última hora, a tática final da Estrela da Manhã.  A esse cronograma, a reação dos senhores escuros não foi nem um pouco suave. 


 Todos eles, sem exceção, odiavam Samael, a quem consideravam um bajulador incapaz.  E havia também a questão da enigmática ausência de Lúcifer, que aparentemente não participaria do combate direto. 


 Os exércitos diabólicos preocupavam-se, ainda, com a batalha propriamente dita.  Após reunirem-se as margens do Styx, para onde iriam ? 


 Todos sabem que as duas facções angélicas – a de Miguel e a de Gabriel - se enfrentariam no plano etéreo e lutariam pelo domínio da Fortaleza de Sion.  Mas como os demônios chegariam até o campo de peleja ? 


 O rio Styx é uma via espiritual, que atravessa dimensões, mas só os misteriosos barqueiros conhecem suas rotas, e suas embarcações são, em geral, pequenas demais para transportar batalhões.


 Além disso, quem poderia pagar o preço pela viagem das tropas, que é sempre cobrado em forma de energia vital ? Se até o poderoso Amael, ficara arrasado para satisfazer os exigentes condutores ?


 E se, mesmo assim, fossem superadas as complicações logísticas e as hordas conseguissem chegar ao etéreo, o que fariam sem seguida ? Esperariam que os dois lados se matassem ou se aliariam a um dos partidos celestiais ?  Tal perspectiva, para os duques, era abominável ! 


 Combater em concordância com qualquer uma das facções celestes seria um ultraje, já que eram inimigos ferrenhos de ambas.  Miguel expulsara os caídos do céu, e Gabriel fundamentava seu código nos ideias semeados pela Irmandade dos Renegados, cujo líder, Ablon, era um dos maiores oponentes do Arcanjo Sombrio. 


 Não obstante, os senhores escuros preferiram, por medo ou respeito, não contrariar seu amo.  Em seus reinos macabros, finalizavam os preparativos para o confronto, organizando e movimentando as forças satânicas, agora que já havia ecoado a Quarta Trombeta. 


 No vale dos Condenados, na caverna do Diabo, Lúcifer esfregava as mãos e aguardava a conclusão de seu plano. Auxiliado por seu lugar-tenente, Samael, ele vestia com aversão sua couraça dourada, uma armadura peitoral cujos contornos simulavam músculos bem definidos, apropriados a um corpo delgado.


 Na cinta, fixava a bainha de uma espada de fogo, uma arma comum aos arcanjos, mas proibida aos anjos normais. 


 Lúcifer: Não tão apertado nas costelas, Samael - orientou, enquanto o ser reptiliano amarrava as tiras de couro que fechavam a couraça -


 Samael: Mil perdões, meu altíssimo - suplicou, afrouxando as amarras -


 Lúcifer fez um movimento com as asas, desfraldando a tez de morcego que compunha seus membros aéreos, deixando-as livres, fora do colete metálico.


Lúcifer: Confesso que me sinto péssimo nesta armadura, mas estou pronto a empreender uma viagem solene. É uma boa ocasião para resgatar do baú este traje de gala. 


 Samael: Vossa Majestade está lindíssima ! - exaltou - 


 Lúcifer: Obrigado, Samael. Seus elogios engrandecem meu ego e animam meu espirito. 


 Sozinho, Lúcifer tomou sua espada de fogo e a retirou da bainha. Ergueu-a as vistas e ficou a observar o magnifico instrumento. 


Tentou simular algumas manobras, mas golpeava apático, sem muita pericia, então recolheu a lamina, desinteressado pela arte de esgrima. 


 Lúcifer: E quanto a esta espada... - comentou - nunca a usei realmente nem nunca a batizei, como fizeram meus irmãos. Esta lamina conserva-se intacta desde o dia da criação, quando meu Pai a forjou. Acha que eu deveria nomeá-la agora, na etapa final do universo ?


 Samael: Se assim decidir o meu amo adorado... - replicou - 


 Lúcifer: Vou chamá-la de Raio da Aurora, um tanto condizente com seu esgrimista, a Estrela da Manhã. O que acha, Samael ? Façamos com isso uma homenagem aos novos tempos, aos novos dias de glória que nascerão a conclusão da Batalha do Armagedon, ao alvorecer de um mundo de puro deleite e prazer. Um tributo ao retorno e ao principio do cosmo ! 


 Samael: Suas palavras são tão maravilhosas quanto sua aparência, ó filho do Alvorecer ! - consagrou o miserável adulador - 


 E a conversa seguiria morosa, não fosse a chegada de um terceiro personagem.  Surgiu das trevas o demônio Amael, figura estimada por Lúcifer, por sua lealdade e dedicação. 


 Em sua forma espiritual, o Senhor dos Vulcões tinha asas de fogo tão reluzentes quanto a lava profunda da terra.  Vestia uma armadura completa, um tanto sensacional e faustosa, embora carcomida pela ferrugem.  O metal avermelhado dava forma a uma couraça gótica, de extremidades afiadas e manoplas pesadas.


 No rosto moreno, muito parecido com os semblante dos humanos, lágrimas de fogo escorriam dos olhos e nunca paravam - uma marca permanente de sua vergonha, do remorso que ainda sentia por ter afogado Atlântida e Enoque -


 Amael ajoelhou-se na base do tablado do trono, sobre o qual o Arcanjo Sombrio terminava de ajustar a placa de ouro. 


 Lúcifer: Meu fiel Amael – felicitou-se - levante-se ! Você chega em momento oportuno. -  Ainda sem encarar diretamente seu amo, o zanathus ergueu-se em postura pomposa. -


Amael: Diga-me como posso ampará-lo, Estrela da Manhã. -  O arcanjo sombrio levantou-se do trono e desceu do tablado. -


 Lúcifer: Você conhece os barqueiros do Styx. Sabe como encontrá-los - não era uma pergunta -


 Amael: Sim, já os encontrei anteriormente, quando da ultima visita do Anjo Renegado ao Sheol.


 Lúcifer: Imagino então que tais entidades sejam confiáveis. 


 Amael: Perfeitamente, meu amo, contanto que sejam bem pagas. Para as viagens, exigem energia vital, o que me foi extremamente estafante. Só há pouco recuperei a exata condição de minha aura. 


 O Senhor do Sheol encarou seu servo, com a mesma malicia que o caracterizava no inferno. 


 Lúcifer: Como eu disse... Toda criação exige um sacrifício - declarou, e foi caminhando para os tuneis de saída da gruta. Amael o acompanhou - Mas não se aflija, meu amigo. Já demonstrou seu martírio. Tudo de que preciso é que me conduza a essas criaturas do rio.


 Amael: Vamos lutar contra as legiões celestes, meu amo ? - indagou, tentando não parecer curioso - 


 Lúcifer: Deixarei para divulgar minha decisão na ultima hora. De fato, muita coisa está prestes a mudar com o Armagedon. Quando isso acontecer, aqueles que estiverem ao meu lado serão privilegiados. 


 Amael: Entendo, meu mestre. 


 Juntos, os dois infernais ultrapassaram o umbral da caverna e tomaram o caminho de ossos que terminava no porto de crânios, as margens do Styx.


 Lúcifer: Eu sou o Portador da Luz, o Filho do Alvorecer, a Estrela da Manhã. Sou o Eterno, o herdeiro do Criador. Sou o brilho do sol e o fulgor infinito -declamou- Sou o mais puro, o mais belo, o mais reto. Mas hei de subir ainda mais e consagrar meu nome. 


 Quieto, o Senhor dos Vulcões temeu pela sanidade de seu amo e pensou que talvez ele não estivesse gozando de perfeito juízo, possivelmente pela carga de responsabilidade que pesava em seus ombros, em um momento tão critico quanto aquele.  


Mas Amael estava errado.  Lúcifer não enlouquecera.  Na verdade, esse era seu estado normal.


 Já era quase noite quando Sieme desceu o monte Sion e regressou a Cidade Velha....  Desanimada, imaginou por um instante ter fracassado. 


 Possivelmente, o inimigo que procurava já tinha partido e, se isso fosse verdade, de nada teria adiantado permanecer em Jerusalém, enquanto seus companheiros seguiam viagem. Ficou por um longo tempo observando a paisagem, escutando a corrente de preces que escapava dos santuários. 


 Assim correu boa parte da noite, e aquele foi um período de paz.  Um breve período de paz... 


 A meia-noite, Sieme foi testemunha de um acontecimento assombroso.  No plano astral, uma sombra negra elevou-se na ala norte das muralhas, encobrindo o astro noturno. 


 Do obscurecimento emanavam as vibrações misticas de uma aura maléfica, corrompida e possante.  A aparição, basicamente espiritual, não podia ser vista pelos vivos, mas incitou panico nos fantasmas.


 As almas perdidas, dominadas pelo pavor instintivo, fugiram como estocadas por brasa, comprimindo-se contra os muros o centro antigo.  Até mesmo a Serafim, tão confiante e disciplinada, sentiu o coração disparar. Ainda sim, não recuou. 


 Agora tinha certeza, mais do que nunca, de que aquela entidade seria sua oponente e de que deveria enfrentá-la, em nome de seus amigos e em honra de sua causa. 


 Apurando o olhar, identificou a fonte do mal.  Uma criatura de corpo humano e rosto disforme corria pelo céu como um búfalo em assalto, apressando-se em espetacular ofensiva. 


 Se tinha asas, as escondia, mas a ausência de gravidade no plano astral permitia que caminhasse no ar.  O adversário era rápido e bruto, e a face apresentava uma boca enorme, apinhada de presas pontudas.  Os olhos eram grandes e negros, e uma cicatriz obliqua cortava o rosto deformado.


 Sieme não tinha mais duvida de que era um demônio e, a julgar pela potencia de sua aura, talvez fosse confrade de Lúcifer, integrando o time dos anjos caídos. 


 Apesar de seu desespero, a serafim preparava-se para a luta.  Lembrou-se, com certo alivio, de que estava na Haled, e o inimigo, no plano espiritual. 


 O tecido da realidade, ainda que frágil, limitaria o duelo, porque o agressor não poderia atacá-la enquanto não trespassasse a membrana e se materializasse.  O processo de materialização nunca é imediato, demandando um minimo de energia e concentração. 


 Assim, seu oponente, por mais impetuoso que fosse, não a golpearia de primeira, apesar de sua sede de sangue. 


 Sieme afastou-se da base da mureta e encarou a vil criatura, que chegava em velocidade titânica. Arrostou de perto seu olhar abissal, quando a figura escorregou pela cúpula, preparando o punho para um soco infalível.


 Foi ai que teve inicio o horror.  Subitamente, o tecido rasgou-se como placenta materna, e o monstro eclodiu do astral.


 O rosto horrendo transmutou-se em uma arranca humana, e seu copo espiritual foi revestido de carne. 


 Saltando ferozmente sobre Sieme, o recém-formado avatar atingiu-a com um soco no peito, e a indefesa mulher-anjo foi arremessada contra o apoio da segunda cúpula, danificando parte da parede de rocha e despedaçando os vitrais de uma janela em arco. 


 Estendida no pátio, a celestial verteu fluidos de sangue, que subiam aos litros pelos pulmões. Mas o que era aquilo ? 


 Um demônio atravessando o tecido sem ao menos desprender de sua essência ? 


 Como teria rompido a membrana assim, tão fácil e rápido ? O que lhe dava a incrível habilidade de ir e voltar entre mundos ?  Que tipo de poder era aquele ? 


 Quando, debilitada, Sieme ergueu a cabeça e viu a face do assassino, notou que, em sua carcaça física, ele guardava os antigos traços angélicos, porque os anjos, normalmente, são parecidos com homens. 


 Dotada de memória invejável, ela mentalizou a imagem de um passado longínquo e recordou-se de um belicoso oficial querubim, que havia se unido a Lúcifer em sua revolução. 


 Sieme: Apollyon... - decifrou, com os lábios vermelhos de sangue - O Anjo Destruidor - ajoelhou-se, tentando se levantar - Era você que nos perseguia no souk. 


 Apollyon: Sou Apollyon, o Exterminador - corrigiu, apresentando-se com a alcunha que recebera no inferno - E você, suponho, é Sieme, a quem chamam Mestre da Mente – desdenhou - Que tipo de truques sabe fazer, garota-anjo ? 


 Sieme: O tipo certo para arruinar malfeitores - respondeu, precisa - 


 Indiferente a ameaça, o malakis avançou e a agarrou pelos cabelos.  Enfraquecida e desnorteada pela pancada no tórax, a celestial não teve forças para se libertar.  Então, ele a arrastou até o parapeito e a ergueu do chão, de frente para a paisagem anoitecida da Cidade Velha. 


 Apollyon: Veja esta terra amaldiçoada, serafim – começou – Ela é o exemplo da vergonha dos homens. Observe o coração dessas almas perdidas e saberá quantas vezes esta cidade foi regada com sangue. Vocês, que adoram animais e defendem a integridade desses porcos de barro, deveriam entender o que eles fizeram ao mundo.


 Sieme: Suas opiniões são incoerentes com a oratória de Lúcifer - gemeu, paralisada pela dor que esticava os cabelo - 


 Apollyon: Respeito somente minha própria coerência -rosnou o caído guerreiro, e com um movimento de braço a jogou novamente contra a cúpula média-


 A estrutura de pedra rachou, abrindo um grande buraco na armação da alvenaria.  Pelo menos cinco grandes blocos de rocha despencaram na rotunda, levando alarme as pessoas que, lá embaixo, rezavam ao redor de um recipiente de pedra, em uma câmara considerada pelos antigos o centro do mundo. 


 Com dificuldade, Sieme segurou-se na borda do domo e rolou novamente para o terraço, evitando uma queda de mais de dez metros. Ao ver a mulher pendendo do teto, os fiéis, no interior do santuário, se espalharam, e alguns deixaram o templo para avisar os soldados.


 Ao impacto, o braço da serafim se deslocou, e um corte longo foi aberto na testa. Ao ver que Apollyon preparava uma nova acometida, a Mestre da Mente valeu-se da única arma que possuía: suas divindades psíquicas.


 Enquanto o assassino se preparava.  Sieme foi mais rápida e fez jus a seu titulo.  Apontou a mão na direção do agressor, e uma rajada invisível invadiu-lhe a mente. 


 O Choque Mental, uma técnica conhecida pelos serafins, rastreava as fraquezas da vitima, selecionava suas piores lembranças e as trazia à tona como uma única torrente de sensações dolorosas.  A consciência quase nunca aguentava o impacto, e a mente apagava.


 Os fortes de vontade se recuperavam horas ou dias depois, mas os fracos morriam ou eram lançados indefinidamente ao abismo da loucura. 


 Tocado pelo baque mental, o poderoso Apollyon desmoronou, e seus olhos fecharam.  Não estava morto, mas um simples desmaio era o suficiente para que a mulher-anjo lhe arrancasse o coração e desse fim a sua carreira homicida. 


 Com o braço quebrado e a testa sangrando, Sieme pôs-se de pé, abençoando suas valiosas perícias. 


 Graças a um esforço tremendo, tinha derrotado o Exterminador e cumprido sua preciosa missão.  Em breve, poderia voltar a companhia de seus amigos. 


 Agachou-se ao lado do avatar estirado, enrijeceu os músculos do braço saudável e abriu a mão que penetraria a carcaça. Mas, quando atacou com o punho para trespassar-lhe a carne, o insidioso demônio virou-se de frente e bloqueou o golpe. 


 Estava acordado o tempo todo, mas, por algum motivo, preferiu enganá-la.  Assustada, a serafim tentou se afastar, mas Apollyon saltou como um tigre e apertou-lhe o pescoço, sufocando-a com os dedos gigantes.


 Apollyon: É agradável a ilusão da vitória, não é ? - rosnou o sádico assassino - É essa ilusão que os estimula, a esse novos rebeldes, que veneram um general derrotado. É o que os faz combater. É o caminho para a morte, para o vazio do cosmo. 


 Sieme: Mas como é possível ? - gemeu - Ninguém jamais resistiu ao meu Choque Mental. 


 O criminoso deixou escapar um sorriso perverso.


 Apollyon: Sua técnica baseia-se no embate de emoções conflitantes: valentia e medo, segurança e fraqueza, amor e ódio, bem e mal. Eu, que já matei homens, anjos e deuses, não conheço a bondade, a justiça, a amizade nem os sentimentos pacíficos. Tudo o que há dentro de mim é fúria, maldade e sede de morte. Portanto, meu espirito não pode ser afetado, não pode ser destruído por seus artifícios psíquicos. Eu sou a personificação do que há de mais terrível e atroz neste mundo. Sou o mal verdadeiro, o injusto e o cruel. Nunca fui derrotado e nunca o serei.


O Exterminador pressionou os dedos, até que Sieme não pode mais respirar.  Acometida pela tontura, ela quase desfaleceu, mas uma distração prolongou sua vida.


 Um estalo de tiro no telhado, seguido por uma rajada de balas.  Só então, o malakis percebeu que cinco policiais, armados com metralhadoras compactas, tinham subido ao terraço por uma escada lateral e estavam a alvejá-lo. 


 Os guardas haviam sido chamados havia dois minutos pelos cristãos que presenciaram o desabamento de parte do domo. 


 Irritado com a interrupção, Apollyon largou Sieme, liberando-a de sua pegada. 


 Apollyon: Mas o que são esses insetos ? - enojou-se, no centro da linha de fogo - 


 Os disparos simplesmente não o feriam, tão forte era seu poder e vigor.  Suas imunidades encontravam estreita semelhança com as de Ablon, que não podia ser machucado por uma arma mundana qualquer.


 Enquanto os projéteis furavam-lhe a roupa, Apollyon concentrou-se nos homens.  Além de exímio combatente, contava com capacidades ocultas, entre elas uma aptidão inata para a destruição.


 Para quem devastara Sodoma com uma nuvem de fogo, aqueles atacantes não passavam de mosquitos, prontos para ser esmagados.


 Ao seu comando mental, uma fincada cardíaca paralisou os soldados, que soltaram os rifles e engasgaram com sangue.  Gritando de dor, os inermes vigias sentiram uma pontada perfurar-lhes o peito, enquanto o corpo todo formigava e as pernas tremiam.  O coração, já inchado de sangue, finalmente estourou, rasgando o pulmão e espalhando dejetos aquosos por todo o alpendre. Uma mancha vermelha, misturada aos trapos de roupa, foi o que restou dos seguranças armados. 


 Apollyon voltou-se a sua vitima central.  Com brutalidade terrível, pisoteou o rosto de Sieme, até que o cranio fosse amassado.  Mas, em vez de matá-la, preferiu prolongar a tortura. 


 Com a força de dez touros selvagens, o malakis levantou um volumoso fragmento de rocha e o largou sobre a Mestre da Mente, imobilizando-a. 


 Apollyon: Eu já volto, garota. Você não vai sair dai, vai ? -zombou, certificando-se de que o bloco era suficientemente pesado para que ninguém o movesse -


 Ao mesmo tempo em que as sirenes de bombeiro acordavam os moradores incautos, o agente das trevas escalou o domo maior da Igreja do Santo Sepulcro. No cimo, pendia uma bela cruz prateada, larga como uma espada e de extremidades pontiagudas.


 Era o simbolo máximo da fé cristã, o ícone que caracterizava o eterno túmulo do Salvador.  Levando a mão ao sagrado objeto, o demônio o arrancou de sua base e o carregou como arma de volta ao ponto onde jazia Sieme.


Afastando o bloco de pedra, o duque novamente a tomou pelos cabelos e a estocou com a ponta da cruz.  A haste de prata, coberta de sangue, atravessou a barriga, despedaçou a coluna e despontou nas costas, perfurando os pulmões. 


 Apollyon: Morra agora, Sieme ! E antecipe o destino de seus companheiros. 


 Antes de perecer, toda sua vida regrediu em cenas corridas, e ela reviu suas lembranças, seus ideias.  Relembrou-se da guerra, das duas facções celestes e da posição de Lúcifer, que nunca manifestara interesse em participar da batalha.


 Sieme: Por que nos persegue, Exterminador ? Esta guerra não é sua nem de seu senhor diabólico. 


 Com expressão odiosa, Apollyon respondeu. 


 Apollyon: Você é inocente, serafim. Não tem nem a menor ideia do que está se passando. 


 E, com isso, executou o golpe final.  Afundou a mão no peito já ferido da Mestre da Mente, destruindo seu coração.  Depois, jogou longe o avatar destroçado. 


 Apollyon: Você é o próximo renegado - disse baixinho, para não esquecer seu alvo primário - 


 No exato momento em que a vida de Sieme se extinguiu, Ablon, já distante no deserto, apertou os freios do carro e respirou profundamente a parada de automóvel.


 Ablon: Sieme está morta - afirmou, categórico - 


 Aziel: Eu também senti - retrucou, sensivelmente abalado - A energia de sua aura apagou-se. 


 Esticando a cabeça através da janela, o Anjo Renegado fitou as estrelas. 


 Ablon: Já passa da meia-noite, e estamos bem avançados em nosso percurso - afirmou, para logo retomar a jornada - 


 De inicio, Aziel não aprovou a austeridade do general, que repentinamente mudara de assunto, parecendo esquecer os feitos e a valentia da honorável Mestre da Mente.  Minutos depois, contudo, entendeu a coerência do comentário. 


 Com suas breves palavras, o Primeiro General havia somente explicitado o óbvio.  Ao atrasar o caçador, Sieme deixara livre o caminho para que seus amigos alcançassem o portal. Sua missão estava cumprida.


Finalmente, na cabine da picape, os celestiais avistaram um holofote a margem da estrada, em um ponto fixo ainda distante.  Ao comando do operador, o deixe de luz dançava na pista, a procura dos veículos que chegavam pela rodovia.


 Aziel: Será um bloqueio ? - perguntou, tentando enxergar na penumbra noturna -


 Ablon: É um posto de controle, improvisado pelos soldados do exército -explicou, identificando os elementos no escuro- Há um pelotão militar, com pelo menso cinquenta homens. Alguns estão acampados, outros conduzem jipes e tanques -descreveu reduzindo a velocidade do carro- Montaram um projetor no alto de uma armação de metal e estão vasculhando o asfalto. 


 O carro ainda se encontrava fora do alcance da luz. 


 Aziel: Acha que devemos contornar pela planície e evitar a patrulha ? 


 Ablon: Seria o melhor a fazer, mas perderíamos muito tempo. Além disso, provavelmente notariam nossa passagem pelo barulho do motor e nos descobririam com seus holofotes.


 Aziel: É uma pena não termos Sieme conosco - lamentou, ainda magoado pela perda da amiga - 


 Ablon: É verdade. Ela enganaria rapidamente os guardas. Mas também não vejo por que eles impediriam nosso acesso. Não levamos armas de fogo ou explosivos e estamos saindo de Israel, não entrando -pelo caminho que tomavam, brevemente estariam no Egito- Em ultimo caso, você pode se desmaterializar e passar ao astral, enquanto eu tento convencê-los de que não sou ofensivo. Até porque eu tenho passaporte. 


 Aziel assentiu, confortado com o otimismo do líder. Lentamente, o Anjo Renegado acelerou o veiculo e dirigiu rumo ao bloqueio. Sem perceber, ele entrava em uma área de especial importância, que guardava inimagináveis perigos.


Ablon passou a segunda marcha quando o feixe de luz bombardeou a cabine. Ele e Aziel viram que um jipe bloqueava um dos lados da estrada, reduzindo a pista a metade e inibindo, assim, fugas ousadas. 


Aziel: Há algo de estranho com esses soldados – sussurrou - Não parecem humanos. 


Ablon: Não parecem, mas são - os militares, definitivamente, eram homens comuns. Se fossem anjos ou demônios disfarçados, os dois celestes já teriam sentido as emanações de sua aura pulsante -


 Ablon parou o automóvel a dez metros do cerco. Cinco recrutas, imóveis, os ameaçavam sob a mira de rifles. Um deles fez sinal para que o motorista deixasse a cabine, balançando o cano da arma. 


Ablon: Fique aqui - ordenou ao ishim - Esteja pronto, mas aconteça o que acontecer, não os machuque. Tenho a impressão de que esses mortais são mais vitimas do que agressores. 


E ainda sem saber ao certo o risco que corria, o general apresentou-se diante dos atiradores, que o aguardavam com o dedo no gatilho. Todos os militares - nas torres, nas tendas e nos blindados - encaravam o querubim com especial cinismo e perversidade, e foi aí que o lutador entendeu que haviam sido alvo de alguma transformação – não corpórea, mas psíquica. 


Decididamente, não gozavam de perfeito juízo. Um silencio tumular tomou o deserto, até que o Anjo Renegado falou. 


Ablon: Quem são vocês ? -perguntou, convencido de que as intenções dos vigilantes não eram nada amistosas. A alma deles tremulava no corpo, fenômeno estranho aos entes viventes -


XXX: Devia nos conhecer - respondeu um dos peões na linha de frente. A voz monstruosa, como dragada de alguma dimensão irreal – É um anjo, e nossa relação com os alados não foi e nunca será esquecida. 


 Com isso, os oficiais dispararam, sem esperar uma réplica do alvo.  Sonoras rajadas criaram pontos de fogo e levantaram fumaça na pista. Ouviu-se o som dos projéteis se chocando contra o solo duríssimo e, mais atrás, contra o radiador da picape. 


 Enquanto isso, no observatório, um atirador alvejou Aziel, mas ele, já concentrado, desmaterializou-se no instante preciso, e a bala perfurou o vidro do carro, para alojar-se na parte posterior no assento.  Seu avatar dissipou-se em tons azulados, e ele mergulhou para dentro do tecido.  No plano astral, o ishim expandiu as asas e flutuou, atravessando a capota do carro como se ela não existisse. 


 No asfalto , quando a fumaça baixou, os agressores não encontraram resquícios de Ablon.  Esperavam vê-lo desmoronado no chão, perfurado pelos pedaços de chumbo.  Entreolharam-se intrigados, e vasculharam os arredores, a procura do inimigo. 


 Escutaram, então, um barulho que vinha de céu.  Surpresos, avistaram o general, que caia em ataque, após um salto que eles nem sequer enxergaram.  Antes que fosse atingido, o querubim pulara bem alto, acima do alcance do projetor, e mesclara-se a noite. 


 Agora, regressava como um raio em tempestade.  Com a leveza dos mais destros felinos, Ablon aterrissou nas contas de um atacante e o agarrou pela cintura.  Correu para frente, com a velocidade espantosa, carregando o guarda nos ombros e levando-o para longe de seus companheiros.


 Teve o cuidado de não feri-lo, pois não sabia exatamente quem era e que motivação perseguia.  Ao se darem conta do rapto, os militares novamente esquentaram suas armas. 


 Dessa vez, não só os cinco peões dispararam, mas outros também pegaram suas pistolas e espingardas de guerra. Sob o arrojo de centenas de tiros, que não acertavam seu corpo, o general pulou sobre a boleia da caminhonete e depois desceu a carroceria, procurando abrigo atrás da cabine.


 Era tão célebre que os agressores quase não conseguiam mirá-lo, ainda mais na escuridão do deserto.  Uma vez no cargueiro, o anjo largou o refém contra o piso de ferro. 


 Mas os tiros não paravam e estavam destruindo o vidro e o motor da picape.  Os espessos canhões dos tanques de combate começavam a rodar, e os recrutas preparavam as granadas.


 Na torre, um sujeito enfiava a cápsula explosiva em um lança-misseis. Ablon precisava de tempo, então teve a ideia. 


 Trouxe junto de si um dos tonéis de combustível, cheios até a boca, que transportava para a reabastecer sua viagem.Rasgou um pedaço de pano e o enfiou por um buraco na tampa, simulando um coquetel molotov. 


 Depois, com dois fragmentos de metal, produziu faísca, acendeu o estopim e arremessou o barril no meio da pista, entre a picape e a área cercada.  O recipiente despedaçou-se ao encontrar o asfalto, e seu impacto teve efeito de bomba, levantando uma nuvem preta de calor e fumaça e criando um momento de caos. 


 Ameaçados pelo fogo, os oficiais recuaram, mas os condutores dos blindados já estavam para avançar.  Aproveitando a distração, o renegado interrogou o refém. 


 Ablon: O que vocês querem ? Por que nos atacam sem motivo aparente ? - repetiu, pressionando o soldado contra o assoalho da viatura -


 XXX: Com seus poderes celestes pode até me agredir, assassino de Deus, mas tudo o que conseguirá será ferir este corpo – articulou, com aquele timbre gutural - Ainda que me esfole com sua espada mistica, ou que amasse meus ossos com sua força inumana, só conseguirá danificar a carcaça. Este invólucro físico não me pertence, ele é apenas um transporte. 


 Mas a determinação do prisioneiro murcharia em segundos.  No plano astral, surgiu o inestimável Aziel, que acabara de se desmaterializar na cabine. Planando como uma sombra branca, ele voou sobre o automóvel, desfraldando as asas em majestosa pose e intimidando a entidade que habitava o invólucro. 


 Descendo como águia em rapina, segurou o espirito que habitava aquele corpo e o arrancou para fora om um empuxo sinistro.


 Desprendeu-se da carne um avejão, uma criatura já morta, que possuía o pobre soldado. Ao ver a imagem translucidada do fantasma, Ablon compreendeu a natureza dos fatos.Os patrulheiros estavam todos sob a influencia de espectros, que haviam tomado seus corpos e assumido suas funções.  Não raro, os espíritos possuem a carne dos vivos, mas é muito difícil isso acontecer quando o receptor não é voluntário. 


 No astral, Aziel arrastou o avejão para fora do carro.  Estando ambos no mundo espiritual, o ishim poderia feri-lo e até dissipar sua essência, o que representa a morte para os vagantes astrais. O espectro sacudia-se, tentando libertar-se da pegada do anjo. 


 Ablon reparou que, em sua forma original, a criatura se vestia a semelhança dos cananeus, um povo ancestral que habitava a Palestina havia milhares de anos. Transtornado, a criatura cuspia palavras em uma língua igualmente remota, mas que os presentes podiam interpretar facilmente. 


 Aziel: Diga logo quem é e por que dominou os soldados - exigiu, com uma das mãos segurava o prisioneiro, e com a outra o enfrentava com seu fogo sagrado. Temeroso, o desencarnado cedeu. -


 XXX: Por séculos estivemos escondidos no centro da terra, com medo, esperando impassíveis o Dia do Juízo final -rosnou- Mas agora, finalmente, a fronteira entre o mundo dos mortos e o plano dos vivos começa a cair. Nosso tempo chegou. É hora de concluirmos nossa vingança.


 Aziel: E como vocês ainda não podem se manifestar na Haled, resolveram possuir corpos humanos - concluiu, indignado com a petulância da entidade - 


 Aziel teve vontade de incinerar o espectro, mas lembrou-se do comando de seu general. Antes que seu ultimo fio de paciência se rompesse, o Anjo Renegado ordenou, conclusivo. 


 Ablon: Solte-o, Aziel. Não vamos lutar contra esses fantasmas. Na verdade, acho que nunca poderíamos fazê-lo. 


 Aziel: Eles são os espectros da tal fortaleza de Masada ? - Ablon podia ouvi-lo través da membrana - 


 Ablon: Não. Masada fica muito longe daqui, e os fantasmas não podem deixar sua área assombrada. Estes são espíritos igualmente sofridos, mas muito mais antigos e rancoroso - Veja – ele apontou para o norte, mostrando a linha marinha que sublinhava o horizonte- estamos no sul do mar Morto. Um dia, bem aqui, existiu uma cidade chamada Sodoma, uma terra habitada por homens justos, mas governada por juízes tiranos. 


 Aziel: Sodoma... - refletiu - Foi contra sua condenação que a Irmandade dos Renegados se insurgiu. Foi por ela que os dezoito caíram. 


 O Primeiro General concordou.  Sentia-se estranhamente completo e tranquilo, pois havia encontrado aqueles pelos quais se rebelara e não admitiria que estivessem em posições diversas.


 Ergueu a mão em sinal de armísticio e aproximou-se do avejão que julgava mais poderoso, incorporado na pessoa fardada de um coronel. 


 Ablon: O que desejam, filhos de Sodoma ? O que podemos fazer para acalmar sua fúria ? 


 XXX: Se são anjos, nada podem fazer - disse o porta-voz dos espíritos - Os celestiais são o objetivo de nosso ódio e o motivo de nosso retorno. 


 Ablon: Compreendo sua ira. Foram os anjos que liquidaram seu povo.. Antes de vocês, conheci outros amaldiçoados, vitimas da mesma tortura. Mas nem todos os celestiais são impiedoso e cruéis. Assim como havia em Sodoma pessoas perversas e justas, há, entre nós, um grupo de virtuosos celestes que lutam em defesa dos homens. Como líder exilado, eu sei o que sentem. Só não entendo o que pretendem ao deixar as entranhas do mundo.- O espectro enlaçado ao corpo do coronel respondeu. -


XXX: Se permanecemos aqui e não seguimos para o paraíso celeste, é porque algo nos prende a nossa lembrança passada. Acometemos os vivos para provar força da matéria, a potencia que necessitamos para executar nossa vingança. É o que queremos. Vingança contra quem nos destruiu. Vingança contra Deus. 


Ablon: Pois saibam, então, que o Altíssimo nada tem a ver com seu sofrimento – explicou - Por todo esse tempo vocês mentalizaram erroneamente seu ódio. O grande Yahweh jaz adormecido desde o fim do sexto dia. A partir de então, os arcanjos assumiram seu trono, e foram eles que determinaram a devastação de Sodoma. Tendo iniciado uma revolta contra seus preceitos tirânicos, é meu dever, agora, confrontar Miguel, o Príncipe dos Anjos, e então trarei a vocês a justiça que tanto desejam. Peço-lhes, portanto, que libertem essas pessoas, pois não será assim que conseguirão sua vingança. 


XXX: Não sabemos quem é esse arcanjo de quem fala, mas conhecemos bem nosso assassino - argumentou – Se prometer vingar nossa gente, então voltaremos ao subterrâneo e esperaremos quietos o Dia do ajuste de Contas. Mas, antes, exigimos que conheça aquele que nos matou. 


Ablon aguardou ao lado de Aziel, até que os dois soldados, ainda possuídos, trouxeram até ele um objeto antiquíssimo, uma espécie de estojo cilíndrico, lapidado em pedra, mas já deformado pelo castigo dos séculos. Os motivos de marfim haviam sido apagados pela fossilização, e nesse estado o tubo mais parecia um fragmento de rocha. 


Quando os recrutas lhes entregaram a peça, o general esticou a mão, tornando visíveis as runas mágicas gravadas por Shamira em seu antebraço direito. Examinando o objeto com peculiar interesse, o guerreiro percebeu que era oco e que, pelo endurecimento da crosta, não poderia ser aberto com um giro de tampa, então o jeito seria parti-lo.


 Jogou o estojo ao chão, e o envoltório quebrou-se com um estrondo terrifico, comparável aos trovões em noite calada.  Quando o artefato ruiu, um suspiro de treva escapou-lhe do ventre e uma pena de anjo rolou pelo asfalto.  Outrora alva, a pluma enegrecera-se pela passagem do tempo. 


 Ablon: Apollyon - decifrou, inspirando o aroma impregnado na pluma - 


 Aquela era, decerto, a pena do Exterminador.  Os fantasmas teriam, então, preservado a peça por milênios, desde aquele dia fatídico, quando o Anjo Destruidor usara suas habilidades para destronar a cidade. 


 XXX: Carregue esta pena consigo, justiceiro. Ela o guiará até nosso algoz – suplicou o espirito. Guardando o objeto escurecido, o general garantiu. -


 Ablon: Estejam certos de que não me esquecerei de confrontar seus carrasco, porque sua vingança é minha também. 


 Ablon não acreditava em destino, mas estava convencido da importância daquele auspicioso episódio.  Justamente agora, quando a esperança falhava, ele encontrara novos estímulos para continuar combatendo.  Primeiro, queria batalhar pelos homens, mas desistira ao ver a corrupção do planeta.  Depois, o raptor de Vick o empurrara a ação e o lançara mais uma vez ao teatro da guerra.  Agora, por fim, recebera o apoio daqueles por quem decidira inicialmente lutar. 


 Começava a enxergar, novamente, quão importante seria o resultado da batalha que estava por vir e quantos dependiam da vitória das tropas rebeldes.  Com isso, os espectros se convenceram, finalmente, da absoluta honestidade do Primeiro General e cumpriram sua promessa, deixando a matéria humana e voltando aos escombros na fundura do mundo. 


 Os dois anjos abandonaram a caminhonete e passaram a direção de um jipe do exército. Aziel recompôs seu avatar, refez-se em carne, e Ablon acelerou o veiculo.  Prosseguiram a jornada penetrando no Negev e dali para a fronteira do Egito.


 Minutos depois, no acampamento, os militares retomaram a consciência, inteiramente confusos pelo lapso de tempo, durante o qual a memória permanecera apagada. 


 Realizaram inúmeras patrulhas para tentar descobrir como uma picape cravejada de tiros aparecera no meio da rodovia sem que ninguém a notasse, mas nada encontraram.



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Autor(a): Fraanh

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 1



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  • fraanh Postado em 16/10/2014 - 20:18:52

    Por mais que eu esteja postando a primeira temporada rapidamente só para continuar a segunda (já que tive que sair do orkut), eu devo, com toda a educação do mundo, dar as boas vindas as leitoras que não me acompanharam antes, então, sejam bem vinda meninas, espero que estejam gostando, comentem por favor, eu não mordo não *-*


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