Fanfics Brasil - Capítulo 51 O amor e um anjo ~

Fanfic: O amor e um anjo ~


Capítulo: Capítulo 51

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Na Fortaleza de Sion, em uma de suas muitas janelas, o arcanjo Miguel observava seu exército, que defendia a torre como vespas ao ninho. Centenas de milhões de celestes guardavam o bastião, esperando a investida dos novos rebeldes, assim distinguidos dos antigos revolucionários que acompanharam Lúcifer em sua queda.


 Os soldados angélicos estavam em toda parte, não só enfileirados no solo, como tropas humanas, mas também pelos céus, voando, planando e cercando o baluarte com suas flâmulas vermelhas. Eram tantos os defensores que suas patrulhas formavam uma parede animada, obstruindo a visão dos inimigos.  Da sacada, Miguel contemplou o Styx além das montanhas. 


 De dentro da fortaleza, o Anjo Negro, braço direito de Miguel, avançou para a sacada e aguardou a atenção do chefe.  Tinha a face oculta pelo elmo e penas escuras como a noite profunda. 


 Miguel: Então ? - permitiu, em sua armadura de placas brilhantes - 


 Anjo Negro: O Anjo Renegado escapou para o deserto – anunciou -


 Miguel: Danação! - explodiu, respirou fundo, apertou os dedos contra o cabo da Chama da Morte, sua espada mistica, e se recuperou logo em seguida, suprimindo sua ira - Não podemos permitir que o proscrito alcance o portal. Liquide-o, não importa o esforço ! Se Ablon e Gabriel se encontrarem, as tropas rebeldes ficarão muito mais confiantes. 


 Anjo Negro: E o que sugere ? Devo eu mesmo aniquilar o maldito ?


 Miguel pausou reflexivo.  Isso não constava em seus planos. Mas por que aquele pária nunca morria ?  Era inacreditável como resistira ao expurgo, as perseguições e ao cárcere no inferno.


 Miguel: Não devemos correr mais riscos. Chame Euzin e sua Legião Formidável. Lance todos os anjos possíveis a caça do renegado. 


 O Anjo Negro maneou o pescoço, inconformado com a tática adotada. Era de compleição musculosa e, embora parecesse mais forte que seu líder supremo, estava muito aquém da imensidão dos arcanjos.


 Anjo Negro: Isso não vai adiantar. Seria preferível que o deixássemos vir e preparássemos uma emboscada para ele aqui, na Fortaleza de Sion. Parece-me óbvio que, uma vez no etéreo, o falido general correrá para cá, para tentar resgatar a mortal. -  Miguel não desviava o foco do Styx por um instante que fosse. -


 Miguel: Não é um plano ruim, mas o perigo de executá-lo é enorme. Se perdermos a mulher, tudo estará acabado - explicou, vociferando uma ordem - Faça o que eu mando ! Envie Euzin e seus querubins a Haled e triplique o numero de anjos no ultimo andar, onde a humana está aprisionada. Se Ablon vier buscá-la na torre, façamos com que ele entre por outro caminho. Nossos soldados formarão uma abóboda vivente, bloqueando a visão do pátio. 


 O lugar-tenente não disse nada e saiu, insatisfeito com a decisão do tirano. Já tivera a chance de confrontar-se com Ablon, na ocasião em que pegou Ishtar, e conhecia sua potencialidades.  Mas mesmo não concordando com a visão de seu príncipe, cumpriria o comando. 


 Mandaria um esquadrão ao combate e, se o Primeiro General sobrevivesse, ai sim poria em prática sua ideia de atrai-lo para a Torre das Mil Janelas e de lá para o monte Megiddo. Megiddo, a Montanha no Extremo do Mundo, é o marco bíblico para a extinção do planeta, profetizado como o local do embate final entre as forças do bem e do mal.


Miguel encarou por mais alguns instantes o rio Styx e deu meia volta indo em direção ao ultimo andar.  Vick ainda permanecia de cabeça erguida e com o olhar distante, que se tornou frio assim que encontrou o do arcanjo. 


 Miguel: Por que me olha com tanto desprezo querida ? - brincou - Vim lhe fazer uma visita. 


 Vick: Como se visitas desagradáveis me fizessem sorrir. -  Com a resposta da moça quem sorriu foi Miguel. -


 Miguel: Acabei de ter uma conversa com o Anjo Negro e mais uma vez seu amado está dando trabalho, mandei ele executar um plano mas, sabe Vick, eu sei que ele vai sobreviver, sinto isso, sinto que quem terá que matá-lo pessoalmente sou eu - ele se aproximou dela -


 Vick suspirou forte mas não quis dizer nada, apenas o encarou com fúria. 


 Miguel: Só que para isso, você precisa estar melhor vestida -  ela o olhou confusa. - Venha - ele começou a desprendê-la - irei ti levar para os meus aposentos. 


 Vick se soltou das algemas e cambaleou, mas logo se apoiou no pilastre sem encostar em Miguel. Ele a conduziu para um andar inferior e sentou em uma cadeira de frente para uma mesa mandando-a abrir algumas caixas. 


 Miguel: Vista. 


 Vick: Eu não vou vestir isso -e atirou o conteúdo o chão - 


 Miguel: É claro que você vai - disse sem paciência - A não ser que você queira perder o seu lindo bebe. -  A boca da moça se apertou.  - Ou você pensou que eu não saberia ? - ele levantou - Achou mesmo que não ? Que eu não sei que - passou o dedo no rosto dela - dentro de você cresce um bastardo - e parou a encarando - 


 Vick: Meu filho não é nenhum bastardo seu... 


 Miguel: Shiii, messa suas palavras, não costumo ter muita paciência, ele é um bastardo sim, com o sangue de um anjo no corpo de uma espécie de barro, isso soa tão nojento. Mas, ele é tudo pra você agora não é ? Então - baixou a mão para a barriga da moça - Se não quiser que ele morra e você tenha que conviver com essa perda até a hora da sua própria morte, vai fazer o que eu mando. 


 Ele a encarou mais uma vez e voltou a se sentar.  Vick apertou as mãos, morrendo de vontade de mandar ele se foder, mas ele estava certo, ela não faria nada para prejudicar o seu filho, ele mal começara a crescer dentro dela e ela já o amava mais que tudo. 


 Vick: Vai ficar me olhando ? 


 Miguel: Estou apenas me divertindo, vamos, vista. 


 Vick começou a tirar a roupa lentamente, ela queria ter forças para fazer aquilo logo, mas sua cabeça girava e tudo que ela queria era que aquele pesadelo acabasse, terminou de tirar e ficou apenas de lingerie na frente do tirano. Quando ela foi se abaixar para pegar o que havia jogado no chão ele foi mais rápido.


 Miguel: Pra que tanta pressa ? Deixe-me avaliar o que o anjo guerreiro viu em você. -  Ela abaixou a cabeça fechando os olhos. - Tenho que admitir - ele girava em torno dela - é uma linda mortal, gosto do seu cabelo - passou as mãos no cabelo dela - da sua forma de se vestir também, tem estilo, sem contar que, é uma moça teimosa, autoritária, é orgulhosa, guerreira, não abaixa a cabeça pra ninguém, bom a não ser para mim, vejo o que o renegado viu em você, e sabe ? Talvez eu tenha inveja dele, você seria perfeita ao meu lado, é claro, se não fosse feita do barro – e deu um risada que fez o estomago de Vick revirar - Eu só posso estar louco.


 Ele terminou de atormentá-la ou ela pensou assim e entregou a roupa para a moça se vestir.  Vick vestiu tudo o mais rápido quanto pode, e praguejou diversas vezes em pensamento o que ele estava fazendo com ela.  Enfim estava pronta e ergueu a cabeça o encarando. 


 Vick: Satisfeito ? Podemos parar com essa palhaçada agora e você me colocar de volta naquele pilastre que é mil vezes melhor do que aqui, ao seu lado ?  -  Miguel ignorou as palavras da humana. -


 Miguel: Está linda, venha ver - e a puxou para frente de um espelho - O que achou ? Reparou que pedi para escolherem bem os acessórios e as cores ? Vermelho para representar a vida e negro a morte, as penas para representar as asas de seu querido anjo renegado e o coração para representar o amor de ambos. Você tem que admitir, sou um gênio. O espetáculo será completo quando Ablon ver sua amada tão bela antes de morrer - ele a encarava pelo espelho - 


 E ela, apenas viu o seu olhar frio e o seu reflexo naquela roupa. Não disse nada, o que parece ter feito com que o tirano se irritasse, e em questão de instantes, estava presa novamente.


Durante toda a noite, Ablon e Aziel viajaram com o corpo ao vento, acomodados no assento do jipe.  Continuaram a rumar por uma via menor, cheia de buracos no asfalto, e por ali seguiram por mais meia hora, sob o castigo do Sol.


 Em um determinado momento, viraram a direita e ingressaram num mundo exótico, de estonteante beleza e macabras surpresas.  Diante deles nascia uma colossal cordilheira de granito vermelho, com um amplo vale cortando seu ventre. 


 No meio, erguia-se o mosteiro, um gigantesco complexo de capelas, basílicas e torres, cercado por altos muros de pedra, no entanto, parecia uma construção de brinquedo, uma peça menor perante a imensidão das montanhas. 


 A membrana, naquele rincão isolado, quase não existia, o que fazia do sitio um santuário natural, preservado e mantido desde a criação do planeta. De repente, Ablon brecou o veiculo e sentiu um odor adverso no ar. 


 Aziel: O que foi ?


 Ablon: Sinto o cheiro da morte - respondeu, tomando nas mãos a Vingadora Sagrada - 


 Ablon estacionou o jipe a exatos cem metros do jardim e a duzentos metros do portão recortado na muralha. Deixou o carro de espada na mão e fitou seriamente o complexo.


 Ablon: Os monges estão mortos. Seus corpos estão empilhados na basílica central. Dois deles foram despojados na biblioteca.


 Aziel: Como sabe ? - indagou - Quase não vemos a basílica oculta além das muralhas... 


 Ablon: Posso sentir o cheiro dos cadáveres. Se querem nos levar para uma armadilha, acabam de ter seu plano frustrado.


 E, de fato, era essa a intenção de seus inimigos.  O farol do automóvel, que o renegado acendera a noite e esquecera de desligar a aurora, começou a falhar, e o sistema elétrico do veiculo apagou. 


 Ablon: Eis a cilada pela qual você tanto esperava, Aziel.


 Aziel: Não, general, nada de cilada – retrucou abençoando a percepção sobre-humana de seu líder rebelde - Pelo menos sabemos de onde vem o ataque. 


 Entendendo que seu planejamento gorara, os agressores abortaram a emboscada e resolveram lançar-se em aberto conflito.  Nos largos do mosteiro, protegidos pelos muros de pedra, materializaram-se então duas centenas de querubins.


 Raramente os anjos formam avatares dotados de asas ou carregam consigo armas através do tecido, porque o gasto de essência é enorme.  Mas, naquele recanto santificado, a membrana era delgada, o que permitiu que uma legião emergisse do mundo espiritual. 


 Uma vez na Haled, o temerário esquadrão alçou voo e subiu as muralhas.  Seus soldados angélicos lá ficaram, parados, como abutres ao Sol, acocorados no passadiço, no alto dos prédios e no telhado das torres. 


 Vestiam-se como os anjos bíblicos, tantas vezes descritos nas escrituras, com placas douradas revestindo o arcabouço e braçadeiras reluzentes presas ao punho. As asas branquíssimas, quando abertas, inspiravam respeito, ainda mais se combinadas com o empunhar dos sabres – flagelos misticos de inigualável valor.


 No topo do campanário aterrissou o líder: Euzin.  Carregava na cintura a pesada Raio de Aço. 


Encarando-o com olhos de águia, Ablon reparou que parte da cabeça dele estava marcada por uma grave queimadura, um dano recente, ainda não inteiramente cicatrizado. Ao captar-lhe o odor característico, o general lembrou-se dos miolos espalhados pelo chão de seu apartamento, no Rio de Janeiro.


XXX: ABLON ! - gritou Euzin, e sua voz ecoou pelo vale - Será que se recorda de mim ? -  O Primeiro General sorriu e replicou com desdém.  -


 Ablon: Como poderia esquecê-lo, ainda mais depois de saber que foi vitimas dos projéteis mágicos da Feiticeira de En-Dor.


 A expressão de Euzin engrossou-se em uma máscara de ódio.  Tal noticia, posta as claras, o desonrava profundamente.


 Euzin: Estamos aqui para defender o portal ! Entregue-se agora, ou provará a ira da Legião Formidável. Este é apenas um pequeno esquadrão. Outros estão chegando, e você não resistirá as nossas espadas. 


 Certa vez Euzin fora reconhecido como herói de guerra, e de fato era um bom lutador. Mas o prestigio afetou-lhe a razão. 
Inseguro, temia perder sua glória.  Estava sempre querendo demonstrar força e exibir-se perante os arcanjos.


 Ablon: Pois diga ao seu príncipe – replicou - que não trato com facínoras ! Que venha ele mesmo me confrontar, se tiver coragem para isso.


 As asas dos querubins se agitaram – os soldados queriam peleja.  Nas mãos de Ablon, a Vingadora brilhava, como se tivesse vontade própria e clamasse por sangue. 


 Euzin: Ora, proscrito, então ainda resiste ? Todos os seus companheiros estão mortos, e os rebeldes são fracos. Vou arrebentar seu orgulho e acabar com sua esperança de vencer esta guerra. 


 Ablon: Ameaças ! É tudo o que sabem fazer, Balberith também me ameaçou e agora está morto. Se acha que pode me derrotar, então traga sua Raio de Aço ao duelo, e veremos se ela é páreo para a Vingadora Sagrada. -  Cansado da petulância do adversário, Euzin ordenou. -


 Euzin: PEGUEM-NO E TRAGAM-ME SUA CABEÇA !


 Estático, o perverso comandante observou seus guerreiros decolarem em caçada. Deixaria que muitos morressem, e, quando o Anjo Renegado não pudesse mais lutar, ele avançaria e lhe deceparia o pescoço. 


 Como falcões famintos, os anjos se aproximaram voando, e Ablon deu um passo a frente, pronto para enfrentá-los, mas sentiu que Aziel apertava seu braço. 


 Aziel: Ainda não, general - disse e, sem mais explicações, o renegado entendeu sua intenção - 


 Percebeu, pela visão e pelo olfato, que o ishim tinha o punho esquerdo fechado, suprimindo a deflagração de um poder colossal.  Os atacantes não notaram a suprema concentração daquele pequeno celeste, que se escondia atrás do musculoso anjo guerreiro. 


 Em primeiro momento, nem pensavam em agredi-lo, deixando que algum alado de compleição inferior o derrubasse depois.O que poderia um ishim fazer a um querubim ? 


 Os querubins eram guerreiros, soldados, instrumentos de matança.  Nenhuma casta se comparava a sua habilidade em batalha. 


 Quando o esquadrão venceu os cem metros e se afastou dos jardins, uma força divina paralisou o deserto.  De repente, no céu, formou-se uma assustadora coluna de fogo, uma pilastra de chamas, que desceu ao solo como um trovão, imitando o brilho e a ardência do sol. 


 Em um passe instantâneo, formou-se entre os dois anjos e a legião uma monstruosa parede de flamas, cuja largura tocava as montanhas e cuja altura atingia o firmamento. 


 O susto provocado pela aparição foi tamanho que, estarrecidos, os celestiais não conseguiram parar.  Juntos, penetraram com ímpeto pelo muro de fogo. 


 Terríveis gritos de dor ressoaram por todos os cantos do vale, elevaram-se aos céus e tremeram a crosta da terra quando o batalhão penetrou no calor das labaredas mortais.  Igualmente impressionado, Ablon viu os alados cruzarem a flamejante pilastra e surgirem do outro lado com a pele queimada e as armaduras escurecidas pelo fulgor assassino. 


 As armas misticas, tão rígidas e fortes, entortaram-se em varas quebradiças, fracas como carvão. Esse é o verdadeiro poder dos ishins do fogo, quando usado na potencia máxima.


 Aziel: Vá, Ablon, minhas flamas não vão machucá-los.


 E, convicto da palavra do amigo, o Anjo Renegado atravessou a coluna incandescente e surgiu do fogo como um pesadelo a mirada de Euzin, que, trepidante, observava a espetacular ação dos inimigos.  O Primeiro General correu como um furacão pelos jardins, pulou sobre as muralhas e de lá saltou para o campanário, de lamina em riste.


 Chocado, o temeroso lacaio de Miguel só teve tempo para levantar a guarda e defender o poderoso golpe da Vingadora Sagrada.  Quando as duas armas enfim se chocaram, um clarão acendeu e brilhou com um milhar de faíscas. 


 Tão forte foi a pancada que Euzin não susteve o impulso.  Atrapalhado, despencou do pináculo da torre, e teria se estatelado contra o solo se no ultimo momento não tivesse conseguido minimizar o impacto com uma batida de asas. 


 Sobre ele, veloz e insaciável, o general golpeava sem parar, mesmo durante os mínimos segundos de queda, e não dava descanso ao adversário. 


 Sem dificuldade aparente, Ablon atacou uma, duas, três vezes, e na quarta o metal enfim acertou o ombro do oponente, abrindo-lhe um corte fundo acima do braço.  Desnorteado, Euzin não tinha mais chance, e o renegado preparou a investida final, mas o assalto foi aparado por outro celeste, e de repente o general viu-se cercado por mais anjos, que protegiam seu chefe.


Euzin não era de todo ignorante e reservara um grupo de pelo menos cem indivíduos para protegê-lo no interior na cidadela.  Acometido por todos os lados, o renegado batalhava contra oito, dez, doze querubins que mergulhavam em conjunto. 


 Esquivou-se, bloqueou, rasgou o ar, e em cada contra-ataque derrubava ao menos quatro de uma só vez.  Mas eles eram muitos, e para cada um que caía, dois o substituíam. 


 Então, Ablon viu-se encurralado contra o muro e pensou como escaparia dali.  O mosteiro era compacto, cheio de prédios e becos, e não dispunham de uma via larga ou de grandes espaços para combate.  Como uma manobra perfeita, agrediu dois celestes, dividindo seus corpos como faca em manteiga. 


 Abriu uma passagem por entre eles e disparou, circulando ao redor das muralhas.  Sua celebridade, combinada aos poderes angélicos, permitiu que corresse com os pés na parede, transformando os muros em um percurso de morte. 


 Os inimigos que se interpunham eram derrubados as dezenas aniquilados antes que pudessem descer suas espadas. Quando só restavam alguns, o bando recuou, mas o renegado não os deixava fugir. 


 XXX: ELE É MUITO RÁPIDO - gritava um, que supostamente era o capitão de batalha - DEBANDAR! VAMOS FUGIR DAQUI ! 


 Ao ouvir a ordem de evasão, Euzin, que voltara ao campanário, esbravejou do alto da torre. 


 Euzin: NÃO RETROCEDAM ! CONTINUEM LUTANDO, SEUS INÚTEIS ! O REFORÇO JÁ ESTÁ A CAMINHO – estimulou, com um rio de sangue a escorrer pelo ombro - 


 Mas nem o clamor foi capaz de impedir a escapada.  Os querubins, desatentos a ordem do chefe, voejaram para longe, galgando as alturas, onde o renegado, sem asas, não poderia alcançá-los. 


 Vitorioso, Ablon pisou contra o firme chão do monatério e parou sozinho em uma praça central.  Dali, divisou o cruel comandante, que continuava estático no topo do prédio.


 Fulminado pelo olhar, Euzin engoliu em seco, tremeu e quase fugiu, mas um fenômeno previsto o fez ficar para uma nova rodada. O Anjo Renegado sentiu, seguidamente, a expansão do tecido, o que anunciava a materialização de um novo esquadrão.


 Imediatamente, ao ver o enxame de anjos em formação no astral, prontos a cruzar a membrana, Ablon preocupou-se com Aziel. Mesmo dotado de poderes admiráveis, o ishim não resistiria a mais um assalto.


 A elevação da coluna de fogo o deixara arrasado, porque essas demonstrações de poder eram por demais cansativas.


 Ademais, já tinha usado essência para dissipar e recompor seu avatar, ao se livrar dos tiros na noite passada. 


 Por isso, em vez de partir ao confronto com Euzin, o general preferiu retornar ao vale, onde poderia lutar mais livremente, e ainda defender o amigo.  Escalou habilmente as muralhas, saltou para o jardim e volveu ao sitio onde estacionara o jipe de guerra. Aziel alegrou-se ao vê-lo inteiro e saudável. 


 Aziel: O que fazemos agora ? Fugimos ?


 Ablon: Ainda não – retrucou, contemplando a numerosa legião que se materializava nos céus -


 Euzin decolou como um foguete para encontrar o reforço que chegava.  Mais de quinhentos celestiais, armados e trajados para o combate, tomaram forma, copiando na terra seus corpos astrais.


 Aziel: Vamos ser trucidados ! - protestou, ao ver o esquadrão que sobrevoava o vale. Unindo-se em um grupo coeso, os soldados desenharam a formação de um V, imitando uma ponta de flecha - Temos que alcançar a trilha que nos levará a caverna. Se corremos, ainda poderemos chegar a passagem antes que nos peguem – sugeriu, apontando para a fissura na rocha, que subia, estreita, e atingia o topo do monte Horeb - 


 Ablon: É justamente isso que eles querem: nos encurralar nas montanhas – explicou – Antes de avançarmos, temos que desfazer a formação. Se não tivermos espaço para agir, eles atacarão só pela frente, e a força do assalto será multiplicada mil vezes. Esse é o objetivo de se posicionarem como um bico de seta. 


 Ao ouvir a explanação, o ishim aceitou o comando, entendendo o estratagema inimigo.  Enquanto as mãos de Aziel irrompiam em chamas, Ablon levantou a espada, e os dois esperaram de costas coladas. 


 Entrementes, no céu, o confuso comandante Euzin viu sua estratégia ser abalada.  Nunca esperaria que dois anjos, por mais poderosos que fossem, permanecessem ali, no centro do vale, para enfrentar meio milhar de combatentes.


 Imaginou que correriam e se meteriam pela garganta rochosa, onde poderiam ser rapidamente aniquilados. Desprovido de alternativa melhor, o arrogante celeste gritou. 


 Euzin: PREPAREM O ASSALTO EM ESTRELA ! CONCENTREM TODOS OS GOLPES NO RENEGADO, PELOS QUATRO LADOS E POR CIMA. 


 O ataque em estrela consistia em um embate quíntuplo. De cima, cinco colunas de querubins mergulhavam.  Ao chegarem próximas ao solo, quatro delas davam rasante e se lançavam contra o oponente pelos quatro lados.  A quinta coluna vinha reta, em queda sobre a cabeça do inimigo, impedindo que ele saltasse para o céu. Entendendo a mudança nos planos, Ablon falou. 


 Ablon: Afaste-se, Aziel. 


 Aziel: Vai ficar sozinho no núcleo da estrela ? 


 Ablon: Não sei se serei rápido o bastante para acertá-los, mas posso bloquear os golpes. A cada investida frustrada, eles ficarão atordoados e serão jogados para o lado, e ai talvez você possa incendiá-los com suas flamas divinas.


 Sem intervalo para discussão, a Chama Sagrada acatou a ideia e recuou para perto do morro, buscando refúgio no sopé da montanha.


 Acima, Euzin berrava. 


 Euzin: PELO ARCANJO MIGUEL, VAMOS MATAR ESSES MALDITOS REBELDES ! -  E os soldados responderam com um único urro exaltado.  -


 XXXS: PELO ARCANJO MIGUEL !


 Desceram rodopiando, com as espadas afiadas, para perfurar o renegado como projéteis de arma de fogo.  Determinado a matar o general a qualquer custo, o comandante não se preocupou em acertar Aziel.  Quando a multidão bem alinhada de anjos, vinda do céu, se chocou contra o alvo no centro da estrela, uma miríade de fagulhas ascendeu do coração da batalha. 


 Com a velocidade e pericia admiráveis mesmo para os maiores celestiais, o Anjo Renegado defendia cada acometida e contra-atacava pelos cinco cantos, despedaçando o metal das armaduras e a carne dos avatares.  Os olhos de Aziel eram incapazes de acompanhar a ligeireza das manobras, e daquele nicho afastado a Chama Sagrada só distinguia as múltiplas centelhas do aço em choque. 


 Em poucos segundos, acumulava-se aos pés do general uma montanhas de corpos mutilados, destroçados, cobertos de sangue e penas rasgadas.  A formação em estrela tinha fracassado, mas a legião não estava derrotada.  Pelo menos metade dela continuava intacta, e Euzin mais uma vez mudou a estratégia.


 Euzin: CERQUEM-NOS EM ABÓBADA ! - estourou, fremindo de ódio - E TRAGAM O ISHIM PARA DENTRO DO CIRCULO.


 Cercar em abóbada significava cingir normalmente o inimigo, aprisionando-o no interior de uma roda de soldados, mas também posicionando combatentes sobre sua cabeça, fechando uma abóbada vivente.  Provavelmente, o objetivo do comandante era criar um ambiente de opressão, dando a falsa sensação de que o inimigo estava completamente subjugado.


A estrela desfez-se, e os anjos declinaram ao solo em espiral, prontos para rodear os rebeldes.  Na base da montanha, um querubim muito destro agarrou Aziel pelos braços, alçou voo e o largou ao lado do renegado.  Os dois celestes viram-se juntos, no meio de uma sufocante redoma de guerreiros alados, que lhes apontavam laminas terríveis. 


 Uma fileira abriu-se pelo meio dos lutadores, e dela surgiu o petulante Euzin, ferido criticamente no ombro, mas ainda pretensioso e audaz, Ablon tomou folego e aguardou, porque agora Aziel estava na linha de confronto.


 Euzin: Não pode vencer a todos nós, renegado – afirmou, desfraldando as asas como fazem as aves para impressionar suas presas- Recebi permissão para deslocar quantos soldados quisesse. Mais querubins chegarão, e você será torturado – e empunhou sua Raio de Aço- Em honra de seu passado heroico, ofereço-lhe uma morte digna. Largue a espada e ajoelhe-se. Prometo que nem sentirá o fio do metal dividindo-lhe a testa. 


 Ablon olhou ao redor e compreendeu que estava absolutamente cercado.  Aziel tocou-lhe o braço, incitando-o a não se entregar.


 Euzin: Não há saída - reforçou, vendo a sombra de duvida no semblante do anjo guerreiro - Se for capturado, nossos serafins arrancarão informações preciosas de sua mente. O que estou lhe propondo é uma execução gloriosa e indolor, que lhe devolverá o renome dos tempos antigos. 


 O Anjo Renegado desceu a guarda, pensativo, e tirou o sobretudo, imundo de sangue.  Olhou as próprias mãos, observou o cabo da espada e encarou Aziel, que tanto o ajudara naquela tortuosa viagem. Trocou com o amigo um ultimo olhar de agradecimento e depois jogou ao chão a Vingadora Sagrada. 


 Aziel: Não ! - sussurrou -


 A face de Euzin desenhou um sorriso malicioso.  Sempre, desde os dias no Castelo da Luz, Euzin almejara vencer o Primeiro General, mas nunca tivera habilidade para chamá-lo ao duelo. 


 Agora, de uma maneira ou de outra, cumpriria sua demanda vital e com isso se firmaria como o grande oficial de Miguel.  O Anjo Renegado ajoelhou-se perante Euzin. 


 Uma quietude encheu a paisagem.  Agachado, Ablon fechou os olhos em meditação, e o comandante ergueu a espada, que já desceria para rasgar o cranio do irredutível rebelde. Mas, no momento em que a lamina desceu, o punho energizado de Ablon subiu para defrontar-se com o fio da Raio de Aço.


 E tão incrível era a potencia da Ira de Deus que um estrondo sacudiu o deserto, partindo em dois a arma mistica.


 Como se não bastasse, o soco continuou seu trajeto, atingindo em cheio o rosto de Euzin, que foi arremessado para além das fileiras.


 Ninguém - nem Aziel, nem os anjos no céu, nem os celestes na terra - conseguiu se mover ante o espetáculo de inigualável grandeza.  O que não sabiam os espectadores era que, por milhares de anos, o renegado combatera sozinho na terra, desprovido de espada.  Nessas condições, desenvolvera ao máximo a habilidade de lutar desarmado e aprimorara a Ira de Deus ao mais alto grau. 


 Em luta, suas mãos eram tão letais quanto o metal afiado.  Em um movimento esperto, Aziel fugiu, fulminando os desprovidos soldados na retaguarda com uma rajada de fogo. 


 Em atitude concatenada, Ablon saltou para frente, golpeando os alados com chutes e socos.  Mesmo numerosos e armados, os soldados do grupamento sucumbiram ao caos, alguns celestiais recuaram, amedrontados, e outros atacaram, irados, sem nenhuma disciplina ou planejamento marcial. Experiente e ligeiro, o Primeiro General se desviava dos sabres dos agressores e respondia com golpes que os punham em nocaute.


 Em certas ocasiões se esquivava, e em outras bloqueava as espadas com a dureza das mãos.  Depois de muitos assaltos, Ablon gritou a Aziel, que se protegia no meio de um circulo de fogo.


 Ablon: AGORA, AZIEL ! ABRA CAMINHO ! - ordenou, e o ishim fez queimar o ar com uma torrente de lava, liberando espaço para evasão – Vamos para a trilha, enquanto a legião está conternada – avisou, recuperando do solo a Vingadora Sagrada - 


 Dispararam os dois pelo vale e correram como nunca até uma fissura no sope da montanha, que subia em uma trilha estreita para o topo do monte.  Antes de entrar pela vereda, Aziel olhou para trás e divisou centenas de anjos mortos, estirados na terra. 


 A subida, extenuante e lenta para pessoas comuns, não fadigou os heróis, que a galgavam com vontade e ardor sobre-humanos. Progrediram pelo caminho, e perto do fim a garganta se abriu.  Adiante, avistaram a caverna.


Aproximadamente ao meio-dia, Ablon e Aziel deixaram a vereda, a medida que o caminho se abria em um extenso platô, de onde facilmente se enxergava a entrada para uma pequena caverna era baixa e escura. 


 Mas, antes de atravessarem o umbral, Ablon escutou batidas regulares de asas ao vento e imediatamente olhou para trás.  Descia do céu o insistente Euzin, ferido no ombro e no rosto. 


 Segurava um sabre qualquer, provavelmente pego de um soldado caído.  O comandante aterrissou no platô, mas Ablon não tinha mais tempo para confrontá-lo.  Perdera minutos preciosos lutando contra a Legião Formidável e agora precisava correr e chegar ao plano etéreo antes que a Batalha do Armagedon começasse. 


 Euzin: Alto lá, fugitivo ! - chamou - Não pense que escapará de mim tão facilmente. Ainda não nos batemos em apropriado confronto.


 Ablon: Não tenho mais tempo a perder com você, Euzin. Conforme-se com sua meia derrota e felicite-se por não estar entre a montanha de mortos. 


 Euzin: Uma vez, proscrito, você foi o maior de todos os generais -admitiu- Sempre quis superá-lo, mas nunca tive oportunidade. E então, quando eu planejava desafiá-lo, você e sua irmandade foram expulsos do céu. Mas sempre soube que chegaria o dia em que nos veríamos de novo e eu cumpriria minha missão. Agora, este dia chegou ! -exclamou, em épica eloquência- Foi pensando nisso que ascendi e me tornei um general. Este é o momento de lutarmos até a morte, enquanto o mundo se acaba. 


 Ablon: Sua atitude em nada me surpreende, Euzin. Todos que dizem me odiar apresentam a mesma impulsividade hipócrita. Muitos de vocês me proferiram injúrias, mas por que não vieram em meu encalço quando eu estava sozinho na terra ? Em vez disso, tenta me surpreender numa emboscada, escoltado por uma legião de centenas de anjos. 


 Em curiosa resposta, o perverso Euzin relaxou e imergiu em pensamentos profundos. Maneou a cabeça, reflexivo, e olhou para o chão.  No final, reconheceu, era só um herói fracassado, frustrado por nunca mais ter recuperado a glória das batalhas antigas.


 Ablon: Seu maior inimigo não sou eu, Euzin – concluiu o general - Seu grande inimigo é o medo. 


 Indefeso contra a verdade que lhe carcomia o espirito, Euzin decidiu finalmente que, diante do drama, preferia morrer. Via-se como o grande oficial do paraíso, o forte, o primeiro !  Agora, era matar ou morrer. 


 Com um brado colérico, disparou ao combate, e o renegado analisou o impasse.  O que faria ?  Não poderia perder nem um minuto que fosse, mas também não podia ignorar o desafio. 


Aziel: Entre na caverna, general – sugeriu - Ele é um forte oponente, e levará tempo até você derrubá-lo. Gabriel e os rebeldes o esperam. Dessa vez, eu serei o adversário de Euzin. 


 Ablon sentiu um aperto sensível no peito, o mesmo que sentira ao se separar de Sieme.  Aziel era um ishim influente, sábio e poderoso, mas grande parte de sua energia havia sido consumida na batalha campal e no confronto da noite passada. 


 Por outro lado, Euzin, embora não fosse o melhor, era um exímio combatente, e os querubins são mestres na ação corpo a corpo.  O Anjo Renegado concluiu, desolado, que dificilmente a Chama Sagrada dominaria o duelo. 


 Aziel: Depressa - reforçou Aziel, com labaredas dançando nos braços - Muitos dependem de você.


Os dois celestes eram amigos havia séculos, e o general relutou em deixá-lo. Mas, como lutador acostumado a guerra, estava sujeito a esse tipo de coisa. 


 As vezes achava-se por demais impassível nos assuntos do coração, mas não poderia ser diferente.  Era um predador, habituado a matança, e também um soldado.  Por criação, era um agente da morte. 


 Mas, então, antes que se enfiasse na lapa, ouviu o som agudo de uma seta em trajetória certeira.  Uma flecha dourada rasgou o ar como uma cusparada divina e trespassou a couraça de Euzin, perfurando-lhe o peito. 


Paralisado, o vil comandante sibilou um insulto e depois tombou para sempre, desmoronando sobre as pedras rubras do monte Horeb. No limiar da caverna, os celestiais enxergaram, aliviados, a autora do disparo, que tão afortunadamente pusera fim ao impasse. 


 Uma arqueira alada, de rosto sério e grande beleza, fitava os celestes.  Portava um arco de ouro e carregava uma aljava de setas misticas no espaço entre as asas.  Os cabelos vermelhos eram encaracolados e brilhavam ao reflexo da cota de malha. 


 ( Não sei se já descrevi a Varna, não lembro, mas eu achei essa foto que irei postar como sendo ela e me apaixonei, então se descrevi ela diferente, me desculpem)  Aquela era Varna, lugar-tenente de Gabriel e líder suprema do regimento das arqueiras. 


 Varna: General, o Mestre do Fogo o aguarda -convocou, sempre austera- 


 Aliviado, Aziel permitiu-se um sorriso, enquanto Ablon recolhia a Vingadora Sagrada. Lembrava-se bem de Varna e de sua frieza no olhar.  Estava feliz em tê-la como aliada. 


 Guiados por Varna, o Anjo Renegado e a Chama Sagrada caminharam para o interior da caverna. O ishim ainda encontrou um instante para olhar, num ultimo segundo, o corpo de Euzin prostrado nas rochas. 


 Aziel: Tudo o que ele queria era confrontar o Primeiro General. E nem isso conseguiu. Euzin falhou em sua demanda vital.-  Ablon encarou o avatar derrubado e replicou, sem muita lamúria. -


 Ablon: É assim que morrem os injustos. 


 A caverna ampliou-se em uma galeria comum, não muito grande, com um salão rochoso que terminava em uma passagem no lado posterior a entrada.  Era quente e escura, e Ablon se deslumbrou ao ver que, em suas paredes, continuavam marcadas inscrições ancestrais, mundanas, gravadas pelos profetas de outrora.  Varna cruzou o umbral, e os dois anjos acompanharam seus passos. 


 Pela primeira vez em séculos, desde seu expurgo do céu, o Primeiro General sentiu-se atravessando a membrana e entendeu que aquele limiar era o famoso portal, através do qual o Mestre do Fogo falara a Moisés.  Dentro em pouco, dois antigos inimigos, Ablon e Gabriel, se encontrariam novamente. 


 E disso dependeria o destino do mundo.


 


 



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Autor(a): Fraanh

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Uma emanação mistica de indescritível potencia surgiu adiante, ao centro da caverna que se alargava com o fim da passagem.   Do lado de lá, através do portal, a gruta se expandiu em um amplo salão natural, tão escuro que seus nichos mais negros escapavam a percepção aguçada do general. &nbs ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 1



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  • fraanh Postado em 16/10/2014 - 20:18:52

    Por mais que eu esteja postando a primeira temporada rapidamente só para continuar a segunda (já que tive que sair do orkut), eu devo, com toda a educação do mundo, dar as boas vindas as leitoras que não me acompanharam antes, então, sejam bem vinda meninas, espero que estejam gostando, comentem por favor, eu não mordo não *-*


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