Fanfics Brasil - Capítulo 56 O amor e um anjo ~

Fanfic: O amor e um anjo ~


Capítulo: Capítulo 56

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Enquanto a batalha seguia em volta de Sion, vitimando milhões de alados, no interior Aziel e os ishins esperavam, na frigidez das câmaras vazias. Mesmo juntos, pareciam formigas diante da enormidade dos salões abandonados. 


Depois que todas as legiões de apoio se deslocaram para fora da torre, a fortaleza ficou desprotegida, quieta e um tanto soturna. O brilho da lua trespassava os vitrais, desenhando fúnebres figuras as sombras das magnificas colunas de bronze, que as vezes substituíam os pilares rochosos, em certas salas mais suntuosas. 


A Chama Sagrada e seus comandados – anjos ígneos, que mantinham os punhos em lume perene- esquadrinhavam os aposentos e avançavam, pouco a pouco, para o coração da batilha, procurando seu eixo fundamental, para então principiar o incêndio. Poderiam estalar imediatamente o fogaréu, posto que suas flamas divinas eram suficientemente intensas para consumir pedra, vidro e bronze. 


Mas Aziel adiou a ação, preferindo, antes, buscar a tal linha central de sustentação, ponto onde as explosões provocariam uma destruição mais eficiente -e mais rápida. O atraso também daria mais tempo ao Primeiro General, que até então não retornara ao campo de guerra. 


O time meteu-se por um túnel pequeno, de paredes circulares e iluminação fraca- passagens labirínticas que se conectavam aos andares superiores, também chamadas de vias angélicas-, chegando, finalmente, a um corredor largo e vazio. A parede norte era aberta, amparada por pilastras quadradas. 


A janela permitia uma impressionante visão do exterior, e dali os invasores observaram, por segundos, e evolução do conflito e a determinação dos rebeldes, que derrubavam com vigor os sitiados, destronando suas defesas e abrindo caminho para a vitória final.


 Banindo a escuridão com as mãos inflamadas, Aziel, surpreso, divisou marcas estranhas no piso, que de tão peculiares despertaram sua atenção. Pareciam ter derretido o soalho, todo pavimentado com maciças placas de pedra. Eram pegadas, ou assim se mostravam.


 Ajoelhou-se para examiná-las e descobriu, ainda, minúsculos buracos no solo, como gotículas de erosão, supostamente provocados por pingos corrosivos – ou seriam lágrimas de fogo ? Tocou as distorções e percebeu que ainda ferviam. 


Tais marcas teriam sido causadas, certamente, por passadas escaldantes, emanadas por alguma entidade elemental, tão ou mais poderosa que ele. 


Aziel sabia que só os ishins tinham a habilidade de criar labaredas capazes de fundir as rochas mais duras, e imaginou, inicialmente, que um membro de sua casta, simpático ao inimigo, vagava pelos arredores. 


Por estar no principal bastião dos celestiais leais a Miguel, a mente de Aziel esqueceu o mais simples. Não só os ishins detinham a supremacia sobre a província do fogo, mas também os zanathus. Excitado e temeroso, ele logo percebeu seu lapso. 


Aziel: Amael... - decifrou, em um murmúrio engasgado. E virou-se a seus companheiros- Fiquem aqui e não façam nada até que eu retorne. 


De ponto, seus seguidores acataram o comando, porque compreenderam, no instante exato, a carga dramática da situação e o grande desafio imposto, pelo acaso, ao líder do esquadrão. Se Amael estivesse mesmo ali, na Torre das Mil Janelas, Aziel deveria encará-lo – e sozinho. Ele não parou para pensar no absurdo que significava um infernal transitando livremente pela fortaleza do Soberano Alado. 


Desde quando a inexpugnável Sion servia de esconderijo para diabos ? Cauteloso, porém pouco furtivo, continuou pelo corredor, sem enxergar o que espreitava adiante.


O primeiro dos leviatãs - provavelmente o maior - saiu do túnel em uma grande caverna alagada e correu para a árida planície do etéreo. Dali em diante, o Styx serpenteava pelo deserto, contornando, ao longe, a cordilheira que abraçava Sion.


 Era noite, mas uma forte lua cheia iluminava o campo de guerra. A distancia, os duques assistiam ao magnifico espetáculo dos exércitos angélicos, que se digladiavam no ar, ao redor da fortaleza altíssima. 


Um dos partidos, supostamente o rebelde, liderava a disputa, infligindo severas baixas aos inimigos. Já haviam abatido tantos perversos que agora o número de soldados rebeldes, inicialmente inferior, se igualava ao contingente dos sitiados. 


XXX: Somos muito mais numerosos que qualquer um dos exércitos celestes – gabou-se Malloch - 


XXX: Mas veja como lutam ! - exclamou Asmodeus – Além disso, o grosso de nossas forças é composto por espíritos-escravos, fracos e estúpidos. 


XXX: Mas temos também nossas tropas de elite – protestou Mephistopheles- e nossos malikis são bárbaros e furiosos, combatentes inigualáveis. 


XXX: Sim – concordou Orion- mas contra quem lutaremos ? Ainda nos falta a correta instrução de como atuar – relembrou, e os nobres satânicos fitaram Samal, a Serpente do Éden-


 O asqueroso conselheiro virou-se e da proa encarou os aristocratas, com expressão atrevida. Nem uma palavra fora até então revelada, mas os duques já imaginavam a estratégia, definida secretamente por Lúcifer e repassada ao seu testa de ferro.


 Supunham que deveriam aguardar o fim da batalha, para depois barganhar com os vencedores enfraquecidos. Se não aceitassem capitular, os inimigos lançariam suas hordas, que aniquilariam sem muita dificuldade as legiões já fatigadas. 


Era uma tática suja, covarde, mas que agradava de todo os cruéis senhores-diabos. Na verdade, os caídos esperavam que os celestiais resistissem de fato, para que pudessem assim destruí-los, dando impulso a sua cólera assassina e efetivando a derradeira vingança contra aqueles que, um dia, os expulsaram do céu.


 Exigiriam execuções sumárias, sacrifícios e humilhações, mesmo se os alados entregassem as armas. 


XXX: Preparem os batalhões -sibilou a serpente- mas atrasem as espadas. Levantem os estandartes. Vamos mostrar nossa amizade ao Príncipe dos Anjos. 


XXX: O QUE ? - grunhiu Mammon, incrédulo. Os outros duques, estupefatos, perderam a fala ante o inesperado comando. Selar aliança com qualquer um dos partidos divinos, especialmente com os seguidores do arcanjo Miguel, era uma afronta aqueles demônios, derrubados antigamente pelas forças do Monarca alado. O próprio Lúcifer reconhecia o irmão como seu pior inimigo, o adversário que desbancara sua rebelião e o condenara ao exílio na escuridão do Sheol- QUE PALHAÇADA É ESSA, SUA COBRA MALDITA ? 


Samael: Não é nenhuma palhaçada, só a ordem do mestre. Sou leal ao meu amo.


 XXX: É difícil aceitar que o Arcanjo Sombrio tenha ordenado que nos associássemos aos anjos – apoiou Asmodeus, e a sua retórica os presentes se agitaram. Mammon era o mais furioso-


 Mammon: A ESTRELA DA MANHÃ NUNCA PACTUARIA COM AQUELE QUE NOS ARRUINOU. SUA MEMÓRIA É LONGA E COPIOSA – explodiu- O RASTEJANTE ESTÁ MENTINDO ! 


Revoltados, mais com a liderança de Samael do que com a estratégia ordenada, os chefes empunharam as armas.


Samael: Sugiro que aquietem, senhores ! - pediu a cobra, acuada- Garanto que a ordem provém de Nossa Majestade satânica, que julgou imprescindível manter até agora o sigilo. Ponho a prova minha palavra. Este é o desejo do Arcanjo Sombrio, e falo em seu nome. Os descontentes poderão desertar agora e sofrer as consequências depois. 


Sem mais opções e convencidos de que Samael dizia a verdade, os poderosos aderiram a sua vontade. 


A Serpente do Éden, de moral renascida, ergueu a cabeça e mirou a fortaleza além das montanhas.


 Samael: Chegou o dia em que o inferno caminhará sobre a terra. Avisem a decisão aos comandantes. Logo, os navios vão atracar, e que estejam prontas as divisões.


 XXX: Se me permite a pergunta, ó conselheiro... - ousou Asmodeus, adicionando uma pitada irônica a oratória – Os sitiados tem ciência de que lutaremos a seu lado ?


 Samael: Levantaremos a bandeira do arcanjo Miguel em alinhamento a nossa, sinalizando a aliança. 


XXX: E se eles recusarem o apoio ? -interpelou Mephistopheles- 


Satã apontou um dedo escamoso a zona de guerra, indicando a superior energia dos revoltoso. 


Samael: Não recusarão. Aos defensores não sobra escolha. Se declinarem nossa adesão, serão massacrados pelos rebeldes. Nossas hordas vem salvá-los da ruína completa. E, findada e peleja, seremos nós, ainda fortalecidos, que ditaremos as normas as tropas debilitadas. 


Era verdade. Os anjos sitiados eram perversos, inescrupulosos, e não rechaçariam a ajuda que os afastaria da derrocada. 


Já os insurgentes não largariam seus ideais, adoravam a justiça, e jamais combateriam em concordância com os soldados satânicos. Aos duques estava claro contra quem deveriam lutar, mas por que ? 


O que pretendia Lúcifer, auxiliando um inimigo de eras ? Surgiu, então, na mente de Orion, a hipótese da conspiração. 


Estariam os dois mancomunados ? Seria esse o motivo da ausência do Senhor do Sheol durante toda a preparação da campanha ? 


O que cobiçava Lúcifer ao proteger os interesses do tirano que habitava Sion ? E, por fim, havia mais uma pergunta. Por onde andava Apollyon ?


Nas alturas, ao redor de Sion, os anjos em guerra seguraram os golpes e pararam subitamente, ao escutar a percussão infernal.


 Cessaram as lutas, as flechas e as perseguições, ao som do ruido dos tambores satânicos. A atenção dos alados desviou-se para as planícies ao norte, anteriores a cordilheira, onde um estupendo exército de diabos eufóricos tomava posição, próximo as margens do Styx. 


Eram centenas de milhões de soldados, que saiam dos negros navios e enchiam o céu até a altura do véu estelar. Todos os celestiais, atacantes e sitiados, tremeram, mesmo os mais destemidos, diante das hordas e monstros. Quanto aos rebeldes, eram fortes de corpo e sábios de espirito, e logo engoliram o receio. 


XXX: São as hostes de Lúcifer – exclamou Baturiel, para o general Shenial- O que fazem aqui e como chegaram tão repentinamente ?


Shenial: Leviatãs – respondeu, avistando os grandes barcos ancorados no rio – Pensei que só existissem em lendas. 


Baturiel: São muitos. 


Shenial: E quem apoiarão ? - Inquiriu, mas já sabia a resposta, a ao imaginá-la o terror percorreu-lhe a espinha. Os revoltosos, sob nenhuma hipótese, firmariam amizade com o Diabo. Os defensores, entretanto, acostumados a perversidade, eram suficientemente malvados para aceitar o apoio, ainda mais em um momento difícil- 


Na linha da frente, um cavaleiro do inferno levava, aberto, o estandarte das hordas de Lúcifer. A seu lado, outro ginete carregava uma bandeira fechada.


 Os dois partidos celestes esperavam para ver a flamula hasteada e saber ao certo com quem os satânicos formariam aliança.


Lúcifer subiu a escada e emergiu pelo alçapão, uma passagem aberta no piso, que acessava o pináculo da fortaleza, no ponto mais alto da torre. 


No pátio pequeno, com a Roda do Tempo no meio, o Arcanjo Sombrio encontrou dezenas de corpos estirados no chão. Esses anjos abatidos haviam sido delegados para defender o terraço, mas foram aniquilados pelas setas douradas das arqueiras rebeldes, logo no principio da ofensiva. 


Vick, ainda presa a pilastra de mármore, assistiu a chegada do Diabo ao ultimo andar. Enojada, a mulher encarou o demônio, que desviou o olhar para contemplar a batalha. 


Ao notar sua presença, a mortal recordou-se da conspiração, tantas vezes mencionada por Ablon, e desvendou o que se passava. Foi então que viu o Príncipe dos Anjos subindo os degraus, carregando consigo o general derrotado.



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Autor(a): Fraanh

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 1



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  • fraanh Postado em 16/10/2014 - 20:18:52

    Por mais que eu esteja postando a primeira temporada rapidamente só para continuar a segunda (já que tive que sair do orkut), eu devo, com toda a educação do mundo, dar as boas vindas as leitoras que não me acompanharam antes, então, sejam bem vinda meninas, espero que estejam gostando, comentem por favor, eu não mordo não *-*


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