Fanfic: O amor e um anjo ~
Ablon e Apollyon pousaram em Megiddo, uma montanhas larga, de cume bem amplo, solitária na esplanda, única na vastidão do deserto.
Fazia lembrar um calombo, um caroço nefasto na pelo do mundo, distante uns cem quilômetros das cordilheiras que cercavam Sion. No plano físico, essa magnifica elevação fora cenário de muitas batalhas e abrigara dezenas de fortificações antigas, hoje em ruínas.
Mas no plano etéreo Megiddo era só um morro de arenito, titânico em dimensão, cujo topo se aplainava em forma de arena, um circulo aberto para o derradeiro combate. Os anjos perversos e justos, e também os demônios perseguiram os duelistas e desceram ao solo, tomando posições para entrever o confronto.
No alto do maciço de rocha, nada abalava a confiança do general, frente a frente com seu maior inimigo. Já derrotara o Príncipe Celeste.
Como o Exterminador pretendia batê-lo ?
Ablon: Terminaram seus truques, Anjo Negro. Seus lideres foram liquidados, e a conspiração está arrasada. Este é o momento do nosso ajuste. Durante tantos anos, você perseguiu meus amigos e matou muitos deles. Agora vou fazer com que se arrependa de suas agressões. - O monstro sorriu, desprezando a determinação do herói. -
Apollyon: Pois saiba, proscrito, que eu sou invencível. Por mais que você tenha arruinado Miguel e até superado os arcanjos, eu tenho a Fogo Negro – e mostrou sua espada de chamas negras – Esta arma me foi dada por Lúcifer, como um presente por meu ingresso na conspiração. Esta relíquia pertenceu a Bahemot, servo de Tehom, um dos deuses antigos, aniquilados por Yahweh antes da feitura da luz. Ela é anterior a criação do universo e precedeu o nascimento dos anjos. Sua lamina é indestrutível. Nada nem ninguém poderá me vencer enquanto eu a brandir. Derrotarei os novos rebeldes, sozinho se for necessário, até o ultimo insurgente. - Em resposta, o guerreiro levantou sua Flagelo de Fogo. -
Ablon: Então, talvez você se lembre da Flagelo de Fogo – desafiou-o, exibindo a ponta abrasada da espada – É a única arma que já o feriu.
Durante a guerra no céu, Gabriel, que não sabia da aliança entre Miguel e Lúcifer, lutou bravamente contra os agentes do Diabo, e em meio a peleja golpeou o Exterminador bem no rosto, com sua espada fulgente. A cicatriz era ainda visível.
Cansados e furiosos, os dois rivais se afastaram e tomaram distancia para o combate mortal.
Flutuando ao lado de Shenial, Baturiel lembrou-se dos dias remotos, quando Ablon e Apollyon se bateram no Castelo da Luz.
Na época, eram ainda generais de legiões, e só não morreram porque Balberith, então príncipe da casta, interrompeu o embate.
Baturiel: Continua aqui um desafio que se iniciou há quinze mil anos – sua armadura dourada estava coberta de sangue, seu e de outros. Os braços tinham cortes abertos, e as asas doíam pelas pancadas sofridas -
Shenial: A espada de um arcanjo ou a arma de um deus – proferiu, referindo-se a Flagelo de Fogo e a fogo Negro – Quem vencerá ?
Era impossível precisar a vitória.
Vick estava sozinha no ponto extremo da fortaleza, acompanhada somente pelos mortos. No terraço, o sangue chegava aos calcanhares, e era difícil andar sem pisar em cadáveres.
O que antes para ela como estudante de biologia não parecia afetar tanto, agora a estava deixando enjoada. Apesar do incêndio, a torre continuava segura e certamente resistiria por mais alguns minutos.
Livre das correntes e sem alados para vigiá-la, ela preferiu tomar uma atitude, em vez de assistir passiva ao duelo. Desceu pelo alçapão e entrou na Sala dos Portais.
Estacou na entrada da câmara e observou tudo em volta. Estava envolvida a encontrar ela mesma a saída e a escapar, sem ajuda, do fogaréu que consumia a bastilha.
Ablon e Apollyon chegaram a beira do precipício sobre a montanha, em cantos opostos da arena de pedra. Dali se viraram, um de frente para o outro, como desafiantes em lados extremos do ringue.
A tensão atingiu o ponto máximo e, então, eles correram a batalha, inchados de força colérica. Os exércitos estavam estagnados, aguardando o impacto.
Como cavaleiros em justa, os titãs rasgaram a noite e se enfrentaram bem no meio do circulo. Quando as duas espadas bateram, o planeta inteiro tremeu.
A explosão soou como um acorde estridente na fluência do universo, uma nota gritante na sinfonia do espaço. Uma fabulosa onda de fogo – negro e rubro – desceu pelas encostas do morro, fulminando os espectadores mais próximos e lambendo toda a planície.
Os mais espertos voaram, enquanto o vagalhão escaldante chamuscava o chão do deserto, consumindo tudo a sua frente. As armas mais poderosas do cosmo se partiram ao encontro, lançando estilhaços ferventes ao céu.
Os duelistas foram atirados para trás, pela violência do choque e rolaram ao marco inicial do combate. A explosão fez rachar as armaduras, que logo sumiram em farelos.
As couraças desapareceram como poeira ao vento, mas haviam preservado a vida de ambos – sem elas, o corpo dos combatentes teria sido desintegrado, engolido pela suprema energia das laminas, forjadas por deuses insuperáveis.
A Flagelo de Fogo fez seu trabalho, mas as ameaças de Apollyon não eram simples bravatas. A Fogo Negro realmente era, e sempre fora, a arma mais potente já criada, por isso um de seus estilhaços resistiu.
A lasca abrasada atravessou o ombro de Ablon em extrema velocidade, perfurou-lhe a carne e saiu pelas costas, indo perder-se nas pedras além.
Na Sala dos Portais, Vick vasculhava as alcovas, atenta aos símbolos gravados nas portas. Enquanto examinava os umbrais, encontrou um curioso objeto pousado no chão: uma pena negra, de aparência antiga, já encurvada nas pontas, maior que a plumagem das aves.
Levando a pluma a luz, não teve duvidas sobre a quem pertencia.
Aquela era a pena de Apollyon, dada ao primeiro General pelos espíritos da velha Sodoma. Ablon a levara a batalha, para não esquecer sua vingança, mas durante o combate contra o arcanjo Miguel ela lhe escapara do cinto, e agora Vick a encontrara entre as sombras.
Ela estava distraída avaliando a pena quando escutou um barulho, algo parecido com uma respiração e tentou disfarçar para que quem quer que estivesse por perto, não soubesse que ela sabia que não estava sozinha.
Virou devagar e tentou voltar ao topo da fortaleza, dando passos de frente para o suposto lugar de onde o barulho viera e de costas para as escadas que a levariam para o pináculo.
Seu coração estava disparado e ela quase correu, com medo de ser pega novamente, mas de repente, quem saiu das sombras, parecia a melhor solução para o problema dela naquele momento.
A Feiticeira de En-Dor saia das sombras lentamente, e com muita cautela, avaliava Vick dos pés a cabeça.
Vick: Shamira, porque me olha assim ? Sou eu, Vick, a não ser que você, não seja você. - ela deu mais um passo para trás -
Shamira: Eu não sou eu ? É muito mais provável que você não seja você, até porque, quem está aqui dentro a dias, é você.
Vick: Por isso mesmo, não posso confiar em ninguém, diga algo que somente nós duas saberíamos.
Shamira: Diga você.
Vick: Ok, você diz primeiro, e depois eu digo.
Shamira: Ablon viajou comigo quando, bem, quando vocês brigaram. Eu estava morando na casa dele e você não aceitou isso muito bem. - Vick assentiu. -
Vick: Você fez um feitiço em mim, um feitiço que me ajudou e vai me ajudar muito, assim que fizemos as pazes. - Shamira também assentiu depois deu um grande sorriso. -
Shamira: Garota, como eu fiquei preocupada com você – disse se aproximando e a abraçando -
Vick: Onde estava ?
Shamira: Ablon pediu para que eu ficasse longe da guerra, mas como você pode ver, eu não consegui, só estava esperando uma possibilidade de entrar e tentar ajudar. Mas e você ?
Vick: Bom, não acho que tenhamos tempo para colocar o papo em dia mas resumidamente, Ablon me salvou, matou o arcanjo Miguel e agora esta lutando com o Anjo Negro que é o Apollyon – a necromante colocou as mãos na boca imediatamente – Eu estava tentando sair daqui e fazer com que Ablon não precisasse ter tantas coisas para se preocupar, mas esse lugar é enorme, avaliava as portas quando achei isso no escuro – e mostrou a pluma – Creio que seja a pena de Apollyon, só pode ser. Espera, você é uma feiticeira não é ? Não pode ajudar Ablon ? - Shamira pegou a pena das mãos de Vick e a avaliou por alguns instantes. -
Shamira: Sim, é a pena do Anjo Negro. Com a pena do Anjo Destruidor nas mãos. Posso fazer um feitiço!
Vick: Então vamos – pegou na mão da necromante e a puxou rapidamente enquanto subiam as escadas -
Recuperados da explosão, os dois guerreiros se levantaram, enraivecidos e desarmados. Nenhum deles esperava que as espadas se quebrassem ao impacto, mas não podia ser diferente. O poder das laminas era enorme.
Ablon: E agora, onde está sua arma invencível ? - instigou, sem dar a menor importância ao ferimento no ombro – Está inerme, maldito.
Apollyon: Inerme ? E quanto a você ? - riu, apontando para o rasgo onde o estilhaço penetrara- Achava que nada mais poderia vencê-lo, não é ? Entenda, renegado. A Fogo Negro foi feita para exterminar os arcanjos, e isso o tornou o alvo perfeito.
Ablon: Acredita mesmo que este ferimento pode me matar ?
Apollyon: Não. Mas agora suas forças estão reduzidas. Lutaremos novamente em igualdade. Não é assim que prefere ?
Ablon: Eu prefiro vê-lo morto. Desta vez nenhum príncipe vai ajudá-lo.
Apollyon: É verdade. A salvação está reservada aos fortes. Assim morreram os renegados, sem um líder para ampará-los – provocou – Assim morreu Yarion, Asa de Vento. Assim morreu Sieme, Mestre da Mente.
Ablon: Já falou demais, assassino – censurou – Vejamos se é tão bom com os punhos quanto é com as palavras.
Eles voltaram ao combate, agora sem as armaduras a cobrir-lhes o torso. A batalha, recordou Baturiel, repetia a sequencia do duelo no Castelo da Luz, quando os dois generais lutaram, deitando fora as couraças de ouro.
Apollyon disparou para cima com a rapidez de um trovão, como se convocasse o Renascido, Ablon o seguiu, e os dois subiram alto, muito alto, só parando quando enxergaram as estrelas.
O frio do espaço endureceu-lhes o corpo, e o general sentiu que sangrava, sangrava muito. A lasca da Fogo Negro não apenas o enfraquecera, mas ainda poderia matá-lo.
Seria ele, enfim, vencido por seu inimigo mais pessoal, depois de ter voltado da morte e derrotado o arcanjo Miguel ?
Mas, no momento em que a esperança fugia, o mundo girou, em seu característico movimento diário.
A escuridão sideral recebeu o brilho a luz, e o primeiro raio de Sol surgiu na curvatura.
Os desafiantes voaram um contra o outro, como dois foguetes em colisão.
Apollyon esmurrou, aproveitando toda a energia do empuxo, mas Ablon desviou do ataque. Agarrando o malakis pelo braço, ele o rodou sobre a cabeça e depois o lançou para baixo.
O Exterminador despencou, girando feito um furacão, enquanto o general o massacrava com uma sequencia de socos. A medida que reentravam na atmosfera terrestre, o monte Megiddo tornava-se novamente visível.
Apollyon não conseguiu adejar e caiu de costas no chão, abrindo uma cratera no cume do morro.
O choque esmagou-lhe as asas, despedaçando os ossos do dorso. Acelerado, Ablon desceu a vala e pousou já montado, forçando o joelho contra o estomago do monstro, que se defendia, insensível a dor.
O general reparou, a proximidade, que o baque também tinha dilacerado as costelas da besta, trespassadas por estacas de pedra.
O sangue do misterioso Anjo de Asas Negras encheu o buraco, sujando a fundura da fenda.
Ablon: Está derrotado, Exterminador. Sem sua espada, não é quase nada. Conhecerá agora o caminho da morte. Partirá ao vazio, e sua essência voltará ao fluido do cosmo, de onde nunca deveria ter se formado.
Enlouquecido pela exaltação, Ablon invocou a Ira de Deus. Desceu um soco no rosto do malfeitor, mas a fera esquivou-se, escapou para o lado e pulou as costas do general, como uma pantera faminta.
A pancada falhou, e o golpe possante atingiu o coração da montanha. Ao embate, sobreveio um grande terremoto, que fez vibrar todo o morro e ameaçou engolir a cratera.
Ablon tentou voar, mas Apollyon estava enlaçado as suas asas, como um carrapato colado a pele.
Juntos, foram quase soterrados pelas pedras rolantes, mas um impulso do renegado jogou os dois para fora da vala.
O monte Megiddo implodiu, ruindo por dentro e destroçando todo o deserto. A planície se rasgou em gretas profundas, castigando a esplanada, já arrasada pelo fogo das espadas divinas.
Os duelistas aterrissaram sobre os destroços, salvos, mas buscando estabilidade no terreno imperfeito.
Agora, o jogo tinha virado, e o Destruidor detinha a vantagem. Enrolando o braço no pescoço do inimigo, o demônio apertou o rebelde em um golpe do tipo gravata.
Ele sabia que, por mais que lutasse, seus assaltos seriam ineficazes contra o Renascido, por isso guardava, secretamente, sua principal tática de guerra – o ataque final que encerraria a disputa.
Ablon se tornara insuperável ao vencer o arcanjo Miguel, mas não subsistiria a estratégia suprema do Exterminador.
O herói rolou para a frente, contraiu todos os músculos, tentou escorregar para baixo, mas não conseguiu se libertar da pegada. Era o mais destro dos lutadores, possuía habilidades incríveis, mas já havia perdido muito sangue.
Além disso, o malakis ainda tinha maior força física, e usou de toda sua brutalidade para reter o revoltoso.
Apollyon: Suas manobras são inúteis – avisou – Como poderá agira, enquanto estiver imobilizado ?
Pela posição do rival, Ablon percebeu que ele também nada podia fazer. Um único movimento agressivo permitiria que o general se libertasse da chave.
Ablon: Nunca vai me ferir – constatou – Solte-me, e voltemos a briga. - O assassino não deu importância a proposta e retrucou em regozijo. -
Apollyon: Para você, reservei minha arma mais primorosa – explicou, e continuou lentamente – Soube que você ficou muito impressionado pela maneira como arruinei Sodoma e Gomorra... - havia um deleite macabro em sua voz – Esse e meu poder de total destruição, a potencia capaz de arrebentar o tecido e trazer a condenação sobre o mundo.
Destruição total! - a energia que vitimara os filhos de Sodoma, o horror que liquidara as duas cidades, convertera os mares em sangue e transformara os fugitivos em colunas de sal. Ao discurso, Ablon temeu pelo futuro da humanidade, pelo destino da terra e se seus habitantes. A fera não era só assassina – mas também suicida.
Ablon: Se não me soltar, você morrerá junto – alertou -
Apollyon: Então, morreremos. Você é meu inimigo, minha nêmesis. Nosso fim marcará a devastação do planeta. Essa é minha demanda vital – revelou, repetindo as glosas sobre sua identidade – Eu sou o Anjo do Abismo Sem Fundo, sou aquele que abre todas as portas. Eu sou a luz e as trevas, o começo e o fim.
Com isso, seus músculos se dilataram, e o sangue vermelho da besta ganhou brilho azulado. Ablon notou, com sua visão apurada, que os átomos do plasma inchavam e logo se chocariam a ponto de estourar, culminando em um explosão luminosa.
De repente, o corpo do Destruidor mais parecia um canal, um veiculo retentor de toda a energia destrutiva do cosmo, um receptáculo carregado de sentimentos terríveis, concentrando, em si, horror e agonia, maldade e aflição, ódio e crueldade.
O general não sabia de onde vinha tamanho poder, ou como era ativado. Não havia mais reversão ao processo. Aquele era o fim do universo, para homens e anjos.
Apressadas, Shamira e Vick voltaram ao pináculo da torre, com a pena nas mãos. De lá, avistaram o terremoto devastando a planície, e os dois gigantes ainda lutando.
Apertando a pluma contra o peito, a necromante invocou sua mágica, para recitar um ultimo encantamento.
Sobre os escombros do monte Megiddo, então reduzido a uma colina de pedregulhos instáveis, Apollyon prendia o Primeiro General em sua guarda, enquanto invocava a arma letal, que vitimaria não só os dois duelistas, mas todos os mortais do planeta.
Imobilizado, Ablon imaginou qual seria o verdadeiro papel do Exterminador na conspiração. Por que Miguel e Lúcifer o teriam recrutado, além de usá-lo como mensageiro ? Supôs, então, que sua habilidade suprema de destruição fosse parte essencial do plano final.
Os arcanjos tinham por meta liquidar a humanidade após a desintegração do tecido, e quem melhor para ajudá-los do que o Anjo Destruidor, um grande agente da morte, criado para a carnificina e atraído pelos mais violentos massacres ? Apollyon era fascinado pela dor e pela matança.
Vira a bomba atômica sobre o Japão e se admirara ao entender que seu poder havia sido roubado pelos homens. Soube, então, que cedo ou tarde a civilização se extinguiria, ela própria, mas caberia a ele caçar os sobreviventes.
Era por isso que a Estrela da Manhã o havia chamado – o Diabo julgava conhecer o futuro, revelado no Livro da Vida.
Assim se concluiria o sétimo dia, com a derrota do Renascido.
Mas Ablon não acreditava em destino, e o que aconteceria a seguir desafiaria qualquer previsão.
Surgiu, voando no céu, uma figura virtuosa e altiva, apesar de sua diabólica aparência.
Envergava uma armadura de prata, adornada com símbolos atlantes. Mistura de homem e fera, o Rei Caído de Atlântida ingressava ao combate, oculto desde o principio da luta. Mergulhou no ar feito um falcão, e com suas garras pontudas furou o dorso do Destruidor, puxando a besta para trás e libertando o renegado.
Ablon: Orion! - espantou-se -
Apollyon: Orion ? - grunhiu, enquanto o satanis o segurava pelas asas partidas, enfiando-lhe os dedos na carne, cada vez mais profundamente -
Orion: Vá embora, Ablon. Não vou detê-lo por muito tempo.
O general planava diante do amigo, ainda estupefato. Como veterano de guerra, sua primeira reação foi preservar o camarada, e não correr da batalha.
Ablon: Ele não vai parar, Orion – avisou, referindo-se ao poder de total destruição – Largue-o, ou será imolado. - O velho confrade sorriu. -
Orion: Faço isto pela nossa antiga amizade, general, que nem o céu e o inferno conseguiram apagar – e, ao notar o querubim ainda indeciso, acrescentou – Minha salvação está em morrer em glória, como um monarca atlante. Fuja, ou meu sacrifico não terá serventia. Você já terminou sua missão. Permita que eu cumpra a minha.
Compreendendo que Orion havia feito sua escolha, e que nem mesmo ele poderia impedi-lo, Ablon decolou e voou com toda a celeridade na direção de Sion, esperando chegar a fortaleza a tempo de salvar Vick.
Aos brados indignados de Apollyon, que teve frustrada sua demanda, o Renascido olhou para trás e proferiu uma ultima frase em tributo ao bom companheiro.
Ablon: Assim morrem os heróis – sussurrou, e as palavras se perderam ao vento -
Ao ver a fuga de seu inimigo, Apollyon decidiu persegui-lo, Orion ainda o segurava, mas o ocioso satanis não seria páreo para a força descomunal do malikis. Se nem o Primeiro General o prendera, não seria o Rei Caído que o faria.
O Destruidor forçou o atlante para trás, com o objetivo de atirá-lo ao alto, mas percebeu, subitamente, que seus impulsos não eram mais tão possantes assim.
Orion: O que houve, Exterminador ? - perguntou com ironia – Seu vigor colossal o abandonou ?
Desesperado, Apollyon esperneou, mas sua magnifica potencia sumira. Ele gritou em protesto, esbravejou, e nada aconteceu. Como ? Que tipo de energia o debilitara ? Quem poderia sugar toda sua pujança ?
XXX: Alsi ku nushi ilani mushiti! - proferiu Shamira, no cimo da fortaleza, com a pena negra na mão -
Aquele era o encanto do enfraquecimento, o feitiço não era normal, só debilitante, o Exterminador não seria vitimado pelo encantamento, e sim por sua própria arma de destruição.
XXX: Foi você! - decifrou de repente Apollyon – Foi você quem libertou Ablon dos calabouços de Zandrak.
Orion: Sim – confirmou – Eu e a rainha-demônio.
Apollyon: Lúcifer enxergava tudo em seus domínios – rugiu, buscando uma explicação aceitável – Não é possível que isso tenha escapado a sua visão!
Orion: Nem tudo o Arcanjo Sombrio podia enxergar. A amizade e o amor... foram emoções que nos motivaram, a mim e a sedutora. A Estrela da Manhã jamais perceberia nossas intenções porque, para os perversos, esses sentimentos sã indecifráveis.
Então, enfraquecido pelo feitiço de Shamira, incapaz de voar com as asas quebradas e retido no solo por Orion, Apollyon liberou sua fúria, que, uma vez invocada, não poderia mais ser contida. Assim, deu-se a grande explosão.
O coração pulsante da besta rasgou, lançando um oceano de fogo e fulgor sobre o mundo.
No campo, os três exércitos enfrentaram, atônitos, o espetáculo, a medida que o calor cósmico desintegrava seus corpos.
Ruíram as fundações do planeta, e por toda a terra começaram os cataclismos. Rios transbordaram, continentes se dividiram, montanhas desabaram. O solo foi castigado, e suas gretas sugaram os mares as entranhas do globo.
Sobre os escombros do Meggido subiu uma coluna de negra fumaça, como se aberto o poço do abismo – uma passagem aos nefastos confins do universo.
O ardor queimou todo o céu, obscurecendo o firmamento e apagando o brilho dos astros. Submetendo o Exterminador, Orion foi o segundo a morrer, seguidamente ao suicida.
Mas, antes de perecer, teve um ultimo lampejo, uma visão – não do futuro, mas do passado.
Ao fenecer, avistou uma ilha e uma cidade de torres resplandecentes, banhada pelo sol da manhã, onde era sempre verão. Viu um povo feliz, navegando pelos mares e mergulhando nas ondas.
Vislumbrou uma terra de encantos e maravilhas, sem fome, ódio ou tristeza; um pais unido pelo amor ao Criador, mas ciente das próprias capacidades. Aquela era Atlântida, a Pérola do Mar. Falecia seu monarca perpétuo.
Antes de a explosão engolir a bastilha, Amael e Aziel chegaram ao terraço da Roda do Tempo para resgatar Vick, e agora também a Feiticeira de En-Dor.
A Chama Sagrada segurou a mulher enquanto Amael, a necromante, e os quatro voaram para longe dali, em direção ao acampamento rebelde, tentando fugir da nuvem de choque. Mas a energia os alcançou, lançando seus corpos ao deserto.
Autor(a): Fraanh
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Atordoado pela explosão, Ablon levantou-se do chão, tropego e dolorido. Cuspiu um pouco de sangue no solo queimado e esticou as asas rajadas. Sentia-se péssimo, mas ainda estava vivo. A respiração também voltava com custo, e ele inspirou fundo, só para sentir o gosto funesto do ar poluído. Mas on ...
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Comentários da Fanfic 1
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fraanh Postado em 16/10/2014 - 20:18:52
Por mais que eu esteja postando a primeira temporada rapidamente só para continuar a segunda (já que tive que sair do orkut), eu devo, com toda a educação do mundo, dar as boas vindas as leitoras que não me acompanharam antes, então, sejam bem vinda meninas, espero que estejam gostando, comentem por favor, eu não mordo não *-*