Fanfic: S.O.S. - Sexo e Outros Segredos [Finalizada]

Se isso fosse um filme de terror a tela
estaria em completa escuridão e somente a respiração ofegante e entrecortada da
linda protagonista seria ouvida. É exatamente como eu me sinto. Estou presa...
Em não sei onde e sozinha. Não tive coragem de acender a luz com medo de
Nikolay ver a claridade pela fresta da porta.

Eu estava sentada no chão, encostada a
parede ao lado da porta, com medo de mais pra fazer qualquer coisa a não ser
tremer e chorar. Minha pele estava fria e pegajosa, meu estomago se revirava
violentamente, minha respiração estava rápida e irregular e todo o meu corpo
tremia. Eu estava em estado de choque, eu sabia.

Não conseguia assimilar o fato de
Nikolay estar aqui, com uma arma querendo matar meus amigos e fazer sei lá o
que comigo. Derek uma vez me disse que quando Nikolay era mais jovem deu entrada
em um hospício, um surto psicótico, havia dito ele, e ficou lá por algumas
semanas. Sempre tive minha duvidas se ele se recuperou completamente, mas o dia
de hoje me deu certeza de que não.

Pensar nisso fez os tremeres em meu
corpo aumentarem. Não acredito que Any me deixou aqui sozinha para ir atrás de
Alfonso. Eu ouvira passos e puxei ela comigo, eu salvei a vida dela e tudo que
ela pensou foi que eu a afastei de Alfonso quando ele estava incapacitado de se
defender ou até mesmo de fugir. Mas ela esqueceu que Christopher e Christian
estavam  com ele e que ela não poderia
fazer nada se Nikolay aparecesse armado por lá.

A porta foi aberta
num rompante e o clarão de luz que entrou me cegou momentaneamente. A porta foi
fechada sem perda de tempo e algo caiu em cima de mim.

-Aii... Mas
quem...?

May: Chris?

Chris: May? –Ele se
ergueu nos braços, piscando os olhos tentando me focar na escuridão absoluta.

May: Chris! – Eu o
abracei puxando seu corpo para mais perto de mim, ele se desequilibrou caindo
com todo o corpo por cima de mim. Doeu um pouco, mas eu não me importei. Era maravilhoso
saber que ele estava ali comigo e a salvo.

Não havia
percebido que começara a chorar até que Chris começou a me embalar dando leves
beijos em minhas pálpebras enxugando as lagrimas que escorriam livremente.

Ficamos assim por
um tempo. Um abraçando o outro. Quando me acalmei comecei a pensar em algo que
martelava minha cabeça desde o momento em que acordei e vi Chris amarrado sob a
mira de uma arma.

May: Chris... –Comecei. Sabia que
seria uma pergunta difícil, mas não existia um lugar ou hora certa para fazê-la.
–Já que vamos morrer aqui, eu queria te perguntar uma coisa.

Chris: Tão otimista. –Brincou. –Pergunte.

May: Por que você me ama? Quer
dizer... Até pouco tempo atrás você era homossexual e...

Ele ergueu uma mão, sinalizando
que havia entendido a questão, me poupando do constrangimento de continuar.

Chris: Eu sei que Any já te
contou que somos amigos há muito tempo. No primeiro ano de faculdade nem nos falávamos
direito, saiamos com o mesmo grupo de amigos, nos falávamos ocasionalmente, mas
não como agora. Então no meio do ano, chegou uma novata, transferida de uma
cidadezinha do interior. Ela era doce, ingênua, tímida, perfeita. –Ele sorriu dando
um beijo rápido em meus lábios. Continuou. –Eu ficava todos os dias pensando em
como me aproximar daquela criaturinha maravilhosa. Então eu vi Any conversando
com ela. Todos os dias elas estavam juntas. Foi quando eu me aproximei mais de
Any, querendo ficar perto dela. –Meu olhos se arregalaram. Ele estava falando
de mim? Não podia ser que desde aquela época ele esteja apaixonado por mim.

May: Mas então por que você
nunca...? –Ele me beijou, me impedindo de continuar a pergunta.

Chris: No começo porque você era
tão tímida que eu temia que se me aproximasse muito você fugisse e depois você
conheceu Derek e só tinha olhos para ele.

Eu me lembrei de quando havia
conhecido Derek. Foi em uma das muitas festas que meus pais deram antes de
morrerem em um trágico acidente de avião. Derek na época já era ator, já havia
feito alguns comerciais e era muito carismático. Eu me apaixonei por ele no
momento em que ele sorriu para mim.

Chris: Eu esperei que vocês
terminassem, mas o tempo passou e namoro se converteu em noivando e depois em
casamento. Ciumento como ele era, eu sabia que Derek não me permitiria que eu
ficasse perto de você.

Em minha ingenuidade, naquela época,
eu pensei que todo esse ciúme fosse porque me amava, mas o hipócrita só não
queria dividir o que ele considerava como seu objeto para uso pessoal.

Chris: Durante todo esse tempo eu
fingi ser o que não era. Até dei em cima dele. –Ele sorriu com alguma
lembrança. –Então ele morreu. Naquele dia, na praia, eu contei a verdade. Finalmente
você estava livre, e eu poderia te dizer o que eu sentia, mas não queria te
pressionar, não quando você ainda estava abalada pela morte de Derek. Então eu
esperei. E qual não foi a minha surpresa... –Ele riu sem humor. - Quando você
aparece com um namorado no natal? Foi então que pensei que já havia esperado de
mais. E decidi agir. Estava cansado de fingir que não me importava com você,
quando você é o meu mundo, cansado de te ver chorando por outros homens quando
eu morreria por você. Cansado de estar a seu lado e não poder te tocar quando
te sentia tão parte de mim.

Ele me beijou suavemente.

Chris: Ainda não consigo
acreditar que estou assim com você.

Ele me olhou com um olhar
indecifrável e eu lamentei por toda dor que o causei. Comecei a pensar que jamais
o vira triste ou chateado. Ele sempre estava com um enorme sorriso no rosto e
uma brincadeira na ponta da língua. Lembrei do que minha avó disse quando eu
era criança. Aqueles que mais sorriem, são os mais tristes. Não poderia estar
mais certa.

Meu coração se apertou ao pensar
em todo seu esforço para se manter sempre alegre perto de mim, mesmo quando a
dor o dilacerava.

Chris: Agente precisa ir. –Ele suspirou,
mas não fez nenhum esforço para sair de cima de mim.

May: Não! –não com aquele louco
lá fora.

Chris: Eu... Bom... A Dul precisa
de ajuda.

May: Por quê?

Chris: Ela... –Ele sorriu
nervoso. –na verdade é uma historia bem engraçada. Ela entrou em trabalho de
parto quando estávamos na sala de controle.

May: Que?! E você deixou ela lá
sozinha? –Me levantei empurrando ele.

Chris: O que você queria que eu
fizesse? Eu não sou médico. Não poderia ajudar em nada ficando lá.

May: Claro, porque você tem a
sensibilidade de uma colher de chá! Poderia ter ficado lá e ter dado apoio
moral!

Chris: Eu vim procurar ajuda. –Tentou
se justificar, mas nem ele acreditava. A verdade é que ele era um covarde.

May: Certo. –Eu tentei raciocinar
com calma. –Vamos procurar uma saída e chamamos a polícia e uma ambulância e
tudo resolvido. –Mas nem eu colocava fé nesse plano.

Chris: Não podemos. Estamos em
alto mar.

May: Você bebeu? Estamos atracados
no porto.

Chris: Dul e eu vimos. Estamos em
alto mar e não tem ninguém conduzindo esse navio.

Será que as coisas podem piorar? Como
um dia que começara maravilhoso estava se tornando o pior dia de minha vida?

N/A: Eu pretendia que este fosse o penúltimo, mas acabei me delongando na historia de Chris