Fanfic: Amor que Enlouquece | Tema: Vondy

Christopher entrou na recepção, um relatório na mão para que Dulce digitasse, e franziu o cenho quando viu a mesa dela limpa e Alfonso olhando pela janela.

— Ei, onde está Dulce?

O irmão virou-se da janela e caminhou até a mesa, sua expressão séria.

— Acho que você não quer saber realmente — respondeu, irônico.

Christopher sentiu um nó no estômago.

— O que quer dizer?

— Deixe-me colocar as coisas desta maneira. Pelo que pude notar na expressão dela, Dul não está nem um pouco contente com todas essas mulheres que você está entrevistando, enquanto a tem ignorado. E ela mesma me disse que quer se divertir e conhecer homens que a tratem como uma mulher de verdade.

Christopher massageou as têmporas que começavam a latejar.

— Isso não me diz onde ela está — persistiu.

— Dul me perguntou aonde poderia ir para conhecer homens — respondeu o irmão casualmente. — Assim, eu lhe disse para ir ao Paxton`s.

Alfonso enviara-a a uma badalada boate? Imagens passaram pela mente de Christopher, torturando-o. Dulce dançando com outros homens. Bebendo e deixando de lado as inibições...

— Por que você fez uma coisa dessas? — perguntou, zangado.

— Bem, ou eu lhe sugeria algo, ou ela encontraria algum lugar sozinha, foi o que me disse. Achei que, dessa maneira, você saberia exatamente onde Dul está e poderia ir até lá para ficar de olho nela.

— E o que o faz pensar que quero ficar de olho nela?

— Talvez você não queira, então. — Alfonso encarou-o por um longo momento e, então, abriu um sorriso afável demais. — Dul é adulta e pode cuidar de si mesma. Pode fazer o que quiser, com quem quiser.

Christopher sentiu o sangue ferver nas veias só em imagina-la fazendo qualquer coisa com outro homem. Disse a si mesmo, porém, que, acima de tudo, o que importava era a promessa que fizera a Richard. Se algo acontecesse a Dulce, carregaria aquela culpa pelo resto de sua vida e, portanto, só havia uma coisa a fazer. Iria ao Paxton`s.

Christopher abriu caminho pela multidão que apinhava o Paxton`s na sexta-feira à noite, o som alto e pulsante do rock reverberando por seu corpo cansado e aumentando o latejo em suas têmporas. Luzes coloridas, ofuscantes, piscavam ao ritmo da música no clube noturno, dificultando-lhe a visão para além de poucos passos à sua frente.

Sem dúvida, o Paxton`s era um dos lugares mais badalados para se estar numa noite de fim de semana, mas a atmosfera barulhenta e a exibição abundante de curvas femininas eram mais adequadas à natureza de conquistador de Alfonso do que a personalidade discreta de Christopher. Preferia uma noite tranquila em casa ou tomar uma cerveja no Murphy à música ensurdecedora dali e aos olhares lascivos do sexo oposto.

Para sua mortificação, enquanto abria caminho, as mulheres o olhavam como um doce favorito que quisessem desembrulhar e devorar. Algumas eram até ousadas o bastante para tocá-lo, roçando os dedos por suas costas ou braços enquanto tentava passar.

Mas ele continuou em sua busca determinada por Dulce, ignorando as mulheres voluptuosas em roupas justas que se insinuavam em sua direção, ou até tentavam iniciar uma conversa, o que, aliás, teria sido quase impossível com aquela música alta.

Vinte minutos depois, finalmente avistou Dulce junto a um dos três bares do estabelecimento. Aliviado, aproximou-se para observá-la melhor, mantendo-se oculto por entre os frequentadores. Ela pedia um drinque ao barman e usava um vestido bege tomara que caia, feito de um tecido colante que lhe moldava o corpo quase como uma segunda pele, os cabelos soltos, com seus reflexos ruivos cintilando sob as luzes.

Ignorando a onda de desejo que precisava se esforçar para conter a cada vez que a via, ele franziu o cenho ao notar algo nas costas dela, na altura do ombro direito, uma forma que pareceu a de uma borboleta voando.

Soltou um profundo suspiro quando chegou à inevitável conclusão... ela fizera uma tatuagem. Sem dúvida, mais uma declaração pessoal de rebeldia e independência.

Continuando a se adiantar pela multidão, Christopher praguejou baixinho, sabendo que era parcialmente responsável por tê-la levado àquele extremo ao ter-lhe rejeitado os avanços. Dulce estava ficando desafiadora, impulsiva e descuidada, e quem poderia saber o que faria em seguida para provar a si mesma e a todos à sua volta que era uma mulher impetuosa e ousada que podia lidar com qualquer coisa?

E parecia que ela ia provar aquilo com o sujeito loiro e de boa aparência que acabava de se sentar no bar a seu lado e fez questão de lhe pagar o drinque. Dulce agradeceu e abriu-lhe um sorriso encantador que fez Christopher se sentir como se tivesse sido atingido em cheio na boca do estômago. Foi tomado por uma onda de ciúme que tentou afastar de imediato.

E falhou.