Fanfic: Amor que Enlouquece | Tema: Vondy

— Você dormiu comigo na esperança de que eu mudaria de ideia quanto a deixá-la trabalhar no caso?

Dulce sustentou-lhe o olhar.

— Dormi com você porque é um homem muito sexy pelo qual me sinto atraída. E sei muito bem que o sexo não o faria mudar de ideia a respeito de nada — acrescentou, irônica. — Mas tenho certeza de que provei de muitas maneiras que posso dar conta do serviço. Estou familiarizada com o caso, sou capaz de fazer o papel de sua acompanhante, e você viu por si mesmo que posso ler uma carta erótica.

Ela as escrevia bem demais também, pensou Christopher.

— Assim sendo, como você ainda tem de contratar alguém para o serviço depois de ter entrevistado pelo menos meia dúzia de mulheres com mais silicone do que cérebro, estou lhe pedindo para dar essa chance a mim.

Christopher riu diante da descrição precisa das mulheres que Alfonso enviara a seu escritório e não pôde discordar do ponto em questão.

— Por que você quer tanto fazer isso?

— Porque gosto do lado emocionante do negócio. Sempre gostei e quero ser mais atuante na agência. E há também o fato de que estou descobrindo que gosto de ultrapassar o limite do decoro de vez em quando. Ser sensata e prática tem sua hora e lugar, mas ser um pouco aventureira certamente tornou minha vida mais interessante.

E aquilo estava transformando a dele num caos.

— Já a avisei de que pode ser algo perigoso. Se fôssemos apanhados, Thornton teria todo o direito de prestar queixa e provavelmente passaríamos a noite na cadeia e teríamos de responder a processo. E se isso acontecesse, seu pai jamais me perdoaria.

Ambos haviam terminado o café, e Dulce colocou as canecas na mesinha de cabeceira a seu lado.

— Por que não deixa que eu me preocupe com o meu pai?

— Porque seu pai confia em mim e deve esperar que eu olhe por você já que trabalha na minha agência. Ele obviamente não quer que você se machuque de maneira alguma. Se algo lhe acontecesse, eu me sentiria responsável.

Dulce soltou um suspiro de impaciência.

— Estou isentando você de toda a responsabilidade em relação a mim, e eu ficaria contente em dizer isso ao meu pai também, se isso ajudasse a tirar o peso da sua consciência.

— Não! — exclamou ele num tom abrupto. Então, limpou a garganta e se recompôs, abrandando sua voz. — Quero dizer, vamos deixar o seu pai fora disto.

— Exatamente — disse ela com ar satisfeito enquanto os dedos começavam a brincar com o lençol que o cobria, provocando-o com seu flerte. — Deixe-me acompanhar você ao leilão de Thornton, e será o nosso pequeno segredo o fato de eu estar trabalhando no caso. — Piscou-lhe um olho com ar maroto.

Christopher estreitou os olhos, mas sua tentativa de parecer severo foi traída pelo sorriso que se evidenciava no canto de seus lábios.

— Por que tenho a impressão de que você está tentando me chantagear?

— Não há chantagem alguma envolvida. Tenho trabalhado arduamente para você e a agência durante os últimos dois anos e mereço esta chance. Considere isso como uma promoção, se quiser. Também sou perfeita para o serviço, e acho que você sabe disso, ou, do contrário, já teria contratado outra mulher a esta altura.

Dulce falava com ar tão casual que ele pôde apenas encará-la e perguntar-se se não estaria certa. Inconscientemente, teria encontrado defeitos em todas aquelas candidatas porque, uma vez que Dulce fizera a sugestão de acompanhá-lo ao evento beneficente, ninguém mais servira em comparação?

— O que me diz? — persistiu Dulce, os olhos brilhando com esperança e um entusiasmo que ele não conseguiu apagar. — Juro que não vou desapontá-lo.

Christopher sabia que era verdade e que não havia mais como refutar argumentos tão lógicos.

— Está certo, o serviço é seu.

Ela soltou um grito de entusiasmo e pulou em cima dele, abraçando-o com força.

— Oh, obrigada!

Sob a fina barreira do lençol, o corpo dele reagiu de imediato, o fogo do desejo alastrando-se dentro de si numa combustão instantânea.

Esquecendo-se de sua promessa de não tocá-la, correu a mão pelas costas dela e até o quadril. Mas antes de poder insinuá-la sob a camisa para descobrir se Dulce também estava nua por baixo, ela ergueu-se e encontrou-lhe o olhar, quebrando o momento de sensualidade.

— Prometo que não vai se arrepender de sua decisão — disse, abrindo-lhe um sorriso.

— Lembre-se de que estou no comando e você fará o que eu disser, sem fazer perguntas.

— Eu prometo. — Dulce beijou-o na face, sua expressão triunfante e feliz.

No minuto seguinte, desceu da cama.

— Eu vou me vestir e você poderá me levar até o meu carro. Imagino que tenha muito a fazer hoje e não quero ficar no seu caminho.

Não, ele não tinha planos, apenas trabalho que podia adiar facilmente até a segunda-feira. Enquanto Dulce desaparecia no banheiro anexo e ele ficava na cama sozinho com um desejo sem esperança de ser aplacado, teve a estranha sensação de que acabara de experimentar a sua primeira rejeição.

Apoiou as mãos sob a cabeça, confuso e perplexo por tudo que acontecera na meia hora anterior.

Não houvera conversa sobre um relacionamento e nenhuma menção à carta que ela escrevera assegurando-lhe que seu desejo por ele era insaciável. Era como se a noite anterior e o sexo fantástico que haviam partilhado jamais tivesse acontecido.

Dulce estava tomando conta de seu ser e desconcertando-o ao extremo, deixando-o sem saber o que esperar. Ela se tornara um enigma, imprevisível e espontânea, uma mulher cheia de segredos sensuais que o atraía como nenhuma. Que o seduzia. Empolgava. E agora que fizera amor com ela, não tinha ideia de como resistiria a seu encanto.