Fanfic: Amor que Enlouquece | Tema: Vondy

— Como, afinal , conseguiu convencer meu irmão a deixar você ajudá-lo no caso Russell? — perguntou Maite a Dulce num tom divertido.

Ambas estavam numa sofisticada butique, Dulce tendo acabado de entrar no provador, e Maite sentando-se numa confortável poltrona da saleta ao lado para ajudá-la em sua importante escolha.

— Foi tudo uma questão de mostrar a ele que sou a mulher certa para o serviço. — Dulce pendurou os cabides com os quatro vestidos que selecionara para experimentar no gancho ao lado do espelho no interior do cubículo. O leilão de caridade seria dali a três dias, e ela ainda precisava de um traje de gala para o evento beneficente. — E tenho que admitir, tem sido agradável fazer isso.

— Aposto que sim! — exclamou Maite, seu riso ecoando até o provador. — Tenho de lhe dar seu mérito, Dul. Ele é um homem difícil de convencer quando está determinado a algo, mas teria de estar cego para não notar todas as mudanças em você ao longo da última semana e meia.

Christopher notara o bastante, pensou Dulce, enquanto provava o primeiro vestido, um longo vermelho e justo com bordados em prata. Ele vira mais do que Maite ou qualquer outra pessoa poderiam imaginar. Vira-a nua, ardendo de paixão por ele e contorcendo-se de desejo sob seu corpo forte, viril. Vira-a em sua atitude mais desinibida e no auge de sua vulnerabilidade. Ela partilhara de nuanças de, sua personalidade com Christopher as quais nenhum outro homem nem sequer vislumbrara antes.

Enquanto estava familiarizado com a secretária confiável e eficiente que contratara, ia descobrindo gradualmente facetas da nova mulher que se tornara. E tinha certeza de que ele gostava da fascinante combinação, embora uma parte de si não pudesse deixar de se perguntar, quando o caso Russell tivesse terminado e não houvesse mais a necessidade de ser tão impetuosa para atrair-lhe a atenção, se Christopher ainda continuaria tão interessado. Ou estava apenas atraído pela mulher ousada, sedutora que se tornara?

Dia após dia, Dulce estava distinguindo o que gostava mais nas mudanças que fizera em sua aparência e o que não a agradava. Adorava certos aspectos em ser uma mulher sensual e ousada, mas recentemente descobrira que sentia falta de sua natureza interior e de sentir-se confortável em sua própria pele. O que significava parar com certas de suas travessuras e encontrar o equilíbrio ideal em meio a tudo aquilo.

Haviam-se passado cinco dias desde que ela e Christopher tinham feito amor, e nenhum dos dois mencionara a noite erótica e inesquecível que tinham passado juntos, embora a tensão sexual entre ambos no escritório fosse imensa... exatamente como ela planejara, pensou com um sorriso secreto nos lábios.

Lembrando-se de uma dica do Guia para uma Boa Moça Tornar-se Ousada sobre como os homens queriam o que não podiam ter facilmente, Dulce usara-o sabiamente na manhã seguinte à noite em que tinham feito amor. Uma vez que havia mostrado a ele como as coisas podiam ser boas entre ambos, física e emocionalmente, decidira que iria deixar aquelas ações falarem por si mesmas. Sem pressão ou exigências, estava dando tempo e espaço a Christopher para se ajustar à mudança no relacionamento de ambos e, embora, às vezes, ainda parecesse confuso com a transformação no comportamento dela, sua estratégia de ser amigável e espirituosa parecia estar funcionando.

Fora difícil resistir às oportunidades de beijá-lo, mas conseguira se conter, e a tensão sexual entre ambos só aumentara. Não permitira nenhum toque além de carícias corriqueiras e esbarrões acidentais, mas dedicara-se a muita provocação e olhares demorados e sedutores que pareciam deixá-lo em brasa.

Fora extremamente cuidadosa para não lhe dar nenhum motivo para erguer barreiras ou se retrair. Como resultado da descontraída amizade que estabelecera com ele no escritório, haviam formado um frágil elo. Sentia-se otimista, achando que talvez conseguisse acabar com as reservas de Christopher a seu respeito e, com o tempo, dar uma chance a um relacionamento amoroso entre ambos.

Dulce provou os vestidos, desfilando um a um para a amiga e descartando-os com sua ajuda. A costumeira franqueza de Maite fora a razão de tê-la levado para comprar um vestido apropriado para a ocasião. Nunca tivera mãe ou irmã para aconselhá-la e valorizava a opinião da amiga.

Enfim, pegou o seu vestido favorito, que deixara por último, esperando que lhe servisse.

— O que tem havido no caso Russell , afinal? — perguntou Maite. — Vi Elena no escritório algumas vezes nesta última semana.

Dulce tirou o sutiã no interior do provador, uma vez que o vestido deixava as costas complemente à mostra.

— Ela tem nos colocado a par da planta da mansão de Thornton e nos dado detalhes sobre como e onde encontrarmos a caixa de cartas que precisa que eu leia.

— Deve ser algo bastante erótico o que os dois escreveram um ao outro se Elena não quer que Chris leia as cartas.

Retirando o sofisticado vestido preto do cabide, Dulce colocou-o cuidadosamente por cima da cabeça antes de responder ao comentário.

— Creio que ela acha que as cartas são pessoais demais para partilhá-las com qualquer pessoa, em especial com um homem que não seja aquele para quem as escreveu.

Entendia facilmente o pedido de Elena para que uma mulher lesse as correspondências que trocara com seu amante. Suas próprias cartas a Christopher eram bastante íntimas e provocantes, escritas do fundo de seu coração e alma, para que apenas ele lesse, e ficaria bastante relutante em deixar que qualquer outra pessoa as visse.