Fanfic: Amor que Enlouquece | Tema: Vondy

Um calor escaldante percorreu Christopher só em imaginar-se despindo Dulce para inspecionar-lhe o corpo e ver todos os lugares onde a tatuagem de hena podia estar escondida...

Limpando a garganta, voltou os pensamentos para a missão daquela noite.

— Está pronta para escapulir do salão de baile quando o leilão começar? — sussurrou.

— Sim.

— Está nervosa?

— Nem um pouco. Na verdade, eu me sinto... revigorada. Você se sente dessa maneira quando está trabalhando sob disfarce num caso?

Christopher abriu um sorriso, bastante familiarizado com a euforia que a tomava no momento.

— O tempo todo. — Aquela era uma mulher bastante surpreendente e mais forte e competente do que jamais a teria julgado se ela não tivesse se revelado daquele modo.

A música cessou e, por mais que Christopher adorasse estreitá-la em seus braços, tinham um trabalho a fazer, o pedido de uma cliente para atender e a reputação de Elena a salvar. Os convidados reuniram-se em torno do pequeno palco montado para o leilão, ansiosos por darem seus lances por joias, obras de arte e outras peças de colecionadores, tudo por uma boa causa.

Jerry Thornton, um homem distinto perto dos sessenta anos, pegou o microfone e deu formalmente as boas -vindas a todos ao evento, começando a discorrer sobre as regras para os lances a serem feitos sobre um determinado item.

— É aqui que devemos sair — sussurrou Christopher, começando a afastar Dulce casualmente da multidão. Sob o pretexto de procurarem o banheiro, seguiram por um corredor próximo até a ala oeste da casa, como Elena instruíra. Menearam a cabeça cordialmente pelas poucas pessoas pelas quais foram passando, até que as vozes provenientes do salão de baile diminuíram e ambos chegaram à escadaria que conduzia ao primeiro andar da mansão.

Passando por debaixo da fita colocada para bloquear a entrada e impedir que convidados vagueassem pelo lugar, desceram as escadas em silêncio. Abaixo, viraram à direi ta por um corredor amplo, coberto por uma passadeira importada, contaram até a terceira porta dupla do lado esquerdo, e entraram na biblioteca.

O cheiro de tabaco caro e couro legítimo impregnava o ar, e o luar filtrando-se pelas janelas fazia o assoalho reluzir sob os pés de ambos.

Tirando a pequena lanterna de um bolso interno do smoking, Christopher acendeu-a para que ambos pudessem ver a distribuição da mobília.

A biblioteca era imensa, com estantes embutidas que iam do chão ao teto, uma ampla mesa de mogno ao centro e uma área de estar à direita, com um grande sofá e duas poltronas em torno da lareira.

— Elena disse que ele guarda a caixa de couro com monograma na prateleira mais baixa da estante que fica logo ao lado da lareira — sussurrou Dulce e adiantou-se naquela direção.

Christopher seguiu-a, impressionado com a memória aguçada e iniciativa dela. Estava ali para encontrar uma carta para uma cliente e absolutamente concentrada em sua missão. Quando chegaram à estante mencionada, agacharam-se, e ele apontou a lanterna para as prateleiras mais baixas, até que encontraram a caixa revestida de couro que Elena dera de presente a Thornton.

Dulce pegou-a com cuidado e colocou-a sobre o tapete que cobria o assoalho.

— Isto foi absurdamente fácil — disse, uma ponta de desapontamento em seu tom, como se tivesse esperado algo mais arriscado e complexo.

Christopher conteve um riso.

— Não é como se Thornton estivesse esperando que alguém aparecesse à procura da caixa e, portanto, não teve razão para escondê-la.

— Ainda assim, deveria ter sido mais cuidadoso. — Olhando por sobre o ombro, ela estendeu a mão. — Dê-me a lanterna para que eu possa começar a ler as cartas.

Christopher atendeu-a e, não querendo violar os termos do pedido de Elena, conteve-se para não espiar por sobre o ombro de Dulce, embora estivesse bastante tentado. Com ela ainda ajoelhada no chão perto da lareira, sentou-se numa poltrona, observando-a, enquanto Dulce tirava as cartas da caixa, desdobrava-as e lia o conteúdo de cada uma.

Manteve-se atento a quaisquer sons que pudessem surgir do lado de fora da biblioteca. Tudo estava quieto... exceto pela gradativa aceleração na respiração de Dulce, enquanto examinava as cartas eróticas. Tinha os lábios entreabertos e parecia hipnotizada pelas fantasias carnais que Jerry e Elena tinham escrito um para o outro.

Christopher mexeu-se na poltrona, sentindo-se ansioso e com súbito calor. Pareceu que horas se passaram quando, na verdade, tinham sido poucos minutos, mas precisou fazer algo para romper o silêncio carregado de tensão sexual que pairava no ar.

— Já encontrou algo que podemos usar?