Fanfic: Amor que Enlouquece | Tema: Vondy

— O que você diria se eu lhe pedisse para ficar de olho em Dulce por mim? — perguntou Christopher ao irmão, enquanto tomavam uma cerveja a uma mesa do Bar do Murphy numa noite depois do trabalho. Apesar da difícil lição que aprendera vigiando Dulce para Richard, parecia não conseguir evitar sua vontade obsessiva de saber como ela estava — Quero apenas me certificar de que Dul está bem — acrescentou diante do olhar atravessado que recebeu de Alfonso.

— A quem está querendo enganar? — perguntou ele, incrédulo. — Se quer minha opinião, está tentando abrandar sua culpa pelo aconteceu entre vocês dois, o que é absurdo. Dulce está indo muito bem. Melhor do que você, aliás. De acordo com Mai, ela está se candidatando a empregos e tem boas perspectivas com outras agências de detetives, enquanto você se manteve enfurnado no escritório. Está sempre distraído e mal-humorado e com um aspecto de quem não dorme há dias.

Christopher soltou um profundo suspiro, sabendo que o irmão tinha razão. Mas o fato era que se sentia como se uma parte de si estivesse faltando.

Estava desnorteado, tentando recobrar uma parte do controle que conseguira manter tão facilmente antes. Desde que admitira sua atração por Dulce, não houvera mais nenhum controle sobre seu coração ou emoções. E porque decidira misturar negócios com prazer, perdera a melhor secretária que já tivera, o que justificava em parte o seu senso de desorientação no escritório.

Ainda assim, também reconhecia que perdera mais do que apenas uma secretária e, agora que ela se fora, dava-se conta de que dependia de Dulce de maneiras que iam muito além de seu trabalho na parte administrativa da agência. Fora alguém com quem pudera trocar ideias, uma leal confidente, e pesquisara dados dos casos com entusiasmo e interesse, às vezes descobrindo informações que haviam passado despercebidas a eles.

Nada era o mesmo sem Dulce. Ele perdera muito mais do que uma funcionária dedicada, perdera o calor de uma amizade sincera, a empolgação e a intimidade de uma amante ardorosa. E tinha certeza de que ninguém jamais chegaria sequer perto de preencher o vazio que ela deixara.

Não havia mais almoços espontâneos para desfrutar, nem sorrisos radiantes iluminando seu dia, nem cartas eróticas e nada mais de seduções ousadas. Havia uma semana que Dulce não fazia mais parte de sua vida. De maneira alguma.

Não havia motivo para contatá-la, especialmente porque ela deixara uma mensagem na secretária eletrônica da casa dele alguns dias antes, assegurando-lhe num tom desprovido de emoção que não estava grávida. Em vez de alívio, Christopher fora tomado por uma emoção indefinível que o deixara frio e vazio por dentro.

Olhou para o irmão, que bebericava sua cerveja e olhava descontraidamente o movimento do bar, e resolveu fazer-lhe a pergunta que já o estivera intrigando havia algum tempo.

— Diga-me, Alfonso, alguma vez você pensa sobre o que aconteceu com nossos pais e sente como se o divórcio difícil de ambos tornasse você mais cauteloso em relação às mulheres e aos relacionamentos?

O irmão deu de ombros, sem responder realmente a pergunta no que se referia a si mesmo.

— Acho que, como era o mais velho, o divórcio de ambos afetou você mais, junto com a morte de papai. Você ficou tanto tempo cuidando de mim e Mai que nunca teve tempo para si mesmo.

Christopher pensou em como as palavras de Alfonso se assemelhavam às de sua conversa com Dulce.

— Vocês dois são adultos e cuidam de sua própria vida — disse. — Tenho tempo de sobra para mim.

— E como passa esse tempo? Trabalhando no escritório e tomando uma cerveja ocasionalmente com um conhecido aqui. Não quer mais do que isso?

Dulce perguntara-lhe a mesma coisa. Até recentemente, Christopher teria respondido que não, que estava feliz sendo solteiro e com a vida que levava. Mas seu tempo com ela levara-o a mudar seu modo de pensar e o fizera olhar para sua vida de um jeito diferente, perguntar-se o que estava faltando por causa de sua visão limitada sobre relacionamentos.

Alfonso sorveu um longo gole de sua cerveja e observou-o com ar franco, de irmão para irmão.

— E então, quando é que vai encarar o fato de que Dulce é a mulher certa para você?

Christopher arqueou uma sobrancelha.

— Como disse?

— Eu posso ver isso e Mai também — prosseguiu o irmão com firmeza. — Você disse a Dulce que a ama antes de ela ter deixado a agência?

— E o que o faz pensar que eu a amo?

— Bem, eu nunca vi uma mulher afetando tanto você quanto Dul fez. Está tão apaixonado por ela que nem sequer consegue pensar com clareza. — Alfonso ergueu a mão para deter a objeção automática dele. — Nem sequer tente negar, porque a única pessoa que estará enganando será a si mesmo.

Gente, web está na reta final, como disse lá no começo, ela é curtinha.