Fanfic: Amor que Enlouquece | Tema: Vondy

Dulce não queria apenas que Christopher a notasse como mulher, mas passara os dois anos anteriores na agência tentando provar habilidades no ramo da investigação que iam além de suas funções como secretária. Ficara fascinada com os vários casos desde seu primeiro dia no emprego e gostara de ajudar Christopher, Alfonso e Maite a pesquisar casos... levantando dados e aprendendo as sutilezas do negócio. Agora, estava pronta para dar o passo seguinte, para mostrar a seu chefe que era capaz de lidar com mais do que a papelada da agência.

Alfonso entrou na área da recepção depois de ter deixado o escritório do irmão, avisando-a que ficaria fora no dia seguinte, trabalhando num caso.

Ela sorriu, prometendo que o contataria através do pager caso houvesse algum recado importante. Sempre gostara genuinamente de Alfonso.

Era um daqueles homens que tinham carisma de sobra e gostavam de todas as mulheres. Era, sem dúvida, bastante atraente, embora Dulce nunca o tivesse encarado como mais do que um amigo, ou até um irmão.

— São quase cinco e meia — ainda comentou Alfonso, antes de sair. — Por que não aproveita para sair no horário? — provocou-a, sabendo muito bem que, em geral , ela só encerrava o expediente bem depois das seis. — Você merece descansar.

Sair no horário e fazer o quê?, perguntou-se Dulce. Suas noites eram rotineiras e entediantes. Tomava um banho, jantava vendo tevê, falava com o pai ao telefone e, depois, lia um livro até adormecer. Ocasionalmente, no fim de semana, saía para jantar e ver um filme com uma amiga, nada empolgante ou diversificado demais. Mas, afinal, tendo sido criada por um sargento da polícia, nunca se desviara do que era esperado dela... discrição, comportamento adequado, em público e em privacidade.

— Até Maite desfruta os benefícios de sair no horário — comentou Alfonso, fazendo um gesto na direção do escritório de luzes apagadas.

— Maite tem um marido bonito à sua espera em casa.

Ele fingiu uma expressão chocada.

— Quer dizer que você não tem um homem apaixonado, à espera de que chegue em casa à noite para poder tomá-la nos braços?

Ela bem que gostaria... Dulce revirou os olhos diante do exagero.

— Dificilmente, e você é um provocador.

— Bem, aqui vai uma pequena dica para você. — Parado diante da mesa, Alfonso inclinou-se para a frente, como se fosse contar um segredo bem guardado. — Você não vai encontrar o homem da sua vida passando todo o seu tempo aqui.

Dulce piscou, sem saber se deveria tomar o comentário como um aviso sutil sobre o irmão dele, um conselho amistoso, ou se Alfonso, com seu eterno bom humor, estava gracejando.

Ele adiantou-se até a saída.

— Bem, não importando como a passe, tenha uma boa noite, docinho. — disse, usando o apelido que lhe dera logo na primeira semana em que ela fora trabalhar ali, e piscou-lhe um olho antes de sair.

Docinho. A palavra mexeu com os frágeis nervos dela e fez uma careta, como se tivesse acabado de engolir algo amargo. Estava cansada de ser considerada uma pessoa doce. Evidentemente, ser educada e cordial era necessário nos momentos certos, mas começava a se dar conta de que ser virtuosa não a levara a lugar algum com os homens. Sempre fora prudente e tímida e, como resultado, sua vida era entediante e extremamente previsível.

Estava cansada de ser boa, de sempre fazer a coisa certa e tomar decisões sensatas. Não tinha nada de substancial a mostrar por seu comportamento exemplar e discernimento... nenhuma vida social exceto por uns poucos amigos, nenhum relacionamento afetivo e certamente nenhuma vida sexual também. Aos vinte e seis anos de idade, era evidente que não estava aproveitando a vida.

Estava se tornando uma solteirona conservadora, apenas desejando ter a coragem para ser audaz e moderna, alguém experiente em relação aos homens e aos romances.

Colocando os cotovelos na mesa, apoiou o queixo na mão e permitiu que um sorriso curvasse o canto de seus lábios enquanto imaginava quanto seria divertido ser ousada para variar. Romper a absoluta monotonia de sua vida. Tornar-se confiante e ir em busca do que queria. Sem colocar obstáculos em seu próprio caminho.

O que queria era Christopher Uckermann e a chance de mostrar -lhe quanto aprendera sobre o negócio ao longo daqueles anos, e a oportunidade perfeita se apresentara com o fato de ele estar precisando de uma mulher. Podia não ser sensual, nem uma beldade, mas era inteligente e conhecia a área de investigações melhor do que a maioria. Certamente, estar familiarizada com o caso Russel l também contava alguns pontos adicionais a seu favor.

Uma onda de entusiasmo e expectativa dominou-a, enquanto um plano tomava forma em sua mente e, quando Christopher entrou na recepção momentos depois, estava psicologicamente preparada para lutar par aquele caso... e por seu homem.