Fanfics Brasil - 12 NOIVA DE ALUGUEL

Fanfic: NOIVA DE ALUGUEL | Tema: vondy


Capítulo: 12

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Christopher riu, mas não havia nenhuma graça naquilo tudo.
― Você conheceu minha mãe. Acha mesmo possível imaginá-la nos fazendo dormir com algum conto de fadas água-com-açúcar?
Nunca tinha passado pela cabeça de Dulce que ela deveria sentir pena de Christopher Uckermann. Afinal de contas, ele tinha tudo o que ela não tinha: ― dinheiro, poder, pais. E, porém... Olhando para aquele rosto arrogante, aquele olhar taciturno, Dulce foi tomada por uma repentina onda de compaixão. Ela só tinha tido seus pais por sete anos mas, sem dúvida, não trocaria aquelas lembranças por toda uma existência ao lado de Marjory e Jeremy ― pegar no sono com sua mãe lendo, em voz alta, histórias em castelos com príncipe e final feliz. Um mundo onde o mocinho sempre vencia.
― Você entendeu tudo errado ― disse Dulce, dessa vez mais delicadamente.
― Eu acho que não.
Apanhando o vestido, ele deu mais uma olhada na etiqueta de grife antes de jogá-lo na direção dela.
― Fique longe da minha família, Dulce Maria. Você me dá nojo.


 


Dançar sempre foi sua válvula de escape. Muito mais do que o trabalho, muito mais do que meios para um fim. A batida da música, o público na penumbra, o cheiro sensual dos corpos dançando, retorcendo-se. Perdendo-se no ritmo, vivendo apenas para aquele momento, o mundo sob controle até que a cortina empoeirada descesse.
Mas hoje não havia escape.
Cinco longos dias e cinco ainda mais longas noites. Dias passados caçando bancos, bancos hipotecários, esperando por uma ligação que salvaria a sua avó, o torturante pânico das dívidas lhe corroendo. Mas eles eram insignificantes perto da agonia das noites. Noites solitárias à espera de uma ligação, virando de um lado para o outro, assistindo à lua passar pela janela, com o Cruzeiro do Sul cintilando no céu escuro, eram um lembrete de sua insignificância.
Uma única noite. Podia parecer sem importância, sórdida ― sexo por sexo. Um encontro primitivo de desejos e depois ir embora sem nem olhar para trás.
Mas não foi assim com Dulce. Ela não tinha ido embora sem olhar para trás. Sua mente estava constantemente lá, relembrando o êxtase. Ele a tinha machucado, desconcertado, humilhado, no entanto... ela havia vislumbrado a fantasia impossível de ser amada por Christopher. Amada.
A palavra ecoava pela mente como um riso sarcástico.
Não tinha nada de passageiro nisso.
Então, Dulce dançava essa noite, dançava porque tinha de dançar, porque era seu trabalho, seu sustento e ela dançava bem ― mas nada comparado ao jeito como ela dançou para Christopher. E agora, quando a cortina desceu, ela não se apressou para sair do palco com as outras dançarinas, não tinha motivo para apressar-se, nenhuma pressa para deitar na grande e solitária cama e sonhar sonhos impossíveis.
O bate-papo animado, o zumbido de euforia que vinha ao final de cada espetáculo parecia estar em outra língua enquanto Dulce tirava sua fantasia com indiferença, para depois remexer a bolsa à procura do xale.
― Tem um tal de Sr. Uckermann aí para ver você ― Marcus, o ajudante de palco, parecia mais apagado do que nunca, e Dulce deu um sorriso agradecida ao virar-se para cumprimentar seu amigo. Christian estava tornando-se figura cativa no camarim.
― Então, qual é a crise essa noite? O seu peixinho de estimação finalmente sucumbiu?
Aquela frase implicante morreu nos lábios dela ao ver o rosto de Zavier.
― Nada tão dramático. ― Ele avançou, os dançarinos abrindo caminho, olhando descaradamente para Dulce, a franca admiração em suas expressões. ― Eu preciso ir para os Estados Unidos amanhã e achei que devíamos examinar alguns detalhes.
― Detalhes? ― A voz perplexa de Dulce era quase que inaudível ao olhar para ele, que tinha emudecido.
Só quando seus olhos se moveram rapidamente em direção a seu corpo rosado e reluzente, ela percebeu o fato de que vestia apenas uma calcinha fio dental. Nunca tinha sido problema ― o camarim estava sempre abarrotado de corpos nus ― mas sob o olhar de Christopher não havia nada de casual na sua nudez, nada inocente em como seu corpo respondia à mera presença daquele homem. Ela tinha sonhado com esse momento, determinada a quando ― se ― ela algum dia o visse de novo, parecer fria e distante; ela tinha ido tão longe a ponto de ensaiar em frente ao espelho ― um delicado enrugar da testa, um ligeiro estalar de dedos enquanto tentava lembrar o nome dele. Um esforço em vão.
― O casamento. Só faltam quatro semanas. A gente realmente precisa finalizar algumas coisas. ― O usual burburinho estava mortalmente silencioso, cada ouvido esforçando-se para escutar, cada olhar neles.
― Marcus?
Ela vagamente registrou a virada de Christopher para o ajudante de palco, notando o quão estranho era ele saber o nome de Marcus e o quanto Marcus parecia feliz em agradar o poderoso Christopher Uckermann.
― Há algum outro lugar aonde a gente poderia ir? Algum lugar um pouco mais privado? ― Ele lançou um sorriso malevolente para a muda Dulce. ― Minha noiva parece que precisa se sentar.
Levou apenas um minuto para ela se vestir, colocar o xale a saia e as sandálias, mas pareceu durar uma vida. Os olhares dos colegas, dos amigos e do chefe estavam nela. Contudo, nada se comparava ao violento olhar e à impaciente postura de Christopher enquanto ela remexia as mãos para amarrar o xale.
― O que isso tudo quer dizer? ― A voz de Dulce não parecia tão segura quanto ela esperava, mas ia ser assim mesmo. ― Como ousa intrometer-se aqui? Como ousa largar uma bomba dessas, só para me despedaçar? Eu tenho de trabalhar com essas pessoas.
― Mulheres de Uckermann não trabalham ― veio o ligeiro retrucar. Irritado e imóvel pela raiva de Dulce, ele estourou o champanhe com facilidade e encheu duas taças. Ele passou uma taça para ela, enchendo-a até derramar nas mãos trêmulas de Dulce.
― Eu estou falando sério, Christopher. Quero que você me diga o que isso tudo quer dizer!
― É muito simples. ― Ele lançou aquele sorriso perigoso. ― É sobre a gente.
― A gente?
Era difícil permanecer atenta quando as palavras vinham dele. Nós. Você e eu. Ele e eu. Eu e você. Você e eu.
― A gente o quê?
― A gente se casar.
Ele disse aquilo tão levemente, tão facilmente, que por um momento Dulce nem mesmo registrou as palavras. Com a mente tomada de lembranças, só depois de alguns segundos ela voltou para a realidade e conseguiu absorver o que ele tinha dito.
― Casar?
― Isso mesmo. - Afirmou Christopher com a cabeça.
― Casar com você?
― Acertou de novo.
― Por que você me pediria em casamento? ― O ódio tinha ido embora da sua voz, sendo substituído por puro espanto.
― Porque, pelo menos uma vez, os esquemas levianos de Christian têm algum mérito.
― Mas eu só concordei com um namoro. A proposta de casamento foi tanto surpresa para mim quanto para você. Por que não acredita em mim quando eu digo que não estou atrás do seu irmão? Nunca estive. Era só para ajudá-lo, e não um plano arquitetado para prejudicá-lo. E para o seu conhecimento, falei sobre isso com Christian na manhã seguinte, quando ele repetiu o pedido, e eu disse novamente que não me casaria com ele.
― Eu estou certo disso ― continuou Christopher, ignorando a sua recusa. ― Afinal de contas, Christian não é uma aposta segura. ― Ele lançou um sorriso seco para Dulce. ― Nós todos sabemos o quanto você gosta de um jogo, mas por que queimar esse cartucho com um artista sem um tostão furado que poderia ser deserdado? Por que correr o risco de a família dele descobrir a verdade disso tudo, e acabar sem um único tostão?
― Você não entendeu nada.
― Eu não acho ― disse Christopher com um leve sorriso que definitivamente não combinava com seus olhos. ― De qualquer maneira, por uma vez na vida, Dulce, você venceu. Dessa vez, querida, você tirou a sorte grande.
― Que sorte grande? ― Os lábios dela expressavam um certo desdém, os nervos ao vê-lo eram momentaneamente dominados pelo absurdo daquelas palavras.
― Eu estou subindo a aposta. ― Os olhos dele fecharam-se levemente ele a examinou de perto, vendo a cor subir-lhe à face diante daquela investigação. ― É dessa parte que você gosta, não? ― sibilou ele.
Mas Dulce recusou-se a ser maltratada. Sim, ele a estava intimidando e, sim, ele era indiscutivelmente o homem mais poderoso que ela já tinha enfrentado. Todavia, ela tinha visto a outra face dele, tinha sido arrebatada por ele, venerada por ele, mesmo de forma fugaz.
Medo não estava em questão.
― Se antes eu estava confusa, agora você me desnorteou completamente ― admitiu Dulce com um suspiro ligeiramente exagerado, depois dando um gole no champanhe, pois era a única coisa que ela podia fazer em vez de olhar nos olhos dele.
― Uma vez na vida Christian teve uma idéia que realmente merece ser reconhecida.
Ele a olhava diante da penteadeira, olhou-a pegar alguns lenços, tirar o lívido batom vermelho dos lábios, tirar dos cabelos os grampos que prendiam os cachos.
― Talvez isso possa esclarecer as coisas. ― A voz dele saiu muito ríspida e incisiva. Os músculos da face de Christopher negavam-se a ser indiferentes ao pegar um cheque do paletó e colocá-lo na frente dela.
― Isso é uma brincadeira, não é?
― Eu nunca falei tão sério em toda a minha vida.
As mãos de Dulce estavam mais agitadas e ela tirava os grampos com impaciência. Exceto pela breve olhada para baixo para ver o que ele fazia, seus olhos nunca deixavam o espelho. Ela não tinha vontade alguma de examinar aquilo mais de perto ― vontade nenhuma de ver a absurda quantia que ele lhe oferecia.
― Sugiro que olhe mais de perto ― disse ele com a voz grave. ― Não é todo dia que se recebe uma oferta dessas.
― Não é todo dia que alguém me faz sentir uma leviana.
Aquelas palavras soaram como um tapa no rosto de Christopher, e ele involuntariamente recuou.
― Essa não é a minha intenção. ― A resposta dele parecia sincera, quase que um pedido de desculpas mas, limpando a garganta, ele continuou numa voz mais indiferente ― É apenas uma solução para um problema.
― Que problema?
― Você tem problemas financeiros; eu tenho um pai que almeja ver um dos filhos casado. O tempo não está do meu lado e, pelo que Christian me contou, você está lutando contra o tempo para conseguir dinheiro. Você está com dívidas até o pescoço.
― Não. ― A fúria por trás daquela recusa literalmente deixou Dulce no chão. ― Eu não estou.
Ele não mexeu um fio de cabelo, não se dignava a olhar para ela.
― Por que você precisa de dinheiro, então?
Passou pela cabeça dela contar para ele. Mas se Christopher soubesse que as dívidas eram da sua avó e não dela, então a conversa efetivamente acabaria. Embora aquela proposta de casamento fosse absurda, Dulce estava intrigada e, talvez, para ser mais clara, dez minutos a mais do tempo de Christopher eram os dez minutos que ela mais almejava.
― Eu não quero falar sobre isso.
― Eu aposto que você não quer ― respondeu ele asperamente, antes de dar um suspiro firme e profundo. ― Eu estou oferecendo uma saída, uma solução para os respectivos problemas. ― Ele empurrou o cheque em direção a ela novamente e dessa vez Dulce olhou, colocando os olhos naquele garrancho extravagante, ampliando-se à medida que se aproximava daquela quantia exorbitante.
― Isso é parte do pagamento.
― Parte do pagamento?
― Caso você aceite ― disse ele em um tom prático. ― Você vai receber a mesma quantia novamente depois do casamento e o dobro em seis meses ― contanto que, é claro, tenha sido uma boa esposa.
― Uma boa esposa? ― O espanto na voz de Dulce era perceptível até para ela mesma, e mordia-se mentalmente por ter repetido aquelas palavras. Ela pareceu um papagaio.
― Sem escândalos, nada de falar com a imprensa e sem objeções a um rápido divórcio.
― Di-divórcio? ― Um papagaio gago, pensou Dulce pesarosamente, prestando atenção em qualquer coisa, menos na conversa ridícula que estava acontecendo.



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Autor(a): luzvondy

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 35



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  • ✌Jimena_HumPai💞 Postado em 31/01/2023 - 18:12:57

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  • danivondy Postado em 15/01/2015 - 20:36:48

    Continua por favor bjs :)

  • gabys_vondys2 Postado em 30/11/2014 - 20:15:21

    ai que triste tadinha da Dul... As vezes o Christopher é meio idiota, foi tão marcado pelo passado que agora não acredita no amor e pensa essa bobagem da Dul querer só dinheiro :/ Continuaaaaaa

  • danivondy Postado em 30/11/2014 - 14:14:33

    Coitada da Dul, continua bjs :)

  • juhcunha Postado em 30/11/2014 - 12:49:54

    meu comentario foi pro lugar errado nao entedie nada voltando pra sua web ele tem que confia mais nela

  • juhcunha Postado em 30/11/2014 - 00:05:18

    coitada da dul eu chorei pelo o que esse idiota disse pra ele ! e agora sera que ele vai acredita nela depois que ela devouver o dinheiro pra ele sera que e vai deixar ela ir!

  • gabys_vondys2 Postado em 27/11/2014 - 17:38:30

    Leitora nova!! Amei <3 Aii ela tá tão apaixonada e Christopher como sempre sendo o frio da vida kkk Continuaaaa

  • bianca_sd Postado em 21/11/2014 - 13:01:13

    Ouuttt... Essa doeu até em mim, kkkkkkkkkkk..... POSTA MAIS!!!!!

  • juhcunha Postado em 21/11/2014 - 02:30:14

    caranba ele e teimoso ele sa vai pecebe que a ama quando perde

  • juhcunha Postado em 21/11/2014 - 02:29:15

    ele numca escuta ela


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