Fanfic: NOIVA DE ALUGUEL | Tema: vondy

― O que devemos dizer para Christian? ― Eles estavam sentados em um suntuoso restaurante, com garçons alvoroçados como borboletas, enchendo o copo de Dulce, colocando guardanapos em seu colo.

― Você não vai contar nada para ele?

O que não ajudou nem um pouco. Dulce mentalmente ensaiou como iria tocar nesse assunto com Christian; era melhor ela contar a novidade.

― Ou dizer a ele que surgiu uma proposta irrecusável.

― Eu posso no mínimo dizer a verdade para ele, que isso é um negócio?

Os olhos de Christopher enrugaram-se.

― Ele vai saber ― insistiu Dulce. ― Afinal de contas, foi ele quem teve a idéia primeiro.

― Tudo bem ― cedeu Christopher. ― Mas só para ele. Eu estou falando sério, Dulce. Ninguém mais pode saber. Nem a sua melhor amiga, nem a sua cabeleireira, nem mesmo os seus pais.

As mãos de Dulce apertaram-se no copo.

― Meus pais já morreram.

Se ela esperava alguma compaixão, não a teve.

― Bem, pelo menos você não vai precisar mentir para eles.

Chocada com aquela insensibilidade, ela abriu a boca para protestar.

Mas Christopher estava em plena atividade.

― Não é de admirar que você e Christian sejam amigos. Você é igualzinha a ele.

― A gente não é nada parecido - protestou Dulce.

― Ah, são sim. Nenhum de vocês alguma vez na vida se preocupou em pagar aluguel. Muito provavelmente você herdou a sua casa.

― E que diabos isso tem a ver?

― Bem, é uma maneira de explicar essa sua atitude negligente em relação a dinheiro. Você passou a vida saciando as suas fantasias. Deve ser muito fácil se dizer dançarina quando não é preciso se preocupar em pagar aluguel, se preocupar em ter um teto para morar.

― Você é tão amargo ― disse Dulce bruscamente, mas Christopher simplesmente encolheu os ombros.

― Eu sou realista.

― Um realista amargo.

― Talvez. ― Inclinando-se, ele abaixou a voz. ― Nós nos conhecemos no casamento e estamos loucamente apaixonados. Nós estamos tão atordoados quanto encantados.

― Os seus pais não vão achar estranho? ― Dulce mordeu o lábio inferior, simplesmente se recusando a acreditar que tudo poderia ser tão simples.

Christopher encolheu os ombros.

― Por que eles estranhariam? Christian apresentou você como uma amiga íntima; era tudo insinuação. Lembre-se, nós nos conhecemos no casamento...

―... nos apaixonamos loucamente... ― continuou Dulce enquanto Christopher levantava o copo para brindar.

―... e estamos tão atordoados quanto encantados ― concluiu ele ao tilintar dos copos. ― Boa menina. Você está começando a entender.

Era estranho como qualquer elogio vindo de Christopher a fazia ficar vermelha.

― Olhe, Dulce, desde que a gente continue fingindo, eles vão acreditar na gente.

― Eu só estou nervosa, só isso. Eu mal posso acreditar em mim mesma; acho difícil acreditar que as pessoas vão cair nessa.

― Por que elas não cairiam?

― Alguém se apaixona assim tão rápido?