Fanfic: NOIVA DE ALUGUEL | Tema: vondy

Ela fez que sim com a cabeça e, depois de um breve sacudir de ombros, Christian parou de insistir.
― Eu sei que é horrível ver toda essa riqueza enquanto a sua avó está tão quebrada. Dinheiro, às vezes, é uma maldição. As pessoas aqui estão sempre na defensiva, com certeza em busca do último tostão. Eles não sabem quem são os verdadeiros amigos. De todas estas pessoas, você conta em uma única mão os amigos de verdade. Se o dinheiro desaparecesse, com ele iriam noventa por cento dos convidados. E isso, provavelmente, é uma estimativa cautelosa.
― O seu irmão parece achar que eu estou entre eles.
Christian franziu a testa.
― Tab, desculpe se ele deu trabalho e, embora eu deteste defendê-lo por tê-la tratado mal, de todos aqui, Christopher tem os maiores motivos do mundo para suspeitar das intenções das pessoas, principalmente das mulheres. Ele foi terrivelmente desapontado recentemente.
― Ela devia ser louca ― refletiu Dulce.
― Fique longe dele, Tab. Eu estou falando sério. Uma mulher maravilhosa como você não duraria nem quinze minutos na companhia dele. Você está aqui comigo, esqueceu? Nem ouse acabar com meu disfarce lançando olhares ardentes para o meu irmão.
Dulce riu.
― Eu não me preocuparia, Christian. Ele já deixou bem claro o que acha de mim, e eu garanto que não foi nada lisonjeiro. ― Ela sorriu enquanto Christian se retraiu. ― Qualquer olhar ardoroso entre a gente seria mais bem descrito como de raiva do que de paixão. Ele está convencido de que eu estou atrás do seu dinheiro.
― Deus ― disse Christian, colocando mais bebida no copo. ― Christopher não poderia estar mais longe do gol se tentasse; ele iria ter um ataque se soubesse a verdade.
Dulce serviu-se da garrafa, mas também aceitou uma boa dose de soda do garçom que passava.
― Ele não faz idéia, hein?
Christian sacudiu os ombros.
― Eu não tenho certeza. Uma vez ele tentou falar comigo; aquela típica conversa de irmão mais velho. Você sabe como: se arranja, cresce, qual é o seu problema? ― Ele esvaziou o copo num gole só. ― Na verdade, ele acabou por me perguntar se eu era gay.
― Então por que você não contou? Ele o deixaria numa situação difícil?
Christian sacudiu a cabeça.
― Christopher não daria importância a isso. Ainda que ele praticamente vá para a cama de terno e gravata, ele é bastante tranqüilo em relação a essas coisas.
― Então por que não contar para ele?
― Achei que não seria justo. Não há possibilidade alguma de eu contar para o meu pai, ele teria um infarto, e isso seria mais uma coisa para Christopher se preocupar. Ele nos leva nas costas, você sabe.
Dulce estava intrigada e chegou mais perto.
― De que maneira?
― Christopher dirige os negócios. Papai está muito doente. Mesmo que não aparente, ele é uma bomba-relógio que anda. Ele precisa fazer uma cirurgia no coração, mas corre um grande risco por causa da anestesia. Nenhum médico iria tocá-lo, principalmente com o nome Uckermann.
― Mas com certeza ele dispõe do melhor tratamento?
Christian riu baixinho.
― E dos melhores advogados. Eu não sou um cirurgião cardíaco, mas dá para saber qual é a deles. O risco que ele corre é alto demais até para se tentar uma cirurgia. E, nesse estado, é melhor que não saiba de mim. É melhor que Christopher também não saiba. Melhor que ninguém saiba.
― Bem, ele não sabe ― disse Dulce suavemente. ― Portanto, você não tem com o que se preocupar.
Imóvel, ela tomou um gole, seus olhos ardiam à medida que a bebida descia e vasculhavam o salão instintivamente à procura do sombrio homem que a enfeitiçara.
Ele só me magoaria, ela consolou-se. Mas de um jeito delicioso!
A festa estava mais animada. As pessoas dançavam ― batendo os saltos. Christian rodopiou Dulce algumas vezes pelo salão, mas o coração dele estava em outro lugar e ele só parecia feliz ao voltar para a mesa e para seu abastecimento de álcool sem fim.
Dulce estava começando a imaginar quando eles poderiam subir para o quarto do hotel. Os pés de Dulce nas sandálias altas a estavam matando, e ela pensou que a qualquer momento seu rosto iria rachar com seu esforço para sorrir. Havia também uns filmes que ela queria ver enquanto Christian se curasse da bebedeira. O favor de Christian já estava totalmente pago, e amanhã ela iria dizer a ele que aquela tinha sido a primeira e última vez que ela fingiria ser sua namorada. Os comentários maliciosos de Christopher a tinham irritado; as coisas estavam começando a fugir do controle. Ela iria se unir à família para o café da manhã, fazer todo o estardalhaço necessário e pronto. Christian teria de achar outra pessoa para iludir sua família.
Contudo, a esperança de Dulce para uma saída discreta foi frustrada, quando Marjory apareceu com um Christopher de expressão austera.
― Aí estão vocês, queridos. Por que não estão dançando?
Dulce deu um sorriso forçado.
― Christian está um pouco cansado.
― Mas isso não é razão para você não estar dançando. ― Por um terrível momento Dulce pensou que Marjory estivesse sugerindo que eles pegassem as bolsas e dançassem todos juntos! A realidade foi, de longe, pior. ― Christopher, por que você não dança com Dulce?
Ela se preparou para a recusa dele. Christopher Uckermann não parecia o tipo de homem que fazia alguma coisa contra a vontade e, depois do jeito que ele a tinha tratado, ela sabia que dançar com uma caça-níquel não estaria no topo da lista de prioridades dele. Não que ela não quisesse dançar; dez minutos sozinha com esse homem a tinham realmente apavorado.
― Eu adoraria.
Ela levantou o rosto assustada e, quando ele ofereceu a mão, não teve outra escolha a não ser aceitar. Levantando-se, ela virou-se ansiosamente para Christian em busca de algum apoio, mas ele estava literalmente acabado.
As mãos de Christopher eram quentes e secas, e seguravam firmemente nas dela. Ao seguir para a pista de dança, Dulce teve o mais estranho impulso de fugir, puxar sua mão e correr para o seguro quarto do hotel. Como se sentisse a perturbação de Dulce, Christopher apertou ainda mais as mãos dela, só largando quando estavam no meio da pista de dança lotada.
Deslizou as mãos na cintura esbelta de Dulce, e repousou-as sobre ela. Ela podia sentir o calor através do fino vestido. Um casal esbarrou nela, fazendo-a se aproximar ainda mais de Christopher. Ele apertou Dulce mais firmemente, segurando-a quando ela quase tombou.
― Você está tendo uma noite terrível, não? ― Ele teve de se curvar para falar aos ouvidos dela e, assim, a teve ainda mais próxima. A respiração quente fez cócegas nas orelhas de Dulce e, apesar do calor do salão, ela se arrepiou ao sentir as mãos de Christopher apertarem sua cintura.
― É claro que não. Todos estão sendo adoráveis ― mentiu Dulce, esperando ter sido convincente.