Fanfic: Solo Dios Lo Sabe/ Nani. | Tema: A Feia Mais Bela

Finalizo a ligação que acabara de atender e por alguns instantes permaneço olhando fixamente uma vitrine em minha frente. Com o olhar perdido tentando entender essa ligação, trago minhas mãos ao redor do meu corpo e dessa forma me abraço sentindo os pelos dos meus braços se arrepiarem pelo frio que sentia naquele momento. Acordo do meu transe, e me situo em um corredor distante do Shopping que não lembro qual era. Não tinha o costume de andar por Beverly Hills, então simplesmente entrei no primeiro Shopping que encontrei nessa região. Minha mãe merecia algo especial, e tenho certeza que ela ficaria feliz com um presente. Falando nisso... Depois dessa ligação, ela virá me visitar? Ficou tudo tão confuso.

- Melhor sair daqui pra pensar e ligar para ela ao chegar em casa. – Sussurro pra mim.

Determinada a sair dali, refaço o caminho que fiz ao entrar. Viro em direção a entrada principal do Shopping e meus passos vão diminuindo conforme meu sorriso alarga-se em meu rosto e meus braços se abrem pra recebê-lo em um abraço. Antes que chegasse até mim, reparo em Jaime. Estava lindo. Com uma das suas típicas calças Jeans escura e uma camisa social clara por dentro da calça. Sem gravata, com o botão próximo do pescoço aberto.  Nesse momento percebo que não o via desde seu casamento. Praticamente perdemos contato pela falta de tempo dedicado aos nossos respectivos marido e mulher, e pela falta de oportunidade que a vida nos impôs.  Encontrar o Jaime em um Shopping de LA. Uau. Solto um breve suspiro ao sentir finalmente seus braços rodeando a minha cintura enquanto os meus braços rodeiam o seu pescoço. Fico nas pontas dos pés e assim consigo abraça-lo bem firme, correspondendo a intensidade dos seus braços em torno de mim. Nossos corpos bem grudados vão se soltando aos poucos até finalmente poder mira-lo nos olhos quando dou um breve passo pra trás. Não pude evitar, e me desconcentrei fixada em seu sorriso que continuava encantador e hipnotizante.  Tão hipnotizante que não percebi que ele já havia começado uma conversada e estava esperando a minha resposta.

Angelica: Oi? Ai, Jaime... Desculpa. Fiquei realmente surpresa em te encontrar. Ainda mais aqui, agora, depois dessa ligação que me fizeram.  – Nesse momento percebo que sua mão direita apoiava meu ombro esquerdo.  Ele sorri em meio a uma baixa risada.

Jaime:  Não se preocupe,  Angel. Eu também estou surpreso, e ... Uau. Você está diferente. Esse casamento está te fazendo muito bem. – Ele permanece sorrindo enquanto baixa seu rosto junto com seus olhos para o meu corpo e assim finalmente consigo desviar meu olhar do seu sorriso antes que me hipnotizasse novamente. Sua outra mão vai de encontro com o meu outro ombro livre e assim sinto as pontas dos seus dedos apertarem aquela região, em ambos os ombros. Não percebo as reações que esse toque reflete em mim, pois com o seu comentário, me sinto um pouco envergonhada ao perceber que estava com um simples vestido até a altura dos joelhos e rasteiras nos pés por fazer calor em LA. Esqueço da vergonha ao vê-lo subir o rosto e ter seus olhos cruzados com os meus outra vez. Ele solta meus ombros.

Angelica: E você por outro lado não envelhece nem com um casamento, não é? Os homens tendem a ficar barrigudos e carecas depois de casarem, sabia? – Nós rimos e por alguns instantes pensei que tudo ao meu redor tinha parado. Escutar o riso dele misturado ao meu novamente foi maravilhoso. Dou uma bronca em mim por novamente me entregar aos seus encantos. Desse jeito não acompanho suas falas.

Jaime: Confesso que fazer comida é um pouco fraco de Heidi, e careca sei que não ficarei. – E ele sorri novamente pro meu desespero. Foca, Angélica. Foca. – Mas... O que está fazendo por aqui? Onde está indo? Já almoçou? – Rio com o seu jeito impulsivo de ser e respondo em seguida.

Angélica: Não. Ainda não almocei. Estou indo para casa agora, pois combinei com o Otto de almoçarmos juntos. E estava aqui procurando um presente para minha mãe que vem me visitar esse final de semana. Aliás, acredito que ela não venha mais. – Demonstro um certo medo por tocar nesse assunto e lembrar do telefonema. – Mas e você, o que está fazendo por aqui?

Jaime:  Tenho que comprar um presente para minha sogra. Amanhã os pais de Heidi estarão em casa. Aproveito e almoço por aqui. Mas, porque acredita que sua mãe não virá te visitar esse final de semana? Venha... Almoce comigo e conversamos melhor.– Ele realmente demonstra preocupação em sua voz.

Então coloco uma das minhas mãos em minha cintura, a segurando na lateral, e dessa forma digo em um tom divertido: O senhor realmente não sabe o que tem esse final de semana?  - Sim. Eu não quis responder o seu convite de almoço. Finge que não aconteceu. Escuto a sua risada divertida e continuo: Deve ter recebido o mesmo telefonema que eu. Temos que ir pro México, certo? – Sorrio.

Jaime: Sim, temos. Essa novela continua me perseguindo, Angélica. Não sei  mais o que fazer. Espero que não seja aquela correria e aquela pressão que tivemos naquele ano. Lembra? – Ele me questiona de algo impossível de esquecer. Gravar a Feia Mais Bela foi uma das experiências mais incríveis que tive em minha vida. Mesmo com a correria, com inúmeras obrigações, pressões e boatos, foram anos maravilhosos que passei ao lado de pessoas mais maravilhosas ainda. E é claro que ele recebeu o mesmo telefonema que eu. Tínhamos que estar esse final de semana no México, pois haverá a reprise da novela por lá. Terá imprensa e uma singela homenagem para nós no sábado a noite. Querendo ou não, foi uma novela de muito prestígio e sucesso; não só no México, mas como em outros países. Por lembrar disso, retruco:

Angélica: Não começa a chorar, Jaime. Mesmo com as correrias, nos divertíamos muito. Tenho ótimas recordações daquele tempo.  E nossas vidas mudaram dali pra frente. – De repente ele sorri um pouco forçado. Retribuo o sorriso amarelo e novamente entro em meu transe. Foi uma época bem tumultuada e que girava em torno de muitos boatos. Sim. Tive meu caso com o Jaime. Tivemos bons momentos, mas que não puderam seguir a diante por imposições da cabeça dele. Acredito que não sou a mulher que ele sempre sonhou em ter e isso se comprova ao me comparar com a mulher que ele é casado hoje. Escuto o meu celular e levo um susto ao perceber que estava segurando-o esse tempo todo. Olho o visor e leio “Otto” na tela. É agora, tenho que me despedir.

Angélica: Bom... Tenho que atender esse telefonema. – Sorrio um pouco triste sem desviar meu olhar do dele. Tentando de alguma forma saber o que ele estava pensando. Ele então volta a sorrir largo com seus lábios e da mesma forma que nos encontramos, abre seus braços, aproximando do meu corpo para me abraçar. Sinto seus lábios tocarem a minha bochecha antes de finalmente envolver a minha cintura com seus braços. Agora não o abraço com a mesma intensidade, mas mantenho meus braços em volta do seu pescoço. Sem estar anestesiada com o momento, consigo perceber o seu perfume entorpecedor enquanto suas mãos seguram firme minhas costas. Fecho brevemente meus olhos com um sorriso em meus lábios. Ficamos assim... Não sei por quanto tempo. Mas, ficamos. Aos nos soltarmos, volto a olha-lo e antes que pudesse lhe dizer algo, escuto sua voz.

Jaime: Nos vemos no México então. Prometo que não vou ficar emburrado e nem ficar reclamando. Don Fernando realmente mudou a minha vida. Acredite nisso, Angel! – Ele fixava intensamente meus olhos o que fez até me sentir um pouco incomodada. Nos despedidos com breves beijinhos no rosto.

Termino nosso encontro com um sorriso amarelo nos lábios. Não sabia o que responder naquele momento, daquele jeito, no meio do corredor de um Shopping. Acredito que teríamos tempo para isso. Para conversar sobre isso. Mas não aqui, não agora, não com o Otto me ligando. Nos afastamos. E assim cada um seguiu o seu caminho que milagrosamente foi interrompido pelo nosso encontro.  Antes que pudesse cair em meus pensamentos, meu celular toca novamente e agora o atendo na primeira chamada.

Angélica: Oi, meu amor. Desculpa... Estava experimentando uma roupa pelo Shopping.  – Sorrio forçada por não gostar de mentir para Otto. Saio pela porta automática do Shopping e já sinto a minha pele pegar fogo em contato com o Sol de LA. Desço as escadas da entrada do Shopping.

Otto: Não se preocupe, querida. Não queria te atrapalhar! Estou ligando mesmo para te avisar que tive alguns imprevistos por aqui e não voltarei para casa almoçar. – Otto como sempre tranquilo. Isso de certa forma me acalmou e colocou meus pés no chão, pra realidade. Me pôs no agora. No meu presente. Suspirei fundo enquanto caminhava determinada em direção ao estacionamento em que deixei meu carro.

Angélica: Tudo bem, amor. Sentirei sua falta. – Com esse telefonema breve e que era de costume ele fazer, nos despedimos. Puxo minha bolsa para frente do meu corpo e assim guardo meu celular, pego as chaves do meu carro ao para-lo na frente dele. Abro a porta e sento no banco do motorista. Deixo minha bolsa no banco ao lado e me viro, puxando o cinto até prende-lo cruzando o meu corpo. Coloco minhas mãos sobre o volante e novamente percebo meu olhar vagar pelo vidro em minha frente, com meus pensamentos querendo me puxar para situações que ainda não queria pensar. O Jaime no Shopping. Uau. De novo: uau. Quem diria? Ainda mais hoje. Depois do telefonema que de certa forma nos faria se ver no México. Ou não... Como ele mesmo diz e deixa claro para todos... Não são momentos que ele quer recordar. Até o entendo. Depois da novela tivemos outros projetos e muitas pessoas ainda focam e pensam na gente somente como Lety e Don Fernando. Ai, Lety... Sorrio. Balanço a cabeça e volto para minha realidade. Estico minha mão até o rádio e assim o ligo, continuando a seleção de música que escutava antes de entrar no Shopping.