Fanfic: Solo Dios Lo Sabe/ Nani. | Tema: A Feia Mais Bela

Volto pro salão ainda meio desorientada depois do ocorrido. Sorrio mais boba ainda ao pensar que tudo isso foi feito no banheiro com o risco de qualquer pessoa aparecer. Agora entendo a famosa sensação de “perigoso é mais gostoso”. Na verdade, qualquer jeito é gostoso com o Jaime. Fato. Rindo e balançando a minha cabeça negativamente sou logo surpreendida pelo Sergio Mayer, o Luigi da novela. Nos cumprimentamos e nos abraçamos. Com ele estava sua mulher, Isabela, que é irmã de Jaime. Ela me cumprimenta também e me abraça bem forte e mais demorado que Sergio. Ela sempre me tratou muito bem e eu sempre me senti muito a vontade com ela. Acredito que o Jaime contou para ela sobre o nosso relacionamento na época da novela, por que ela vivia dizendo para os outros que eu era a sua cunhada. Conversei um pouco mais com eles, percebendo o quanto eles se gostavam. Adorava esse casal. Torcia muito pela felicidade deles e pelo jeito, está tudo ótimo. Antes de nos separarmos, Sergio avisa que minha mãe me procurava.

Saí em direção às mesas para procurar a minha mãe. Meus saltos estavam começando a machucar meus pés e por isso andava mais devagar e tranquila. Acredito que acostumei com o ambiente, com as pessoas, com essa sensação nostálgica, com a alegria de ver essas pessoas. Por isso estava mais solta, não tão tensa como cheguei. Não mesmo. Não foi difícil encontrar a minha mãe, ela estava sentadinha na nossa mesa conversando com um dos produtores. Esse produtor em especial era Carlos. No inicio da gravação da novela, a gente tentou se conhecer. Saímos, jantamos, ficamos por alguns dias, mas não senti algo forte o suficiente que me fizesse namorá-lo. Não foi por falta de beleza porque ele é bonito. É moreno, alto, sempre deixou uma barba significativa em seu rosto e era divertido. O problema que hoje em dia, eu penso que naquela época em que saia com ele, eu já gostava do Jaime. Enfim. Me aproximo da mesa, chegando perto deles.

Angélica: Oi mãe. Oi, Carlos. – Sorrio para a minha mãe e para o Carlos em seguida, de acordo com a ordem que falei. Minha mãe corresponde ao meu sorriso e Carlos ao me escutar, se levanta da cadeira. Ele estava sentado bem ao lado da minha mãe e eu chego por trás dele e de frente para a minha mãe.Ao se levantar, ele é obrigado a virar o seu corpo para me ver. Eu percebo uma certa expressão de surpresa vindo dos seus olhos. Ele instantaneamente sorri largo e se aproxima mais de mim, passando seus braços em minha cintura e me abraçando. Eu retribuo, né?! Sorrindo, passo meus braços envolta dos seus e assim dou breves tapinhas nas suas costas.

Carlos: Nossa, Angélica... Quanto tempo que não nos vemos. Carai, você sempre foi linda, mas está mais do que linda hoje! – Ele solta meu corpo enquanto fala. Ao terminar, já estava de frente para mim novamente e observando o meu rosto e corpo, abaixando sua cabeça conforme sua curiosidade sobre mim. Isso me faz soltar uma risada baixa. Era uma risada com misto de vergonha e nervoso. Não gosto que fiquem me medindo assim. Então ele volta a me olhar nos olhos. Aproveito que ele se afastou para tirar as minhas mãos do corpo dele.

Angélica: Obrigada, Carlos. Você também está muito bonito. – Uma coisa que eu sempre levo comigo da educação que eu tive em casa, é ser educada com as pessoas. Ele tava bonito, mas em uma conversa normal eu não tocaria nesse assunto. As vezes fica chato você só dar uma risadinha depois de ouvir um elogio desse. Por isso, o fiz. O problema de Carlos, que na época ele não aceitou muito bem o nosso término. Depois de um tempo ainda corria atrás, mandava flores, fazia surpresas nos bastidores e isso acabou ficando chato para mim porque sempre o negava. Aos poucos ele foi parando, ainda mais quando os boatos sobre mim e Jaime aumentaram. Acredito que ele tenha superado. Espero que ele tenha superado.

Carlos: Estava aqui conversando com a sua mãe, e ela me disse sobre o seu casamento. Estou realmente muito feliz por você! Estou noivo agora. Quero muito ter um casamento sólido e feliz como o seu. – Ai, coitado, sabe de nada. Se ele soubesse o quanto sólido e feliz meu casamento estava há alguns minutos atrás no banheiro feminino desse salão, não estaria falando assim. Que seja. Acabei conversando com ele sobre algumas curiosidades e responsabilidades sobre casamento. Deixando claro que não falei sobre o meu casamento, mas em geral, como deve ser. Na verdade estou sendo injusta. Porque meu casamento era sólido e feliz no começo. Foi Otto mudar suas atitudes comigo que as coisas mudaram. Principalmente dentro de mim. No fim da conversa, ele volta a me abraçar forte e depositar um beijo na minha bochecha. Se afasta aos poucos dizendo que mandará um convite do casamento para mim, minha mãe e Otto. Eu o agradeço e finalmente fico a sós com a minha mãe.

Sento na cadeira em que Carlos estava sentado ao lado da minha mãe. Ela então apoia o seu cotovelo sobre a mesa e deixa seu rosto apoiado sobre a sua mão. Me olha daquele jeito esquisito de novo. Aquele olhar de hoje cedo, no café da manhã... Ai. De novo isso? Acabo sorrindo para ela e cruzo meus braços contra os meus seios sem deixar de olha-la nos olhos.

Angélica: O que você quer saber agora? Desembucha. Já to aprendendo qual é desse seu jeito novo de me olhar. – Ela acaba soltando uma risada baixa e inclinando o seu corpo para trás, encostando-se ao encosto da cadeira. Mantemos os nossos olhares cruzados.

Maria: Jaime veio falar comigo. – Olha só. Ele realmente quer que eu vá almoçar com ele. Eu estava achando que era brincadeira. Mas, eu conheço minha mãe com essas frases. Ela quer que eu solte algo que ela não sabe. Procuro não demonstrar nenhuma surpresa, mas inclino um pouco o meu rosto pro lado e a olho de canto de olho, sorrindo.

Angélica: Sobre? – Ela sorri e se aproxima mais de mim quando atrás do seu corpo, bem lá no fundo do salão, começava a festa com musicas mais atuais e ecléticas. Ela desencosta do encosto e inclina o seu tronco em direção ao meu corpo. Faço o mesmo para facilitar.

Maria: Ficou combinado que ele te pegará na hora da janta. Depois resolvam entre vocês um horário. – Que? Fico perplexa com o jeito dela tranquilo de me dizer isso. Como se não soubesse o que isso pode significar não só pra mim, mas pra qualquer outra pessoa que nos veja juntos.

Angélica: Mãe, você bebeu essa noite? É claro que eu não vou sair com ele. Nem na hora do almoço e nem na hora da janta. Hora nenhuma! Não tem por que sair com ele, sendo que... – Minha mãe resolve me cortar. Sim, minha mãe esta iniciando esse curso dos cortes. Só não rio porque estava realmente surpresa por ela deixar isso acontecer e falar assim, tão calma.

Maria: Olha, filha...Eu estou cansada. Já vou pra casa. Depois dessa noite você resolve se vai ou não. Amanhã na hora do almoço você me diz o que ficou resolvido, sim? Te amo, filha. – Ela fala já se levantando. Inclina o seu corpo pra baixo ao ficar em pé na minha frente e deposita um beijo firme em minha cabeça.... Gente, o que ta acontecendo? O que eu perdi nesse tempo todo do banheiro e depois com a conversa com o Sergio? Ela nem quis saber que horas vou embora, com quem vou embora, SE vou embora...Acompanho seus passos com o olhar com o meu rosto virado até perde-la de vista. Me assusto ao virar meu rosto ao normal e ver Jaime parado uma cadeira de distância de mim. Em minha direção. Ele percebe e ri do meu jeito... Além de me assustar ainda me zoa. Ele se senta na cadeira onde minha mãe estava, com seu corpo virado pro meu. Me olha.

Jaime: E aí, hermana... O que ta pegando? – Forço meus olhos para ele indignados com a cara de pau. Ele sabe muito bem o que ta pegando e isso me faz revirar os olhos e virar meu corpo, sentando de frente pra mesa. Seguro meu riso ao escutar a sua risada um pouco distante de mim e relativamente baixa pela altura do som.

 Angélica: Vai à merda... – Ele ri alto e gostoso. Agora dava pra escutar.E ele rindo assim eu não aguento. Acabo soltando uma risada baixa também, cruzando os braços por não ter conseguido segurá-la mais. Fico com o meu olhar direcionado para frente e ele então vira o seu corpo também de frente pra mesa e com o seu quadril força a cadeira pro lado, até conseguir encosta-la na minha. Sinto a lateral do seu braço encostar na lateral do meu braço. Isso já fez com que o meu corpo arrepiasse. Ele vira só o seu rosto para mim, dizendo em um tom mais baixo por ter aproximado mais, principalmente da sua boca ter aproximado mais da minha orelha.

Jaime: O que Carlos queria com você? – A voz dele mudou agora. Era um misto de seriedade com preocupação. Isso me surpreendeu e me fez virar o rosto também para olhá-lo... Nossa, como ele tava perto... Conseguia sentir a sua respiração bater suavemente na minha pele. O seu olhar assim parecia me corroer por dentro. Resolvo responde-lo de uma vez para ele mudar esse olhar.

Angélica: Perguntou sobre meu casamento. – Ao terminar, ele corre seu olhar por todo meu rosto e em seguida desvia- o de mim, virando seu rosto para frente. Do mesmo jeito que eu estava há alguns instantes. Ficou pensativo. Eu mantive meu olhar em seu rosto. Observava agora mais de perto os movimentos da sua mandíbula a cada mordida que dava em seus dentes, movimentava aquela região... Como eu gostava nisso nele... Saio dos meus pensamentos ao escutá-lo novamente.

Jaime: Não parecia que ele perguntava sobre o casamento te abraçando daquele jeito e te olhando daquele jeito. – Ele diz firme, voltando a virar seu rosto em direção do meu e me olhar sério. Ele busca com o seu olhar por todo o meu rosto alguma expressão que entregasse o que iria te responder. Mas fui sincera, como sempre fui com ele.

Angélica: Depois desse abraço e depois dessa olhada ele perguntou sobre meu casamento. Ele está noivo! Pretende se casar até o final do ano. – Não me intimido com o olhar do Jaime. Ele continua sério e ficamos nos olhando assim por alguns instantes... Sempre perco a noção do tempo quando ficamos desse jeito. Nunca vou cansar de reparar nisso.

Jaime: Certo. – Ele vira seu rosto novamente para frente e perde seu olhar pra um ponto qualquer... Como a gente sai um momento de risada pra isso? Com ele é sempre assim. As coisas são intensas demais. Ou estamos muito bem ou estamos numa grande merda. E merda aqui agora está bem grande e sem fim. Estamos nadando na merda... Acabo sorrindo. Não só pelo seu ciúmes, porque sei que ele estava com ciúmes, mas por toda essa situação. Estamos casados, mas nos pegamos no banheiro e agora ele está tendo uma crise de ciúmes. Mas, confesso que achei fofo ele ficar me observando de longe. Estico o meu braço até alcançar uma das suas mãos com a minha mão. A seguro firme e começo a fazer carinho com o polegar sobre ela. Isso faz com que ele acorde dos seus pensamentos.

Angélica: Minha mãe me contou o que vocês conversaram. E pra variar fiquei surpresa. – Ele começa a retribuir o carinho que faço em sua mão e faz na minha também. Volta a virar seu rosto em direção ao meu e agora estava com um olhar mais tranquilo. Eu ainda sei domar essa fera. Sorrio ao voltar a cruzar meu olhar com o dele.

Jaime: Eu gosto de te deixar surpresa. – Ele sorri de canto, desviando seu olhar pra minha boca. Eu fico um pouco nervosa quando ele faz isso. Não gosto que olhe minha boca desse jeito porque me da vontade de olhar pra sua também e de principalmente de aproximar a minha boca da dele. Não podemos fazer isso agora... Aliás, dona Angélica, não pode fazer isso agora e nem mais tarde e nem amanha e nem nunca mais. Você tem um marido em casa.... Lembrar do Otto agora acaba me desanimando. Fazia tempo que não me sentia assim em relação a alguém. Aos poucos solto minha mão da do Jaime e agora é a minha vez de virar o rosto para frente.

Angélica: Acho que já vou embora. Vou chamar um taxi para não atrapalhar o... – Sou cortada pela risada alta do Jaime...Eu to começando a achar que sou uma pessoa fácil de ser cortada. Ta ficando pessoal... Acabo sorrindo ao escutar o seu riso. Impossível não sorrir nem que seja um pouco com um riso desses. Volto a virar o meu rosto para ele. Voltamos para a risada inicial dessa conversa. Continuo: O que foi? – Esse momento me fez lembrar muito do que já fomos um dia. Sentados em uma festa, conversando, rindo, brincando, nos acariciando, cochichando.

Jaime: Até parece que você vai embora, Angélica. Por favor, né! – Ele solta uma risada debochada e eu continuo o observando com o meu sorriso alargando-se cada vez mais em meu rosto. Ele continua: Vamos para aquele badalo ali atrás. Vou te mostrar todo esse suingue aqui... Vamos. – Ele termina a fala e já levanta-se da cadeira determinado, esticando sua mão em minha direção. Continuo sentada por algum tempo não sabendo o que faria. Na verdade, eu não queria ir embora. Queria ficar e aproveitar mais das pessoas que não sei quando as verei novamente. Então decido ir com ele. Inclino o meu rosto para cima para respondê-lo dali de baixo.

Angélica: Ta bom, ta bom, ta bom! Mas, espera um pouco... - Antes de levantar, inclino o tronco do meu corpo para baixo até alcançar os meus sapatos que com as pontas dos dedos os puxo para baixo, um de cada vez. Sinto um alivio imediato e isso me deixa bem mais feliz e satisfeita. Assim, descalça,  seguro sua mão que permanecia esticada, levanto e fico na sua frente. Sorrindo. Feito boba. Como sempre ao seu lado. Dessa vez o meu tamanho fica mais nítido sem os saltos e tenho que inclinar mais o rosto para olha-lo quando estávamos frente a frente.

Jaime: Pronta, pequena? – Ele estava sorrindo. Sorrindo. Sorrindo... Af... Lembrar desse apelido me fez sorrir mais. Não sei como consegui sorrir mais, mas sorri. Então movimento a minha cabeça positivamente e ele segura uma das minhas mãos, puxando o meu corpo pelas mesas e cadeiras que nessa hora já estavam todas bagunçadas pelo salão. Caminhamos assim em direção ao espaço reservado da festa. Conforme íamos nos aproximando, mais alto ficava o som... Nada naquele momento estava importando pra mim. Não estava preocupada se alguém estava nos vendo daquele jeito. Eu tava feliz. Mais do que feliz. Esse é o lema da minha vida. Ser feliz. E ter o Jaime me segurando desse jeito, me chamando de pequena, com ciúmes, me beijando no banheiro... Isso me faz feliz! O Jaime me faz feliz.