Fanfic: Solo Dios Lo Sabe/ Nani. | Tema: A Feia Mais Bela

Ao entrar em casa, sinto o cheiro de batata recheada chegando até o corredor de entrada. Como toda quarta-feira. Sorrio ao pensar na comida maravilhosa que Paula estaria preparando e antes que fosse pra cozinha, deixo minhas chaves em cima da mesinha da entrada junto com a minha bolsa que penduro em um gancho ao lado. Caminho então, pelo corredor até chegar na entrada principal: um amplo espaço que em minha frente encontra-se a escada para o piso superior, a minha direita uma sala que possui dois sofás e duas poltronas claras com uma mesinha ao centro. Vários quadros e enfeites pela parede demonstram o afeto e carinho da minha família e amigos em imagens. Ao fundo de um dos sofás, uma grande janela de vidro transmite tranquilidade e paz para o local, onde costumamos acomodar visitas para longas conversas. Digamos que é a famosa sala de visitas. Enquanto ao meu lado esquerdo uma grande porta divide a entrada principal com o escritório particular de Otto.  Continuo o percurso até a cozinha, passo pela escada ainda pelo corredor principal e paro rente a abertura da cozinha. Sorrio ao observar Paula cortando verduras e saladas sob o balcão em base de madeira e tampa de mármore clara. Balcão este que divide a cozinha em duas partes pelo centro. Paula então me vê e leva um breve susto. Rimos enquanto ela colocava a mão brevemente molhada por lavar as verduras e salada em direção do seu coração, e então me diz em seguida.

Paula: Que susto, Dona Angélica. Não ouvi a senhora chegar! – Ela suspira aliviada. Paula era nova em casa. Não conseguia achar uma cozinheira boa e eficiente, que sabia fazer bem os pratos típicos do México. Tenho que admitir que ela está saindo muito bem.

Angélica: Desculpa, Paula. E já conversamos sobre esse “senhora”. – Tento fazer uma cara de brava, mas acabo sorrindo. Me aproximo do balcão, caçando com os olhos algo que pudesse fazer. – Precisa de ajuda? Posso cortar isso pra você, se quiser.  E ah... Otto não vem almoçar hoje. Somos só eu e você.  – Ao terminar de falar, volto a olhar para Paula.

Paula: Que isso, Dona Angélica. Não preciso de ajuda não. E seu Otto ligou me avisando que não viria. A senhora não se preocupe que já está tudo certo por aqui. A senhora tem que se preocupar com sua mãe... – Nesse momento fico apreensiva com a conversa. – Ela já ligou umas 3 vezes.  – Coitada. Minha mãe com certeza também foi convidada para a homenagem e está tentando me avisar que não poderá vir mais esse final de semana. Pensei em novamente frisar sobre o “senhora” com a Paula, mas deixei pra lá.

Angélica: Certo. Obrigada por avisar, Paula. Vou ligar pra ela lá do meu quarto, ok? Me avise a hora que estiver pronto que desço. Se precisar de ajuda, me chame. – Paula sorri e retribuo o sorriso ao deixa-la sozinha na cozinha, em frente ao balcão. Refaço meu caminho da entrada até aqui, agora parando frente a escada e a subo. De frente com outro corredor, caminho determinada até a última porta, passando por algumas portas abertas e fechadas pelo caminho. Abro a porta do meu quarto e a fecho em seguida atrás de mim. Observo mais uma vez o trabalho bem feito que Paula faz. Com a cama de casal bem arrumada centralizada no cômodo, com uma colcha escura que contrastava com o encosto branco da cama e travesseiros intercalando com tais cores. Caminho até meu lado da cama e sento, esticando meu braço para alcançar o telefone sem fio que tinha em meu criado mudo ao lado de uma foto minha e de Otto do nosso casamento e dos meus pais. Disco o número da casa de minha mãe,  observando meus pés que balançam sem tocar o chão. Abro um sorriso quando escuto seu “bueno”.

Angélica: Olá, mamãe! – Rio baixo ao escutar sua exclamação ao lado da linha.

Angélica Maria: Minha filha! Onde estava? Tentei te ligar a manhã toda e Paula me disse que tinha saído resolver algumas coisas. Estava preocupada... Recebeu a ligação? Você vem né? Já to preparando seu quarto, querida. Também vou pedir para Ana comprar algumas coisas no mercado... – Mamãe? Posso falar? – Ai filha... Você não sabe como fiquei feliz com a ligação. Quem falou com você?... – Será que ela vai me deixar falar? – Também não importa quem ligou pra você... Você vem! Ai, to tão feliz. Você faz falta... – Não, ela não vai deixar eu falar. – Outro dia estava conversando com aquela minha amiga, a Sophia...

Angelica: Mãe!!!! – Eu tive que aumentar um pouco a voz. Não tinha outro opção. – Não está deixando eu falar de novo. – Ficamos mudas por alguns instantes e rimos em seguida. Como era gostoso ouvir a risada da minha mãe. Estava com tanta saudade dela. Não via a hora de abraça-la.

Maria: Desculpa, meu anjo. Fale... – Era nítido o tom divertido na voz dela.

Angélica: Bom... Estava no Shopping procurando algo para sua chegada, mas acabei recebendo a ligação e fiquei confusa. Quis vir pra casa, conversar com a senhora antes que tomasse definitivamente a minha decisão. Mas, confesso que agora estou decidida a ir. Acredito que vá ser gostoso essa recordação da novela. – Estava realmente feliz. Não sabia exatamente por qual motivo. Se era pelo telefonema, se era pelo reencontro com o Jaime, a voz e risada da minha mãe. Mas estava feliz.

Maria: Vai ser uma delícia, filha. Te contaram sobre a homenagem? Me disseram que vão estar boa parte do elenco por lá. Tanta gente que não vejo há um tempão... Estou ansiosa. Me diga o que te contaram. – Não paro de sorrir ao escutar minha mãe feliz assim.

Angélica:  Sim, mamãe. Me contaram sobre a homenagem! E também me contaram que estão tentando levar boa parte do elenco. Me contaram que a imprensa local estará no evento. Que pra eles seria indispensável a minha ida. Que depois dessa homenagem terá uma festa. Que na homenagem podemos levar familiares. Acredito que tudo que contaram pra você, também contaram pra mim. – Enquanto contava os detalhes do telefonema para a minha mãe, arrumo alguns travesseiros no encosto da cama e ali me ajeito, livrando meus pés da rasteira que ficam no chão. Fico sentada com as pernas esticadas, de frente para a parede que sustenta uma TV agora desligada. Ao lado dessa TV tem duas portas fechadas. Internamente, uma é o banheiro e a outra o closet que divido com o meu marido.

Maria: Aí... Foi isso mesmo que disseram pra mim. Só não quiseram me contar sobre as homenagens, mas acredito que seja para você e Jaime querido. Todas sabemos o quanto trabalharam naquela época corrida, minha filha. – Não, mãe. Não me fala dele agora. Pisco lentamente os olhos e os abro em seguida.

Angélica: Todos fizeram um lindo e maravilhoso trabalho, mãe. Todos serão homenageados, tenho certeza. Mas enfim... – Sim. Eu gosto de cortar as pessoas que me deixam incomodada com convites de almoços e temas que não quero comentar. – Liguei mesmo pra avisar que pegarei o voo para México na sexta. Ainda preciso definir o horário. Reservar a minha passagem e do Otto... – Levo um susto quando ela corta a minha fala com um gritinho do outro lado da linha.

Maria: AI, QUERIDA... Com essa ansiedade toda me esqueci de perguntar: Como Otto esta, meu bem? – Rio baixo com essa reação de minha mãe.

Angélica: Ele está bem. Maravilhoso como sempre, mãe. E imagino a sua ansiedade... Não precisa se preocupar. – Nessa hora escuto a porta se abrir e viro a cabeça para saber quem é. Era Paula avisando que o almoço estava pronto fazendo gestos com a mão, a levando em direção a boca e fazendo um sinal de “vem” com os dedos. Movimento em confirmação a minha cabeça pra cima e pra baixo e com a mão livre gesticulo que “já vou”. Ela então, fecha a porta e fico a sós com a minha mãe novamente que nesse meio tempo não percebi que continuava perguntando sobre Otto, seu trabalho, sua alimentação.

Angelica: Mamãe... Ele está ótimo, acredite! Estou cuidando bem dele. – Sorrio com essa observação. – Olha, agora tenho que desligar. Confirmo com você o horário do voo, tudo bem? Se cuida. Te amo, mamita. – Assim nos despedimos. Viro meu corpo e volto a sentar de lado na cama com os meus pés sem tocar no chão balançando. Deixo o telefone em sua base e dou um breve saltinho saindo da cama. Ao lado da minha rasteira percebo meu chinelo e rapidamente o calço. Abro o criado mudo e ali caço um elástico para prender o cabelo. O faço caminhando em direção a porta do meu quarto, abrindo-a e seguindo em direção a escada, que desço e continuo o meu trajeto para a cozinha.

Ao entrar na cozinha, vejo Paula terminando de arrumar a mesa. Me sento frente a um prato e estranho só ter um.

Angélica: Você já comeu, Paula? – Viro meu rosto para olha-la e assim acompanho seus movimentos pela cozinha.

Paula: Não, senhora. Como depois. Não se preocupe comigo. – Ela devolve uma sorriso singelo pela minha pergunta.

Angélica: Não vai me deixar comer sozinha, não é? Senta aqui, por favor. É estranho quando Otto não está.

Paula: Mas a senhora... – Paula ia argumentar e gesticular quando a interrompo.

Angélica: Não me faça mandar, Paula. – Tento novamente fazer uma cara de brava sem sucesso. Rimos, e Paula então coloca prato, colheres e copo para ela. Senta em minha frente e assim almoçamos juntas. Falando sobre fofocas das famosas de Hollywood.