Fanfic: Solo Dios Lo Sabe/ Nani. | Tema: A Feia Mais Bela

Angélica: Jaime? Ta tudo bem? –Eu inclino um pouco o meu corpo pra frente quando estico uma das minhas mãos na frente do rosto do Jaime para estralar os dedos ali. Não resisto e começo a rir. Ele sai do seu transe e volta a encostar o corpo na cadeira. Estava sério. Paro de rir quando continuo: Agora tem sentido pra você?

Jaime: Tem... Agora tem! – Ele desviou o seu olhar do meu quando segurou a sua taça com uma das suas mãos e bebeu em um gole o resto do vinho que tinha ali. Conheço ele. E estava estranho.

Angélica: Jaime... Ei...Jaime! – Tive que reforçar a tentativa de fazê-lo prestar atenção em mim. Ele decide me olhar. Em seus olhos dava pra perceber que estava acontecendo alguma coisa: O que foi? Porque ficou assim? – Estava preocupada agora.

Jaime: Você não pode ter um filho com ele, Angélica! – Isso me deixa confusa. E nossa. Como ele é direto. Por qual motivo eu não poderia ter um filho com o meu marido? Por isso, volto a apoiar meus braços na mesa pelos cotovelos, ficando atenta com a sua resposta pela minha seguinte pergunta.

Angélica: Por quê? Não entendi. – Ele continua me olhando.

Jaime: É... Porque... – De repente ficar alisando a base de apoio da taça ficou mais interessante do que olhar pra mim. Ele fixou seu olhar ali, como se estivesse pensando em algum motivo. Um dos seus dedos percorria o contorno daquela região da taça. Depois, continua: Porque você ta casada com uma pessoa que te deixa ficar em casa em vez de fazer algo que realmente gosta. Acredito que não vai ser um bom pai também, da mesma forma que não é um bom marido.

Angélica: Que... Oi? – Isso me pega completamente desprevenida. Que direito ele tem pra falar sobre isso? Sobre meu casamento? Sobre meu marido? Ele não sabe como as coisas funcionam comigo e com o Otto. E eu sei que não estamos no melhor momento do nosso casamento, mas ele ainda merece todo respeito. Por mais hipócrita que seja pensar sobre “respeito” agora, ele ainda merece. E esse não é o foco, Angélica. Agora ele me deixou brava. Prossigo ao perceber que ele não vai mais se pronunciar. Que isso é realmente o que ele pensa: Eu vou ao banheiro!

Dessa vez não deixo as minhas mãos em seu alcance e me levanto da cadeira, viro meu corpo e saio determinada em direção ao banheiro sem olhar para trás. Consegui escutar ele dizendo meu nome e suspirando em seguida. Mas, foda-se. Se eu ficasse ali, as coisas iriam ficar bem feias. E eu sinceramente não tinha isso nos meus planos. Deve ser por isso que reagi assim, saindo de perto dele. Muito difícil escutar o seu melhor amigo dizendo essas coisas. Eu queria que ele me apoiasse ou pelo menos me entendesse. De tudo que eu disse, ele só pensou nos projetos que eu poderia estar fazendo e não estou. Só esta pensando no meu lado profissional, mas não para pra pensar no que realmente me faria feliz no momento em que estou vivendo. Com casa, marido. Um filho me faria feliz. Poxa. E eu ainda ia convida-lo para ser padrinho da criança. Depois dessa, não mais.

Quando volto do banheiro estranho ele não estar mais sentado na mesa. Imagino onde esteja e caminho para lá. Chego na área da sacada e ele estava de frente para a paisagem que tínhamos dali e de costas pra mim. Respiro fundo ao decidir me aproximar do seu corpo. Caminho em sua direção até parar com o meu corpo ao lado dele. Não nos viramos um para o outro e nem nos olhamos. Ficamos um do lado do outro, apenas com nossos braços encostados. Eu deixo as minhas mãos apoiadas no parapeito de madeira em minha frente sem deixar de admirar a vista. Estava uma noite linda. Tinha também algumas estrelas que se confundiam com a luz da cidade, além de uma brisa bem suave.

Ele decide se movimentar e pra minha surpresa dá breves passos até ficar com o seu corpo atrás do meu. Ele encosta seu peitoral em minhas costas enquanto seus braços atravessam pelas laterais dos meus braços até suas mãos se apoiarem sobre as minhas, no para peito. Eu me sinto extremamente pequena quando ele faz isso. Toda a minhas costas se aconchega em seu peitoral e isso me traz uma tranquilidade sem fim. Por mais que esteja chateada com ele, isso me acalma. Ele fica com o seu rosto ao lado do meu, olhando pro mesmo ponto distante. Ficamos assim. Sem falar nada, sem nos mexer. Apenas fico curtindo o calor do seu corpo e os seus braços me envolvendo desse jeito.

Bom, mas nada que é bom dura para sempre. Aproveito o pequeno espaço que tem entre mim e o para peito em minha frente e me movimento, tirando as mãos de baixo das do Jaime. Viro meu corpo até ficar de frente para ele. Ele continua com os seus braços ao redor de mim com mãos firmes segurando no para peito. Ficar próxima assim dele e encurralada dessa forma, faz meu coração quase sair pela boca. Fico com meus braços ao lado do meu corpo, sem toca-lo. Ele inclina o seu rosto para baixo e diz antes de mim como um desabafo.

Jaime: Só quero sua felicidade, pequena... Só isso! – Ele olhava em meus olhos e estávamos com os rostos tão pertos que podia sentir sua respiração quente bater próximo dos meus lábios. Fico com meu rosto inclinado pra cima sem deixar de olha-lo também.

Angélica: Não é o que parece! Você não ta me apoiando em nada. Sabe que seu apoio sempre foi importante pra mim. – Ele desviava seu olhar pros meus lábios quando escutava a minha voz.

Jaime: Como você quer que eu apoie algo que não concordo? Por mais que queira ficar grávida, isso não significa que tem que deixar tudo pra trás. É um desperdício você parada assim, Angie. Ainda mais com o talento que tem. – Isso me faz sorrir por alguns instantes. Eu gosto quando ele me elogia. Seja sobre o que for. Eu gosto.

Angélica: Mas não entendo porque você não concorda! Eu preciso ter esse tempo pra poder me organizar e bem... Você sabe. Tentar engravidar. – Sinto que fico corada por falar sobre isso com o Jaime. Não era pelo fato de deixar subentendido que preciso de todo o tempo possível pra fazer sexo com o Otto. Não. Mas sim o fato de falar isso pro Jaime.

Jaime: Não preciso saber dos detalhes, Angélica! Só pensa nas oportunidades que vai deixar escapar por causa disso, e no tanto... – Eu decido corta-lo.

Angélica: Até quando vai ficar pensando só pelo meu lado profissional? Eu não vivo só de trabalho, Jaime. – Eu percebo que ele começa a ficar irritado por que desvia seu olhar do meu, erguendo seu rosto e olhando pro horizonte por cima da minha cabeça. Ele respira fundo e volta a me olhar.

Jaime: E desde quando você faz essa separação de vida profissional e pessoal? Desde o seu “combinado” com seu marido? – Sério. Eu não ia deixar dessa vez ele ficar com essas indiretas sobre o Otto.

Angélica: Você não tem porque falar dele assim, sendo que... – O celular dele toca. De novo a tecnologia está contra mim, pois até isso me corta. Eu reviro meus olhos e assim fixo meu olhar em um canto qualquer atrás do seu corpo. Ele tira só uma das mãos do para peito e rapidamente a leva em direção ao bolso da calça, tirando seu celular dali novamente. Dessa vez ele da uma bufada antes de atender enquanto desliza seu dedo pela tela.

Jaime: Oi? ... Não, Heidi, ainda não sai daqui... Eu sei que já ta tarde... – Eu realmente não precisava disso pra minha vida. Aproveito que um dos seus braços não estava mais me rodeando e me desvencilho do corpo dele. Ele não seria louco de chamar pelo meu nome com ela no telefone e aproveito disso pra sair disparada da varanda.

Passo pela nossa mesa e continuo caminhando por todo o restaurante. Tinham poucas pessoas hoje. O fato de ser domingo também ajuda pra esse fato. Ninguém mexe comigo ou se quer tem tempo de me reconhecer porque estava andando bem rápido. Viro meu corpo ao chegar no começo da escada e a desço firme, com as minhas mãos segurando um pouco do tecido da minha saia para não enrolar nas minhas pernas. Sem olhar para trás. Sem nem pensar direito no que estava fazendo. Apenas queria ficar o longe possível do momento “love” do Jaime com a sua mulher. Termino de descer as escadas e não tinha ninguém ali que pudesse me parar. Acredito que o restaurante estava quase fechando.

Tenho a certeza disso quando me deparo com o estacionamento privado praticamente vazio. Os poucos carros que tinham com certeza eram das pessoas que ainda estava no andar superior. Não tenho para onde ir. Estou com ele. Não tenho celular para chamar um taxi. Af. Cada vez mais me odeio por ser esquecida e não trazer meu carregador para usar o meu celular. Sou tirada dos meus pensamentos de ódio ao escutar a voz do Jaime me chamando de longe. Eu ignoro e continuo caminhando até ser parada quase ao lado do seu carro.

Jaime: Angélica... Para. – Sinto uma das suas mãos parando meu corpo ao segurar não muito forte um dos meus braços e força-lo brevemente pra si, fazendo com que meu corpo vire para ele. Eu estava cansada disso. Realmente.

Angélica: Para você, Jaime! Eu não sei que porra a gente ta fazendo... De verdade. Não sei a onde a gente acha que tudo isso vai dar. – Eu estava com o meu corpo relativamente perto do dele pela forma que ele segurava o meu braço. Por sorte, o estacionamento era bem iluminado, então não perdia a visão dos seus olhos nos meus.

Jaime: Era isso que eu queria ter conversado com você hoje, mas não me deu a oportunidade.... – O corto novamente. Estou ficando boa nisso.

Angélica: Eu não te dei a oportunidade? Você só soube falar do péssimo jeito que eu ando levando a minha vida. E me solta... – Nesse momento decido forçar um pouco o meu ombro pra trás, trazendo junto meu braço que era segurado por ele. Quando o faço, ele me solta. Ele volta a respirar fundo dando breves passos em minha direção que eu não correspondo, ou seja, dou passos pra trás. Tento me afastar dele. Ele muito próximo de mim me desconcentra.

Jaime: Não. Você não me deu a oportunidade exatamente por isso... Por que acredita que ta feliz assim, do jeito que tá. Eu não poderia tocar no assunto que eu quero tocar se continuar pensando assim. – Eu acho que o vinho não fez muito bem para ele. Não estou entendendo nada. Demonstro essa duvida no meu olhar.

Angélica: Do que você ta falando afinal? Eu não to conseguindo seguir o seu raciocínio. Aliás, eu não to conseguindo seguir nada do que ta acontecendo desde que te vi no Shopping. – Ele para de tentar se aproximar do meu corpo e eu também paro de dar breves passos para trás. Por alguns instantes ele desvia o olhar do meu, olha para pontos atrás do meu corpo e ao voltar a me olhar, estava com uma expressão tensa. Como se estivesse buscando as palavras certas. Então diz.