Fanfic: Solo Dios Lo Sabe/ Nani. | Tema: A Feia Mais Bela

Jaime: Continuando o que eu tava falando... Estava pensando em ir à torre, o que acha? – Ele continua como se fosse normal o que acabara de fazer. Eu estava estupefata. Não sabia se ria, se chorava, se o abraçava, se saia correndo. Tá. Foi fofo. Mas, é a mulher dele. Não é qualquer pessoa. Não é como se fosse apenas uma namorada ou alguém que ele estivesse saindo. É a mulher. To indignada.

Angélica: Jaime... Porque você fez isso? Era a Heidi, não era? – Percebo sua surpresa com a minha indagação.

Jaime: Sim. Era ela! Já falei que ligaria na hora que chegasse em casa. Ela ta mais paranoica que o normal hoje. – Ele acaba soltando um riso baixo enquanto leva a sua mão segurando o celular para um dos bolsos na frente da sua calça. O deixando ali.

Angélica: Mas, você não pode desligar assim. Ela pode ficar preocupada, sei lá, querer falar alguma coisa, ou tentar... – Ele me corta rapidamente.

Jaime: Shhh... – Faz esse som com a sua boca dando os últimos passos que separavam nossos corpos. Ele volta a ficar com o rosto rente ao meu, com a sua mão colocando um pouco dos meus cabelos pra trás do ombro. Continua: Não quero que nada atrapalhe a gente hoje. Muito menos ela! Então não se preocupe com isso. Aliás, quero fazer um trato com você.

Angélica: Depois não sabe por que ela fica paranoica, né? – Sorrio ao admirar seu sorriso. Eu sinto que ele tava se divertindo com toda essa situação. Isso não vai ser nada divertido quando tivermos que voltar pra casa. Enfim. Decido subir uma das minhas mãos na altura do seu ombro e apoia-la ali enquanto acaricio suavemente sua bochecha com as pontas dos dedos.

Jaime: Vai querer saber o trato que quero fazer ou a gente senta aqui mesmo, pede umas rosquinhas e um chá pra falar da Heidi? – Ele fala isso com uma voz diferente, fazendo caretas com o olhar por cima da minha cabeça. Acabo rindo.

Angélica: Ta bom! Me fale sobre o seu trato. – Ele volta a me olhar ao escutar a minha voz. Percebo seu olhos brilhando. Ele é lindo. Nossa.

Jaime: Eu tenho poucas horas tranquila com você até termos que ir embora.  Então, eu acho que temos que aproveita-las sem pensar em ninguém. Fazer o que quisermos fazer! – Ele diz isso voltando com as suas mãos pra lateral da minha cintura, dando breves apertadinhas ali com as pontas dos dedos e assim, fazendo nossos corpos se encostarem pelas nossas cinturas novamente.

Angélica: Mas... – Eu sabia que tudo isso estava errado. Não quero fazer isso com o meu casamento. Não quero fazer isso com o Otto. Confesso que não me importo muito com a Heidi, mas a minha preocupação agora é o meu marido. Meu marido. É estranho pensar nesse exato momento que tenho alguém pra chamar de meu marido que não seja o Jaime. Isso acaba me deixando um pouco triste. Acabo respirando fundo e desvio meu olhar do dele ao continuar: Eu não sei, Jaime. Você me conhece, sabe muito bem que amanhã eu vou me arrepender e muito disso tudo. Eu até agora não sei por que aceitei vir nesse jantar. Realmente. – Eu continuava com o olhar fixo em um ponto ao lado do corpo dele.

Jaime: Diz isso de novo, mas olhando pra mim, Angélica! Diz que realmente não sabe por que veio. Diz que você não quer estar comigo, que eu te deixo na sua casa, agora. – Ao cruzar o meu olhar com o dele novamente, ele me olhava firme e sério. É lógico que eu quero estar com ele. E muito. Mas, não quero sofrer tudo que já sofri. E antes de tudo, não quero que o Otto sofra por alguma atitude impulsiva minha. Mais do que já fiz até agora.

Angélica: As coisas são diferentes agora. É lógico que eu quero estar com você. Mas, não quero mais desrespeitar o meu casamento desse jeito. Eu to aqui com você, to feliz, mas ao mesmo tempo minha consciência ta me matando. A gente ta fazendo tudo errado. – Ele me escutava com atenção. Admirando cada traço do meu rosto.

Jaime: A sua consciência está assim por que quer. Eu disse sério que largo tudo e todos pra voltar a viver isso que a gente ta vivendo hoje. – Antes que eu pudesse responder alguma coisa sobre isso, somos pegos de surpresa com um dos seguranças aparecendo do nosso lado. Eu até solto um gritinho de susto levando rapidamente a minha mão na altura do meu coração. O sinto bater forte no meu peito e aos poucos acho graça da situação.

O Jaime solta a minha cintura para dar atenção ao segurança que nos diz que estavam fechando. Nossa. Quanto tempo a gente ficou ali? Ao olhar ao redor, percebo quase todas as janelas do restaurante fechadas e só o carro do Jaime ainda parado no estacionamento. Praticamente estávamos sozinhos. Eu ainda fico impressionada ao não perceber o tempo ao lado dele. Agradecemos a atenção do segurança em vir nos avisar e ao voltar sua atenção pra mim, Jaime diz.

Jaime: Torre? – Eu sorrio e confirmo com a cabeça. Ele sorri de volta enquanto busca a chave do carro em um dos seus bolsos e destrancando-o em seguida. Viro meu corpo pro carro me posicionando na frente da minha porta, a abro e entro, enquanto ele da a volta no carro pela parte da frente até parar na frente da sua porta e também entrar.

Agora o clima dentro do carro estava mais tranquilo. Não estava mais aquela atmosfera pesada. Me aconchego no banco e encosto a minha cabeça no encosto com o olhar fixo no vidro em minha frente. Eu não fazia ideia de que horas eram, mas não estava cansada. Pelo ao contrário. Tava animada e feliz. Mesmo com certas discussões que já tivéssemos agora de noite, eu to sentindo alguma coisa diferente. Não sei. Parece que as coisas vão se ajeitar. Gosto do Otto. Gosto de verdade. Sinto um carinho imenso por ele. Admiração infinita. Mas, nunca me senti realmente feliz ao lado dele. É. Por mais que eu não queria admitir para ninguém e muito menos para mim, ele nunca vai conseguir me fazer sentir desse jeito. Com essa vontade de sorrir o tempo todo, só a presença do Jaime me causa.

Acordo dos meus pensamentos ao sentir a mão do Jaime sobre a minha coxa. Ele a desliza pra próximo do meu joelho e faz um carinho naquela região com o polegar. Isso me faz virar o rosto para ele e sorrir quando ele tira rapidamente o seus olhos da estrada e vira seu rosto também para me olhar e sorri. Sorri. Sorri. Será que um dia vou acostumar com esse sorriso? Quando ele volta a olhar para a estrada, continuo admirando-o. Ele agora está mais maduro comparando a época que namorávamos. Não sigo só no aspecto físico. Claro que o físico mudou. Seus cabelos na altura das orelhas estão mais grisalhos, ele tem um aspecto mais experiente nas suas expressões. Mas, digo nas suas atitudes. Só o porte que ele tem dentro do carro dirigindo já mostra que está diferente, está mudado. Não é mais aquele menino despreocupado com a vida. E como vem me tratando durante a noite também comprava isso.  Seu beijo, sua pegada, seu jeito, suas conversas...Tudo! Se o tempo fez bem para alguma pessoa, essa pessoa é o Jaime. E sinceramente, não sei se isso é muito bom para mim. Se quando namoramos já foi difícil negá-lo, imagina agora? Embora, o problema não seja esse. O problema é acreditar nas suas palavras. Ele já me disse tudo isso uma vez. Não exatamente com essas palavras, mas foi nesse sentido. E hoje estamos juntos? Não. E não foi por culpa minha.

Jaime: Para, Angélica! Vai me desconcentrar assim. – Será que eu acabei pensando alto? Fico preocupada e demonstro isso arregalando os olhos. Ele me olha de canto de olho e solta uma risada baixa. Rio junto de nervoso. Não vira seu rosto para me olhar, pois estávamos entrando na cidade novamente, mas diz: É injusto só você ficar me olhando desse jeito e eu não poder fazer o mesmo contigo. Então pare! – Ele está disposto a me conquistar. Isso está nítido a cada frase. E isso só dificulta mais ainda as coisas para mim.

Angélica: Tudo bem. Vou parar, chorão! – Viro o meu rosto ao normal e percebo as luzes da cidade se aproximando cada vez mais. Nesse momento ele tira a mão do meu joelho e a deixa junto com a outra no volante, bem atento.

Ele dirige em direção à torre. Chamamos de torre, mas na verdade é uma torre de televisão antiga e já inativa que é usada apenas como ponto turístico. Fica no mesmo perímetro da sede principal da Televisa e era um dos nossos lugares preferidos aos finais de semana, principalmente pelo fato da discrição. Ninguém aparecia por lá. Não era mais usada, então só tinha um segurança que tomava conta por ser uma propriedade privada da Televisa. Ele era o único que sabia de mim e do Jaime naquele lugar. E geralmente fazíamos exatamente assim. Jantávamos, íamos para a torre um pouco e depois... Bom. Enfim. Já estávamos quase chegando e o lado bom dos meus pensamentos é que sempre faziam o tempo passar rápido. Sorrio.

Meu sorriso vai aumentando conforme chegamos mais perto da torre. Ela fica em um ponto interessante da cidade. Dizem que foi a primeira que a Televisa utilizou no começo. Então ela era um pouco isolada por uma praça que a acompanhava e ficava relativamente um pouco a cima do restante das ruas ao lado. Acredito que na época em que foi montada, a cidade do México não era desse tamanho todo e era mais nítida a sua presença. Hoje em dia ela é praticamente uma poeira perto dos grandes edifícios e das grandes torres de televisão que são construídas. Mas, é bonita. Eu gosto dela.

O Jaime estaciona o carro. Pelo horário e por ser domingo, a praça que circunda a torre esta praticamente vazia. Na época que víamos mais pra cá, éramos tão despreocupados que não nos importava se estava vazia ou não. Mas, hoje esta me deixando um pouco receosa. Continuo com o meu olhar fixo pra fora do vidro da frente enquanto ouço a sua voz.