Fanfic: Solo Dios Lo Sabe/ Nani. | Tema: A Feia Mais Bela

Já caminhávamos em direção à torre. Não ficamos muito próximos, porque querendo ou não, estávamos em um lugar público. Mesmo a praça estando praticamente vazia a essa hora. A praça em que a torre ficava era bem larga com poucos jardins e árvores. Tinha alguns postes que iluminavam os caminhos que saiam do centro da praça, onde estava a torre.  Para chegar até a torre temos que subir breves escadas e ao sair dela, já se deparava com a estrutura firme, larga e comprida de ferro. De quem a vê do lado de fora, não imagina a linda visão que tem lá de cima. Ela é dividida em duas partes. A primeira, que é o primeiro piso, que dali de baixo, só se enxerga as janelas de vidro que acompanha o contorno piramidal da torre. Lá dentro, durante a semana, é usada como lanchonete para os turistas que visitam a torre. De final de semana, essa lanchonete não funciona. Logo a cima deste primeiro piso, também dali de baixo, só se enxerga o para peito largo do mesmo material da torre. E é pra lá que pretendemos ir.

Chegamos a uma das laterais da torre e encontramos o segurança que logo nos cumprimenta. Incrível como tudo está nostálgico hoje. As mesmas pessoas, nos mesmos lugares que íamos há tempos atrás. Jaime fica conversando com ele enquanto aproximo do elevador e aperto o botão para chegar até o térreo. Não demora muito para isso acontecer. Entro e em seguida o Jaime entra também, apertando o botão do andar da área externa da torre. É um elevador ligeiramente pequeno e bem simples. Encosto do lado oposto da porta, ficando com o meu corpo de frente pra ela e assim acompanho com o olhar quando ela se fecha. Jaime fica do lado do meu corpo e ficamos em silencio. Logo, sinto sua mão encontrando com a minha. Ele a segura, cruzando nossos dedos. Não o olho, mas sorrio. Sei que ele também sorri. Às vezes ficamos assim. Em silêncio. Só curtindo a companhia do outro. Simples assim.

Chegamos ao andar e a porta se abre. Demos breves passos e dali já enxergava uma boa parte da cidade. Esse andar fica exatamente na metade da torre. Ao olhar para cima, enxerga a torre se afinando em forma de pirâmide até acabar na sua ponta com um ponto de luz vermelho que brilha e pisca. Andamos por ali, até ficarmos do outro lado de onde o elevador ficava. O caminho era estreito então um tinha que ir atrás do outro. Estava na frente, mas logo sinto as mãos do Jaime deslizarem da lateral da minha cintura pra minha barriga onde cruza os seus braços, me abraçado por trás. Ele encosta o queixo em meu ombro conforme vou diminuindo os passos ate parar com o meu corpo em frente do para peito, ficando com as minhas mãos apoiadas por cima dos braços do Jaime.

A vista era linda. Por mais que não desse pra enxergar toda a cidade, o que se dava pra ver, já era gratificante. Eu gosto de paisagens de natureza, é maravilhosa, mas também gosto desse lado urbano. Com alguns prédios e avenidas iluminados contrastando com o escuro da noite. E a noite de hoje também estava ajudando para deixar o conjunto tudo mais bonito. Mais uma vez ficamos em silencio e acredito que ele também esteja perdido em seus pensamentos. Vínhamos muito aqui. Praticamente toda semana. Podíamos ficar assim, abraçados, que ninguém nos atrapalharia. Claro, sendo de final de semana quando a torre é fechada e só nós conseguíamos subir. Conversávamos, riamos e também chegamos a chorar aqui. É um lugar repleto de lembranças.

Da mesma forma que tenho ótimas lembranças desse lugar, também lembro que tenho um marido e uma casa pra voltar amanhã. É tão estranho pensar que minha vida não é mais aqui. Não é mais do lado do Jaime. No começo não foi nada fácil me acostumar. Ainda mais depois do meu casamento. Eu estava e sou feliz do lado do meu marido, mas no fundo, bem no fundo mesmo, eu não estou satisfeita. Não digo isso por não estar satisfeita com o Otto, mas sim, comigo mesma. Eu tenho que reavaliar melhor tudo isso. Saber o que realmente quero pra mim. Se quero trocar o certo pelo duvidoso. Acabo respirando fundo e soltando o ar pelo nariz enquanto inclino a minha cabeça pra trás e a deito no ombro do Jaime. Ele, por sua vez, vira um pouco o seu rosto e deixa a sua boca próxima da minha orelha ao dizer baixinho.

Jaime: Quer me dizer? – Ele termina esfregando suavemente a ponta do seu nariz naquela região. A respiração quentinha que sai do seu nariz deixa a minha pele arrepiada.

Angélica: Te dizer o que? – Continuo com o meu olhar fixo pra vista em minha frente. Faço carinho em seus braços com as pontas dos dedos, ora puxando brevemente os pelinhos dali.

Jaime: O que te fez suspirar assim. – Sorrio e agora contraio um pouco o meu ombro ainda pelo arrepio que a sua voz me causa próximo da minha orelha.

Angélica: Eu acho que você não vai querer saber. – Pra variar, o Jaime me surpreende ao soltar as suas mãos e seus braços do meu corpo, quase me fazendo desequilibrar por não avisar. Ele da breves passos e para ao meu lado, com o seu corpo virado pra mim.

Jaime: Sério que você ta pensando nele enquanto ta aqui comigo? – Ele realmente estava indignado comigo. Viro meu corpo para responde-lo e assim, cruzar nossos olhares.

Angélica: Não sei por que ta surpreso. Ele é meu marido e olha como a gente tá... Parece que não estamos casados. – Ele faz uma cara feia sem tirar os olhos dos meus.

Jaime: Eu não me importo. – Esse jeito dele sempre me irrita. Cruzo os braços.

Angélica: Você não se importa? Tá bom. Mas, saiba que eu me importo e muito. Eu não sei qual é o seu jeito de levar o seu casamento, mas eu não quero levar o meu assim. Isso tudo não era pra estar acontecendo. Sério. Onde a gente acha que vai chegar? Em outra cama em Acapulco, só se for. – Acabo citando sobre a noite da traição. Ele fecha sua cara.

Jaime: Quando você vai acreditar que eu não fiz nada? Já te disse várias vezes que não te trairia com ninguém nesse mundo. Eu tava vivendo a melhor época da minha vida, Angélica. Fazendo uma coisa que eu gosto que é atuar, ainda em uma novela de prestígio e do lado da mulher da minha vida! – Ele termina a frase quase em um sussurro. Era muito difícil acreditar nas suas palavras se referindo àquela noite. Às vezes eu tento esquecer e acreditar, mas sempre que isso acontece, vem flashs na minha cabeça sobre o acontecido. Pra variar, eu não to disposta a falar sobre isso. Eu odeio falar sobre isso.

Angélica: Que seja. A gente não precisa ficar tocando nesse assunto!  Eu sempre me sinto idiota quando falamos sobre isso. – Ele respira fundo.Se esse assunto também o deixa tenso, então porque insiste nisso? Acho que ele leu meus pensamentos.

Jaime: Tá certo. Com o tempo vou te provar que não fiz nada, já que na época você não deixou! Agora, podemos voltar para o assunto inicial? – Eu descruzo os meus braços e apoio uma das minhas mãos no para peito ao lado dela. Acabo apenas confirmando com a cabeça sua pergunta. Ele então continua: Eu não quero voltar amanha pra LA na duvida sobre como agir contigo. Aliás, como agir sobre a gente. Todas as vezes que te disse hoje que quero deixar tudo pra ficar contigo, não tive sua resposta. – Bom, pelo jeito que ele ficou me olhando, ele quer essa resposta agora.

Angélica: Jaime... Eu não sei o que te falar sobre isso. De verdade. Eu não quero jogar um relacionamento solido que tenho com o Otto por uma aventura....- Nesse momento ele ia me cortar, mas eu o impeço antes que isso aconteça. Isso aí. Eu não deixo ele me cortar: Espera... Deixa eu continuar. Não to referindo a nós como um tipo de aventura só pelo fato de ser obvio que não sou o tipo de mulher que você gosta, mas principalmente pelo fato de nós já termos tentado uma vez e não ter dado certo. Pelo ao contrário. Quase perdemos a nossa amizade de anos por isso. E no fundo do meu coração, eu prefiro te ter do meu lado como amigo, do que te perder de uma vez. – Desabafo.

Jaime: Angélica, primeiro de tudo, você nunca foi e nunca será uma aventura pra mim. Por diversas vezes eu tentei te deixar isso claro. Até em programas de televisão eu tentava te chamar a atenção sobre isso. Você colocou isso na sua cabeça que eu só gosto de mulheres loiras e modelos, mas não é verdade. Se for assim, você só gosta de homens morenos e de olhos castanhos...Isso não tem sentido! – Ele respira pra continuar: E segundo, eu concordo com você que quase perdemos nossa amizade, mas naquela época éramos diferentes do que somos agora. Eu sei que você ta diferente. Seu jeito ta diferente, seu olhar, sua forma de andar... Tudo! E isso só me faz ter mais certeza de que é você que quero do meu lado. – Eu mirava seus olhos que tremiam daquele jeito fofo que só ele conseguia fazer. Suas palavras me fez ficar em silêncios por alguns instantes. Acabei desviando meu olhar e olhando lá pra baixo. Eu to mudada. Isso é verdade. Eu sinto que ele também está mudado. Suspiro ao voltar a olha-lo novamente.

Angélica: Tudo bem! Não vou te prometer nada, mas vou pensar sobre isso. – Ele sorri com as minhas palavras. Sorri. Sorri. Sorri. Eu acabo sorrindo porque é inevitável não fazê-lo com ele ali tão próximo de mim, acabando de me dizer tudo aqui e ainda sorrindo. Ele aproxima um pouco mais do meu corpo, levando as suas mãos de encontro com as minhas e as segurando. As juntam em frente ao seu rosto e da breves beijinhos nelas sem tirar os olhos de mim. Depois, diz.

Jaime: Não demora pra pensar sobre isso. Não quero mais ter que ficar do lado da Heidi sendo que penso em outra mulher o tempo todo. – Ele termina de dizer soltando aos poucos as minhas mãos e as deixando apoiadas sobre os seus ombros. Aproveita e coloca as suas mãos na minha cintura, apertando com a ponta dos dedos aquela região, puxando meu corpo pra si. Dou o ultimo passo que nos separava. Inclino a minha cabeça pra olha-lo melhor.

Angélica: Sabe, sempre me disseram que você só faz as coisas se eu faço primeiro. Quer dizer, se eu namoro alguém; você namora. Se eu caso; você casa. To começando a acreditar nessa hipótese já que vai esperar por uma resposta minha pra saber como lidar com o seu casamento. – Disse isso brincando com ele, sorrindo enquanto meus polegares alisavam seus ombros. Com o seu rosto um pouco inclinado pra baixo, ele ri e ao terminar, diz.