Fanfic: Solo Dios Lo Sabe/ Nani. | Tema: A Feia Mais Bela

Eu estava bem. Estava feliz. Os pensamentos sobre o meu casamento praticamente sumiram da minha cabeça. Por mais que eu me recriminasse depois, agora, nesse momento, não queria pensar no Otto. Não vou pensar. Só quero pensar no homem que esta na minha frente. O homem que realmente amei nessa vida. Não sei mais se ainda o amo como um dia já amei, ainda mais por tudo que me causou, mas sei que ele está fazendo ascender um sentimento dentro de mim que há muito tempo não sentia. Aliás, só sinto essa sensação de felicidade ao lado dele. Do Jaime. E depois de tantos anos, depois de tantas confusões, tantos sofrimentos, ele está aqui novamente. Querendo ou não, está me pedindo outra chance. Vou ter que pensar muito sobre isso. Não vai ser algo fácil de resolver. Não mesmo. Mas, a minha vida depende dessa decisão.  Continuo com os meus olhos fixos nos dele, da mesma forma que ele não tira seus olhos de mim.

Angélica: Eu não sabia disso! Sempre achei que estavam falando demais, como sempre. – Ele acariciava o final das minhas costas com as pontas dos dedos.

Jaime: Geralmente quando estamos eu e você na mesma matéria, as pessoas falam demais mesmo. Mas, sobre isso, é verdade. Nunca pude admitir por causa da minha mulher, né? – Isso me fez ficar curiosa sobre uma coisa. Por isso, o questiono.

Angélica: Afinal, qual a sua relação com ela, Jaime? Porque eu e a minha mãe nunca entendemos o que viu nela. Quer dizer, eu nunca tive nada contra ela. Diferente da minha mãe que tem tudo contra ela. – acabo soltando uma risada baixa ao lembrar das coisas que a minha mãe já comentou comigo sobre ela. Ele também ri, desviando por alguns instantes o seu olhar do meu. Acredito que novamente estava buscando as palavras certas. Volta a me olhar.

Jaime: Nós sempre tivemos um relacionamento entre idas e vindas, principalmente depois de tudo que aconteceu comigo e com você! Eu estava certo que iria ficar contigo, Angie. Com tudo que aconteceu, eu fui um idiota que acabei deixando você ir. E ela sempre esteve lá. Querendo ou não, sempre me apoiou em muitas situações difíceis. Ela é uma boa mulher. É boa no nosso casamento, mas não é quem eu amo de verdade. – Ele para de falar por alguns instantes. Isso me ajuda a similar o que me dizia. Logo, continua: Já faz muito tempo que penso em me separar. Depois do nosso casamento, ela mudou muito. Sabe lidar com as coisas da casa, mas na questão como pessoa ela mudou, sabe? – Eu apenas movimento a minha cabeça positivamente pra que ele continuasse: E isso fica cada vez mais nítido. Até com reclamações sobre fã ela faz agora. Ela sabe que não falo com você. Mas, sabe que isso foi um pedido seu e não porque eu queria que fosse assim. E os fãs todos os dias lembram de você... Fazem questão disso. A insegurança dela foi uma consequência disso tudo! Está complicado. – Ele termina a frase com uma respirada funda. Soltando firme o ar pelo nariz. Aproveito sua cabeça baixa para deslizar uma das minhas mãos pra sua nuca e ali acariciar com as pontas dos dedos.

Angélica: Eu também vejo as mensagens que fazem sobre a gente. Otto também vê. Mas, ele não reage assim. Pelo ao contrário, muitas vezes ele acha graça. Enfim. – Balanço os ombros, fazendo pouco caso pra isso. Aproveito que estamos nesse assunto sobre casamento, e continuo: Na verdade, tem outra coisa que anda me preocupando sobre o meu casamento. – Nesse momento ele fica mais interessado no meu assunto. Eu acabo sorrindo: Para de ser assim! – Ele ri. Sabia exatamente do que eu tava falando.

Jaime: Desculpa. É inevitável não ficar feliz que o casamento “perfeitinho” de vocês também tem seus problemas. Mas, continue. – Nesse momento ele inclina um pouco o seu corpo pro lado e o vira, encostando sua bunda no parapeito, ficando de costas pra paisagem. Afasta um pouco as suas pernas e com as mãos firmes em minha cintura, me puxa pro meio delas, ficando com o meu corpo encaixado ali. Por ele ficar nessa posição, ficamos com os rostos rente um do outro. Desço minhas mãos pros seus braços.

Angélica: De umas semanas pra cá, ele está estranho. Chega tarde em casa, estressado, cansado mais do que o normal. Às vezes toma seu banho e já desce pra ficar no seu escritório de novo. Por causa disso, vai dormir tarde. No outro dia, acorda mais cansado ainda... E isso esta se tornando uma rotina cada vez mais. – Pode parecer estranho, mas sempre me senti muito bem em conversar sobre tudo com o Jaime. Sobre tudo mesmo. Não é a toa que somos amigos por tanto tempo. Ele sempre soube me escutar da mesma forma que eu o escuto. E eu sei que ele não faz isso por obrigação, ele faz porque realmente se importa e se interessa em saber o que acontece comigo.

Jaime: Tenho certeza que você perguntou pra ele o que está acontecendo. E ele não te disse nada? – Me olhava nos olhos quando entorto a boca e digo baixinho.

Angélica: Não! Pelo ao contrário. Toda vez que tento falar sobre isso, ele resolve discutir e dizer que são problemas dele e que ele vai resolver sozinho. Que não é pra eu me preocupar. – Desvio um pouco os meus olhos dos do Jaime e fixo um ponto qualquer atrás do seu corpo. Ele não estaria me traindo, não é? Não. Ainda mais depois do combinado que fizemos pra que eu engravidasse. Mas, se forem juntar os pontos, tudo faz sentido. Ele chegaria atrasado por isso. Ficaria nervoso com os meus interrogatórios por isso. Iria dormir tarde por isso, porque vai saber o que fica fazendo naquele escritório até tarde. Com esses pensamentos, devo ter feito uma cara muito feia para escutar a voz seguinte do Jaime.

Jaime: Ei... O que ta pensando? – Volto a olhá-lo e não consigo disfarçar a minha voz desapontada.

Angélica: Você acha que ele ta me traindo? – Sabe, ser traída pelo Jaime já foi suficiente para mim.

Jaime: Ele não seria louco em fazer isso! – Ele fica sério novamente, mas continua: Para de pensar besteira, Angélica.

Minha ficha cai. Ei... Como assim eu fico desapontada com o Otto por pensar na hipótese dele estar me traindo? Que porra é essa que to fazendo com ele exatamente agora?  Nesse momento solto as minhas mãos do corpo do Jaime e dou breves passos pra trás até sentir o material gelado da torre tocar as minhas costas, limitando o meu espaço. O Jaime deve ter percebi e entendi o porquê de ter me afastado porque não me segura, pelo ao contrário, solta também as suas mãos da minha cintura. Fico com o olhar fixo no dele, mas sem saber exatamente o que pensar sobre tudo isso. Eu julgo uma atitude errada do Otto que nem pode ser verdade, mas estou fazendo exatamente a mesma coisa. A consciência pesa quando ela quer. E muito.

Angélica: Quero ir embora! – Aquele nó na garganta estava presente em mim novamente. Esses homens só me fazem chorar. Uma hora é o Jaime, agora é o Otto.

Jaime: Ah, pequena... Para! – Ele inclina um pouco o seu corpo pra frente pra segurar uma das minhas mãos. Por ser um espaço curto, não é difícil para ele conseguir fazer isso, mas, rapidamente afasto a minha mão do alcance dele, a trazendo junto do meu corpo.

Angélica: Não Jaime, toda hora que quero voltar pra minha realidade, pra nossa realidade você faz ou diz alguma coisa que não deixa. Que me faz ficar nesse mundo de ilusão nosso. A gente não é mais isso há muito tempo! Não fazemos mais essas coisas. Temos que encarar isso de uma vez por todas... Você é casado e eu também. Como a gente deixou essa viagem virar nisso? – Ele acaba cruzando seus braços contra o seu peitoral pela minha atitude de desviar dele. Não deixa de me olhar.

Jaime: Simples. O fato de ter perdido tempo demais esperando o momento certo pra falar contigo. Tentei por várias vezes, mas nunca nos encontramos, não tivemos oportunidades. E eu queria fazer isso frente a frente. Nada de telefone ou mensagem, por isso nunca fui atrás de você por esses meios. Eu sempre tive que me conter pra isso não acontecer.  Essa viagem era tudo que eu queria e tudo que eu precisava pra conversar direito com você. Vim decidido pra isso! E tudo ficou mais claro que o destino estava ao nosso favor, quando Heidi me disse que não viria. Ainda ficou tudo melhor quando vi que o Otto não estava com você.  – Uma das suas frases me fez lembrar minha mãe dizendo sobre perder o tempo da minha vida. Mas, não tira o meu foco principal do fato de tudo isso ser errado. Por mais que eu esteja feliz e bem ao seu lado, estava errado pelas circunstâncias que as coisas estavam acontecendo.

Angélica:Tenta entender, por favor. Isso tudo ta me deixando com um sentimento imenso de culpa. O Otto é muito bom para mim. Não quero magoá-lo. – Termino de encostar as minhas costas na estrutura de metal atrás de mim, sentindo a minha pele queimar suavemente pela região em que o ferro gelado encostava.

Jaime: Eu também não quero magoar a Heidi. E você não precisa magoar o Otto se não quiser. Mas, eu não quero mais viver com uma pessoa que não me faz realmente feliz. Só que isso depende de você... Vou te dizer quantas vezes forem necessárias que largo tudo e todos por você. É só dizer e me querer! – Ele fala isso com tanta tranquilidade. Eu sou muito idiota mesmo. Ele já tinha tudo planejado sobre o que ia me dizer, onde ia me levar, como iria agir comigo. E tudo já estava armado na sua cabeça desde o encontro do Shopping.  Enquanto eu acreditando que nem falaria com ele aqui no México. Que só o veria na homenagem e ainda ao lado dela. Af. Volto a tocar no ponto principal.

Angélica: Você tem que parar de pensar desse jeito. Tem que tomar as suas decisões por conta própria. O que às vezes pode ser bom pra mim, pode não ser bom pra você. Pode ser bom pra eu ficar sem o meu marido, mas pode ser péssimo pra você ficar sem a sua mulher! – É inevitável pensar nessa hipótese e não ficar triste.