Fanfic: Solo Dios Lo Sabe/ Nani. | Tema: A Feia Mais Bela

Entro na cozinha bocejando. Pelo horário que acordei, só terei o tempo do almoço para ainda aproveitar a minha mãe. Com o sono que estou sentindo hoje, acredito que exagerei no tempo com o Jaime ontem. Mas, olhando pelo outro lado, valeu a pena. Eu continuava bem e feliz. Minha consciência ainda não pesou nos meus pensamentos. Espero que isso não aconteça. Principalmente agora que vejo a minha mãe sentada em um banco de frente com o balcão central da cozinha. Ela levanta o seu rosto ao me ver e sorri, tirando o seu óculos e o deixando apoiado sobre o balcão. Estava mexendo em seu celular e da mesma forma que o óculos, deixa de lado.

Maria: Boa tarde, minha filha! – Sorrio para ela da mesma forma que ela sorri para mim. Continuo andando pela cozinha até parar com o meu corpo ao lado do dela. Passo meu braço pra trás das suas costas e a abraço assim. Apertando seu corpo contra o meu com a minha mão na lateral do seu braço oposto. Beijo rapidamente o topo da sua cabeça, dizendo.

Angélica: Boa tarde, mamita! – Solto seu corpo aos poucos e me afasto, dando a volta no balcão e sentando em outro banco de frente para ela. Ela mantinha seu olhar em mim, acompanhando meus movimentos até me sentar ali. Deixo os meus braços apoiados sobre o balcão quando finalmente consigo olha-la nos olhos.

Maria: Não te ouvi chegar ontem, meu amor. – Ela mantinha seu olhar no meu também. Ainda com um sorriso terno em seus lábios.

Angélica: Eu cheguei tarde, mãe. Não sei te dizer ao certo que horas eram, porque só pensava na minha cama! – Sorrio com a lembrança da sensação quando finalmente deitei em minha cama.

Maria: E como que foi? Onde foram jantar? O que conversaram? – Acabo soltando uma risada baixa com a sua curiosidade e por fazer uma pergunta atrás da outra. Ela também ri enquanto se ajeita no banco e com os seus braços apoiados no balcão pelos cotovelos, apoia seu rosto em suas mãos, ficando com toda a sua concentração em mim.

Na maioria das vezes esse jeito curioso dela é engraçado. Como sempre, decido contar tudo que aconteceu para a minha mãe. Desde o momento que sai da sua casa até voltar. Contei tudo. Sobre o restaurante, sobre os telefonemas da Heidi, sobre o estacionamento, sobre a torre. Quis contar todos os detalhes, pois ela com certeza iria me ajudar a decidir o que fazer da minha vida. Minha mãe é a minha companheira, minha melhor amiga. Confiava plenamente nela e nos seus conselhos pra mim. Contei tudo que o Jaime disse para mim. A explicação do seu sumiço em minha vida, porque se casou com a Heidi, porque resolveu me procurar nessa viagem... Tudo! Conforme ia contando, minha mãe reagia arregalando os olhos, sorrindo ou expressando uma preocupação em seu rosto. Ela se manteve atenta. Focada nas coisas que lhe dizia. Nem a presença da Ana que chegou no meio da nossa conversa na cozinha, fez com que ela se desconcentrasse. Por fim, contei o que aconteceu em frente a sua casa, já no final da nossa noite. Ela manteve seu olhar em mim quando terminei de contar em um suspiro. Não demoro para escutar sua voz.

Maria: Só te digo uma coisa...- Ela deixa sua frase solta no ar enquanto da um breve pulinho para sair do banco, que era relativamente alto para alcançar o balcão. Diz em seguida: Não queria estar no seu lugar! – Ela vira o seu corpo rindo baixinho e gostoso. Daquele jeito dela toda linda. Minha mãe, depois de escutar todo essa desabafo, ainda me zoa. Eu não posso com isso. Fico surpresa com a sua reação e acompanho com o olhar os movimentos que ela faz até chegar ao lado da Ana, ajudando ela com alguma coisa na frente da pia, ficando de costas pra mim.

Angélica: Mãe, você escutou tudo o que eu te disse? Eu sou casada e trai o meu marido. Não foi só uma vez, foram várias vezes. E o pior de tudo isso... É que até agora não estou com peso na consciência por tê-lo feito. – Eu estava realmente incrédula com toda a minha história. Ficaria surpresa com qualquer pessoa quem me contasse uma historia dessa. Minha mãe percebe a minha voz angustiada e decide virar o seu corpo para me olhar. O faz, dizendo.

Maria: E nem vai ficar com a consciência pesada. Você não gosta do Otto, meu amor. Pode ter um carinho por ele, mas não o ama! – Mantinha firmes meus olhos nela.

Angélica: Como assim não o amo? Claro que amo. Não estaria casada com ele se não o amasse. – Eu não estava segura nas minhas palavras e claro que minha mãe percebe, pois em seguida abre um sorriso para mim.

Maria: Eu não preciso comentar sobre isso, não é? Você sempre foi madura o suficiente para tomar as decisões corretas pra sua vida. Não necessariamente foram as decisões que te fizeram e te fazem feliz, mas foram as corretas. Tenho certeza que fará isso novamente. Só tenta priorizar a sua felicidade dessa vez, meu anjo. Não perca mais tempo! – Novamente ela diz sobre o tempo. Jaime também disse sobre isso ontem. Fico calada. Não sabia o que dizer novamente. Esse fato de nunca saber o que dizer só prova o quanto estou confusa e o quanto preciso pensar melhor sobre tudo que aconteceu desde que vi o Jaime naquele shopping.

Minha mãe volta a sua atenção pros seus afazeres ao lado da Ana. Ela sabe que nesses momento que preciso refletir sobre alguma coisa, não gosto que fiquem me pressionando e me enchendo de perguntas. Aproveito para sair daquele banco em que estava sentada e caminhar novamente em direção ao corredor até chegar ao meu quarto. Entro e continuo caminhando agora em direção a minha janela que estava completamente aberta, com os raios de sol entrando por ali. Não fico parada e continuo andando até sentir a grama bem fininha tocar nos meus pés mesmo de chinelo. Ando até o banco que tem posicionado no meio desse jardim de trás da casa. Não sei quando voltarei pra casa da minha mãe e é bom matar a saudade de todos os lugares. Esse banco já me ajudou a refletir sobre muitas coisas. Não espero sair daqui com alguma decisão certa, pelo ao contrário. Não vou ficar martelando nesse assunto. Vou primeiro chegar a minha casa. É lá onde a minha vida esta, então será lá que resolverei sobre isso.

Não demora muito para Ana aparecer de surpresa na janela aberta do meu quarto e me chamar para o almoço. Confesso que já estava com fome e falar sobre tudo que aconteceu com a minha mãe após ter acordado, não me fez ter coragem para tomar alguma coisa e muito menos comer. Levanto do banco, caminho em direção a Ana que me esperava e ao aproximar do corpo dela, caminhamos juntas pelo corredor até chegar à cozinha. Passo o meu braço por trás do corpo dela e assim entramos na cozinha onde a minha mãe já estava sentada na mesa, me esperando para almoçar. Sento ao seu lado e logo me sirvo, seguida por minha mãe. Almoçamos sem tocar em assuntos constrangedores. Falamos sobre as mesmas tonterias de sempre. Fofocas. Ela também me contou o que fez ontem a noite depois que sai. Contou sobre o filme que assistiu. Contou que o Otto me ligou diversas vezes e ela teve que inventar que eu estava na casa de uma amiga daqui do México. Fico feliz que a minha mãe não tenha falado a verdade para ele, pois eu faria quando o visse.

Não tinha muito tempo para ficar conversando depois de ter terminado o almoço, já que o horário do meu voo se aproximava. Então, decido levantar da cadeira deixando meu prato em cima do balcão para facilitar o trabalho da Ana, e caminho decidida para o meu quarto. Lá faço a minha higiene no banheiro e ao sair, me dirijo até a minha mala que já estava pronta sobre a cama. Apenas troco o chinelo por uma sandália antes de fecha-la definitivamente. Estava de vestido até os joelhos, pois a Cidade do México hoje fazia muito calor, e também gosto de viajar a vontade. Puxo a minha mala com uma certa dificuldade de cima da cama, mas logo sou surpreendida pela presença do Jorge ao bater na minha porta. Viro meu corpo para olha-lo e ele diz.

Jorge: Eu ajudo a senhora com isso! – Ele se aproxima de mim e pega a mala com facilidade que já estava ao lado do meu corpo, no chão. Agradeço e acompanho seu corpo até a entrada do meu quarto. Antes de sair, viro e observo aquele ambiente. Vou sentir saudade daqui. Posso morar em qualquer lugar, mas aqui sempre será o meu quarto. Sorrio. Balanço um pouco a cabeça quando viro o meu corpo para continuar seguindo os passos do Jorge que rapidamente me levam para a entrada da casa.

Ana estava parada ao lado da minha mãe na porta principal. Me aproximo dela que sorria. Nos abraçamos bem forte. Nos despedimos e a fiz prometer que iria me visitar em LA quando a minha mãe fosse pra lá. Caminho pra fora da casa, passando pela porta sendo seguida pelo corpo da minha mãe atrás de mim. Desço as escadas e Jorge estava do lado da porta traseira. Ele a abre quando eu e a minha mãe nos aproximamos. Entro, escorregando o meu corpo pro outro lado, dando espaço pra minha mãe. Era isso. Estava indo embora da casa dela. Queria tanto poder ficar mais aqui, curtir a sua companhia, mas ao mesmo tempo não quero atrapalhá-la e, também tenho muita coisa para resolver. Além disso, tem o meu marido que me espera em casa. Pelo menos eu espero que esteja.

Era muito difícil ficar sem assunto do lado da minha mãe. Estávamos no saguão principal do aeroporto do México esperando pela chamada do meu voo. Já tinha feito o meu chek in, deixado a minha mala na esteira que era levada para o avião. Por algumas vezes éramos interrompidas por algum fã que nos identificava ali no meio daquela multidão. Tiramos fotos e conversamos brevemente. O que mais me fazia sentir falta do meu celular era não poder ler mensagens diárias que eles mandavam para mim. A presença deles ali no aeroporto faz o tempo passar muito mais rápido. Logo, escuto a voz da funcionária do aeroporto anunciando o meu voo. Tinha que me despedir da minha mãe. Ela já estava de braços abertos quando a olho nos olhos. Abro os meus braços da mesma forma e a abraço bem forte. Ficamos assim. Ela acariciava lentamente os meus cabelos, deslizando sua mão pelo comprimento do mesmo. Eu abria minhas mãos em suas costas e apertava ali, a deixando bem juntinha de mim.

Angélica: Vou sentir sua falta, mama! – Digo soltando aos poucos meus braços do seu corpo. Ela faz o mesmo, trazendo uma das suas mãos pro meu rosto onde o alisa com as pontas dos seus dedos. Sorri com ternura.

Maria: Eu também, meu amor! Na primeira oportunidade que eu tiver, vou pra lá te visitar, tudo bem? Se cuida... Sabe que pode ligar pra mim a qualquer hora do dia. Não esqueça... Pense. Reflita... Te amo! – Sorrio largo para ela. Rapidamente inclino o meu rosto em direção ao dela para depositar um beijo bem demorado na sua bochecha. Aos poucos vou afastando de uma vez o meu corpo do dela.