Fanfic: Solo Dios Lo Sabe/ Nani. | Tema: A Feia Mais Bela

Angélica: Ah... Oi, Heidi. – Acredito que a respondi no automático. Sei que saíram palavras da minha boca, mas não consegui realmente escutá-las. Continuo sentada na cama, mas agora me concentro no que me dizia.

Heidi: Oi, Angélica. Como você está? – Sempre achei que Heidi tinha algum problema de personalidade. Fala comigo de um jeito no primeiro momento e depois até pergunta como eu estou. Não deve ser fácil lidar com ela.

Angélica: Eu estou bem. Só um pouco cansada da viagem. E você? – Essa formalidade cansa. Por isso, volto a encostar minhas costas nos travesseiros, relaxando aos poucos com o susto que levei.

Heidi: Eu to bem. Não quero atrapalhar seu momento de descanso, fofa... Quero te pedir uma coisa. – Ela sempre agradável e carinhosa. Sim. Isso foi irônico. Nunca conversamos muito. Não tínhamos papo. Até tínhamos um assunto pra falar em comum, que no caso, era o Jaime. Mas, depois que o relacionamento deles foi ficando bem sério, ela mudou comigo. Não fazia questão de puxar assunto e eu cansei de valorizar alguém que não fazia o mesmo por mim. Se até hoje ainda troco um “oi, tudo bem”com ela é por respeito ao Jaime. Já que ele a escolheu como sua mulher. Fazer o que.

Angélica: Pode falar. – Digo tranquila, mas confesso que estava morrendo de curiosidade para o que ela tinha pra me dizer. Confesso que passou na minha cabeça que ela tinha descoberto tudo sobre o final de semana.

Heidi: Estou ligando para alguns amigos próximos do Jaime e que estão aqui em LA para virem aqui em casa no aniversário dele. Mas, é surpresa. – Ela sabe muito bem que eu e o Jaime não nos falamos direito há muito tempo. Praticamente, desde o seu casamento, nós nos afastamos. Acredito que ela quis se referir aos anos que realmente fui próxima dele.

Angélica: Tudo bem. Não posso te confirmar, porque tenho que ver com o Otto. – Ela ficou em silencio por alguns instantes do outro lado da linha. Por um momento até pensei que a ligação tinha caído, tanto é que trago o meu celular pra frente do rosto para confirmar que ainda estava na ligação. E esta. Volto a colocar o celular na orelha.

Heidi: Ta bom, querida! As 19:00.Beijos. – Ela diz e desliga. Eu pisco várias vezes pro nada. Que pessoa estranha. E pensar que um dia ela já foi legal.Trago novamente aos poucos o meu celular pra frente do meu rosto, deslizando o dedo para finalizar a ligação. Volto a conecta-lo no carregador, já que ainda não estava completo.

Nesse momento, o Otto sai enrolado com a toalha. Aproveito que ele saiu do banheiro para ir tomar o meu banho.Viro meu corpo para sair da cama e dou um breve pulinho pra isso. Ele passa pelo curto espaço que tem do banheiro pro closet e entra nele. Caminho em direção ao closet também, acompanhando os seus passos. Cada um fica no seu lado do armário enquanto escolho algumas peças de roupas e a calcinha junto com o sutiã. Estava concentrada no que estava escolhendo e por isso levo um susto quando sinto os seus braços rodearem a minha cintura. Ele aperta aquela região, fazendo seu peito se encostar em minhas costas. Sinto os beijinhos que vem em seguida pelo meu ombro, com a sua voz dizendo baixinho ali.

Otto: To com saudade de você, amor... – Ele frouxa um pouco os seus braços da minha cintura para começar a deslizar suas mãos por aquela região, pela minha cintura. Ao chegar perto dos meus seios, eu dou um passo pra frente, ainda no espaço que me faltava entre meu corpo e o armário. Viro pra ele com uma expressão tensa e surpresa. Muito surpresa, aliás. Depois de tudo que eu fiz esse final de semana, ainda não sinto vontade de ficar com o meu marido. Que porra ta acontecendo? Ele me olha preocupado, então digo rapidamente com o meu olhar fixo no dele.

Angélica: Amor... Você sabe como eu fico com fuso horário. To cansada. Quero tomar um banho e descansar...Aproveita, e faz as reservas pro jantar, sim? – Realmente estava cansada. Tem que ser por isso que estou agindo dessa forma. Não quero prolongar isso. Portanto, dou passos largos até passar pelo seu corpo e caminhar em direção ao banheiro. Percebo o quanto estava tensa quando sinto meus dedos segurando tão forte a minha roupa junto ao meu corpo que já doíam. Relaxo e entro no banheiro, fechando a porta atrás de mim.

Fico de frente com o meu reflexo no espelho. Ainda não entendi qual o meu problema. Ele é meu marido. Fazia tempo que não nos víamos. Claro que estaria com saudade. Agora muito me preocupa eu não estar com essa saudade. Quer dizer, eu estava com saudade. Da pessoa dele, da companhia dele. Mas, saudade dele como homem, eu acho que não estava... Dou passos até ficar rente a pia, deixando a minha roupa por ali. Olho fixamente meus olhos no espelho. E é quando os percebo marejarem. Eles enchem de lágrima rapidamente. Coloco as minhas mãos sobre a pia, as deixando um pouco afastadas. Inclino um pouco o meu corpo pra baixo junto com a minha cabeça. Fecho os meus olhos, sentindo as lagrimas escorrerem pelas maças das minhas bochechas.

Não posso deixar que o Jaime entre na minha vida assim. Não posso. Não quero ter que ficar comparando todas as atitudes do Otto novamente. Não quero ter que desejar outro toque, outro beijo, outro cheiro, outro corpo, tudo de novo. Porque afinal me deixei levar pelas suas palavras esse final de semana? Eu sabia que uma hora a minha consciência ia pesar. E está pesando. Não digo só pelo Otto, porque ele é uma pessoa maravilhosa que não merece o que eu fiz. Mas, por tudo. Principalmente por mim. Jaime já me machucou muito e ter me deixado levar por suas palavras e atitudes nesse final de semana, lhe da sensação que eu superei. Mas, não. Aquela noite em Acapulco foi uma das piores noites da minha vida. Ele sabe disso. Sabe de como eu fiquei. Sabe de tudo que tivemos que fazer para não expor o que realmente estava acontecendo. Até problema intestinal eu tive que inventar. Depois disso conseguimos reatar nossa amizade pelo menos, só que tudo piorou com os casamentos. Ele se afastou, eu me afastei. Quando estava enfim, acostumada com a sua ausência, ele aparece. Ainda desse jeito. Dizendo que está disposto a lutar por mim.

Só que tudo isso teve um lado positivo. Ficar uns dias fora de casa e ainda na presença do Jaime deixou claro que não sou completamente entregue ao meu casamento. Não sou honesta o suficiente com o Otto e muito menos comigo. Se eu me deixei levar por tudo, é porque no fundo eu não amo meu marido... Decido levantar a minha cabeça e volto a me olhar no espelho, com o olhar fixo em meus olhos. Observo rapidamente as minhas bochechas molhadas e o meu nariz vermelho... Eu não amo o meu marido. Não posso ser egoísta ao ponto de ficar com ele apenas por comodidade. Por saber que tenho uma pessoa firme e companheira ao meu lado. Não tão companheira ultimamente, mas companheira quando precisei do seu apoio. Dói. Dói muito saber que não amo o suficiente a pessoa que disse “sim” em um altar. Na frente de tantas pessoas. É difícil assumir que errei tanto que fiz até combinados sem sentidos pra tentar provar pra mim mesma que o nosso casamento era perfeito, sólido. Não o amo suficiente para resistir aos encantos do Jaime. E o Otto é a ultima pessoa que merece qualquer tipo de desrespeito. E estar com ele, pensando em outra pessoa, é um tipo de desrespeito para mim.

Solto as minhas mãos da pia e ergo o meu corpo novamente, olhando com mais firmeza para o espelho. Levo as minhas mãos na altura do meu rosto e com as pontas dos dedos, enxugo as minhas bochechas. Terminando de enxugar meu rosto com os dedos alisando embaixo dos meus olhos pelo fato do rímel ter borrado aquela região... É isso.Vou pedir o divórcio. E não vou fazer isso por mim e muito menos pelo Jaime. Vou fazer pelo Otto. Ele merece uma mulher que no mínimo o ame de verdade. Que seja completamente sua até nos pensamentos. E isso, desde o dia que vi novamente o Jaime naquele Shopping, não sou mais.

Com esse pensamento, paro de chorar. Ergo a minha cabeça e assim entro decidida para o meu banho. Como sempre, sinto aquela sensação de sair todas as coisas ruins e que me pesam no meu corpo entrando pelo ralo junto com a água. Tenho que estar tranquila e equilibrada pra ter essa conversa com o Otto. Todas essas decisões que quero tomar pra minha vida, me faz lembrar o momento que estava embarcando para o México nesse final de semana. Senti que voltaria diferente. E realmente estou. Praticamente estou mudando a minha vida de uma hora pra outra.

Agradeço mentalmente o fato de ter trazido a minha troca de roupa para o banheiro. Geralmente me troco no closet ou no quarto mesmo, mas dessa vez o farei aqui. Rapidamente coloco um short larguinho e uma blusa de alcinha. Mais tarde resolveria a roupa própria para o restaurante. Deixo a toalha no seu gancho próprio ao lado do boxe do chuveiro. Me direciono a frente da porta e seguro na maçaneta por alguns instantes antes de abri-la. Respiro fundo e abro a porta do banheiro. Entro em nosso quarto e Otto estava sentado em uma das cadeironas embaixo da janela, lendo uma revista. Me aproximo tranquilamente dele. Sem querer demonstrar ainda qualquer suspeita sobre o que quero conversar com ele sobre essa noite.

Angélica: Que horas vamos? – Paro próximo ao lado em que ele dorme na cama, dando breves passos até me sentar ali, apenas apoiando a minha bunda. Dessa forma, fico com o corpo de frente pro dele. Ele abaixa suas mãos que seguravam a revista e me olha, dizendo.

Otto: Não reservei nada. Melhor ficarmos em casa hoje! – Pisco forte pra ele. Não entendo o que ele quis dizer e demonstro isso na minha pergunta.

Angélica: Que? Como assim? Por quê? – Ele fecha a revista e a deixa de lado do seu corpo. Mantém firme seus olhos nos meus.