Fanfic: Solo Dios Lo Sabe/ Nani. | Tema: A Feia Mais Bela

Chegamos em casa. Eu e Otto não conversamos nada durante todo o caminho. Ele apenas me perguntou algumas vezes se estava melhor. Ainda acha que eu estou com algum tipo de dor no estomago ou algo assim. Mal sabe ele que a dor não é exatamente nesse órgão. Enfim. Já parei de chorar. Não quero que ele se preocupe mais achando que é algo grave. Saio do carro quando Otto o estaciona dentro da nossa garagem. Dou a volta pelo mesmo entrando pela porta que da acesso ao corredor principal da nossa casa. Caminho por esse corredor até começar a subir as escadas em direção ao meu quarto. Ao entrar, ando mais rápido pra minha cama. Subo na mesma, fico de sapatos mesmo e deito meu corpo de lado sobre ela. Fico com o corpo em direção à porta. Arrumo alguns travesseiros, ficando com o tronco um pouco mais alto em comparação com o resto do corpo. Trago as minhas pernas dobradas pra mais próximo de mim, me encolhendo ali.

To me sentindo completamente sozinha. Não tinha com quem conversar sobre isso. Se eu falasse com o Otto, teria que explicar tudo que aconteceu comigo e com o Jaime. Se eu falasse com o Jaime, a Heidi pode ser capaz de armar um barraco. Esse barraco não seria péssimo só pra mim, nem só pro Otto, mas pro Jaime também. Ele está em um momento ótimo da sua carreira e qualquer coisa agora pode estragar tudo. Não quero correr esse risco. Penso em dizer pra minha mãe, mas ela já tem tanta raiva da Heidi, que eu também não sei o que ela seria capaz de fazer. Não duvido que ela ligaria pra Heidi pra tirar satisfações. Já basta eu sem moral pra debater qualquer coisa que a Heidi fale em relação a isso já que ela ta completamente certa.

Eu tava preparada com a minha consciência pra várias situações, menos pra essa. Nunca passou pela a minha cabeça que escutaria o que eu escutei dessa mulher naquele banheiro. Até que ponto das coisas ela sabe, afinal? Ela foi tão vaga nos seus argumentos que acredito que ela não tenha certeza de absolutamente nada. Tentou o tempo todo jogar verde pra ver se eu soltava alguma coisa e afirmasse suas suposições. Mas ela foi tão direta na questão das promessas. Não. Não tem como saber o que ela realmente sabe. Não sei ainda o que pensar sobre tudo isso que ela me disse. Só sei que sempre sou eu quem sai perdendo em relação ao Jaime. Ele ta lá, se divertindo com seus amigos em seu aniversário. E eu aqui. Com essa sensação horrível dentro de mim. Aliás, aniversário este que só fui convidada pra dona da casa esfregar em minha cara certas verdades ao meu respeito.  Bem que estranhei só ter eu e ela de mulher nessa festa. Reviro os olhos. Bem típico dela.

Dou um breve pulinho de susto na cama quando escuto meu celular tocar em cima do criado mudo. Estico meu braço para pegá-lo, ao fazê-lo, coloco-o em frente ao meu rosto. Era ele. O Jaime estava me ligando. Eu não to pronta pra falar com ninguém agora, muito menos com ele. Ainda mais que eu o conheço, sei que vai fazer diversas perguntas. Fico olhando fixamente pro celular até ver a ligação ser finalizada do outro lado da linha. Quando faço isso, observo a tela do celular. Mostra cinco ligações perdidas e duas mensagens não lidas. Não levei meu celular pra festa, decidi deixá-lo em casa. Decido ver essas notificações deslizando meu dedo pelo celular para desbloquea-lo. Quatro ligações e as duas mensagens eram do Jaime. Solto um suspiro por não me impressionar com isso. A outra ligação era de uma amiga muito querida minha. Sorrio ao ver seu nome na minha tela. Rapidamente toco sobre seu nome e ligo pra ela. Coloco o celular em contato com a minha orelha. Logo, atendem.

Bárbara: Oi, minha amiga! – Sorrio largamente ao escutar sua voz do outro lado da linha. Conheci a Bárbara alguns anos atrás. Ela fazia parte de uma equipe de reportagem de um programa muito famoso no México. Desde a nossa primeira conversa, nunca mais paramos de nos falar. Nos afastamos mais esses meses da mudança pra LA, mas sempre tentava manter algum tipo de contato com ela.

Angélica: Oi, meu amor. Como você tá? Me ligou hoje. Aconteceu alguma coisa? – Faz tanto tempo que não recebo uma ligação dela assim do nada que realmente fico preocupada.

Bárbara: Eu to bem, amiga. E você? Como estão as coisas? Não. Não aconteceu nada. Na verdade, eu to em Los Angeles. Quero te ver. – Me aconchego nos travesseiros a escutando com atenção. Parece que ela escutou quando pensei que estava me sentindo sozinha. Ela seria uma companhia perfeita pra mim nesse momento.

Angélica: Eu to bem... E nossa, até parece que você leu os meus pensamentos. Preciso muito de uma amiga como você agora! – Tenho que ser forte pra não começar a chorar tudo que segurei no carro agora. Esse assunto me deixou sensível.

Bárbara: Claro, amiga. Vamos almoçar juntas amanhã! – Percebo sua voz preocupada do outro lado da linha. Combinamos então um lugar e a hora para nos ver amanhã. Seria em um restaurante aqui perto de casa. Não demoro muito para desligar. Conversaremos melhor amanha, frente a frente.

Essa ligação dela acaba me animando um pouco. Já me sinto bem melhor em saber que vou conseguir conversar sobre tudo isso com alguém. O melhor é poder conversar com alguém completamente de fora. Que vê toda a situação com outros olhos. Na época em que namorei com o Jaime, eu ainda não a conhecia. Depois comentei bem por cima sobre as coisas que aconteceram e desde então, ela acompanhou todo o meu relacionamento com o Otto. Por isso, confio nela. Ela conhece minha vida. Conhece minha intimidade e meus segredos. É uma ótima amiga.

Enfim. Volto a minha atenção pra minha realidade de agora. De hoje. Volto a deslizar meu dedo pelo celular e desbloqueá-lo para terminar de ver aquelas notificações. Na verdade, precisava ler as mensagens que o Jaime tinha me mandado. Inclino o meu corpo e sento normalmente na cama para lê-las. Cruzo as minhas pernas em forma de índio enquanto leio.

~Jaime Camil diz: Eu realmente fiquei preocupado com você. Me mantém informado, por favor.

Não sei ao certo o que o Otto disse pro Jaime para tranquiliza-lo naquele momento em que estava saindo da casa dele. E acredito que não vou saber tão cedo porque pela demora do Otto pra subir pra cá, deve estar no seu escritório, só pra variar. Respiro fundo ao pensar sobre isso. Decido voltar pra minha concentração na outra mensagem do Jaime. A leio.

~ Jaime Camil diz: Isso aqui ficou tão chato depois que foi embora. Não tem mais quem admirar. Mesmo que de longe. Sinto sua falta!

Eu nem percebo mais quando estou sorrindo boba. Mas, de qualquer forma, não vou respondê-lo. As falas da Heidi não saem da minha cabeça desde que as escutei. Não quero problemas pra ninguém, então vou ficar na minha. Nesse momento eu lembro das pessoas que sempre me fazem muito bem. Que independente de qualquer coisa estão do meu lado. Me apoiando, me elogiando, me colocando sempre pra cima: meus fãs. Rapidamente deslizo o meu dedo pela tela do celular, entrando em uma das minhas redes sociais. Fico admirando e lendo algumas notificações que lotam essa rede social. Vejo por cima algumas mensagens privadas, mas que também não decido responder agora. Vou deixar pra fazê-lo amanha quando estiver mais tranquila. Rolando o dedo pela minha timeline, me deparo com uma das postagens da Heidi, parabenizando o Jaime.

{ Heidi Balvanera:

Hoy es el cumple del hombre más maraviloso del mundo, el más guapo y el mejor papá y compañero... y es mi marido! }

De verdade. Se eu tivesse em algum lugar para vomitar, eu juro que o faria. Como ela é... Nossa. Me faltam palavras pra descrevê-la. Qual a necessidade de postar justo essa frase no final? O que afinal ela ganha querendo me atingir desse jeito? Rapidamente deslizo o meu dedo pela lateral do celular, bloqueando-o para não ser mais obrigada a ficar vendo esse tipo de coisa. Até pensei em escrever alguma coisa pro Jaime como fazia em todos os anos, mas desisto. Chega. Não preciso ficar em contato com gente que só me faz mal. Por mais que o Jaime ainda tenha controles sobre meus sentimentos e minhas emoções, não vou deixá-lo que me faça mal novamente. Nem ele e nem essa mulher nojenta que ele tem. É. É isso que ela é. É nojenta. Não merece nem o meu desprezo.