Fanfic: Solo Dios Lo Sabe/ Nani. | Tema: A Feia Mais Bela

Estou na cozinha conversando com a Paula. A ajudava com uma lista de compras que a casa precisa. Ela vai aproveitar que hoje nem eu e nem o Otto almoçamos em casa para ir ao mercado abastecer o que falta. Ao mesmo tempo em que a ajudo, espero o aviso da Bárbara que não demora muito para acontecer quando escuto o barulho que meu celular faz anunciando uma nova notificação. Ela me manda uma mensagem e ao terminar de lê-la, me despeço da Paula. Caminho em direção à porta principal da casa. Saio e abro um sorriso quando vejo o corpo da Barbara parada ao lado de fora do seu carro. Ela também sorri a me ver. Nossa. Não faz muito tempo em que não a vejo, mas sempre me surpreendo como é bonita a minha amiga. Ela é morena de cabelos bem compridos, com olhos escuros. Tem um corpo lindo. Ela esta com uma calça jeans clara e uma blusa clara também. Sapatos altos nos pés. Eu tive que segurar um pouco o meu vestido que é na altura das coxas conforme caminho em direção ao seu corpo.

Chego em frente dela e rapidamente sorrimos conforme nossos braços rodeiam o corpo uma da outra. Abraçamos bem apertado. Fomo-nos soltando aos poucos e ao cruzar nossos olhares, digo.

Angélica: Uau... Mas ta cada vez mais linda, amiga! – Levo minhas mãos de encontro com as dela e as seguro com as pontas dos dedos, sem deixar de sorrir.

Barbara: Olha só quem fala, né? Esse casamento está te fazendo muito bem. – De tanto que me falaram isso, eu estava realmente acreditando. Mas, agora, eu sei que não é bem meu casamento que está me fazendo bem. Entorto um pouco a boca para respondê-la.

Angélica: Vamos conversar e no final de toda a conversa, você me diz se ainda é o meu casamento que está me fazendo isso. Tudo bem? – Ela consentiu  com a cabeça e solto as suas mãos quando direcionamos nossos corpos para o carro. Ela da volta no mesmo e entro ao mesmo tempo que ela, mas do lado oposto.

Fomos conversando sobre coisas banais pelo caminho do restaurante. Ela já foi me contando como esta sua vida. Pra variar, está toda corrida. Ser repórter do programa já toma muito do seu tempo, além disso, é casada com filhos. Estar passeando com ela numa plena quarta feira, em LA, é praticamente um milagre. Logo ela me explica que veio pra cá para trabalhar, mas que hoje estaria de folga, e eu fui a primeira pessoa que ela pensou em encontrar. Sorte que deu certo. Só agora, estando assim toda tranquila e feliz do lado dela, percebi o quanto ela faz falta na minha vida. Aliás, muitas pessoas que me deixam assim faz falta no meu dia. Ela me faz tão bem que em momento algum pensei nas palavras da Heidi de ontem. Nem no fato constrangedor que está recusar todas as ligações do Jaime.

Paramos na frente do restaurante. Desço seguido do seu corpo enquanto ela da a chave do carro pro rapaz guarda-lo no lugar apropriado. Entramos juntas no restaurante, toda prosa. É um restaurante tranquilo e aconchegante. Varias mesas e cadeiras estão espalhadas e escolhemos uma que fica ao centro. Sentamos uma de frente pra outra. Em seguida, o garçom nos entrega o menu e escolhemos nossos pratos e bebidas, ficando sozinhas. Ela continua dizendo sobre sua vida. É tão bom deixar de lado os meus problemas e ajudar outra pessoa com os seus problemas. E ela, como qualquer pessoa, também tinha seus problemas. Era questões mais rotineiras e de casa, mas não deixa de serem problemas que ela precisava da minha ajuda. E claro, o faço com muito prazer. Depois ela me contou algo bem interessante que me chamou a atenção. Aquele restaurante que eu e o Jaime adoramos, no qual sempre fomos pra lá quando namorávamos, está querendo abrir uma filial em LA se encontrar alguém disposto pra comprar essa filial. Isso realmente me interessa, por isso, ela passa o contato com quem tenho que falar caso queira.

Nossos pedidos chegam e conforme fomos comendo e bebendo, foi a minha vez de contar para ela o que estava acontecendo comigo. Contei tudo. Desde o nosso ultimo encontro até o fato lamentável que aconteceu ontem. Ela me escutava com atenção e da mesma forma que eu faria se estivesse no lugar dela escutando uma historia assim, se expressava na maior parte do tempo assustada. Mas estava atenta e acompanhava tudo que lhe dizia. Conforme ia contando pra ela as coisas, sentia meu corpo relaxar. Precisava muito dessa conversa com alguém. Terminamos nosso almoço e ainda estava lhe contando certas coisas com mais detalhes, conforme suas duvidas iam surgindo. Pagamos o almoço e saímos pra fora do restaurante. Estamos na frente do mesmo, uma de frente pra outra, esperando o rapaz trazer o carro enquanto continuamos a conversa.

Bárbara: Sabe que eu já escutei muitas historias nessa vida, mas igual a sua e a do Jaime não tem igual! Eu não sei qual o problema de vocês... De verdade. Não entendo. – Ela deu de ombros, mantendo seus olhos nos meus.

Angélica: Você sabe como ele é complicado. Eu não tenho segurança do lado dele, nunca tive. – Digo triste.

Bárbara: Mas de qualquer forma, você nunca deixou de gostar dele. E olha... Eu nunca faria isso que ele ta fazendo contigo, sabia? – Ela diz conforme cruza os seus braços.

Angélica: Como assim? – Fico realmente curiosa, mantendo minha total atenção nas suas próximas palavras.

Bárbara: De correr atrás de você assim, agora, casado. Ainda mais depois da historia mal contada e mal resolvida da traição. Ele poderia continuar vivendo a vida dele já que você não acredita nele, mas não, ta fazendo de tudo pra correr atrás do prejuízo, como ele mesmo disse... – Ela para de falar por alguns instantes. Sorri de canto quando percebe que continuo atenta nas suas palavras: Aí tem amor até hoje, Angélica! Você sabe que tem. E pra mim, não é qualquer tipo de amor, porque ainda sobreviveu a tudo isso que já passaram. E não foi pouca coisa não.

Angélica: Não sei, amiga. Não sei, porque ele ta... – Sou cortada quando a Bárbara decide desviar seu olhar do meu e o fixa em alguma coisa atrás do meu corpo. Ela começa a abrir um sorriso largo em seus lábios e aos poucos inclina o seu corpo pro lado, saindo da minha direção. Um corpo passa do meu lado e em seguida, escuto sua voz.

Bárbara: Uau, Jaime... Quanto tempo! – Fico impressionada como as coisas acontecem nessa minha vida. Desvio meu olhar pro lado junto com o meu rosto e vejo o Jaime correspondendo ao abraço da Bárbara em minha frente. Tenho que fechar a minha boca quando percebo que ela está aberta de surpresa. Eles se soltam aos poucos, trocam algumas palavras e em seguida ele direciona sua atenção pra mim. Nesse momento percebo sua calça de moletom preta e blusa branca.

Jaime: Bom saber que você ta viva. – Inclina o seu corpo para me cumprimentar, mas me esquivo, dando um passo pra trás não deixando que o seu corpo entre em contato com o meu, muito menos seus lábios em minha bochecha. Ele fica com uma expressão confusa.

Angélica: Sua mulher sabe que você ta aqui? – Eu estava tensa. Não quero problemas. Ele mantém sua expressão confusa quando diz.

Jaime: Qual o seu problema? – Ele me olha firme nos olhos conforme volta com o seu corpo ao normal. Não respondo sua pergunta e ele então a faz voltando sua atenção pra Bárbara que estava na mesma posição, na frente do corpo dele: Qual o problema dela? – Direciona sua cabeça pro meu lado, de um jeito e fazendo uma expressão engraçado que quase me faz rir. Af. Odeio esse poder dele.

Bárbara: Os dois têm que conversar. – Ela desvia seu olhar do dele pro meu, esticando suas sobrancelhas. Eu entorto minha boca enquanto acompanho os movimentos que o Jaime faz com seus braços, os cruzando contra seu peitoral.

Jaime: Eu vim pra isso! – Da mesma forma, ele desvia o seu olhar do dela pro meu. Fico com os dois olhares em minha direção. Isso me deixa mais tensa. Não só pelo fato de não querer problemas, mas também, por essa pressão psicológica pra cima de mim.

Angélica: Eu não vou conversar com ninguém. E eu to com a Bárbara, volto pra casa com ela! – Imito seus movimentos e cruzo meus braços contra os meus seios. Corro meu olhar pro do Jaime, seguido pro da Bárbara.

Bárbara: Não senhora! Vai conversar com ele. Eu já to indo, ó... Fui... – Ela fixa seu olhar novamente atrás do meu corpo e sai de perto de nós rindo, dando uma breve corridinha em direção do seu carro que estaciona na frente do restaurante. Vou virando o meu corpo e acompanhando seus movimentos até entrar dentro do seu carro. Lá de dentro ela sorri terna pra mim. Entorto a minha boca e volto com o meu corpo de frente pro Jaime, sem descruzar os meus braços.

Angélica: Responde se a sua mulher ta sabendo que está aqui. Se não, não vou contigo pra lugar algum! – Ele percebe que essa pergunta é importante pra mim. Aproxima um pouco mais o seu corpo do meu, sem tirar os seus olhos dos meus. Diz com a voz um pouco mais baixa.

Jaime: O que ta acontecendo, Angélica? Por que quer saber tanto isso? – Descruzo meus braços. Aquela sensação de peso volta a tomar conta do meu corpo. É só pensar na mulher dele e nas suas palavras que várias sensações ruins tomam conta de mim. Eu abaixo meu rosto, perdendo meu olhar no chão.

Angélica: Só me responde, Jaime... – Sinto a ponta dos seus dedos tocar o meu queixo e puxá-lo para cima. Dessa forma, meu rosto sobe e novamente volto a mirá-lo nos olhos.

Jaime: Eu aviso ela se você quiser. Aliás, faço o que você quiser... Mas, vamos conversar. – Perco meu olhar no seu olhar por alguns instantes. Nesse momento, eu não sabia se era pior avisar ela ou não. Se avisar, não da pra saber sua reação. Ela pode interpretar isso como uma afronte; como se eu não tivesse respeitado sua intimação de ontem. Por outro lado, se não dizer nada, ela pode nunca saber desse encontro. Da mesma forma que nunca soube do final de semana no México. Por isso, respiro fundo e o respondo.