Fanfic: Solo Dios Lo Sabe/ Nani. | Tema: A Feia Mais Bela

Pisco lentamente, com minhas pálpebras pesadas ao acordar com o despertador do Otto. Virada de lado, de frente pra ele que também está virado de lado, de frente pra mim. Ele da mesma forma, vai abrindo seus olhos lentamente e soltando um suspiro longo, soltando o ar pelo nariz. Então, Otto vira seu corpo e estica seu braço em direção ao seu criado mudo que em cima deixou seu celular, desligando o despertador. Permaneço na mesma posição, observando seus movimentos ao se levantar com uma certa dificuldade. Conheço esse tipo de preguiça e sono do meu marido.

Angélica: Dormiu tarde ontem? – Com a voz bem pesada e sonolenta, espreguiço, esticando  meus braços sobre o lado dele que agora estava vazio por ter finalmente levantado. Ele caminha em direção a janela do nosso quarto, abrindo um pouco as cortinas, fazendo a caridade do dia amanhecendo lá fora, incomodar brevemente meus olhos. Ao se virar pra mim, com o seu short de dormir e blusa, sorri.

Otto: Bom dia, amor! Sim... Acabei dormindo tarde ontem. Fiquei lá embaixo no escritório e não percebi a hora passar. – Ele entra no banheiro antes que pudesse responde-lo. Nem queria mesmo. Estava com muita preguiça de pensar e formar alguma frase decente naquela hora. Como odeio acordar cedo. Mas temos que acordar. Me da nervoso ficar na cama sabendo que um mundo inteiro acontece lá fora... Com esse pensamento sento na cama e bem devagar saio dela. Arrumo minha camisola e meu cabelo que por ter dormido com ele úmido deveria estar horrível... Parabéns, Angélica... Estico minha mão pra gaveta do meu criado mudo e ali tiro um elástico que rapidamente prende meu cabelo. Escuto o barulho do chuveiro ligar e então caminho pra janela. Termino de abrir as cortinas, deixando toda a nossa janela de vidro exposta. Com os breves raios do sol que nasce entrar pelo nosso quarto. A vista é incrível. Quietinha, agradeço por mais um dia. Me viro e entro no closet, parando em frente as minhas roupas e pensando no que vestir. Escolho outro vestido, pois pelo sol que vi nascer, acredito que o dia será quente como ontem, ou até pior...Ontem! Essa palavra veio com um balde de água fria. Agora eu finalmente acordei. Com o Jaime em meus pensamentos é difícil dormir. ..Escuto a porta do banheiro abrir. Rapidamente escolho uma calcinha e sutiã e deixo sobre o sofá central do closet. Otto entra em seguida, com a toalha do banho enrolada na cintura, para da mesma forma que eu em frente ao seu armário, pegando sua camisa social e calça social de cada dia. Me viro para ele.

Angélica: Você sabe que pode me contar o que ta acontecendo, não sabe? – Pergunto com um pouco de medo se realmente queria saber sobre o que tava acontecendo. Da mesma forma, queria muito entender o que está deixando meu marido aflito desse jeito. Indo dormir tarde, chegando exausto e cansado do trabalho. Ontem não foi a primeira vez. Isso vem se repetindo a algum tempo.  Ele vira seu corpo e assim consigo olhar em seus olhos.  Segurando sua camisa e calça, me responde.

Otto: Eu sei, querida. Mas, sinceramente, não se preocupe comigo. São problemas que vão se resolver. Mas me diga... O que fará hoje? Tem que ir na agência, certo? – Ele se vira novamente e assim troca suas roupas ali. Eu respiro fundo para não brigar com ele logo cedo, não quero discutir sobre essas coisas novamente, mas estou ficando cada vez mais incomodada com essa situação. Decido responder a sua pergunta enquanto caminho para a porta.

Angélica: Sim, amor... Vou passar na agencia de viagem de tarde, reservar as passagens e também quero comprar algo para a minha mãe que não consegui comprar ontem no Shopping. – Ele sorri acompanhando meus movimentos até a porta do closet e eu sorrio de volta, um pouco forçada, mas não querendo ser. Realmente queria estar bem com ele, me sentir bem com ele. Enfim... Saio do closet e entro no banheiro onde consigo fazer xixi e em seguida tomar uma ducha rápida. Termino, escovo rapidamente meus dentes e saio em direção ao closet. Otto não estava mais lá e nem no quarto. Isso é normal, ele sempre começa o café primeiro que eu, já que tem horários para cumprir, e eu, querendo ou não, não faço nada o dia todo. Mas as atitudes dele estão me incomodando hoje. Mais do que o normal... Praticamente dou um tapa na minha cabeça ao pensar, ou começar a pensar no Jaime... Pode ir parando, mocinha... Me troco, repreendendo meus pensamentos a cada tentativa de pensar no Jaime.

No fim das escadas, percebo Paula limpando e arrumando o escritório do Otto. Dou um bom dia de longe para ela que me responde sorridente. Paula é um amor. Estou cada vez mais apegada a ela. Só esse seu bom dia sorridente já me deixou mais tranquila. Entro na cozinha com Otto tomando seu café puro em um xícara escura, com alguns pedaços de frutas em sua frente, com os olhos percorrendo o jornal do dia que está sobre a mesa. Sento ao seu lado, e me sirvo com um copo de suco e alguns pedaços de fruta. Ao terminar sua leitura, ele comenta alguns fatos interessante que leu comigo, como toda manhã. Ficamos por alguns instantes assim. Conversando sobre notícias do jornal. Somos interrompidos com o telefone da casa tocando, que logo é atendido por Paula que chega na cozinha o segurando em sua mão. Ela sussurra e diz que é minha mãe. Sorrio, e pego o telefone dela.

Angélica: Holla, mami! Bom dia.

Maria: Oi, minha filha. Bom dia... Como está? Dormiu bem? – Tive que rir baixo dessa pergunta. Fazia tanto tempo que ela não me perguntava se eu tinha dormido bem. Otto levanta-se da mesa, diz bem baixinho que mandasse um beijo para minha mãe, me dando um beijo demorado na cabeça. Ele conhece a minha mãe, sabe que ela me seguraria por muito tempo ali naquele telefone e assim já se despediu de mim, pois teria que ir para seu trabalho. Antes que saísse da cozinha, ele sussurra que me ama,  e eu sorrio, surrando o mesmo para ele. Ele se despede da Paula e sai da cozinha, retornando aos seus rituais matinais. Foco minha concentração em minha mãe.

Angélica: Eu to bem, mãe. Dormi bem sim, e a senhora? – Continuo meu café da manhã enquanto minha mãe me conta tudo o que fez de um dia para o outro. Eu respondia a cada frase um “uhm”, já que muitas coisas que ela me contava, ela fazia desde quando eu era criança. No meio da conversa, decido levantar da cadeira, segurando meu prato com a minha mão livre e o deixo em cima da pia. Volto a buscar meu copo e faço o mesmo percurso, deixando em cima da pia.

Maria: Estava ansiosa para saber que horas vocês vêm, como vêm, se vão vir... Ai, filha. Quero te ver. – Sorrindo, caminho em direção a porta da cozinha, saindo dali. Continuo caminhando até a sala de visitas onde me sento em um das poltronas, que também fica de frente para a janela grande de vidro. O dia já estava bem claro lá fora. Diferente do dia que vi pela janela do meu quarto, ainda amanhecendo.

Angélica: Eu sei, mami. E também quero muito te ver. Só que tem uma coisa...Otto não vai poder ir. Ele tem um congresso em Santa Monica que esqueci completamente. Vou sozinha. Ainda não sei que horas saio daqui, mas acredito que pegue algum avião de tardezinha. Não gosto muito de viajar de noite, sabe disso. E quero ficar o tempo que puder ao lado do meu marido. – Termino a fala escutando um suspiro da minha mãe do outro lado.

Maria: Eu não gosto que você viaje sozinha. Ainda mais de noite, querida! Mas enfim... Você sempre sabe o que faz, não vai ser agora que será diferente. Uma pena que ele nãoi vir, meu amor. Queria vê-lo.  – Sorrio com esse comentário. É muito bom quando sua mãe tem um bom relacionamento com o seu marido. Eles passam a serem as pessoas mais importantes da sua vida, e acredito ser muito difícil lidar com alguma relação de genro e sogra que não seja harmoniosa.

Angélica: Ele também ficou triste por não poder ir. Mas jurou que irá aí vê-la o mais rápido possível depois desse final de semana. – Ela sorriu. Sim. Eu sinto o sorriso da minha mãe a distâncias de quilômetros. Mesmo por telefone.

Maria: Combinado então, querida. Olha... Agora preciso resolver algumas coisas por aqui. Me avise a hora que tiver confirmado a hora do seu voo, ta bom? Se cuida, meu anjo. Bom dia pra você! – Me despeço de minha mãe, abaixando meu braço ao lado do meu corpo que doía de ficar na mesma posição, segurando o telefone. Sorrio com isso.  Adoro esses telefonemas dela. Não nos falamos todos os dias, e muitas vezes nem todas as semanas. Mas sempre que posso e ela também, nos falamos. Ela faz muita falta pra mim. No meu dia a dia. Ela estava ao meu lado, sempre. Ainda está, mas é diferente quando tem a pessoa presente. Suspiro, e antes que começasse com pensamentos infelizes, levantei do sofá, deixando o telefone por ali. Caminhei em direção ao corredor principal até a entrada da minha casa, onde deixei a minha bolsa e dentro dela meu celular. Orei para que não estivesse sem bateria, e não estava. O peguei e entre em uma das minhas redes sociais, desejando bom dia e benções para meus fãs queridos. Que aproveitassem seus dias. Eles mais do que ninguém merecem.  Me acompanham a tanto tempo. Sou muito grata por isso.

Não fico muito tempo pelas redes sociais e procuro não olhar muita coisa, pois tem muitos comentários sobre o Jaime, sobre a novela e sobre coisas que não me acrescentam em nada mais. Gosto de lê-los e saber que a novela causou tanto impacto assim nas pessoas, mas hoje em dia tenho outra vida e outros projetos.  Ainda mais depois do dia de ontem, a última coisa que quero pensar é no Jaime. Olho e respondo apenas amigos próximos. Volto a guardar meu celular dentro da minha bolsa e subo para o meu quarto. Termino de me arrumar para sair. Passo desodorante, perfume, creme. Coloco brincos, pulseiras e anéis. Passo pelo banheiro onde escovo meus dentes e faço uma simples maquiagem. Dou uma ultima olhada no espelho do banheiro, e volto ao closet para calçar meu sapato. Opto por uma sapatilha hoje.

Desço as escadas e me despeço rápido da Paula. Estaria de volta na hora do almoço. Passo pela entrada principal saindo pelo corredor que da acesso a porta da rua. Pego minha bolsa que estava pendurada, as chaves do meu carro na mesinha ao lado da porta e saio para rua, em direção do meu carro. Ao terminar de me ajeitar no carro, antes que ligasse, escuto uma notificação do meu celular. Resolvo ver o que é, pensando ser o Otto precisando de alguma coisa ou querendo avisar sobre alguma coisa. Sinto meu coração na boca ao ler: Você tem uma nova mensagem de Jaime Camil. Desbloqueio meu celular, um pouco apavorada, e clico na opção para ler a mensagem.

~ Jaime Camil diz: Hey, Angie... Esse ainda é seu número? É o Jaime, caso tenha sido mal educada em me deletar dos seus contatos, Jajajaja. Beijos.

Eu corria meus olhos da mensagem, pra data que foi mandada, pra hora que foi mandada, pra data de hoje. Pra saber se realmente ele estava me mandando uma mensagem, naquele momento. Ele queria me destruir, só pode. Justo quando estava conseguindo controlar meus pensamentos, ele vem com essa avalanche de emoção pra cima de mim novamente... Inclino a minha cabeça pra trás e encosto no banco do carro, segurando firme o celular em minha mão. Fico com o olhar perdido na rua na minha frente... E agora? Eu respondo? Quero responder? Porque não responderia? Não tem nada demais. Eu já to ficando chata com esses pensamentos pessimistas. Ele sempre foi meu amigo. Sempre. Otto me conheceu com a gente sendo amigos. Claro, Heidi dificultou um pouco as coisas depois que se casaram, mas não é só culpa dela. Eu e Jaime tivemos nossos compromissos e também tivemos que respeitar nosso casamento. Não podíamos mais ser vistos de conversinhas, de almoços juntos, de passeios, de risadas. Mas isso não significa que responder essa mensagem faça tudo isso acontecer de novo. Aliás, nosso encontro ontem, essa viagem pro México, reviver a Lety, não fará tudo voltar. Não fará nossa amizade ser como era antes de nos afastarmos. Podemos ser amigos, mas com respeito. Claro... Decido responde-lo. Volto a minha atenção pra tela do celular.

~ Sim. Esse ainda é o meu número! Jajaja. Você e suas surpresas... Ontem, e hoje, agora. E pra sua informação, não deletei nada. Me impressiona você ainda ter meu número, Jajaja.

Ainda não saio com o carro na expectativa de uma resposta. Não demora muito, meu celular soa novamente com uma notificação. Desbloqueio e leio.

~ Jaime Camil diz: Gosto de te fazer surpresas, sabe disso! E jamais te deletaria, hermana. Não falei mais contigo pelo twitter porque... Bom. Você também sabe o porquê. Estou entrando no set aqui. Nos falamos mais depois, ok? Beijos.

Sou surpreendida ao sorrir feito uma boba para um celular. Sim. Estava sorrindo para um celular, dentro de um carro todo fechado, no calor de LA, com o cinto apertando meu corpo, com a chave do carro na direção. Bem normal, não é?... É. Ele realmente gosta de fazer surpresas. Eu sempre gostei das suas surpresas... Rio ao pensar e lembrar brevemente de algumas surpresas que já me fez....E também sei muito bem o motivo dele ter sumido do meu twitter. Vamos dizer que Heidi não é daquelas mulheres que entendem uma boa amizade e uma boa conversa do seu marido com a sua melhor amiga. Ex melhor amiga, no caso. No começo a falta dele me fazia sofrer bastante. Como não? Ele estava presente no meu dia dia. Era uma pessoa que sabia tudo sobre mim. Eu podia falar sobre o que eu quisesse que seria ouvida e muitas vezes corrigida se fosse o caso ou apoiada se merecesse.  Tive que me acostumar ao jeito do Otto de ver as coisas, e de me aconselhar sobre as coisas. Já que perdi uma visão diferente da minha e da minha mãe que também sempre esteve ao meu lado. Uma visão que sempre me ajudou, que sempre me orientou. Essa visão do Jaime sobre as coisas que sinto falta. Vai ser bom se a gente tiver alguma oportunidade de nos aproximarmos e voltarmos a conversar com frequência. Ele me faz bem. Não adianta negar. Só com uma mensagem meu dia está completamente iluminado.  Mas nada de ilusões dessa vez, dona Angélica. Não de novo.

Decido não responde-lo agora. De qualquer forma, ele não irá responder, já que deve estar todo entretido com a série que fará. Guardo meu celular dentro da minha bolsa, ligo meu rádio e em seguida saio a caminho do shopping mais perto.