Fanfic: Solo Dios Lo Sabe/ Nani. | Tema: A Feia Mais Bela

Estamos no estacionamento de um Hotel que o Jaime diz que vem sempre. Pelo o que eu entendi, ele já vinha aqui quando ainda morava no México e tinha alguns compromissos pra cá. Mas, tudo indica, pelo seu jeito de explicar, que ainda vem pra cá quando não quer chegar muito cedo em casa. Isso me deixa um pouco confusa, mas enfim. Desde o momento que o vi na frente do restaurante eu to um pouco confusa com tudo. Principalmente em não saber exatamente como agir ao seu lado. Não sei se fico brava, se fico distante, se finjo que não aconteceu nada e o encho de beijos e abraços. No fundo, esta é a minha vontade. Só que as palavras da Heidi e o peso em pensar no sofrimento do Otto caso saiba de alguma coisa, não saem da minha cabeça. Me torturam tanto que só agora percebo que já estávamos na frente do quarto. O Jaime já tinha aberto a porta e estava esperando que eu entrasse. Balanço rapidamente a cabeça. Não quero que esses pensamentos continuem me atrapalhando assim. Entro no quarto, passando pelo seu corpo.

Era um quarto simples. Simples no modo de dizer. Era bem espaçoso com uma cama central bem grande e com dois criados mudos a cada lado acompanhando essa cama. Em um dos lados tem um armário embutido enquanto do lado oposto uma porta, que acredito ser o banheiro. Ao nosso lado, ao entrar pela porta principal do quarto, tem uma mesinha que em cima da mesma, suspensa numa parede, tem uma TV. Não é o típico do Jaime um quarto assim simples, sem ostentação. Mas, isso demonstra que qualquer pessoa precisa um pouco de clareza e tranquilidade. De qualquer forma, não deixa de ser um hotel em LA no centro da cidade. Que seja. Termino de entrar pelo quarto, parando em frente a cama. Viro meu corpo para olhá-lo quando escuto sua voz.

Jaime: Quer beber alguma coisa? – Ele termina de fechar a porta, caminha em direção ao frigobar que se encontra ao lado da mesinha. Não tinha o reparado ali. Balanço a cabeça negativamente ainda sem conseguir conversar com ele direito. Estava difícil olhá-lo nos olhos. Não sei. A confirmação da suspeita da Heidi sobre a gente piorou a minha consciência de estar ali com ele. Sozinha. Ele percebe isso e para seu trajeto no meio, voltando com o seu corpo até ficar com ele de frente pro meu. Fica me observando por alguns instantes e diz: O que ta acontecendo, Angélica?

Angélica: Não ta acontecendo nada, Jaime... – É nítida a minha falta de segurança nas minhas palavras. Não olhava diretamente nos seus olhos, por ora, os desviava.

Jaime: Ah não? Então me explica como uma pessoa me trata de um jeito em um banheiro ontem e hoje está assim. – Ele diz com os seus olhos caídos sobre mim. Antes que pudesse respondê-lo, ele lembra de algo e continua: Ahh... E essa pessoa pra piorar, está me ignorando desde ontem. Saiu da minha casa toda estranha, correndo e ainda fingiu que não me ouviu chamá-la. – Ele volta a cruzar seus braços em minha frente

Angélica: O Otto não falou pra você? Eu só me senti indisposta, só isso. Queria ir embora e fui. – Dou com os ombros.

Jaime: Não é só isso! Você não me ignoraria do jeito que ignorou se fosse realmente só isso... – Ele solta seus braços e da um pequeno passo em minha direção. Fica com o seu corpo mais perto, naquele estado em que posso sentir o seu calor. Leva a sua mão na altura da minha cabeça e coloca um pouco do meu cabelo atrás da orelha, diz baixo: O que ta acontecendo, pequena?

Angélica: Não é nada, de verdade. – Contraio um pouco o meu ombro e ao fazê-lo o olho nos olhos. Já estava com saudade de senti-lo perto assim de mim. De ter esses olhos “pulantes” sobre mim.

Jaime: O que a Heidi tem a ver com isso tudo? – Essa pergunta assim toda direta me deixa sem resposta.

Eu não sei se quero contar pra ele. Volto a pensar que não quero problemas. Se eu lhe contar, não sei o que ele faria. E isso faria com que a Heidi soubesse que estive aqui com ele. Consequentemente, ela infernizaria a vida do Jaime e a do Otto. Logo, a minha. Não quero isso. Ainda to tensa e sensível com tudo isso, com todo esse assunto. Com raiva do poder que acabamos dando sem querer pra esse mulher manipular a minha vida. Mesmo sem provas, se essa história chegasse ao ouvido do Otto, ele saberia que é verdade. Eu se que saberia e eu não quero que as coisas sejam assim. Eu quero contar quando for o momento certo. E é claro, com todos esses pensamentos, meus olhos marejam. Abaixo meu rosto ainda na inocência de esconder do Jaime. Ele rapidamente traz as suas mãos na altura do meu pescoço e assim segura o meu rosto com firmeza, erguendo-o para olhá-lo. Ele esta preocupado.

Jaime: Meu Deus, Angélica... O que ela fez com você? Me diz... – Ele segura bem firme o meu rosto, aprofundando um pouco seus polegares pelas minhas bochechas. Fecho meus olhos bem lentamente e isso faz com que algumas lágrimas caiam por elas. Abro-os novamente, fitando-o.

Angélica: Ela entrou no banheiro depois que você saiu, Jaime... – Ele solta aos poucos as minhas bochechas. Da um passo pra trás e passa uma das suas mãos pelos seus cabelos. Ficou tenso e com uma expressão séria. Deve ter pensado em algo.

Jaime: Bem que achei estranho ela dizer que estavam me chamando na sala e quando fui pra lá, não tinha ninguém me chamando. – Ele diz bravo. Aproxima em seguida o seu corpo novamente. Apoia suas mãos nas laterais dos meus braços, dando breves apertadinhas ali com as pontas dos dedos quando continua: Mas o que ela falou? Te fez alguma coisa? – Ele buscava alguma coisa de errado comigo ao escorregar o seu olhar por todo meu corpo. Se eu não estivesse realmente triste com essa situação, teria sorrido por isso.

Angélica: Não... Ela não me fez nada! Mas falou...  – Ele volta a cruzar seu olhar com o meu quando escuta a minha voz.

Jaime: O que ela te falou? – Ele continua tenso e com a voz séria. Já que cheguei até aqui, é melhor contar de uma vez. Vou pular certos comentários desnecessários, e dizer o essencial.

Angélica: Que era pra eu me afastar de você, porque se ela soubesse que estaria te vendo ou algo do tipo, falaria pro Otto... – Lembrar da sua ameaça seguida dos seus dizeres sobre o Jaime, suas promessas e casamentos me fez chorar mais.

Jaime: Filha da... – Ele interrompe a sua fala quando solta o meu corpo e novamente passa sua mão pelo seu cabelo. Ele sempre faz isso quando está bravo. Sinceramente, não gosto de vê-lo bravo. Jaime começa a caminhar de um lado pro outro na minha frente. Por isso, tento acalmá-lo.

Angélica: Eu não quero problemas pra vocês, Jaime... Só to te contando porque insistiu pra isso. – Eu controlo minhas lágrimas. Não quero que isso o afete mais.

Jaime: Agora entende porque não quero mais viver do lado dessa mulher? – Ele diz, parando de andar e voltando a ficar com o seu corpo na frente do meu. Acompanho seus movimentos com o olhar. Não tiro os olhos dos dele.

Angélica: Mas, querendo ou não, ela ta certa... – Digo essa frase quase em um sussurro. Horrível admitir que ela esteja certa. Mas está.

Jaime: Ela pode estar certa nas suas suposições sobre nós, mas não em chantagear você dessa forma! – Ele diz sério e gesticulando. Logo, continua, deixando sobre mim um olhar duvidoso: O que mais ela te disse? Pelo o que a conheço, ela não parou por ai.

Angélica: Jaime, foi só isso... – Novamente não sinto firmeza nas minhas palavras. Ele me conhece. Nota que não to sendo sincera.

Jaime: Angélica... Não me faça sair desse hotel agora nesse estado e ir lá perguntar diretamente pra ela... – Ele respira fundo. Volta a perguntar: O que mais ela te disse? – Diz firme.

Praticamente sem saída, conto pra ele a história completa. Sem mudar uma vírgula. Conto tudo desde o momento que saiu do banheiro. Com a sua entrada toda silenciosa, seguido das suas palavras, dos seus gestos, dos seus movimentos que diversas vezes me impediram de sair daquele banheiro. Do real motivo dela ter me convidado. Das suas suspeitas, da sua chantagem seguida da frase clara que ele é marido dela. E não meu. Ele escuta com atenção. Tava difícil decifrar suas expressões. Era um misto de raiva e desapontamento. Depois de assimilar as minhas palavras, tenho a impressão que ele lembra de algo, em seguida, diz.

Jaime: Por isso aquele parabéns estranho no twitter, não? – Ele mantinha seus olhos nos meus quando assenti com a cabeça, confirmando sua pergunta. Ele leva então suas mãos em seu rosto e o esfrega com as palmas. Bufando em seguida.

Angélica: Eu fiquei com medo, Jaime... Não sabia o que fazer. Aliás, até agora não sei o que fazer. – Ele tira suas mãos do seu rosto ao escutar a minha voz e as coloca rapidamente nas laterais dos meus braços, apertando suavemente aquela região com as pontas dos dedos, quando diz.

Jaime: Ela não vai fazer nada com você. Te prometo! – Ele me olha firme nos olhos e eu correspondo esse olhar.

Angélica: Eu não me preocupo comigo! Me preocupo com o Otto... não quero que ele fique sabendo dessas coisas por fofoca da Heidi. – Paro por alguns instantes, quase me perdendo nos olhos do Jaime. Respiro fundo antes de continuar: E me preocupo com você também. Você ta numa fase ótima da sua vida, um tipo de fofoca dessa atrapalharia tudo que... – Ele me corta quando inclina rapidamente seus lábios em direção dos meus. Os junta em um selinho bem demorado que logo vira um beijo ao forçar a sua língua pelos meus lábios.

Deita seu rosto e eu faço o mesmo com o meu, do lado oposto, encaixando nossos lábios. Claro que correspondo o seu beijo. Se já correspondo naturalmente, imagina assim de surpresa. Correspondo com a minha língua explorando cada cantinho da sua boca. Ele mantém firme suas mãos nos meus braços, apertando com um pouco mais de força aquela região. Isso faz com que meu corpo encoste-se ao dele. Tenho que inclinar bem a minha cabeça pra cima pra não descolar nossos lábios. Apoio as minhas mãos na altura da sua cintura, pelo fato dos meus braços estarem por baixo dos dele. Ele intensifica os movimentos da sua língua pela minha, deixando o beijo mais intenso enquanto uma das suas mãos segura o meu rosto ao apoia-la no meu pescoço. Pra variar, eu não fico tranquila com toda essa situação. Não depois de tudo que te contei. Ele não pode simplesmente ignorar as ameaças da mulher dele e ainda fingir que ta tudo bem. Por isso, aperto firme meus dedos na lateral da sua cintura e assim empurro seu corpo pela forma que consigo enquanto paro o beijo, afastando nossos lábios. Como sempre, ele murmura. Não desencosta sua testa da minha.

Angélica: Já sabe o que queria saber. Agora me leva embora... – Deixo a frase solta. Da mesma forma, tento me soltar do seu corpo conforme abro os meus olhos. Ele segura firme os meus braços, não me deixa sair de perto do seu corpo.

Jaime: Qual o seu medo, Angélica? – Ele diz com a voz baixa. Abre seus olhos e me olha firme. Nossas respirações se misturam pela proximidade dos nossos rostos. Faço uma expressão de duvida pela sua pergunta e ele logo continua por causa disso: Porque ta toda hora querendo fugir de mim? Fugir das coisas que te digo. Fugir desses momentos que temos juntos.  

Angélica: Porque nada disso ta certo. – Eu desvio meu olhar pros seus lábios acompanhando os movimentos que fazem ao dizer em seguida.   

Jaime: Mas se você gosta de mim e eu de você, temos que parar de complicar as coisas. Já te disse na viagem pro México como as coisas funcionariam, e to só esperando suas atitudes. – Volto a olhá-lo nos olhos.

Angélica: As coisas não são fáceis assim. Depois de ontem, eu percebi que a sua mulher realmente é insuportável para estar casado. Mas o Otto não. O Otto é diferente, Jaime. Ele é... – Ele me corta ao soltar meus braços e dizer com uma voz brava.

Jaime: Não preciso saber das qualidades do Otto, Angélica. – Ele faz uma careta com seus lábios sem tirar os olhos dos meus. 

Angélica: Então tá. Eu também não vim aqui pra falar sobre isso... Se não quer me levar embora, eu vou sozinha. – Sorrio sem mostrar os dentes, forçando brevemente os olhos, lhe fazendo uma careta também.  Não tava com paciência pros seus “mimisques”.

Desvencilho por completo do seu corpo e dou passos largos até passar por ele. Caminho determinada em direção à porta do quarto e antes de abri-la, decido virar o meu tronco para olhá-lo e dizer para não me procurar até resolvermos essa questão das ameaças da Heidi. Mas, mudo completamente de ideia quando o vejo caminhar em minha direção sem a sua camisa. Ele está só com a calça moletom preta, com o seu peitoral todo exposto. Por alguns instantes, talvez muitos instantes, meu olhar cai sobre esse peitoral e o admira. Ele tem ombros largos e agora bem musculosos, diga-se de passagem. Todo esse conjunto de Jaime sem camisa, de calça moletom e me olhando firme me deixa sem fala. E claro. Ele se aproveita disso quando chega com o seu corpo perto do meu levando as suas mãos de encontro com as minhas e as segurando firme. Isso me faz virar de frente pra ele por completo. Sobe suas mãos que seguram as minhas mãos, em cima da minha cabeça enquanto seu corpo prende e pressiona o meu contra a porta. Fico completamente encurralada ali entre seu corpo e a porta. Sua cintura prende a minha, não podendo me mexer. Ele então abaixa seu rosto na altura da minha orelha quando sussurra.