Fanfic: Solo Dios Lo Sabe/ Nani. | Tema: A Feia Mais Bela

Estou na metade das escadas de casa. Não era muito tarde e tudo esta bem silencioso por aqui. Pelo menos o Otto não esta no escritório. Fiquei dentro do carro por alguns minutos antes de decidir entrar. Tive que primeiro de tudo, controlar o meu choro. Fico impressionada em como tudo desaba nos minutos depois que tenho de felicidade do lado dele. Pra variar, eu não sei o que pensar e não sei o que fazer numa situação dessa. Antes de qualquer coisa que eu pense sobre isso, tenho que trocar minha roupa que ainda ta molhada. Meu cabelo também ta com as pontas molhadas, já que demora mais pra secar. Caminho pelo corredor até chegar à porta do meu quarto que está fechada. A abro e a primeira coisa que me chama atenção são algumas malas ao lado da cama. Entro no quarto quase ao mesmo tempo que vejo o Otto sair do banheiro. Ele mexia no seu celular.

Otto: Onde você tava? – Ele não me olha. Caminha até o outro lado da cama. Eu estico meu braço pra deixar a minha bolsa sobre um gancho próximo da porta.

Angélica: Por aí. – Sabe preguiça? Então. Eu to nesse momento de conversar sobre qualquer coisa. Principalmente pra dar algum tipo de satisfação pra ele agora. Só quero tomar um banho quente. Caminho em direção ao banheiro pra fazê-lo, mas paro no meio do caminho ao escutar sua voz.

Otto: Me pediram pra te falar uma coisa. – Isso me deixa curiosa. Viro meu corpo para olhá-lo.

Angélica: O que? – Ele me olha. Guarda seu celular em um dos seus bolsos traseiros. Seu olhar esta distante.

Otto: Heidi pediu pra avisar que a sua bolsa está fora de moda. – Eu pisco lentamente pra ele. Mais uma vez, agradeço pelo meu coração saudável que está na boca.

Angélica: Como assim? – Eu não sei se realmente não entendi ou estou me fazendo de idiota pra ter tempo de argumentar alguma coisa.

Otto: Você estava com o Jaime na casa deles. Ela pediu pra avisar isso. Não quis saber detalhes... – Ele se movimenta. Da breves passos ao redor da cama, parando ao lado de uma das suas malas. Continua: Alias, não preciso saber dos detalhes. – Ele cai seus olhos pelo meu corpo. Essa é a sua forma de demonstrar que sabe o que aconteceu hoje de noite. E agora que me dou conta que ainda estou sem blusa. Idiota é pouco pra mim nesse momento.

Angélica: Otto, não pensa... – Ele me corta. Começaram as cortadas.

Otto: Angélica, por favor... Eu não quero saber! – Ele inclina um pouco o seu corpo pra frente e puxa a alça da mala. Faz o mesmo com a outra.

Angélica: Você não pode acreditar... – Me corta novamente. Ok. To vendo que vou precisar de muita paciência.

Otto: Ya! Chega! – Ele aumenta o tom da sua voz. Segura firme na alça da mala com rodinhas e começa a puxa-las pelo quarto. Ao chegar perto do meu corpo, o posiciono na frente do dele.

Angélica: Otto, não vou deixar que saia daqui sem saber o que aconteceu de verdade! – Eu o encaro com os olhos firmes nos seus. Meu rosto fica um pouco inclinado pra cima.

Otto: Ah, é? E o que aconteceu de verdade? Que você tava esse tempo todo me traindo? E depois ainda depois me deixou na merda achando que tinha decepcionado você? – Ele diz em um tom irônico. Não tira os seus olhos dos meus.

Angélica: Mas decepcionou... – Eu to um pouco perdida. Não sei nem por onde começar.

Otto: Decepcionei? EU te decepcionei? Olha a p0rra que você fez. Fingiu tudo isso pra não assumir que tava o tempo todo com esse cara! – Ele já tinha soltado suas malas e agora gesticulava com suas mãos. Esta bem bravo.

Angélica: Ei... Peraí. Vamos conversar sobre isso direito. – Forço brevemente meus olhos. Ele ta pensando nas coisas na ordem errada.

Otto: Não quero conversar nada. Não quero saber! – Ele inclina seu corpo pra frente, segurando as malas novamente. Ameaça sair dali, mas não deixo. Mais uma vez fico com o corpo rente ao dele.

Angélica: Vai saber sim! Porque a loira risonha você ouve e a mim não? – Agora coloco uma das minhas mãos suavemente no seu peitoral. Só com as pontas dos dedos.

Otto: Porque ela foi mais mulher que você em me dizer o que realmente acontecia. – Pisco forte pra ele. Oi? Mais mulher? Tá. Vamos começar de novo.

Angélica: Eu amo ele, Otto! – Enfim, desabafo. Nossa, que peso tiro das minhas costas. Acredito que meus ombros até deram uma caída.

Ele não me diz nada. Fica me olhando fixamente nos olhos; cai um pouco o seu olhar pelo meu rosto, e eu continuo com a mesma expressão de leveza. Volta a me olhar novamente nos olhos. Mais uma vez, tenta sair dali e eu, mais uma vez, paro meu corpo na frente do dele. Não saio. Agora deixo as minhas duas mãos no seu peitoral. Fico com o olhar fixo no dele. Não vou baixar a guarda agora. Ainda mais depois que consegui assumir pra alguém o que não conseguia assumir pra mim mesma. Não queria que fosse assim e muito menos pra ele, mas fazer o que.

Otto: Angélica... – Ele resolve dizer em um tom ameaçador. Decido desabafar novamente.

Angélica: Espera! É aqui, agora com você que eu to assumindo isso... Principalmente pra mim. Eu tinha certeza que era com você que queria passar o resto da minha vida. Ainda mais depois que ele sumiu... –  Rapidamente percebo que ele vai me cortar, mas continuo antes disso: Me deixa falar, por favor. Nem que seja a ultima coisa que você escute de mim. – Tiro aos poucos as minhas mãos dele. To quase implorando pra que ele fique e me escute. Ele fica em silencio e então continuo: Ele sumiu e isso me deu a oportunidade de conhecer a pessoa maravilhosa que você é. Talvez, se ele nunca tivesse saído da minha vida, eu não teria conhecido o excelente marido que foi pra mim nesses anos. Na viagem que fizemos pro México sobre a novela, em momento algum eu pensei em conversar com ele ou me aproximar dele. Tanto é que realmente fiquei triste quando disse que não podia ir comigo. Eu queria muito que tivesse ido. Só que ele não tava com esse pensamento... – Paro um pouco e me lembro por breves instantes da homenagem, consequentemente, do banheiro. Respiro fundo, continuo: Ele já foi com intuito de se aproximar de mim. E Otto, antes de qualquer coisa, ele é meu melhor amigo. Eu sentia falta dele. E a gente se aproximou... – Dou de ombros ao deixar a frase solta.

Otto: Linda historia. Posso ir agora? – Ele responde logo em seguida.

Angélica: Pelo amor de Deus, Otto... – Abro meus braços. To espantada com a frieza dele. Ela é nítida no seu olhar.

Otto: Pelo amor de Deus digo eu, Angélica! – Ele aumenta bem sua voz. Quase grita. E da mesma forma que eu, também abre seus braços para se expressar: Qual o seu problema? Acha que falar essas coisas bonitinhas vão ajudar em alguma coisa?

Angélica: Eu não quero ajudar em nada, só quero esclarecer. – Meus olhos ameaçam marejar. Eu engulo seco o “caroço” que forma na minha garganta por segurar esse choro.

Otto: Já esta esclarecido. Na primeira oportunidade que teve pra pedir o divórcio pra ficar com ele, você o fez. – Ele continua com a voz alta. Nunca vi ele desse jeito.

Angélica: Não. Não. – Mantenho o tom da minha voz na mesma altura que a dele: Ele não tem nada a ver com os seus investimentos, ou tem? Ele te ajudou nisso? – O questiono e ele demora um pouco pra responder.

Otto: Ah, agora vai proteger ele? – Diz mais uma vez ironicamente.

Angélica: Não to protegendo! Só to falando a verdade. Pedir o divórcio não tem nada a ver com ele. Não foi ele quem perdeu o meu dinheiro. – Fico com os meus olhos fixos nas suas expressões.

Otto: E depois você ainda diz que não ficou brava por causa do dinheiro... – Ele sorri ironicamente. Sorri ironicamente. Não sorria ironicamente pra mim. Ainda mais agora. Simplesmente fico puta. 

Angélica: Mas eu não fiquei!- Grito. Sim. Grito pra ver se todos entendam que o problema não é o maldito dinheiro. Continuo com o tom ainda alto: Foi uma forma de dizer. Já te deixei claro que o que realmente me chateou foi a falta de companheirismo... – Ele me corta. Me corta, sorri ironicamente, ainda acha que é por causa do dinheiro. Olha... Não sei se respondo pelos meus atos hoje.

Otto: Pra put@ que o p@riu. Você falando de companheirismo, sério? – Ele cruza seus braços. Ainda irônico.

Angélica: E quando eu deixei de ser sua companheira? – Cruzo meus braços da mesma forma e digo no mesmo tom de ironia. Ele me olha e demora um pouco pra responder. Como se estivesse pensando.

Otto: Acredito que você nunca foi a minha companheira! Não com o Jaime nos seus pensamentos e principalmente no seu coração. – Ele diz isso com a voz baixa e cansada. Mais uma vez to vendo um ex militar ficar com seus olhos mareados na minha frente. Isso me quebra.

Angélica: Não faz assim, Otto. Eu fui sua mulher! Se tem alguma coisa que tenho certeza nessa vida é de que fui sua mulher. Me empenhei pra esse casamento. – Eu abaixo meu tom de voz. Inclino minhas mãos na altura dos seus braços, e as apoio ali com o olhar bem firme no dele.

Otto: E tudo isso pra que? Pra chegar ao fim desse casamento e você fazer isso. – Ele abaixa um pouco a sua cabeça. Para de apelar. 

Angélica: Para de ficar jogando toda a culpa em cima de mim. Eu não procuraria o Jaime ou qualquer outra pessoa se tivesse um marido presente e que conversasse comigo. –Solto a primeira coisa que me veio a cabeça. Me arrependo em seguida quando ele ergue seu rosto e nossos olhares se cruzam. Ele volta com a mesma atitude de antes. Frio.

Otto: Sabe de uma coisa? Essa conversa não vai levar a nada. As coisas já estão feitas. – Ele inclina seu corpo e dessa vez tiro as minhas mãos do corpo dele. O deixo passar pelo meu corpo puxando suas malas. Viro meu corpo acompanhando seus movimentos com o olhar.

Angélica: Pra onde você vai a essa hora? – Pergunto olhando pra suas costas. Ele não vira e nem para pra me responder. Continua seu trajeto.

Otto: ” Por aí.” – Diz firme, me imitando. Eu fico acompanhando seus movimentos até sumir da minha visão ao descer as escadas.

Fico olhando pro corredor na mesma posição, sem piscar. Finalmente sinto as minhas lágrimas caindo pelas minhas bochechas. Não aguentava mais segurá-las... Ta tudo errado. Tudo. Não era pra ele saber desse jeito. Não era pra ter acontecido nada com o Jaime. Nada. Como se eu já não soubesse que ia acabar me fodendo de alguma forma. Mas, eu amo o filho da put@. Amo tanto que chega a doer. E dói mais ainda ao saber que a loira vai ter um filho dele. Agora que tudo tava se encaixando. Ia ter mais coragem em contar as coisas pro Otto se tivesse tido só mais um tempinho. Só pra ter certeza que o Jaime não tava brincando comigo de novo. Dessa vez o sinto diferente e to pensamento seriamente em me arriscar com ele. E eu tava feliz com essa decisão, mas agora tudo ficou diferente. Perdeu a graça. Não sei, ver o Otto desse jeito é horrível. Sair assim de casa, todo bravo e chateado. Ele não merece nenhuma lagrima por minha causa e saber que fui quem causou isso, me deixa pior. Tudo bem que ele também me decepcionou e muito. Isso deveria me consolar de alguma forma, mas não me consola. Nesse instantes, nada me consola.