Fanfic: Solo Dios Lo Sabe/ Nani. | Tema: A Feia Mais Bela

Levanto do sofá mais tranquila e contente. Não posso perder esse contato com a minha mãe. Ela me faz bem, sabe dizer as palavras que preciso ouvir. Essa viagem, poder vê-la e conversar diretamente com ela, olhando em seus olhos, vai me fazer muito bem. Com esse pensamento deixo o telefone da sala na sua base em uma mesinha e parto para a cozinha, pois essa conversa abrira meu apetite... Ei, quando o Otto chegou aqui? Eu tenho que parar com essa distração de nunca vê-lo passar por mim ou de escuta-lo perto de mim... – Eu paro na entrada da cozinha quando vejo seu corpo atrás do balcão. Meus olhos percorrem um dos seus braços que em sua mão segura o meu celular. Ele termina de tomar seu suco, e percebo pela pia que ele jantou, pois junto estavam prato e talhares sujos... Quanto tempo eu fica perdida nas minhas “viagens”? Eu to começando a ficar assustada com isso...Respiro fundo e olho para ele que deixa o copo sujo de suco dentro da pia.

Angélica: Tava falando com a minha mãe, avisei a ela a hora... – Sim. Ele me corta novamente deixando meu celular sobre o balcão. Sem tirar seus olhos do meu celular, o deixa ali dizendo.

Otto: Acredito que estão atrás de você, hermana. – Ele solta um breve sorriso sarcástico e isso acaba realmente me deixando nervosa. Não sorria desse jeito para apelidos íntimos que não te interessam. Jaime já me chamava assim bem antes de te conhecer. Antes que pudesse retrucar, Otto continua. – Depois você não sabe por que toco no assunto Jaime, não é? – Agora ele olha pra mim e realmente está triste. Isso acaba me quebrando. Eu não quero que Otto fique triste por causa do Jaime. No começo foi tão difícil convencê-lo que já o tinha superado e que ele não significava mais nada pra mim. Que queria formar e ter minha família com o Otto.

Ele abaixa seu olhar novamente pro meu celular e em seguida caminha em direção à saída da cozinha, ou seja, em minha direção. Paro meu corpo na frente dele e com as minhas mãos o seguro, as deixando apoiadas sobre seu peitoral. Fixo meu olhar em seus olhos e digo calmamente.

Angélica: Você sabe que ele estará no México. É uma homenagem para a novela que eu e ele fizemos juntos. Seria impossível ele não estar lá. Ele é e sempre foi meu amigo, Otto. – Nesse momento preferiria não tê-lo parado no meio do caminho e deixado que tivesse saído pela porta da cozinha, ido dormir, pois assim terminaríamos essa conversa amanhã, mais calmos. Otto da um passo para trás e faz com que minhas mãos percam o contato do seu corpo. Ele cruza seus braços e diz sério, sem deixar de me olhar nos olhos.

Otto: E isso significa que vocês agora voltam a trocar mensagens, Angélica? Aliás, mensagens surpresas que você adora.  – Ei, peraí. Ele leu as minhas mensagens? Uma coisa é você ver no visor do celular alguma coisa suspeita e outra coisa é ficar fuçando no celular da sua mulher. Isso me deixa nervosa novamente e faz com que da mesma forma eu de um passo para trás. Com uma certa expressão indignada, retruco.

Angélica: Você leu as minhas mensagens, Otto? – Essa pergunta pesou na sua consciência. Ele ficou ligeiramente pensativo e acredito que refletindo o que acabara de fazer. Desviou seus olhares de mim e tentou desconversar.

Otto: Não é essa a questão, Angélica... – Sim, agora eu o cortei.

Angélica: Não importa qual seja a questão. Você nunca fez isso! O que ta acontecendo com você? Meu Deus... – Agora ele me corta. Será que é uma brincadeira de quem corta mais?

Otto: Claro que importa! Você vai tentar jogar essa discussão pra cima de mim, mas sabe que quem é a errada aqui é você... – Ops, cortei.

Angélica: Errada? – Geralmente eu admito quando estou errada, então vamos lá. – Certo. Posso ter errado o fato de não ter te contado sobre o encontro que tive com ele no shopping e sobre as mensa... –Olha ele me cortando de novo.

Otto: Perai... Encontro? – Ele fica realmente surpreso. Acho que não era a hora certa para falar sobre isso, mas acabou escapando. – Então agora vocês têm encontros? Era só o que me faltava. – Ele ri ironicamente jogando um pouco a sua cabeça para trás, cruzando mais firme seus braços contra o seu peitoral.

Angélica: Não é esse tipo de encontro que você ta pensando. – Acabo contando pra ele o que realmente aconteceu. Nada foi marcado. Ele simplesmente apareceu no mesmo shopping que eu em LA. Eu sei que é difícil de acreditar, mas foi realmente assim que aconteceu... Mas perai, ele leu as minhas mensagens? – E não tenta mudar de assunto. Você leu as minhas mensagens? Com que direito você faz isso, Otto?  - Ele se surpreende com a minha pergunta.

Otto: Como assim com que direito? Eu sou seu marido, Angélica. Você é a minha mulher... – Não aguentei. Quando não aguento, eu corto.

Angélica: Ah, tá. Agora eu sou a sua mulher? Na hora que é pra você demonstrar que eu realmente posso ser chamada de sua mulher, me contando o que acontece contigo, o que te aflige, o que te deixa tão preocupado, eu não sou sua mulher, não é? Quando espero que você compartilhe a sua vida e você não o faz, aí não sou sua mulher? – Novamente ele fica pensativo. Fica um silencio abismático entre nós. Sentia um nó na garganta, mas não choraria na frente dele. Não por esse motivo. Decido falar tudo de uma vez. – Eu errei, Otto. Errei em não te contar desde o principio que tinha o encontrado, sem querer, no shopping. Mas para mim era claro que você sabia que cedo ou tarde eu e Jaime nos falaríamos, já que vamos pra mesma cidade, pra mesma homenagem. Não foi nada escondido. Pelo ao contrário, desde o começo queria muito a sua presença lá. Mas em momento algum isso te da o direito de mexer no meu celular, de fuçar nas minhas coisas. Você ta estranho comigo há semanas e eu nunca ousei em tocar nas suas coisas. Não fiquei fuçando no seu celular ou no seu escritório alguma coisa que me esclarecesse essas suas atitudes. – Fixo meu olhar em seus olhos e na sua expressão de reflexão sobre as coisas que estou lhe dizendo.