Fanfic: Solo Dios Lo Sabe/ Nani. | Tema: A Feia Mais Bela

Me recuso abrir os olhos. Eles estão tão pesados que mesmo acordada, teria que fazer uma força muito grande pra abri-los. Não demorei pra dormir ontem. Aliás, depois do jantar subimos pro quarto e ficamos vendo algumas coisas na televisão. Fazia tanto tempo que não fazia isso com o Jaime. Não sei quando foi a ultima vez, de verdade, não consigo lembrar. E tudo com ele fica mais divertido. Até mesmo assistir televisão numa sexta-feira a noite. Aproveitei pra contar sobre o email da Marta e sua reação não poderia ser melhor. Amou a ideia e, claro, como sempre, me apoiou. Ele sabe o quanto preciso disso pra minha vida. Do quanto preciso voltar a fazer as coisas que realmente gosto. Enquanto isso, foco no restaurante. Também vai ser um negócio interessante e querendo ou não, um grande desafio pra mim. Nunca pensei em investir em algo que não tem nada a ver com a minha vida. Confesso que estou ansiosa.

Agora abro os olhos. Esses pensamentos me lembram do encontro com o representante do restaurante. Estou com o corpo de lado, virado pra porta. Me espreguiço conforme o viro para encontrar o corpo do Jaime ao meu lado que me surpreende por não estar. Pisco forte e aos poucos me sento na cama quando meus olhos caem sobre o seu corpo todo torto na cadeirona embaixo da janela. Faço uma expressão curiosa e confusa em meu rosto. Com as mãos apoiadas sobre a cama, deslizo o meu corpo por ela até sair por completo. Caminho até ficar com o corpo parado na frente do dele sentado. Fico por alguns instantes admirando-o dormindo. É um neném de 41 anos! Mesmo todo torto assim, é lindo vê-lo dormir com essa expressão tão tranquila em seu rosto. Respiro fundo com um sorriso bobo nos lábios e então decido acorda-lo. Levo uma das minhas mãos na altura da sua cabeça e ali acaricio seus cabelos com as pontas dos dedos, bem devagar.

Angélica: Ei... – Desço as pontas dos dedos pela lateral do seu rosto até a bochecha, acariciando-a também: Acorda, James! – Ele murmura alguma coisa e isso me faz rir baixo.

Faz breves movimentos na cadeira, mas ainda sem abrir os olhos. Decido então, inclinar meu corpo pra baixo e sentar bem devagar no seu colo, de lado. Isso faz seus múrmuros aumentarem. Eu sei que ele está acordado. Mesmo assim, inclino o meu rosto em direção ao seu e distribuo breves beijinhos nele todo. Aos poucos ele abre um sorriso que é extenso em seus lábios quando os meus chegam aos seus. Dou-lhe selinhos que agora são correspondidos. Abro um sorriso largo quando finalmente ele abre seus olhos e nossos olhares se cruzam. Sorrio. Sorrio. Sorrio.

Angélica: Você dormiu aí? – Afasto meu rosto do dele conforme pergunto. Seus olhos estão ligeiramente pequenos por acabar de acordar.

Jaime: Uhum. – Como sempre bem comunicativo de manhã. Ele mantém seus olhos nos meus.

Angélica: Por quê? – De manhã tem que pressiona-lo se quer saber alguma coisa. Quase que pegar no tranco. Ele boceja antes de me responder. Af, isso me faz bocejar também. (e você que ta lendo também).

Jaime: Porque não quis ocupar o espaço. – Eu sou lerda de manha. Preciso de mais.

Angélica: Como assim? Que espaço? – Pergunto com tom curiosa.

Jaime: Do Otto. Não quis ocupar o espaço dele na cama. – Ele me responde mais firme. Acho que agora acordou. Uma das suas mãos fica apoiada sobre a minha coxa.

Angélica: Mas ficou todo torto aí, Jaime! – Isso me faz voltar a acariciar sua bochecha com as pontas dos dedos. Ele sorri.

Jaime: Mesmo ele sendo um babaca, vou respeitar isso, Angie. – Sorrio terna pra ele. Como consegue ser cada dia mais maravilhoso assim?

Angélica: Então, toda vez que vier dormir aqui, vai ficar aí? – O questiono trazendo as minhas mãos junto ao meu corpo, deixando as apoiadas sobre minhas pernas.

Jaime: Pode não parecer por esse corpo maravilhoso e essa pele saudável, mas eu não tenho mais idade pra essas coisas, Angélica. – Ele diz em um tom brincalhão. Isso me faz revirar os olhos e ele ri com essa reação.

Angélica: Logo cedo, não sou obrigada a isso... – Rio quando ameaço levantar do colo dele. Instantaneamente sinto seus braços envolverem a minha cintura e não me deixarem sair dali.

Jaime: Depois a gente resolve isso... – Ele diz forçando o meu corpo contra o dele conforme aperta seus braços envolta da minha cintura.

Angélica: Ta bom, agora vamos, levante... Antes que a gente se atrase. – Digo isso levando as minhas mãos na altura dos seus braços na minha cintura. Tentando me desvencilhar dele.

Jaime: Quem te viu, quem te vê, hein? Você me apressando de manhã. – Rio e ele aos poucos solta seus braços da minha cintura. Aproveito pra levantar do seu colo. Viro meu corpo pra caminhar em direção ao banheiro enquanto escuto seus gemidos de dor atrás de mim. Acredito que está levantando. Nem eu e ele temos mais essa idade pra ficar dormindo torto assim.

- TIC-TAC-

Por mais difícil que seja, eu tive que cortar todas suas investidas nessa manhã. Se desse bola pra ele, não íamos nunca chegar a tempo pro encontro com o represente do restaurante. Fico até impressionada por estar pontualmente na frente do endereço que nos passaram. Ainda mais que fica bem no centro de LA e por aqui é bem movimentado nessa hora, quase do almoço. Jaime caminha do meu lado, ora cruzando suavemente nossos dedos. Ainda não queríamos assumir sobre nós. Ainda mais com a situação chata que ficou com o Otto. Mas era inevitável não achar no mínimo fofo ele tentar segurar minha mão enquanto caminhamos. Abro um sorriso largo nos lábios ao parar em frente ao espaço reservado e que provavelmente será o restaurante. Ainda não sabemos os detalhes de como serão as coisas.

Sua parede é um tom amarelado e ela é acompanhada junto com a calçada por um canteiro de flores, que da a impressão que nunca parou de ser cuidado, porque as flores estão lindas. Metade da parede pra baixo é de vidro. Esse vidro acompanha também toda a parede delimitada da fachada desse espaço. A entrada é feita a partir de um portão de grades que se cruzam pretas. Solto um suspiro baixinho olhando o local assim de fora. O Jaime esta do meu lado, fazendo o mesmo. Às vezes se aproxima mais do portão pra dar uma espiada. Dessa vez acompanho seus movimentos com o olhar e fico rindo baixo com as suas tentativas frustradas em tentar enxergar alguma coisa lá de dentro. Ele está sorrindo quando vida pra me olhar. Seu sorriso vai desaparecendo até entortar seus lábios com seu olhar fixo em um ponto atrás do meu corpo. Fico mais curiosa ao escutar sua voz.

Jaime: Não acredito! – Sua expressão está tensa e isso realmente me preocupa. Decido de uma vez virar o corpo e sou pega logo de surpresa com um corpo perto de mim.

Xxxx: Não acredito que é você, Angie! – Ele passa seus braços envoltos da minha cintura. Me abraça forte e por pouco não consigo reconhecê-lo. Apoio brevemente minhas mãos no meio das suas costas, correspondendo o abraço.

Angélica: Uau, Manny. Eu que não acredito... – Deixo a frase solta conforme solto meus braços e ele faz o mesmo. Assim, finalmente consigo encara-lo frente a frente.

Manny é um ex namorado. Na verdade, bem ex. Namoramos em 2007 e foi uma experiência legal. Ele era e acredito que continua sendo uma ótima companhia. Me divertia o tempo todo com ele, e ele sempre disse que se divertia comigo também. É daquelas pessoas que você se sente bem na companhia dela. Nunca deixa o assunto morrer e sempre está te colocando pra cima. É uma pessoa incrível que infelizmente não deu certo pela distância. E olhando agora pra ele, parece até que estou no ano de 2007. Ele continua o mesmo. Alto, moreno, com os olhos castanhos e seus cabelos pra trás. Continua com a mania de deixar sua barba por fazer. Ele sorri largamente pra mim e aos poucos foi caindo seu olhar pelo meu corpo. Aproveito que isso sempre me deixa sem jeito para voltar a dizer.

Angélica: Afinal, o que ta fazendo aqui? – Eu realmente estou curiosa. Quase sua vida toda morou em Miami. Eu mantinha um sorriso em meus lábios.

Manny: Ué, fiquei sabendo de uma mulher interessada na filial do restaurante do meu sócio e vim apresentar o ambiente que ele será montado aqui em LA. Vim especialmente pra isso. Mas, agora que sei que é pra você, nossa... Você tá linda! Aliás, sempre foi linda. – Ele chega a dar até um pequeno passo pra trás pra me olhar. E só pra variar, LA está fazendo um calor insuportável e, estou de vestido.

Angélica: Tá, tá, tá. Chega disso! – Rio sem graça. Ao voltar seu olhar pros meus olhos, ele acaba desviando pra trás de mim. Seu sorriso diminui.

Manny: Ah... Oi, Jaime. – Ele da alguns breves passos em direção ao Jaime. Aproveito pra virar o meu corpo e acompanhar seus movimentos. O Jaime estava com a pior expressão possível em seu rosto e com os braços cruzados, apoiado contra a grade.

Jaime: Ah... Oi, Manuel. – Manny estica seu braço junto com a sua mão rente ao seu corpo, oferecendo-a para Jaime apertar. Ele descruza os braços como se estivessem pesando horrores e o cumprimenta com um rápido aperto de mão.

Manny: Não tinha te visto aí. – Eles soltam suas mãos e Jaime volta a cruzar seus braços contra o seu peitoral.

Jaime: Eu percebi. – Diz firme. Sorri sem mostrar os dentes. Manny vira seu corpo em minha direção mais uma vez.

Manny: Enfim, vou mostrar pra você. Vamos lá... – Ele volta a sorrir antes de mais uma vez virar o seu corpo e se posicionar na frente do portão, buscando uma chave no seu bolso.

O Jaime fica com o corpo do lado do dele, mas agora de frente pro meu. Me olha com uma expressão séria, forçando suavemente seus dentes o que faz sua mandíbula contrair. Correspondo esse olhar, mas continuo tranquila. Não gosto desse olhar, gosto menos quando esse olhar é junto com essa forçada nos dentes. Respiro fundo quando somos desconcentrados com o barulho do portão finalmente sendo aberto. Decido desviar meu olhar do dele pra acompanhar os movimentos do Manny ali. Ele abre o portão e da espaço para passarmos. Pela posição em que estávamos, ele e o Jaime esperam que eu passe primeiro. Então, caminho determinada pra passar por esse portão e continuo andando percebendo a movimentação dos dois atrás de mim. Paro no início do salão seguido do corpo do Jaime que para do meu lado e do Manny do meu outro lado. Ele não só para do meu lado, como passa uma dos seus braços por trás do meu corpo, deixando sua mão apoiada na lateral da minha cintura.